Novos Tempos Em Hogwarts 2 escrita por Thiago, Thiago II


Capítulo 41
A Fuga


Notas iniciais do capítulo

Capitulo novo para vocês, aproveitem.
Não foi betado ainda.



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Capitulo 40:

Suas pernas não agüentavam mais correr por aquela floresta sombria e gélida, podia sentir seus ossos queimarem por conta do frio que se estendia por sobre si e suas vestes molhadas pela neve que tornara a cair novamente, o céu cinzento agora descarregava sobre a grande imensidão da floresta em que a jovem se encontra mais uma leva da grande nevasca que a poucos dera trégua a ela e a sua busca para fugir das pessoas que a perseguiam.

A garota seguia caminhando por meio a neve, se sentindo afundar por conta do peso contra a camada branca que cobria o chão e agora mal conseguia sentir seus pés descalços que se encontravam tão frios, quanto pedras de gelo. O vento assoprava balançando o roupão branco de cetim que usava por sobre uma camisola fina de seda prateada, não eram nem de perto roupas adequadas para aquele tempo, mas não havia tido chances para se preparar para a fuga inesperada, quando a oportunidade surgiu não havia como saber a decisão que havia acabado de tomar, ela simplesmente o fizera.

Talvez fosse algo realmente idiota deixar para trás o conforto de sua prisão, um belo castelo localizado em meio a uma grande floresta que ela não fazia a mínima de onde era, no entanto não queria mais, não suportava ficar presa em uma gaiola mesmo que ela fosse tratada como uma hospede no lugar de uma prisioneira. Ela simplesmente queria a liberdade e colocar fim nos planos daquelas pessoas que haviam feito aquilo, se dependesse de Narcisa o plano dos comensais da morte estaria destruído logo mais ela chegasse a algum vilarejo e conseguisse fazer contato com Beauxbatons e revelasse a impostora que se passava por ela.

Narcisa não se arrependia de sua decisão de fugir, não conseguia mais ficar naquele maldito lugar sem saber o que acontecia com seus amigos, seu irmão e com Tiago enquanto ela estivera fora de circulação e do convívio com o resto do mundo.  Mesmo se sentindo fraca e abandonada por todos naquela maldita floresta sem ninguém para ajudá-la, ela não desistiria. Seus cabelos se encontravam ensopados pela neve que se derretera sobre eles, mas ao mesmo tempo estava congelando por conta do frio, sua pele estava pálida e seus lábios azuis e rachados, suas mãos tremiam, seu corpo inteiro tremia, mas ela não mais sentia os sintomas da possível hipotermia, era como se sua força de se manter viva fosse mais forte.

Pela mente dela vinha à face de Luciana se transformando nela, o mesmo rosto de Narcisa, mas com aquele sorriso arrogante e prepotente, suas palavras ainda vinham em seus ouvidos tão cruéis e frias pela falta de sentimento que possuíam, não que fosse uma grande segredo o mau caráter e as opiniões que a ex-sonserina, mas a jovem nunca conseguiria perdoar ou mesmo entender suas atitudes.

Como podia sua própria irmã traí-la daquela forma, era a única frase que vinha a si varias vezes durante aqueles meses em que ficara presa naquele castelo, não conseguia entender a maldade que existia dentro de Luciana, ela nem se importara com o que aconteceria a mais nova enquanto estivesse no cativeiro.  Ela está se passando por mim, pensava Narcisa e a imagem novamente veio a sua cabeça, de sua irmã mais velha se transformando e tomando suas devidas características como um verdadeiro reflexo a sua frente.  Que estrago ela teria feito naqueles últimos meses em que esteve se passando por mim, era o pensamento que afligiu Narcisa por varias noites, ela se lembrava do anel que sua irmã colocara no próprio dedo após se transformar nela e em suas palavras.

E a única pessoa que passou por sua cabeça naquele momento foi um rapaz de cabelos ruivos desarrumados e de como ele reagira após a troca entre as duas ter sido feita, após a noite em que Tiago e Narcisa haviam descoberto o amor que sentiam um com o outro, a garota simplesmente o despensa, o insulta e destrói seus sonhos e esperanças que ele possuía. Ela pisou em seu coração e teve prazer em fazê-lo sofrer novamente e dessa vez mais ainda, esses eram os pensamentos da artilheira da Grifinoria, era quase certo a suspeita do que a irmã havia feito isso ao ruivo após ter assumido sua identidade, simplesmente ela esperava aquelas atitudes de Luciana e de sua mente que se revelara tão perversa e maldosa.

Ela amava o Potter, aquele ruivo idiota e maroto que sempre esteve ali para infernizar sua vida e tornar seus últimos anos em Hogwarts os melhores. A loira não escondia mais sentimentos que possuía por Tiago, mas por infelicidade do destino agora estavam distantes um do outro e ela temia que quando chegasse a Beauxbatons não o encontrasse ali.

Sua mente lembrava o momento em que o rapaz tentara suicídio ao saltar do alto da Torre Eiffel, mas agora tudo parecia tão horrível para ela, como se a imagem de como tudo teria ocorrido se ela não estivesse ali para salvar o rapaz a estivesse assombrando. Um corpo caído, destroçado em meio a uma imensa possa de sangue e a face dele com seus olhos azuis agora sem brilho algum, pois exibem o vazio que trás a morte. A idéia de que Tiago pudesse ter tentado suicídio novamente após o desprezo que ele sofrera por parte da falsa Narcisa, assombrava a verdadeira que desejava mais do que nunca encontra-lo novamente e que ele estivesse bem.

