Capitulo Dois.

         Acordei, como sempre, com meu despertador tocando. Bom, sou de uma família tradicional então naturalmente eu estudava numa escola tradicional. Desliguei meu despertador e olhei as horas. Cinco e meia da manha. Respirei bem fundo. Estava com um pouco de medo do meu primeiro dia no terceiro ano do colegial. Levantei-me da cama. Alguém bateu na porta.

- Entre – eu disse enquanto bocejava e me esticava.

            A porta abriu. Quem entrou foi uma pessoa alta, com o cabelo repleto de lindos cachinhos, olhos grandes e verdes e um sorriso maravilhoso. Que ficava mais lindo ainda por conta de suas lindas covinhas.

- Harry – eu disse sorrindo.

- Olá maninha. Bom dia – disse ele sorrindo e sentando-se ao meu lado na cama.

- Bom dia Harry – eu o abracei. Encostei minha cabeça em seu peito.

- Vim aqui para te acordar, mas para minha surpresa você já está de pé – falou meu irmão rindo. Isso porque despertador é uma coisa que nunca serviu muito pra mim. Eu costumava desligá-lo e voltar a dormir.

            Eu ri também.

- É hoje eu fui mais rápida.

- Isso por um acaso seria animação para o primeiro dia de aula no terceiro ano? – Harry começou a afagar meus cabelos.

- Definitivamente não. Diria mais que é nervosismo e por conta disso mal consegui dormir direito. E se você ficar mexendo no meu cabelo eu durmo e não acordo nunca mais – falei rindo e já começando a fechar os olhos.

            Harry segurou meus ombros e me afastou um pouco dele.

- Nervosa porque Ligia? É a mesma escola que estuda desde sempre. Pensei que já não houvesse mais esse nervoso do primeiro dia – ele disse encarando-me.

- Ai Harry não me chame de Ligia. Parece que você está brigando comigo – eu disse fazendo um biquinho. E era verdade... Odiava que me chamassem de Ligia preferia mais o meu apelido, Lola, que não tinha nada a ver com o meu nome, mas eu gostava. Os únicos que não gostavam eram meus pais. “Um nome tão bonito... Colocamos ele em você para ser usado” Eles sempre diziam isso e insistiam em me chamar de Ligia. Perto deles meus amigos só me chamavam assim, pois se não os dois se irritavam.

- Desculpe maninha é só que... Com papai e mamãe reclamando tanto acabo me esquecendo que você gosta do seu apelido. Mas então... Lola me diga por que tanto nervosismo – disse Harry ainda me encarando.

- Eu não sei. Simplesmente... Estou me sentindo nervosa.  Acho que não é tanto por causa do primeiro dia. Trata-se mais de toda essa coisa dos meus... Dezoito anos e... Do que pode acontecer – eu disse me sentindo mal só de pensar naquilo.

            Ele me abraçou novamente.

- Ah maninha não fique pensando nisso agora. Você nem sabe o que vai acontecer. Não sofra por antecipação amor... Nossos pais só querem o melhor pra gente. Eles sabem que você despreza essa ideia do casamento arranjado. Não vão forçá-la a fazer isso sabendo que não a deixara feliz – por isso eu amava tanto meu irmão. Harry era atencioso, carinhoso e se preocupava comigo como ninguém. Nem meus pais se preocupavam tanto assim comigo.

            Abri um sorriso e o abracei mais forte.

- Obrigada Harry. Muito obrigada. Você é o melhor irmão do mundo ok? Eu te amo MUITO! – eu disse querendo chorar, mas me segurei.

- Imagina linda. Você é minha irmãzinha e sempre que precisar... Sabe que pode contar comigo não é mesmo? Eu te amo muito também – Harry beijou minha bochecha – agora é melhor se arrumar se não vai se atrasar pra escola princesa.

            Meu irmão beijou minha testa e saiu do quarto.

            Rapidamente eu me arrumei e desci para o café da manha. Mamãe e papai já estavam sentados a mesa.

