A melhor coisa, depois de estar com um namorado perfeito para você, é ter o mundo todo aberto. Com novas possibilidades e o futuro totalmente esperando que você o construa.

Eu sou Jennifer Connor e, por enquanto, estudo na Empire High School. Estou no terceiro ano do colegial e, embora eu esteja deixando a escola e alguns amigos para trás, tenho a vida inteira na faculdade ainda.

Mas, isso é um assunto que prefiro não comentar ainda. Por enquanto, só estou pensando em meu aniversário que, aliás, é hoje.

*

A campainha soou e eu fui atender. Abri a porta toda sorridente, mas as duas pessoas que estavam ali, não eram exatamente bem-vindas.

– O que estão fazendo aqui? – Fechei a cara assim que vi as duas loiras. Margareth e Katherine.

Katherine, a loira mais nova, é minha meia-irmã. Ela é desprezível. A cada vez que a vejo, ela fica mais cheia de si.
E Margareth é minha mãe. Por mais que eu não goste disso. Você deve se perguntar, “Mas porque a Jennifer não gosta da própria mãe?”. Certo?

Bom. Eu tenho vários motivos para isso... Primeiramente, ela me abandonou quando eu ainda tinha três anos de idade. Segundo, porque ela nunca realmente ligou para mim. Terceiro, porque no semestre passado, ela havia feito uma “parceria” com um psicólogo e um professor. Eu me apaixonei pelo professor e, assim que soube que tudo era uma farsa, senti meu mundo desabar. Por sorte, sempre tive meus amigos por perto.

Esses eram apenas alguns motivos. Claro que eu a odiava mortalmente por vários outros, mas... Não é muito saudável eu dizê-los agora, na minha festa de aniversário.

– Mas que maneira mais rude de nos cumprimentar. – Margareth repreendeu e foi entrando em casa, com a outra filha, Katherine, logo atrás.

– Não me lembro de ter convidado as duas. – Estreitei os olhos.

– Eu nunca perderia a sua festa de aniversário. – A megera que se diz minha mãe respondeu.

– Mas que ironia... – Fechei a porta com força e a encarei. – Você perdeu os últimos dezesseis aniversários.

– Nunca é tarde para recomeçar. – Ela retrucou.

– Margareth? – Ouvi a voz de meu pai. Logo em seguida, ele apareceu na sala. – Mas que bom que veio! Isso é uma surpresa. Não é, filha? – Ele se virou para mim.

– Ah... Com certeza. – Cruzei os braços. – Pai, podemos falar a sós por um momento? – Pedi.

– Claro. – Ele respondeu.

Puxei meu pai pela gola da camisa e só o soltei quando estávamos na cozinha.

– Porque você convidou as duas? – Arqueei uma sobrancelha.

– O que quer dizer com isso? – Ele perguntou. Mas mentia muito mal, logo percebi a culpa em sua voz. – Não tive nada a ver.

– Sério pai. Você precisa fazer um curso inteiro de “Como mentir corretamente”. – Bati na própria testa. – Porque não me consultou? Eu não quero essas duas na nossa casa. – Enfatizei o nossa, para deixar claro que aquele apartamento em Nova York, era apenas meu e dele.

– Mas ela é sua mãe. – Ele me olhou com os olhos tristes. – E eu só quero o melhor para você.

Apertei a têmpora com as pontas dos dedos. Ia dizer alguma coisa, mas fui cortada pela campainha, que soou novamente.

– Olha pai, se você convidou mais alguém que eu não goste... – Olhei feio para ele e fui atender a porta. Ignorei os dois clones loiros que me encaravam, e olhei pelo olho-mágico. Mostrei um sorriso enorme na mesma hora.

Abri a porta e vi meus melhores amigos. Andrew Sanders e Piper Nielsen, de mãos dadas.

– JENNY! – Piper exclamou assim que me viu. Largou da mão do namorado e me deu um abraço tão forte, que poderia ter esmagado meus pulmões, se eu também não tivesse com tanta saudade dela.

Piper e Andrew começaram a namorar há quatro meses, mais ou menos. Nessas férias de verão, ela foi passar um tempo com o namorado na praia. Em uma casa que a Família Sanders tem. Não nos falávamos há três semanas.

– Deus meu, menina! Que saudades de você. Parabéns! – Ela falava, enquanto me abraçava ainda mais forte.

– Eu também estava com saudades de você, querida. Obrigada. – Sorri.

Quando ela finalmente me largou, Andrew veio me abraçar.

– Parabéns minha chata! – Ele me abraçou e, como era alto, fez com que meus pés saíssem do chão.

– Obrigada Apolo! – Sorri e o abracei de volta. Quando estudávamos na escola primária, fizemos uma peça sobre os deuses gregos. E ele foi Apolo. Desde então, esse apelido ficou em minha cabeça.

– Hey, hey! – Ouvi uma voz atrás dos dois. – Deixem um pouco para mim também!

Andrew me soltou e eu sorri para a outra figura loira que estava parada na porta. Abracei Amani e ele me deu parabéns.

Também não o via há muito tempo. Não o vi as férias inteiras, para ser sincera. Como trabalhava na Dunkin’ Donuts, uma lanchonete perto de casa, ele foi obrigado a ir para um treinamento.

Beijei-lhe o rosto e, quase imediatamente, ouvi a voz rouca que estava atrás de todos. Meu coração deu um pulo e quase foi parar na boca. Meu namorado, Nicholas, estava encostado nas dobradiças da porta, com seu sorrisinho metido e seu cabelo liso e escuro, quase chegando aos ombros. Ele me encarava com seus lindos olhos verdes.

– Não vai se acostumando, Di Mario. – Ele disse para o Amani, enquanto me abraçava. – Ela ainda é minha.

Sorri e levei todos para o quarto. Infelizmente, Katherine também veio.

Era tão surreal. Ver todos os meus amigos juntos, no meu quarto, novamente. E era tão triste ao mesmo tempo, que esse seja nosso último ano juntos. Daqui a poucos meses, cada um estará em uma faculdade.

E daqui a poucos meses, o evento mais esperado do ano chegaria.

A formatura.