Fora então que seus ouvidos puderam escutar, vozes vinham de outra parte alem daquelas arvores que ali estavam. A loira se aproximou agachada debaixo da planície de um antigo rio seco. Narcisa então encarou a silhueta distante de dois cavalos que trotavam pela floresta e sobre eles seus cavaleiros que a garota facilmente reconheceu.

Alaric vestia as vestes antigas da era vitoriana, uma casaca longa preta com detalhes em prata, um colete claro e uma camisa de babados e uma gravata de gola rendada. Ele possuía o rosto encoberto por uma mascara que lhe ocultava parcialmente, e um manto grande e negro feito de pele de urso que se estendia em sua cabeça como uma espécie de capuz e cobria o restante do corpo.

Os olhos do Lorde das Trevas buscava ao redor daquela clareira qualquer indicio da fugitiva, seu belo corcel negro parecia incomodado por caminhar em meio aquela tempestade e relinchava, os sons que fazia no entanto eram ignorados pelo rapaz.

_ Milorde – disse o outro homem se aproximando, vestia uma capa pesada de pele sobre os ombros como uma capa balançando ao vento e a cabeça oculta por um chapéu feito do mesmo material, esse à garota não pode ver quem era, mas reconhecia sua voz era Rodolfo Lestrange – acredito que devemos retornar ao castelo e continuar nossas buscas após o termino dessa tempestade... – seu cavalo, um belo exemplar árabe de pelagem marrom dera uma empinada para o lado quando vira um movimento.

Alaric fora rápido e ao notar o movimento do animal removera a varinha das vestes e lançara um feitiço mudo contra um dos arbustos cobertos de neve, não muito longe de Narcisa por onde escapara uma raposa assustada que cruzara entre as patas do cavalo de Rodolfo que quase a pisoteara, mas o jovem senhor das trevas lançara um feitiço novamente incapacitando.

_ bem, a menos que a Malfoy seja uma animaga, creio que não deva ser ela essa raposa não é Milorde? – disse Rodolfo com um tom de desdém, mas Alaric simplesmente ignorou o comentário do homem.

_ sinto em sua voz um tom de gozação, talvez sarcasmo? – disse Alaric encarando o homem pelo canto dos olhos, e pode notar a face impassível de Rodolfo como se não se sentisse intimidado pelo jovem.

_ de maneira alguma Milorde – disse Rodolfo no seu mesmo tom de respeito, se é que houvesse sinceridade afinal de contas era certo para Alaric o ódio que o outro possuía por si – apenas fiz um comentário importuno, me perdoe pela petulância e se de alguma forma o ofendi...

_ De maneira alguma, valorizo seu senso de humor, mas deve de saber que certos comentários não são dos melhores – disse Alaric.

_ eu já me desculpei por isso, Milorde – disse Rodolfo dando ênfase a sua ultima palavra, como se não gostasse de usá-la.

_ Você deve estar ciente de que ainda esta sobre minha liderança Lestrange mesmo que se ache muito, digamos, que inapropriada, talvez... Certas condutas minhas – disse Alaric – admito, não sou mesmo o que se esperaria de um Lorde das trevas, mas devo avisar para que se contenha com seus comentários ácidos... Lembre-se sempre Rodolfo, meu caro... De quem dita os movimentos do tabuleiro. 

_ mas é claro que me lembrarei, afinal de contas sou apenas um comensal da morte – disse Rodolfo – mesmo com meus anos de experiência frente ao esquadrão de Lord Voldemort, isso não é nada comparado ao vosso magnífico talento natural – e novamente Narcisa pode sentir o tom azedo das palavras do homem que se virara junto com sua montaria deixando seu rosto visível.

Narcisa pode ver a face do homem, seu rosto maduro com algumas marcas devido à idade e sua barba negra desgrenhada e grossa possuindo o que aparentavam ser alguns fios brancos, seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo parcialmente já que algumas mechas se soltavam, algumas escapavam de sob o chapéu de pele e cobriam a lateral e suas orelhas e se misturavam aos pêlos faciais. A loira achava incrível o como um homem como o ultimo Lestrange se manter jovem daquela forma sendo que seu avô Lucius que era alguns anos mais novo aparentava estar no final de seus dias.

Alguns segundos de silencio reinaram entre os dois homens, até que fora quebrado pela voz do mais jovem com um ruído cortante de uma lamina fria, mas ao mesmo tempo num tom de casualidade e sensatez.

_ por que acha que deveríamos seguir seu conselho afinal Rodolfo? – disse Alaric voltando seus olhos azuis gélidos para o comensal que desviara os olhos em outra direção, mais especificamente para o local onde Narcisa estava e por alguns segundos a garota sentiu que poderia ser descoberta.

A loira teve certeza dos olhos negros como à escuridão sobre si por alguns segundos, talvez um rápido contato visual com o comensal, mas o mais estranho fora que Rodolfo voltara a desviar o olhar novamente para rapaz.