- Bom dia gente – eu disse sorrindo.

- Bom dia querida – mamãe e papai disseram sorrindo.

            Harry levantou e puxou a cadeira pra mim.

- Obrigada Harry – falei. Ai esse meu irmão... Tão lindo.

            Começamos a tomar nosso café da manha em silêncio. E preferia que tivesse continuado assim...

- Então querida... Animada para o primeiro dia de aula? – papai perguntou sorrindo.

- Animada não é bem a palavra. Mas posso dizer que estou ansiosa – respondi.

- Bom, talvez você se anime depois da escola querida. Tem uma pessoa que queremos muito que conheça e que quer muito conhecer você também – mamãe disse aparentemente muito animada. Não estava gostando nem um pouco daquela conversa. Olhei nervosa para Harry... Ele também parecia tenso.

- E quem é essa pessoa? – perguntei curiosa.

- É um menino. Não falaremos dele agora vamos deixar que você o conheça e tire suas próprias conclusões. Mas sinceramente acho que vão se dar muito bem – disse senhor George sorrindo largamente. O que me assustou um pouco, pois papai nunca foi muito de sorrir daquela forma.

            O café da manha terminou e eu sabia que aquela conversa ficaria em minha cabeça o resto da manha. Subi novamente para meu quarto, escovei os dentes e desci.

- Ligia o carro já esta a sua espera lá fora querida – disse minha mãe.

- Ok eu já estou indo.

- Tchau filha. Espero que tenha um ótimo primeiro dia de aula – papai beijou minha testa.

            Harry veio até mim e me abraçou muito forte.

- Vai ficar tudo bem – ele sussurrou perto de meu ouvido – Boa sorte maninha. Sei que terá um ótimo primeiro dia.

- Obrigada aos dois – eu disse sorrindo.

            Mamãe me abraçou também.

- Te amo filha – e beijou minha bochecha.

- E eu amo vocês. Até mais tarde – falei.

            Sai de casa e entrei atrás no carro que meus pais compraram para mim, porém, eu não podia usar. Pois segundo eles “pra que dirigir se existem pessoas que podem fazer isso por você?” É eu odiava muito isso tudo.

- Bom dia senhorita Styles – disse Michael, o motorista. Ele era meu amigo posso dizer. Uma ótima pessoa, mas insistia em me chamar de “senhorita Styles”. Fiquei olhando para o teto do carro esperando ele dizer mais alguma coisa – oh sim claro, me desculpe. Bom dia... Lola – corrigiu-se.

            Olhei para ele sorrindo satisfatoriamente.

- Agora sim Mic – é eu o chamava de Mic – bom dia.

            Ele riu e saiu com carro em direção à escola.

- Não entendo. Seu nome é tão bonito e elegante porque a insistência em ser chamada de Lola? – não poderia contar nos dedos quantas vezes essa mesma pergunta havia me sido feita.

- Você acaba de falar tudo. Ligia é um nome elegante. Não sou elegante isso que as pessoas não entendem – eu disse rindo.

- Como assim? Claro que você é elegante senho... Digo... Lola

- As pessoas se enganam. Talvez eu pareça elegante. Na frente de meus pais talvez e em seus eventos e festas importantes. Mas aquela que meus pais e seus amigos vêem. Não sou eu de verdade. Prova disso é que não concordo com noventa e nove por cento dos pensamentos deles. E do resto dessas famílias tradicionais – eu disse com firmeza.

            Chegamos à escola que era uma construção antiga. De estilo vitoriano e muito bonito.

- Está entregue – Michael disse.

- Até mais tarde Mic. Tenha um bom dia – falei sorrindo.

- Você também Lola.

            Ele saiu do carro e abriu a porta para mim.

            Primeira coisa que eu ouvi assim que coloquei os meus pés no pátio foi...

- LOLAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA – de repente um vulto pequeno, loiro, de olhos claros e irlandês veio pra cima de mim. Era Niall um de meus melhores amigos.

