– Você esta bem? – perguntou ele pra mim. Tenho certeza de que ele percebeu que eu quase perdi o controle agora a pouco.

– Acho que sim. – respondi e abaixei a cabeça envergonhada.

– Não precisa ter vergonha, você conseguiu se afastar, você se controlou de certo modo. A maioria dos recém-criados teria atacado sem pensar. – disse ele fazendo eu me sentir um pouco melhor.

– Você esta certo, mas faltou muito pouco pra eu ataca-lo. – respondi. Isso de se controlar é mais difícil do que eu pensei que seria.

Uma hora eu posso estar calma e tranquila, mas em menos de um segundo tudo pode mudar e isso me assusta. A simples ideia de eu matar alguém hoje me assustava e muito.

– O que ele queria? – perguntei rapidamente para me distrair. Morte me lembrava de sangue e sangue fazia minha garganta doer bastante.

– Queria lhe entregar isto. – disse ele me entregando um pedaço de papel de guardanapo. O papel estava dobrado uma única vez, o olhei confusa e o abri. Rapidamente pude reconhecer a caligrafia de Any.

Stella,

Se você não me encontrou ai, é porque eu fui embora com o Dany.

Menina! Eu fiquei de queixo caído quando ele me beijou! Eu não acredito que ele fez aquilo! E depois ele disse que me amava e que já me admirava a um bom tempo! Stella, você não imagina o quanto eu estou feliz. =D

Fugi do assunto néh?

Enfim...

O Dany começou a reclamar de dor nas costas (eu falei que ele tinha se machucado no acidente!), achei que ele estava delirando por ter bebido tanto álcool, mas não. Eu vi as costas dele, tá muito roxo. Então resolvi leva-lo embora, eu tentei te procurar. E bem... eu te encontrei, mas você estava ocupada com... Ah! Você sabe do que eu tô falando! (safadenhaaa!). Desejo tudo de bom pra vocês dois! \o/

E Richard... (eu sei que você tá lendo isso também. Aff!).

Não tinha como o Dany voltar de skate e eu não consigo levar alguém na garupa da bike, então não mexi nas bicicletas e fomos a pé mesmo.

E mais uma coisinha... Se você magoar a Stell, eu te mato. =D

Bom... acho que isso é tudo.

Deixa eu ir antes que o Dany faça alguma merda aqui no bar, ele já não tá falando coisa com coisa. Aff de novo!

Beijinhos. Ate a manha.

Obs.: Quero todos os detalhes amanha táh! Senhorita Stella!

Acabei rindo do modo como ela escreveu. Também néh? Viciada em msn como eu nunca vi! Richard também riu atrás de mim. Logico que ele estava lendo também. Mas pouco depois que li toda a carta um pânico desconhecido tomou conta de mim. Arfei com a intensidade do pânico e perdi o equilíbrio, Richard me pegou antes que eu caísse.

Eu não sabia o que era exatamente, mas era algo ruim. Tinha alguma coisa muito errada acontecendo.

– Stella o que foi? – perguntou Richard alarmado.

– Tem algo errado. – falei. Eu tinha certeza disso!

– Vamos sair daqui. – disse ele me puxando para o portão de saída. O pânico ainda me controlava, mas eu tentava manter a calma para que eu pudesse pensar.

Para a nossa sorte aquele idiota não estava de vigia no portão, então pudemos sair rapidamente. Assim que saímos Kevin e Kamila apareceram em nosso campo de visão, eu ainda estava atordoada com o pânico que ainda tomava conta do meu corpo.

– O que houve com ela? – perguntou Kamila se aproximando rapidamente de mim.

– Eu não sei, foi de repente! – disse Richard com a voz cheia de medo, novamente. Eu queria me bater naquele momento, por ter feito o Richard sofrer mais uma vez. Mas o meu pânico aumentou.

– Stella, me diga o que esta sentindo. – disse Kamila se postando a minha frente, ela pousou as mãos em meu rosto.