_ podemos acabar nos perdendo, e também não creio que a garota seja tão estúpida ao ponto de se aventurar em meio a uma nevasca – disse Rodolfo – devemos retornar senhor, e após o tempo tornar a dar uma trégua, continuaremos as buscas...

_ sua preocupação é até de certa forma compreensiva Rodolfo, mas antes de tudo devemos analisar a nossa adversária – disse Alaric – nesses últimos tempos em que convivi com Narcisa pude estuda-la com bastante destreza, ao ponto de saber que ela não se deixaria abalar com os desafios que estão em seu caminho para chegar a seu objetivo.

_ quer dizer que a Malfoy tentara enfrentar a tempestade de neve para chegar a aldeia mais próxima? – disse Rodolfo fingindo surpresa – não é algo muito típico daquela família, eles sempre foram conhecidos por seu modo de vida fácil...

_ ela não é como Lucius ou Draco, deveria de ter prestado atenção Rodolfo de que os novos Malfoys não são muito semelhantes aos antigos com quem você conviveu e convive ainda – disse Alaric – deveria ter observado isso com Lucie, ela possui uma coragem e determinação de certa forma invejáveis não acha? Narcisa tem o mesmo espírito, mas claro que ambas usam de modos opostos.

_ determinação e coragem, eu sei o que é isso Milorde, mas dizer que uma garota como aquela vai encarar vários quilômetros de caminhada por essa floresta sozinha em meio a uma nevasca – disse Rodolfo – me desculpe, mas devo discordar, é suicídio... a menina deve ter feito alguma pausa, montado acampamento em algum lugar para passar a noite.

_ se fez isso, acho que temos mais chance de encontrá-la não acha? – disse Alaric – e ela não vai morrer, é forte o bastante para resistir a esse simples imprevisto do tempo... guarde minhas palavras de que ela ainda estará viva quando a acharmos, e que faremos isso antes de que ela consiga chegar a aldeia.

_ como quiser, Milorde – disse Rodolfo com simples aceno de cabeça em concordância.

_ devemos seguir pela trilha que forma esse rio seco – disse Alaric puxando as rédeas do cavalo naquela direção.

Narcisa se assustou com aquilo, eles iriam encontrá-la se continuasse ali. Ela sentiu seu coração bater tão intensamente que era quase certo de que eles poderiam escutá-lo, suas pernas pareciam ter congelado naquele momento. Fora então que com a respiração aguda e entre cortada que fechou os olhos e se concentrou tentando ignorar os cascos dos cavalos que estavam trotando cada vez mais próximos, ela sentira seu estomago repuxar para dentro, logo foi como se todo seu corpo fosse puxado e ela aparatou.

Alaric e Rodolfo cavalgaram até a beira do rio seco, os olhos do comensal começaram a buscar algo o que não passou despercebido pelo seu mestre que o encarou virando o rosto em sua direção.

_ a algo que tenha visto Rodolfo? – disse Alaric e o comensal procurou não encarar o rapaz que ainda mantinha os olhos frios em seu rosto.

_ apenas um rio seco e cheio de neve, fora isso nada Milorde – disse Rodolfo e sorrira sem ser proposital.

_ pois mantenha seus olhos atentos a neve – disse Alaric – talvez consiga descobrir algo que vá achar bastante interessante afinal de contas - o comensal encarou e pode perceber sobre o manto de neve a forma distinta de pés humanos.

_ pegadas – disse Rodolfo – isso significa que...

_ estamos perto, ela passou por aqui – disse Alaric saltando do cavalo e se abaixando em frente uma das pegadas – não sabemos em que direção foi, mas em todo o caso reúna os homens e diga para que vá cada um em uma direção diferente apartir daqui – ele tocara os buracos na neve, fazendo o contorno deles com a ponta dos dedos – vamos achá-la Narcisa Malfoy... 

A garota desaparatou caindo em uma clareira e pode sentir uma grande dor tomar conta de seu corpo, ela se contorcera e gritara agarrando o braço esquerdo que ao encarar chocou ao notar uma grande ferida que atingia o seu antebraço interno e por onde escapava uma grande quantidade de sangue que se espalhava e tingia a neve de vermelho. Ela não pode evitar as lagrimas e o choro, a dor horrível que era ser estruchada nunca fora experimentada antes pela loira e fora uma péssima hora para acontecer naquele momento.

Tiago se contorcia na cama, sua testa e seu dorso estavam ensopados de suor e sua respiração parecia sufocante e seu braço doía como se houvesse acabado de levar uma facada ou algo do tipo, ele o segurava ferozmente e gritava. Fora então que acordou e se sentou na cama com a cabeça confusa. Levantou-se da cama esfregando os olhos, encarando o braço que se encontrava inteiro, afinal de contas não havia nada de errado com ele.

_ foi um sonho apenas – disse Tiago para si mesmo enquanto deslizava os dedos pelo antebraço como se ainda houvesse algo ali - não foi nada demais... – ele se encarou no espelho, sua face era de alguém abatido e cansado, mas não sabia o porquê já que dormira a tarde toda.

