As mãos de Sara estavam geladas quando virou-se devagar para ver quem a tocara, mas sentiu um imenso alívio.

- Ele está progredindo todo o dia. - sorriu o médico

- Fico feliz por ele, isso é importante. - respondeu Sara devolvendo o sorriso, tentando parecer se importar

- Boa conversa, senhorita Schmidt. - disse se retirando

 Ela então bateu na porta, mas Enid ainda continuava observando o desenho, sem dar o mínimo sinal de se importar com quem estava lá fora. Sara adentrou no quarto e olhou para Enid, mas ele parecia se importar apenas com o maldito desenho.

- Enid? - perguntou Sara.

- Está um lindo dia lá fora, não é? - perguntou ele, cantarolando uma música de ninar

 Sara olhava para ele com uma certa pena. Mas tinha que continuar com o seu plano.

- Por que você se internou? - sorriu - Sabe que não é louco.

- Ver você aqui me faz ser louco, Sara. - riu-se

- Não fale assim, Enid. Venha, vou tirá-lo daqui. - falou estendendo a mão

- Eu não devo, eu... Preciso ficar, Sara. - lamentou-se - Você está morta.

- Você sente culpa pelo que aconteceu, não sente?

 Enid finalmente esqueceu o desenho por alguns segundos, levantou-se e começou a caminhar rapidamente em círculos, logo pôs as mãos ao lado das orelhas e começou a gritar:

- VOCÊ ESTÁ MORTA, VÁ EMBORA, VOCÊ NÃO EXISTE, É SÓ UMA ALUCINAÇÃO. - e começou a chorar

- Sabe que estou aqui por um motivo, não sabe? - disse Sara, aproximando-se de Enid

- Eu sei o quê veio fazer, Sara. - abaixou a cabeça - Eu senti você quando estava lá embaixo, você vai sofrer Sara, e ninguém vai poder te salvar, muita dor espera você.

 Enid terminou de falar, sentou-se no chão e se balançou de frente pra trás algumas vezes. Sara o olhou por alguns segundos.

- Você sabe que pode se redimir. - disse Sara - Me ajude a descansar em paz. - sorriu estendendo um fio que estava ligado ao telefone de brinquedo

- Quer mesmo que eu faça isso? - perguntou com medo

- Não pare por nada. - respondeu Sara piscando

 Os médicos ouviram alguns gritos e correram até o quarto 321. Encontraram Sara chorando.

- EU NÃO PUDE FAZER NADA, EU NÃO CONSEGUI PARÁ-LO, ELE SIMPLESMENTE SURTOU.

 Tentaram arrancar os fios do pescoço de Enid, mas era tarde demais, ele já estava morto.

- Sinto muito, senhorita Schmidt. - lamentou o médico

- Eu não entendo, ele estava tão bem. - disse Sara - Mas vou levar a lembrança dele comigo pra sempre.

- É o melhor que pode fazer agora. - sorriu

 "Pra minha maldita sorte, Enid sempre foi um idiota, diário. Matá-lo foi mais fácil do que arrancar as pernas de uma formiga. Dois já foram, espero poder encontrar Kate e Thomas logo, então só vai faltar Adam, quer dizer... Eu estou um pouco confusa quanto a isso, ele nunca quis me matar. Talvez ele não seja tão mal como eu pensei que fosse, talvez eu deva deixá-lo viver. Na verdade, eu não sei o quê fazer, muito menos o que pensar, que droga, não sei nem se..."

 Sara foi surpreendida por um carro, embora estivesse atravessando na faixa de segurança, foi atropelada. E isso arrancou os olhares de todos naquela quadra.

- Ninguém mexe nela! - gritava um médico que passava por ali - Quantos dedos tem aqui?

- D-Dois. - respondeu ela, colocando as mãos na testa que sangrava

- ELA ESTÁ BEM, VAMOS LÁ, CIRCULANDO. - gritou o médico para a multidão que se formava perto deles - Você quer ir ao hospital?

- Não precisa, eu estou bem, mas preciso ir agora. - sorriu Sara

 Ela se levantou com a ajuda do médico e olhou para o carro que a atropelara, a motorista continuava lá a observando com um certo ódio no olhar, mas ela sabia muito bem quem ela era.

- D-Dora? - disse indo em direção ao carro, mas este deu ré e seguiu correndo pela outra rua - Merda!

- Quer fazer um boletim na polícia? - perguntou o médico - A motorista fugiu sem prestar ajuda.

- NÃO! - gritou Sara - Eu estou bem, não quero perder meu tempo com isso. - sorriu

 "Mas eu não entendo, diário. Por que o mesmo anjo que me ofereceu ajuda pra voltar pra Terra iria querer me matar? Ah não ser que esse fosse o plano desde o início. Droga! Eu preciso encontrar logo Kate.

Ela foi a culpada de tudo. Ela manipula aquele maldito grupinho, e o mais importante ainda, preciso descobrir qual é a dessa tal Dora. Eu tenho certeza que já vi ela antes, eu só não consigo me lembrar de onde."

 Sara seguiu de novo até a rua de Kate. Iria invadir aquela droga de casa, e iria acabar com ela de uma vez por todas, depois desse maldito atropelamento mais dúvidas ainda se formaram na cabeça de Sara. Isso era como um círculo de perguntas onde ela estava perdida bem no meio, sem respostas ou merda nenhuma que pudesse ajudá-la. Então pegou o primeiro tijolo que encontrou na frente da enorme casa onde Kate morava, quebrou a janela, e invadiu a casa subindo as escadas atrás dela.

- Maldita! - exclamava com ódio - Ah! Aqui está você.

- Então, aqui está você, Sara? Eu achei que demoraria mais para aparecer. - sorriu - Mas você é muito esquentadinha. - riu-se