Memórias De Shirayuki escrita por Marcela


Capítulo 1
Os primeiros dias na escola e os primeiros cortes


Notas iniciais do capítulo

Decidi usar narração em primeira pessoa pra ficar mais dramático. Espero que não se importem.



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Por mais que me doa lembrar do meu passado, hoje decidi falar sobre ele, pois não dá pra esquecer tudo o que vivi antes de entrar na Acadêmia Youkai.

Eu sou filha única, por isso sempre me senti sozinha. Quando eu era mais nova, minha família me ensinou a controlar meus poderes, e me mandaram para uma escola de humanos, mas as coisas lá não eram muito fáceis para mim:

- Bom dia classe, nós temos uma aluna nova hoje. Essa é a Mizore  Shirayuki e ela veio do Alasca. 

- Nossa, que menina estranha. - cochichavam as patricinhas da sala.

- Shirayuki, o que você acha de sentar ali no fundo, com o Ronorami?

- Do meu lado essa estranha não senta não. 

- Ronorami, que modos são esses? - perguntou indignada a professora, sem obter resposta alguma do garoto. - Eu acho que você poderia se sentar com a Kinira então.  

Kinira interrompeu:

- Ah, fala sério professora, essa menina é toda esquisita e mal arrumada. Arruma outro lugar pra ela.

Resolvi tomar uma iniciativa:

- Pode deixar, eu sento nessa carteira vaga aqui na frente.

- Tudo bem Shirayuki, seja bem-vinda a nossa escola. - falou a professora com muita educação.

Na hora do intervalo, fui ao refeitório e me sentei sozinha em uma mesa no canto. Queria ter alguém com quem conversar, mas todos ali pareciam nem notar a minha presença.

Voltei em silêncio para a sala, mas não consegui me concentrar na aula, todos estavam rindo e olhando para mim. Me perguntava qual era o problema deles. Então, a professora passou por mim e arrancou uma folha de papel pregada nas minhas costas por um adesivo. A palavra "estranha" estava escrita de vermelho no papel. E esse foi o meu terrível primeiro dia de aula.

Mal consegui segurar o choro até chegar em casa. Me tranquei no meu quarto e só sabia chorar. Nada fazia eu me sentir melhor. Ouvi todas as minhas músicas preferidas, mas isso não me distraiu, comecei a assistir TV, mas ainda me estava muito mal. Me sentia culpada por ser diferente, culpada pelo meu próprio sofrimento. Na busca pelo alívio dessa culpa, decidi me auto-punir.

Peguei uma gilete e comecei a me cortar. Pareciam cortes pequenos, mas o sangue escorria pelo meu braço. Me senti bem melhor. Era como se ver o meu próprio sangue escorrer, além da dor, trouxesse consigo o alívio para o meu sentimento de inferioridade.

Esperei que o sangue coagulasse um pouco, coloquei uma blusa de frio e comecei a fingir que nada havia acontecido. Por fora eu parecia bem, mas por dentro sentia tudo desmoronando. Sabia que aquela não seria a única vez que eu me cortaria, mas me sentia bem por ter exteriorizado a minha dor.

No dia seguinte me senti como um fantasma naquela escola, ninguém falava comigo ou parecia notar a minha presença. Estava angustiada, queria fazer novas amizades, mas todos ali já tinham seus próprios amigos.

Chegando em casa, chorei novamente, mas não me cortei, pois tinha medo daquilo tornar-se um hábito.

Meu terceiro dia de aula foi mais trágico ainda. Tinha educação física no primeiro horário. A aula era de vôlei, e eu sou um desastre nesse esporte. Obviamente ninguém me escolheu, mas a professora insistiu em me colocar em uma equipe.

Eu era péssima, por isso todas as pessoas do outro time só jogavam a bola em mim. Perdemos e todos me culparam por isso. Não bastava ser ignorada, agora me sentia odiada.

Na hora do intervalo, não havia nenhuma mesa vazia no refeitório. Me arrisquei a perguntar a um grupo de nerds se poderia sentar com eles, mas eles disseram que todos os lugares ali estavam reservados.

Não tive coragem para perguntar em outra mesa se podia me sentar, tinha medo de ser rejeitada novamente. Comi em pé, escorada na parede. Depois voltei à sala, de cabeça baixa.

Odiava aquela solidão. Cheguei em casa e cedi novamente a minha nova mania. Me cortei como se  a única coisa que importasse no mundo fosse derramar meu próprio sangue. A lâmina era como uma forma de redenção para mim. Ela me fazia esquecer o motivo das minhas lágrimas.

Novamente coloquei meu moleton e saí do quarto como se nada tivesse acontecido.


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Notas finais do capítulo

Se alguém gostar deixa review por favor.



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