Ele retirara uma camiseta de sobre uma cadeira e vestira e em seguida encarou a janela e pode ver a neve que caia do lado de fora do trem e resolveu por pegar algum casaco. O ruivo pegou um moletom azul e saira do quarto. Depois de caminhar alguns minutos finalmente havia encontrado a saída para os jardins de Beauxbatons ou deviasse dizer para a incrível demonstração de que também fazia frio na França e que eles podiam ter um grande inverno quanto o do Reino Unido. Mesmo que muitas vezes o ruivo pensasse que aquilo fosse apenas parte de algum feitiço de controle do tempo que a escola possuía. 

A neve caiu rapidamente nos dias que seguiram o inicio de Dezembro, logo as planícies e campinas que faziam parte dos terrenos de Beauxbatons se cobriram com um manto branco do inverno, os jardins antes verdejantes e cheios de vida com o canto dos pássaros agora se encontravam num clima frigido e o silencio estava presente, sendo apenas quebrado pelas correntes frias que cortavam o ar e balançam os galhos secos das belas arvores.

Pelo menos era essa a visão que o rapaz tinha naquele momento, mas afinal de contas todos já estavam dormindo àquela hora ou no salão principal jantando, o que pouco importava. Durante grande parte do dia os alunos iam curtir a neve, pelo menos os que haviam ficado para o natal, o que em sua grande parte se refira aos alunos das escolas visitantes e alguns de Beauxbatons.

Tiago se lembrava da imagem de muitas alunas de Beauxbatons patinando no lado congelado ao lado de alguns outros das escolas visitantes que haviam se arriscado e pareciam se dar bem, como fora o caso de Fred que por insistência de Dominique tentara patinar, a ruiva estava se recuperando muito bem dos ferimentos mesmo que fizesse algumas coisas abusivas para alguém na situação dela.

Ele também se lembrou da imagem de Nickollaus Karkaroff que ao lado de seus colegas haviam jogado uma partida de quadribol contra um grupo formado por alguns alunos das outras escolas, mas naturalmente que os de Dursmtrang venceram, afinal parecia que eles estavam acostumados a jogar em meio a uma nevasca, o que era bem possível.

Os alunos de Hogwarts nunca haviam estado tão longe de sua família, mesmo aqueles que estavam acostumados a passarem as férias de natal na escola parecia um tanto estranho aquele lugar, afinal de contas ali não era como se sentissem a mesma coisa que havia em seu colégio próprio, não se sabia o certo o que poderia ser, mas não era com o que estavam acostumados. No entanto, mesmo que saudade de casa os atingisse, eles sabiam que aqueles dias seriam especiais e mesmo que não estivessem os parentes ali ainda podia se contar com os amigos.

Beauxbatons organizava um bela ceia que haveria no grande salão principal, segundo Louis e Dominique haviam informado era algo comum na academia francesa encerrar o final do ano com uma festa para os alunos e naquele haveria uma ainda mais elaborada para agradar e impressionar as escolas visitantes.  O quarteto Sonserino havia sido convidado para uma apresentação após o show da orquestra francesa e a banda de Dursmtrang que viria antes, os rapazes de Hogwarts seria os últimos sendo dada a eles a grande responsabilidade de fechar aquela noite.

Tiago finalmente chegara ao local onde estava indo, mesmo que tivesse descoberto isso algum tempo depois de começar a andar. Ele parara em frente ao grande celeiro onde costumavam ficar os cavalos responsáveis por puxar as carruagens da escola, o ruivo levara suas mãos para o cadeado que estava aberto, significando que alguém já estivera ali antes.

O grifinorio puxara a porta e entrou, os cavalos estavam em sua boa parte dormindo com os rostos escondidos por debaixo das asas, mas outros comiam tranquilamente sua ração nem parecendo incomodados com os estranhos e graves ruídos que vinham do fundo do celeiro.

No fundo do grande prédio de madeira, estava algo que realmente não combinava muito com toda aquela atmosfera e quando vira o ruivo lançara um sorriso caminhando até o lugar que parecia ter sido transformado em uma oficina improvisada.

Um pedaço de lona azul cobrindo o chão, uma caixa de ferramentas e tantas outras espalhadas pelo lugar, havia ainda uns fracos com algumas poções e livros esparramados sendo que algum deles estava sujo de graxa ou tinta assim como grande parte das coisas ali. O ruivo se aproximou e pode ver um radio sobre algumas pilhas de feno que tocava alguma musica natalina num tom muito baixo e no chão havia um engradado de cerveja amanteigada ao lado de alguns doces bruxos sendo que ainda tinha uma pilha de embalagens vazias assim como garrafas significando que a pessoa que ali estava tinha estado já por um bom tempo.

_ Six, qual é cara? O que aquelas lambretas italianas sexys diriam se vissem você um belo Harley Davidson Fat Boy dando essa pinta toda hein? – disse uma voz conhecida de Tiago mas os ruidos ainda continuavam.

Ele então encarara a figura estranha que estava sendo causadora de tanto barulho, uma motocicleta estava com as rodas acorrentadas e suspensa alguns centímetros no ar enquanto um rapaz mexia nela com uma varinha lançando alguns encantamentos e feitiços. Quando o vira a motocicleta buzinara fazendo o seu mecânico olhar por sobre o ombro e sorrir para em seguida se levantar e ir cumprimentar o recém-chegado.

_ quanto tempo está ai? – disse Fred removendo os óculos de proteção e em seguida remover as luvas sujas de graxa para um aperto de mão com Tiago – eu ia te chamar para trabalharmos juntos no Six, mas você parecia cansado e resolvi deixa-lo dormir.