– Estou com medo. – falei sem pensar. Os olhos dela ficaram tristes, mas atentos.

– Está com medo da gente?

– Não! – respondi rápido, eu não estava com medo deles. Estava com medo de outra coisa, mas eu não sabia o que era. Seus olhos ficaram mais atentos ainda e ela olhou para o Kevin. Ele arregalou um pouco os olhos e logo se postou a minha frente se juntando ao meu interrogatório.

– Esta com medo que algo que possa acontecer? – perguntou ele. Eu me concentrei em sua pergunta tentando entender o que a minha cabeça pensava.

– Não, tem algo ruim acontecendo agora. – falei tendo certeza das minhas palavras.

– Alguma coisa acontecendo com a gente?

– Não é com a gente, é com... – eu perdi a fala. Meus olhos se arregalaram e meu peito se apertou quando eu finalmente entendi porque eu estava com tanto medo. – Tem algo errado com os meus amigos! Alguma coisa ruim aconteceu ao Dany e a Any! – desabafei. Eu sabia disso! Eles estavam em perigo! Tenho que encontrá-los!

– Eles não estão lá dentro? – perguntou Kevin confuso.

– Não, eles saíram há algum tempo. – respondeu Richard ainda olhando preocupado pra mim.

– Pra onde foram? – perguntou Kamila tirando as mãos do meu rosto e se voltando para os meninos.

– Ela me deixou um bilhete dizendo que iria embora pra casa com o Dany. – falei me aproximando mais deles. Eu tinha que entrar em ação! – Nós temos que ir atrás deles!

– E nós vamos. – disse Richard firme, Kevin e Kamila assentiram concordando. Richard segurou minha mão e me fez ficar atrás dele, em um movimento rápido eu já estava empoleirada em suas costas com as minhas pernas presas em sua cintura.

– Pra que...?

– Você ainda não é uma vampira completa então sua velocidade ainda está baixa. – Richard me cortou explicando rapidamente. Acenei uma vez com a cabeça e eles logo começaram a correr.

Senti o vento em meu rosto enquanto Richard corria praticamente na velocidade da luz. Kamila e Kevin correram do nosso lado enquanto Richard entrava na floresta, eu esperava ver a paisagem a nossa volta toda borrada, mas não. Eu consegui ver tudo, como se eu estivesse andando por entre as arvores e não correndo.

De vez enquando Richard passava perto das ruas para que eu pudesse guia-los ate a casa da Any. Na velocidade sobrenatural deles conseguimos chegar à casa da Any em um minuto.

A casa dela não era muito grande, mas tinha bastantes janelas laterais, a casa dela ficava mais afastada das outras, no final da rua. Richard me colocou no chão e andamos lentamente ate uma das janelas da casa. Na primeira janela não conseguimos vê-los então passamos para a outra janela. Ouvi um som como se fosse de um resmungo abafado acompanhado por um barulho que me lembrou do som estranho que o bebum fez quando caiu de costas no chão.

Franzi a testa confusa enquanto continuávamos a procura-los. Foi na quarta janela que eu finalmente os vi, eles estavam de costas pra mim ajoelhados no chão, estavam com as mãos presas atrás das costas e tinha um homem andando lentamente na frente deles de um lado para o outro, quando eu vi o homem que vestia um sobretudo preto dar um soco na barriga do Dany o Richard teve que me prender em um braço de ferro e tampar minha boca, para que eu não rosnasse e atravessasse a janela só para matar o vampiro dos infernos que estava machucando meus amigos.

– Stella, fica calma! Se você entrar lá agora, ele vai mata-los! – Richard tentou falar baixo em meu ouvido, mas quando percebeu que eu não parava de rosnar ele falou mais alto. Ele estava certo! Não posso entrar lá assim, ele levaria menos de um segundo para mata-los!

