"Mamãe!" O garotinho corria em direção à mulher que o esperava de braços abertos.

"Dylan" ela o abraçou "Como foi o passeio?"

Eu e Dylan tinhamos acabado de voltar do "passeio".

"Foi ótimo." respondi

"Foi legal" disse Dylan com um sorriso que ia de orelha a orelha

"Ele ficou tão feliz assim de ir ao parque?" perguntou ela em um tom baixo, para que só eu ouvisse.

"Claro meu amor. Ele é uma criança" respondi calmamente

"Eu sei disso mas... Realmente levou ele ao parque?"

"Para onde mais teria o levado, Stephanie?!"

"Hum. Está bem, está bem. Vamos entrar"

Sorri e pisquei para Dylan. Ele riu e fiquei aliviado por ele não ter contado onde realmente haviamos ido...

~Flashback off

– Sr. Rose? - dizia uma mulher - Você está me ouvindo?

– Oi. - respondi - Me desculpe, me perdi nos pensamentos. E eu ja disse: Me chame de...

– Axl. - ela disse e sorriu - Eu ja sei.

– Ótimo. Me chamar de "Senhor Rose"... Sr. Rose é aquele...

– Seu pai.

– Ele não é meu pai.

– Ele é seu pai, Axl. E você tem que parar de dizer que não é.

Suspirei e tentei me lembrar do que estavamos conversando.

~Axl POV off~

O consultório era minusculo e pouco iluminado. Tinha 3 paredes brancas, e a ultima era uma grande janela, que estava coberta até a metade por uma cortina cinza. Perto dessa parede de vidro, havia uma daquelas "cadeiras cama" com uma almofada vermelha. O paciente estava deitado na "cadeira cama". Na frente dele, havia uma mesa de madeira, e atras da mesa, uma pequena cadeira giratoria, onde estava sentada a doutora. Em cima da mesa alguns papeis.

O nome dela era Hellen. Ela tinha longos cabelos pretos presos em um rabo de cavalo e usava óculos. Altura mediana, magra... Ela vestia um jaleco com seu nome e uma calça jeans, e calçava sapatilhas roxas.

O nome dele era Axl. Ele tinha um lindo cabelo ruivo que ficaria ótimo até para uma garota (não estou chamando o Axl de gay, Meus Deuses. Eu quero dizer que eu adoraria ter o cabelo dele haha MAS ELE É MACHO). 1,75 , era magro mas... ja foi mais. Ele vestia uma camisa branca com alguns "desenhos" e uma calça jeans escura. Calçava um tenis preto.

Ele estava em consulta há algumas horas, mas a Doutora ainda não havia conseguido extrair muitas informações.

Hellen levantou da cadeira giratoria em que estava sentada e puxou a cortina inteira, deixando o quarto com bastante luz. Depois pegou um incenso na gaveta e o acendeu.

– Então, vamos continuar? - perguntou Hellen.

– Claro, claro.

– Por que resolveu me procurar, Axl?

– Há alguns dias venho sentindo uma sensação terrivel, como se faltasse alguma coisa em mim.

– Acha que tem a ver com Stephanie Seymour?

– Não sei...Talvez. Sempre que me da essa sensação eu lembro de um dia em que sai com Dylan, o filho dela.

– Então acha que tem a ver com ela?

– Ja faz...

– 3 anos.

– Como sabe?

Ela apontou os papeis na mesa.

– Andei pesquisando.

– Hum. Bom, ja faz 3 anos;

– Não é muito tempo...

– Sim, é muito tempo.

– Quem aqui é profissional? - respondeu ela com um sorriso

– Esta bem, não é muito tempo. Acha que tem a ver com ela?

– Como você quer que eu saiba alguma coisa se não me diz nada?

Axl não respondeu. Parecia estar perdido nos pensamentos outra vez.

– Axl...

– O que foi?

– Pensou em Seymour outra vez?

– Sim.

Ela ia dizer alguma coisa, mas não disse. Ao invez disso parou e ficou pensando.

– Disse que o filho dela aparece nos pensamentos?