_ acho que podemos trabalhar juntos agora não acha? – disse Tiago se aproximando da motocicleta e se agachando próximo a maquina para dar uma olhada no motor enquanto Fred fazia o mesmo ao seu lado.

_ então, o que acha? – disse Fred – esta vendo isso? É um sistema novo de desilusão que coloquei, ele lança uma aura invisível ao redor motocicleta e do ocupante, numa espécie de camuflagem com o ambiente, lógico que não é nada perfeito, afinal de contas não se pode ficar totalmente invisível e pode haver algumas falhas se sobrecarregado por ser apenas um protótipo, mas de qualquer forma... – ele olhara para o ruivo e notara seu olhar distante – hã...você está com algum problema Tiago?

_ não, nenhum Fred – disse Tiago recolhendo uma chave de fenda do chão e começou a brincar com ela entre os dedos – por que haveria algum problema?

_ ah, vejamos, primeiramente você não parece estar nem ai para o que digo – disse Fred se sentando no chão de uma vez e apoiando os braços nas pernas – e segundo é que você não consegue enganar seu velho e melhor amigo Frederick Gideon Weasley II.

_ você adora isso não é? – disse Tiago rindo levemente.

_ sobre o que se refere? – disse Fred sorrindo cinicamente.

_ sobre estar certo – disse Tiago se sentando no chão tambem – as vezes irrita sabia? Sempre parece estar certo quando o assunto é sobre mim, enquanto eu demoro para saber o que há de errado com você.

_ é um dom natural que eu possuo, difícil de explicar, e cá entre nos Potter voc~e não é a melhor das pessoas para esconder os sentimentos de alguem – disse Fred – você é muito intenso, sabe? Ou estar alegre, rindo e contente fazendo piadas e sendo um maroto ao meu lado... do contrario esta depressivo, desolado e com tendências suicidas, ah claro, sem esquecer a raiva destrutiva que prejudica as pessoas muitas vezes.

_ virou psicólogo agora? – disse Tiago tentando um tom brincalhão, mas não soara muito convincente.

_ como disse, é um dom que possuo – disse Fred sorrindo – mas bem que podia ganhar uma grana com isso não é? Vovó Johnson ficaria feliz em saber que seu neto bruxo está seguindo sua profissão no mundo trouxa... Mas falando serio agora, não é com todos que eu sou assim, é apenas com você e isso acontece porque somos muito próximos um do outro.


_ é, você tem razão – disse Tiago suspirando – as vezes eu tenho conversas com você do tipo que não conseguiria ter nem com o Alvo e muito menos com meu pai.

_ isso é porque somos amigos, mesmo que sejamos primos e tenhamos todo esse lance de laços sanguineos, as vezes a amizade fala mais forte e sabemos que podemos contar um com o outro – disse Fred passando o braço ao redor do ombro do apanhador grifinorio que sorrira para o moreno.

_ é, eu sei – disse Tiago sorrindo enquanto Fred removia o braço dos ombros dele.

_ agora, vamos cortar esse lindo momento sentimental em que abrimos nossos corações um para o outro dizendo o quanto nossa amizade é importante para irmos ao que realmente interessa nesse momento – disse Fred num modo falso de formalidade – desembucha Potter, qual é a merda que esta havendo para você ter aparecido aqui com essa cara feia que não é a mesma que estou acostumado a ver diariamente.

_ você é tão sensível as vezes, tanto quanto um trasgo montanhês – disse Tiago – eu tive um pesadelo, beleza? – e Fred o encarou com uma feição descrente – é serio, apenas isso que aconteceu.

_ e eu esperando algo grandioso, sei lá – disse Fred – você me fez gastar um belo discurso Potter, eu aqui esperando qualquer coisa quando na verdade você apenas estava sonhando com alguma coisa boba como vampiros, espero que não tenha molhado a cama como daquela vez...

_ cara, eu tinha quatro anos quando tive esse sonho – disse Tiago o olhando incrédulo – nem me lembrava mais disso, e de lá para cá eu não sei se percebeu mais eu consegui controlar meu sistema urinário.

_ acho bom, você estava no beliche de cima cara, serio aquilo me traumatizou – disse Fred recebendo um empurrão do primo – certo, o que foi então que te fez ficar assim?

_ eu sonhei com a Narcisa – disse Tiago seriamente encarando os próprios pés – sonhei que ela estava fugindo de alguém, ela estava com frio, muito frio, pois uma grande nevasca caia sobre ela e ela andava por uma floresta então tinha dois caras em cavalos e... Cara, ela estava assustada, ela queria fugir então aparatou antes que a descobrissem e então eu a ouvi gritar, havia sangue... Sangue cobria a neve, muito sangue... – Fred colocou a mão em seu ombro.

_ Tiago, acorda para a realidade, a Narcisa esta bem – disse Fred apertando fortemente o braço do amigo – e outra, mesmo que ela estivesse em perigo, correndo por uma floresta e sendo perseguida por sei lá quem, o que não esta infelizmente...

_ ela parecia em perigo, e eu queria poder ajudá-la – disse Tiago – eu senti medo por ela Fred, eu queria... – ele suspirara - Eu sei que é um sonho, e que não deveria me preocupar tanto com a Narcisa mas é que...