– Nós precisamos de um plano. – disse Kevin entre dentes. Olhei em sua direção, ele estava com os olhos mudados e seus lábios estavam puxados pra trás mostrando seus dentes afiados, todos estavam assim, ate mesmo eu, todos nós tomados pela raiva.

– Nós temos que solta-los. – forcei minha voz a ficar baixa. Richard continuava a me prender em seus braços, mas retirou sua mão da minha boca. Não pedi para que ele me soltasse, eu sabia e ele também que assim que eu ficasse livre eu entraria na casa para matar. Para a minha surpresa, eu queria isso, eu queria matar alguém naquela noite.

– Não fomos convidados, não temos como entrar. – falou Kamila com ódio. Acho que a minha necessidade de proteger meus amigos fez com que eu tivesse uma ideia.

– Voces são vampiros, por isso não podem entrar... – falei, Richard acenou com a cabeça uma vez e como se eu estivesse louca um sorriso brotou em meus lábios. – Mas eu não sou, não ainda.

Minha ultima frase fez com que eles entendessem minha ideia, eu entraria na casa enquanto eu ainda podia. Eu posso salva-los.

– Não! Aquele vampiro não vai pensar duas vezes antes de te matar! – Richard falou preocupado comigo.

– Eu não vou mata-lo! Vocês vão! – falei e eles me olharam confusos. – Voces vão distrai-lo enquanto eu entro, vou soltar a Any e pedir para que ela convide vocês, assim vocês podem pega-lo enquanto eu tiro a Any e o Dany da casa. – falei rapidamente e ouvi um grito abafado vindo da casa. Nós temos que agir e rápido!

Todos concordaram com a minha ideia, eles foram para a porta dos fundos para distrai-lo enquanto eu fui para a porta da frente.

Pelo olho magico vi Dany caído no chão desacordado enquanto Any chorava, a cena fez um novo rosnado se formar em meu peito e senti as transformações em meu rosto.

– Já falei pra você não chorar, senão vou piorar as coisas pra você. – disse o vampiro indiferente, trinquei os dentes em ódio. – Acha que a sua amiguinha vai demorar a chegar? Eu a quero, mas se ela demorar mais vou acabar me contentando com vocês dois mesmo. – a fala dele fez Any arfar em medo.

Então ele me queria! Ele estava me seguindo para poder me matar!

Antes que eu pudesse fazer alguma coisa imprudente, tipo entrar derrubando a porta e rosnando como um animal. Escutei batidas e sons estranhos vindos da parte de trás e da lateral da casa, estava na hora do plano.

O vampiro levantou a cabeça em direção a porta dos fundos e franziu a testa confuso, em seguida foi ate os cômodos da parte de trás da casa. Fiz meu rosto voltar ao normal, não perdi tempo e entrei em ação, abri a porta e entrei o mais rápido e silenciosamente que pude sem me preocupar em fechar a porta.

Any arfou assim que me viu, coloquei meu dedo indicador em cima dos lábios indicando para que ela ficasse quieta, ela acenou uma vez com a cabeça e eu me agachei a sua frente.

Rapidamente retirei a mordaça que estava em sua boca, mas antes de eu dizer alguma coisa ou solta-la completamente senti uma pancada forte em minhas costas. Gritei e senti o vampiro me segurar pelos braços e me lançar pra trás me fazendo bater as costas na parede com força, ele se postou a minha frente em menos de um segundo e manteve uma de suas mãos pressionando fortemente o meu pescoço.

Seus olhos estavam vermelhos e seus dentes afiados em sua boca formavam um sorriso sinistro.

– Não! Stella! – gritou Richard da porta da frente enquanto investia varias e varias vezes na parede invisível que não deixava nenhum dos três vampiros entrarem.

– Any, os convide a entrar! – gritei acabando com o que sobrara do meu compartimento de ar. Usei minhas mãos para tentar afrouxar o aperto das maos do vampiro em meu pescoço, mas não consegui nem sequer faze-lo se mexer.