– O Dylan, aparece sim.

– Pode me descrever a cena?

– Bom... Dylan tinha 3 anos na época. Nós estamos voltando de algum lugar.

– Certo. Continue.

– Ele grita "Mamãe!" e abraça ela.

– "abraça... ela..." - diz a doutora que parecia estar anotando tudo - Muito bem, Axl. Acho que terminamos por hoje.

– Mas já?

– Pode voltar aqui amanhã? Mesmo horário.

– Eu posso ficar agora...

– Não, não, querido. Eu tenho que ir atras de algumas coisas. - diz ela tirando o jaleco e o colocando na cadeira.

– Mesmo horário.

– Tudo bem.

Ele saiu da sala com as mãos nos bolsos. Hellen releu suas anotações algumas vezes e depois se levantou. Pegou sua bolsa e um longo casaco preto e saiu.

(No dia seguinte)

Alguem bateu na porta.

– Entre Axl.

O ruivo entrou na sala, dessa vez vestindo uma jaqueta preta e shorts branco.

– Oi. -Ele disse e se deitou na "cadeira cama"

– Tudo bem?

– Não. Eu briguei com o Slash.

– Por que?

– Porque eu sou um idiota.

Axl estava chorando?

– Sobre ontem - disse ele - eu estava pensando que talvez não tenha a ver com a Stephanie, e sim com a Erin.

– Everly?

– Essa mesmo. Eu sei que ja se passou muito tempo e minha vida ja mudou muito... Mas eu acho que ainda a amo. Olhe, eu me sentia muito mal quando batia nela, ou a xingava. Porque mesmo dizendo que eu odeio ela, as crianças que vivem dentro de nós são melhores amigas.

– Não acho que seja isso.

– Por que?

– Porque você se lembra da Seymour, não dela!

– Tem razão, eu amo a Stephanie.

– Não. Não, Axl! Pense um pouco, garoto!

Axl olhou para a doutora com um olhar triste.

– Você diz que ve Dylan abraçando a mãe. Não pensou que pode estar sentindo falta da sua mãe?

Axl ficou olhando para o chão por alguns minutos e depois disse

– Não acho que seja isso.

– Me diga porque.

– Minha mãe me odiava.

– Ela não te odiava.

– Você não a conhece!

– Talvez não. Mas sei mais sobre você do que pensa.

Axl olhou nos olhos dela dando um sorriso triste.

– Você não sabe nada...

– O que acha que fui fazer ontem?

– Não sei. Aproveitar a tua vida, talvez.

– Não. Eu fui pesquisar sobre você, Axl.

Ele olhou surpreso.

– E agora eu queria ouvir de você sobre a sua infância.

– Não tem nada de interessante.

– E você acha que a vida de algum paciente meu é um filme? Não, claro que não! Mas eu escuto.

Ele riu e depois disse

– Meu pai foi embora quando eu tinha 2 anos.

– Uhum.

– E minha mãe casou com um homem que nos espancava.

– Uhum.

– Ela nunca fez nada...

– Ela tinha medo.

– Medo de que? - ele se levantou - Ela não protegeu o próprio filho!

– Sente-se, Axl. Ela tinha medo de ficar sozinha.

– Mas...

– Eu sei que vocês não mereciam, mas era a unica escolha, entenda isso.

– Tudo bem. As vezes ela... Ah, esquece.

– Diga, William.

Ele olhou pra ela com um olhar mais triste do que o primeiro.

– Axl.

– Desculpe, Axl.

– As vezes ela me abraçava, dizia que tudo ia ficar bem. Ela me deixava calmo.

– E você sente falta dela. Você disse que brigou com o Slash. Não sente falta de alguem para acalma-lo e dizer que tudo vai ficar bem?

– Você tem razão.

– Eu sei. - disse ela sorrindo - Nunca pensou, agora que está famoso, trazer ela para morar com você?

– Ja pensei. Ela não estava la para me ajudar quando eu precisei, por que eu ajudaria ela agora?

– Porque ajudando ela você estaria ajudando a si mesmo.