_ você tem razão disso primo – disse Fred -  você não deveria se preocupar, afinal de contas se trata da Malfoy, daquela garota que te fez sofrer mais que todas as outras garotas com quem você esteve... Aquela loira é uma vadia, desgraçou sua vida e partiu seu coração te fez comer um caminhão de bosta de dragão para no final ela escolher o Zabini em vez de você.

_ eu sei disso Fred – disse Tiago tristemente – você está certo, mas eu não consigo parecia tão real.

_ tudo parece real nos sonhos – disse Fred – ai se tudo que aconteceu nos meus sonhos fosse realidade, eu certamente seria o cara mais sortudo da face desse planeta – ele sorrira maliciosamente quando Tiago lhe dera um tapa no ombro que o fez rir.

_ dá para deixar para lá sua mente cheia de sonhos pervertidos e me escutar – disse Tiago e Fred levantou as mãos em sinal de redenção – A Narcisa dos meus sonhos, parecia à antiga Narcisa, aquela pela qual me apaixonei entende? A garota forte, fria e ao mesmo tempo com aquele ar de alguém que precisa de uma pessoa para cuidar dela.

_ certo, e você espera que eu faça o que em relação a isso? Que invente algo que traga a garota dos seus sonhos para a realidade? – disse Fred sarcástico.

_ não, apenas queria falar com alguém sobre isso, ok? Eu precisava conversar com alguém – disse Tiago suspirando – estou melhor agora.

_ e o alguém aqui considera pela escolha e diz que pode contar novamente quando precisar – disse Fred esticando a mão para Tiago e os dois fizeram um cumprimento, batendo os punhos fechados um contra o do outro.

_ vamos terminar então o que você começou aqui? – disse Tiago indicando com a varinha a motocicleta e o moreno sorrira e concordara com a cabeça.

_ ainda bem que falou isso, esse sentimentalismo todo não é algo com o qual estou acostumado sabe? – disse Fred rindo enquanto começavam a mexer com no motor novamente.

Chloe estava sentada em sua cama, às pernas encolhidas enquanto ela apoiava o bloco de desenho e com uma das mãos deslizava levemente o lápis fazendo o contorno fraco de grafite de um dos olhos do desenho. Ela usava seu pijama ainda, e seus cabelos se encontravam presos em um rabo de cavalo desajustado enquanto alguns fios caiam sobre seus olhos, sobre a cama havia varias folhas de papel com outros desenhos e envelopes espalhados enquanto no chão havia algumas bolinhas amassadas com os quais Sir Todd se divertia brincando.

_ você acha que eles vão gostar? – disse Chloe num tom um pouco inseguro enquanto voltava seus olhos para a ruiva da cama ao lado.

Lily se encontrava deitada embaixo das cobertas que a cobriam até um pouco acima da cintura, ela estava apoiada em alguns travesseiros e em suas mãos havia uma espécie de livro que a loira notara que a amiga estava lendo há alguns dias já, e às vezes se mostrava tão concentrada que não respondia quando falavam com ela, como acontecera naquele momento.

_ Lily? Esta me ouvindo? – disse Chloe e a ruiva erguera os olhos em sua direção.

_ hum? – disse Lily enquanto ainda mantinha os olhos no livro.

Não era exatamente um livro, mesmo que fora isso que a ruiva dissera para a melhor amiga e a todos que haviam perguntado até então. Aquele era o diário de Lysander, dado a ela por Lorcan numa tentativa de que a corvina entendesse melhor o que se passava pela cabeça do loiro e seus reais sentimentos por ela.

A garota acertara os óculos de leitura que usava, sim ela precisava usá-los mesmo que sua visão não fosse tão ruim quanto a de seu pai, Lily precisava de óculos para leitura por conta da força que precisava fazer para ler letras muito pequenas e sem eles seria uma tortura manter-se concentrada já que seus olhos começariam a doer bastante. As únicas pessoas que a viam usando no geral, eram seus familiares e Chloe.

_ Lílian Luna – disse Chloe um pouco alto enquanto tacava uma bolinha de papel na garota que se assustara -

_ hã... Mas o que é isso?  – disse Lily deixando o livro sobre o colo enquanto pegava a bolinha de papel que lhe acertara.

_ uma tentativa de chamar sua atenção – disse Chloe no seu tom de voz baixo novamente enquanto ela se encolhia atrás do bloco de desenho.

_ desculpe Chloe – disse Lily e a loira levantou os olhos de sobre o bloco - é que eu estava tão...

_ distante? – disse Chloe erguendo as sobrancelhas – é, deu para perceber... o que há de tão interessante nesse livro? – a ruiva a encarou seriamente e a loira sentiu que havia feito uma pergunta errada – f-foi mal, eu não sabia que era pessoal.

_ então o que é tão importante para você me interromper? – disse Lily se desencostando os travesseiros e puxando as cobertas enquanto cruzava as pernas, num sinal de que estava atenta ao que a amiga falava.

_ você acha mesmo que eles vão gostar do meu presente de natal? – disse Chloe insegura – quer dizer, eu acho que não sou tão boa... digo, olha para esses desenhos, eles não parecem tão bons assim, eu acho que eu não sirvo para desenhar pessoas...