- HAHA ai meu deus Niall – eu disse rindo enquanto ele me dava um abraço esmagador. Esmagador a ponto de eu não ter forças para retribuir o abraço.

- Meu deus! Que saudade de você – ele disse ainda agarrado a mim.

- Também morri de saudades de você Niall – eu disse sorrindo. E eu havia sentido mesmo MUITA falta dele. Eu sentia falta daquele menino se ficássemos dois dias sem nos ver... Quem dirá três meses. A alegria de Niall fazia uma falta enorme.

- E ai como foram suas férias? – perguntou ele sorrindo.

- Chatas. Teriam sido piores se eu não tivesse um irmão chamado Harry – falei rindo.

- Ah não diga isso. Viajar com a família não pode ser tão ruim assim. Digo por experiência própria – Niall falou.

- Infelizmente minha família não é como a sua.

            E não era mesmo. A família Horan também era tradicional, porém, não tão tradicional quanto a minha, o que tornavam as coisas bem melhores. Os pais de Niall eram muito tranquilos e não tinham aquelas mesmas preocupações desnecessárias de meus pais com relação a seus filhos. Não tinham aquele espírito controlador dentro deles.

- AW, mas chega de desanimação porque agora estamos juntos – disse Niall sorrindo voltando a me abraçar.

- Isso é verdade. Mas e suas férias como foram? – perguntei.

- Foram ótimas! – e ai meu amigo desandou a falar e quando ele começava não parava mais. Parou por alguns momentos apenas quando meu outro melhor amigo chegou... Louis. Dessa vez o que vi foi um vulto, de pele bronzeada, olhos claros e brilhantes, cabelo liso e castanho claro.

- Gente se vocês continuarem a me receber assim vou acabar quebrando algum de meus ossos – eu disse rindo e ainda me recuperando do abraço de Louis.

- Vai nada que nós não somos tão fortes assim. Niall então com esse tamanho todo – disse Louis rindo.

            Niall olhou pra ele emburrado. E discretamente mandou o dedo do meio.

- Vocês que pensam – eu ri.

            Você deve estar estranhando que eu não tenha nenhuma amiga menina. É! Eu não tinha mesmo. Não na escola. As meninas de lá eram do tipo que se achavam por conta dos sobrenomes que levavam. Achavam-se melhores que os outros que não vinham de famílias tradicionais. E viviam para ficar fazendo disputas idiotas para ver quem era a “melhor família” Eu não era capaz de fazer amizade com pessoas assim. Quando entrei na escola as primeiras pessoas com quem me enturmei foi Louis e Niall.

            O sinal tocou anunciando que deveríamos entrar em sala. Para minha alegria meus horários batiam com o dos meninos. O que significava que eu teria a maioria de minhas aulas junto com eles. A primeira aula era de francês. Eu gostava. Enquanto a professora falava, a verdade, é que não prestei atenção em nada do que disse. Não conseguia parar de pensar no que meus pais haviam dito mais cedo. Com certeza aquela pessoa que “queriam muito que eu conhecesse” Era um candidato a ser meu marido. Pensar nisso me fez ficar numa enorme aflição. Tentei me acalmar, pois eu sabia que não importava se eles iriam arranjar um casamento pra mim. Eu não me casaria de jeito nenhum. Nem sob tortura teria um casamento arranjado.

- Lola! – ouvi duas pessoas me chamando e despertei-me de meus devaneios.

- Oi – eu disse meio assustada.

- Onde você estava em? Te chamamos milhares de vezes – Louis disse.

            Fiquei pensando se deveria contar a eles o que estava acontecendo. Pensei que seria justo afinal de contas eram meus melhores amigos. Olhei em volta e reparei que todos já haviam saído da sala. O que significava que era hora do intervalo.

- Preciso contar uma coisa a vocês – falei nervosa.

            Os olhares dos dois ficaram preocupados.