– Trazer alguem que participou da minha infância não é me ajudar.

– E Izzy?

– O Izzy foi embora.

– Mas você sente falta dele.

– Não estamos falando dele...

– Ah, então você se interessou pela ideia da mãe.

– Hellen, você está me embaralhando todo...

– Parece que acabamos por hoje.

– O que? Eu preciso de ajuda!

– Lição de casa: Pense no assunto.

– Por favor...

– Apenas pense. E volte amanhã.

Ele balançou a cabeça e depois disse

– Vou pensar.

Ele levantou e saiu da sala.

De madrugada...

trim trim

Hellen (com sono): Sim?

Axl: Alô, Hellen?

Hellen: Axl! Meus Deuses, o que você quer as... 3h50 da manhã!

Axl: Desculpe, mas se não consegui dormir a culpa é sua.

Hellen: O que aconteceu?

Axl: Estava até agora pensando sobre o que falou.

Hellen: Ah, que bom!

Axl: ...e estou indo busca-la em Lafayette.

Hellen: O que? Axl, não prefere ligar antes?

Axl: Não. Quero fazer uma surpresa! Se for verdade o que você falou e ela realmente gostar de mim, vai ficar feliz! Eu ficaria...

Hellen: Tudo bem, Axl... Faça o que quiser. Me ligue quando voltar, tudo bem?

Axl: Certo. Boa madrugada. Tchau.

1 semana se passou, 2, 3... 1 mês...

Se passou 1 ano Hellen ainda não havia recebido a ligação.

toc toc

– Que estranho, eu tinha alguem marcado para agora? Entre!

– Oi.

– Axl!

– Aham.

– O que aconteceu? Você sumiu!

– Tinha muita coisa acontecendo na minha vida... Acho que deve saber.

– Sim, sinto muito pelo Slash.

– Agora foi o Duff. Ele disse que não tem mais "clima" para tocar depois que o Slash saiu.

– Axl, e a sua mãe? Você não me ligou.

– É sobre isso que vim te falar...

– Diga.

– Assim que desliguei o telefone naquele dia, fui direto para Indiana.

"Foi muito dificil voltar para la. Sabe, quando alguem muda de cidade, quer a todo momento voltar para onde nasceu. Mas só tenho más lembranças de la. Bem, como eu ia dizendo, voltei para onde eu nasci. Chegando la, vi que não havia mudado muita coisa. Fui até a minha casa, que até hoje não esqueci o caminho.

Quando estava passando por la, o meu antigo vizinho me viu e parou para me cumprimentar. Não disse nada, alias, devo muito a ele. Ele comprou equipamento para o GN'R com a condição de que quando fossemos famosos, voltariamos para fazer um show.

Ele me convidou para almoçar e eu, claro, aceitei. Não foi ruim como eu imaginava. Ele contou que era grande fã da banda, e me fez algumas perguntas. Uma hora a mulher dele me perguntou 'como eu havia reagido com a noticia'. Eu não entendi na hora. Eles perceberam e voltamos a conversar. Uma hora eles me perguntaram por que diabos eu havia voltado para aquele lugar. E eu apenas disse 'vim tirar a minha mãe daqui'. Eles se olharam e depois ele se dirigiu até mim, me chamando para dar uma volta. Eu fui.

Saimos da casa e começamos a caminhar. Ele disse que todos adoravam Sharon, e ficaram muito chateados. E eu não entendia porque! Começei a ficar preocupado.

'Aconteceu alguma coisa com a minha mãe?' eu perguntei.

Ele suspirou e me levou até a minha casa. Nessa hora eu ja estava muito tenso. Chegando la entrei e começei a gritar por ela. Eu realmente precisava dela naquele momento.

Até que vi ela.

Nesse momento eu começei a chorar, fiquei desesperado. Queria que ela viesse até mim e me abraçasse, dissesse que tudo ficaria bem, mas ela não fez isso."

– Ela não fez? - perguntou Hellen - Por que? Axl, o que aconteceu?

– Acabou.

– O que?

– Ela está morta. Acabou.