_ é isso que a preocupa realmente Skeeter? Francamente – disse Lily rindo enquanto voltava a se encostar-se nos travesseiros e a loira a sua frente corava – você é ótima, ok? E não estou dizendo isso porque sou sua amiga e sim porque você é bastante talentosa.

_ não me agrade Lily, eu sei que não é bem assim – disse Chloe colocando o lápis atrás da orelha – você diz isso, mas...

_ eu não sou a única, o Lorcan também viu seus desenhos e disse que você é incrível não foi? – disse Lily e a garota sorriu ainda um pouco corada.

_ Lorcan é fofo, nunca diria nada de ruim de ninguém – disse Chloe – não que esteja duvidando da sua sinceridade, é só que... Ah, não sei, não sinto segurança nisso.

_ deixa de ser boba garota, e confie um pouco em você e em seu talento – disse Lily tacando nela a bolinha de papel que ela lhe lançara e a loira rira baixinho.

_ eu gosto de desenhar animais Lily, pessoas foi um desafio para mim – disse Chloe com sinceridade – e saber que eu vou ter que desenhar os meus amigos e dar de presente para eles os desenhos, isso me assusta, a reação deles aquilo, se eles vão gostar ou não – Lily ficara em silencio – eu não devia ter aceitado essa idéia sua.

Há algumas semanas, quando o espírito natalino surgiu junto com as decorações e as organizações para a festa, Chloe havia confessado a Lily que queria dar algum presente para os novos amigos que havia feito, mas que isso se mostrava um pouco difícil ao julgar que ela e a irmã não tinham mais casa após o atentado com seus pais e não queriam pedir dinheiro a tia. A corvina então havia sugerido a melhor amiga que fizesse desenhos, ela sabia que a loira era talentosa o bastante para desenhar com bastante destreza os traços de cada um.  A ruiva só na contava com a insegurança da grifinoria que começou a surgir com o aproximar das festas.

_ mesmo a Alice tendo me emprestado algumas fotos que tirou para eu ter uma noção de como é – disse Chloe – eu não consigo acertar algumas coisas...

_ como por exemplo? – disse Lily com um tom sarcástico, duvidava que a amiga havia cometido algum erro notável nos desenhos, na verdade tinha certeza de que não havia nada de errado com eles.

_ olhe para isso – disse Chloe virando o bloco e a ruiva se surpreendeu com a imagem que havia, era uma bela retratação perfeita de um dos gêmeos, estava em grafite apenas como um rascunho que ela preencheria mais tarde com tinta, a ruiva encarava cada detalhe desde o par de olhos bastante penetrantes passando pelos cabelos penteados de um modo que caíssem sobre a testa e no ombro do desenho havia desenhada uma coruja das torres simplesmente real – dar para notar?

_ o que? – disse Lily após engasgar – esta perfeito, mas por que a coruja? Devia desenhar um sapo para o Lorcan – ela rira para disfarçar, ela sabia que não era esse gêmeo retratado no desenho.

_ não é o Lorcan, é o Lysander – disse Chloe encarando novamente o desenho – a coruja é por conta da forma animaga – essa parte  saiu ainda mais baixo pois a loira teve medo de alguém ouvir -  tem certeza que você não notou que o nariz dele está um pouco grande demais?

_ grande? Não, não esta – disse Lily sendo sincera.

_ talvez por você estar longe, quem sabe... – disse Chloe, mas fora interrompida.

_ está perfeito Chloe, continue sim? – disse Lily tornando a puxar as cobertas e pegando o diário para retornar a leitura.

Narcisa cambaleava, seus pés não mais suportavam andar e sua respiração se mostrava difícil e cansada conforme ela soltava dificultosas baforadas de ar quente que tomava a forma de um vapor frio quando se misturava ao ar gélido que ela tinha dificuldade para respirar, pois descia seco como uma lamina afiada por sua garganta. Uma de suas mãos tremula se escorava entre as arvores secas enquanto outra mantinha seu roupão fechado e seguro contra o peito para se proteger do vento frio que vinha contra si. Seu braço ferido pelo estruchamento estava imobilizado por pedaço do pano de suas vestes, mas ainda sangrava, mesmo que ela não sentisse mais dor.

Seus olhos azuis acinzentados então avistaram ao chegar ao fim da floresta um pequeno rio congelado que se encontrava entre dois desfiladeiros e uma ponte de pedra mais adiante, a garota dera um passo incerto se soltando da arvore em que estava escorada e acabou por cair e rolar por toda aquela colina coberta de neve, ela rodopiara algumas vezes até que por fim se deixou deslizar de encontro o rio congelado. Fora um grande baque o impacto, mas felizmente o gelo se manteve sólido e não se rompera, mas foi inevitável alguns trincados e um corte em sua testa que agora sangrava dando um tom vermelho em sua pele pálida e naquele momento azulada.

_ merda, mais um – disse Narcisa para si mesma – não pode ficar pior, não é?

Cambaleante Narcisa seguiu em direção a ponte e após alguns minutos se encontra debaixo da estrutura de pedra, ali a neve não podia atingi-la afinal. A loira suspirara cansada, enquanto buscava algum lugar onde pudesse sentar para descansar, aparentemente aquele lugar já havia sido ocupado por alguém antes, pois havia uma cama improvisada de jornais e palha em um canto assim como um cobertor feito de remendos e alguns vestígios do que teria sido uma fogueira um dia com madeira já há muito tempo havia sido parcialmente queimada.

_ não se pode escolher as acomodações quando se está em fuga – disse Narcisa e ela sentira a voz áspera soar com dificuldade que seus pulmões exigiam, e logo em seguida rira fracamente para então lançar um olhar triste para o horizonte onde ela ainda podia avistar o telhado de uma das torres do castelo – depois de tanto tempo... Eu ainda estou tão próxima deles que posso ver o lugar – ela se sentara na cama de palha e jogara o cobertor sobre as pernas, aquilo não ajudava muito contra o frio, mas era alguma coisa afinal – devo ter dado varias voltas na floresta... Me perdido, é... Devo ter me perdido, afinal é um pouco impossível não se perder quando para todo o lado que você olha só há arvores, ah... Fala serio, eu estava em uma floresta o que esperava afinal era para se ter arvores, é eu devo ter me perdido, certamente foi isso... Perdi horas, talvez... – ela não tinha a mínima noção de tempo - Andando naquela floresta se não fosse por isso eu deveria ter escapado e ter chegado mais longe do que realmente cheguei...

Narcisa não se importava mais em falar sozinha, talvez fosse aquilo que ainda estivesse mantendo de pé, que a fizesse ter consciência do que estava fazendo e de que realmente estava ali. Não sabia mais se estava sã, ela não conseguia saber se realmente conseguia ver a torre do castelo ou fora apenas mais algum dos delírios que a febre que estava tendo estava lhe causando. O suor escorria juntos com o sangue de seu ferimento, mas ela não estava com calor, era quase loucura pensar aquilo estando cercada de neve, ela estava doente, era essa a realidade. Suas mãos deslizaram pelo bolso do roupão e retiraram dali o objeto que fora fundamental para sua fuga: uma varinha. Ela conquistara um objeto de presente, seu aliado havia lhe ajudado lhe dando aquilo, mas o restante fora para si mesma conseguir sozinha.

Aliado, é quem diria que alguém além dela própria desejava sua liberdade. Narcisa se surpreendeu com aquela pessoa ter se oferecido para ajudá-la lhe dando aquilo, se arriscando para que ela tivesse uma chance de escapar, mesmo que tivesse suspeitado de suas intenções no inicio agora estava grata por ele ter persistido em lhe dar a varinha, apesar de que não sabia se um dia iria agradecer de verdade pelo que ele havia feito.

_ e eu estrunchei, como se não tivesse problemas maiores – disse Narcisa olhando para o braço ferido – muito bem Malfoy, você é uma inútil quando o assunto é fuga... A única boa noticia disso tudo é que descobri que posso aparatar, parece que as defesas do castelo não se estendiam por toda a floresta como eu pensava, o que foi muito bom naquele momento, pois se não tivesse aparatado sem querer teria sido encontrada – ela conversava consigo mesma – a má noticia é que não poderei fazer novamente não é? Claro que não, olhe para essa droga... – ela levara a mão a bandagem improvisada.

Ela removera os panos que combriam seu antebraço e com uma expressão entre nojo e dor encarou o machucado do estruchamento, um grande corte como se alguem houvesse arrancando um pedaço de sua carne com uma faca agora se mostrava vermelho ainda sendo que a única diferença era um arroxeado ao redor da ferida que contrastava com a pele acinzentada da garota naquele momento.

_ espero que não piore as coisas – disse Narcisa enquanto apontava a varinha e fechando os olhos tentou se lembrar do feitiço que sua mãe usava sempre quando algum deles se machucava jogando quadribol -  Episkey – a ferida se fechou e por alguns segundos a garota sorriu, pois ai então o ferimento tornou a se abrir novamente e ela bufara em decepção – claro que você deveria saber que estruchamento é algo bem grave, não é mesmo Malfoy? – ela repreendera a si própria – um simples feitiço de cura, ridículo... – e jogara a varinha longe se arrependo em seguida e indo atrás dela que por sorte não se quebrou – bem, talvez deva tentar com esse – ela falara passando a mão na testa que ainda sangrava e apontou a varinha conseguindo curar o ferimento – é, não sou uma inútil – ela apontara para o braço e uma bandagem saiu da ponta e começou a envolver o machucado enquanto a loira soltava um sorriso – mamãe ficaria orgulhosa...

Com a varinha em mãos a garota a apontara para a pequena porção de madeira que restava da antiga fogueira, sua mão estava tremula e suada, sentia como se fosse incapaz de tentar algum feitiço a mais naquelas situações, mas Narcisa o fez.

_ incêndio – disse Narcisa e uma chama tomou conta da lenha que queimou imediatamente e em seu lugar agora havia uma grande fogueira que foi aos poucos diminuindo de tamanho e se controlando novamente.

Ela podia sentir o calor do fogo chegar até si, ela se sentia melhor com aquilo. A loira se cobrira com o cobertor enquanto se aproximava da fogueira se sentando mais próximo e estendendo as mãos tremulas próximo das chamas, o calor estava ajudando com o frio, mas não conseguia amenizar os danos, ela ainda tremia.

No fogo ela então viu o rosto de alguém, de cabelos ruivos e um rosto brincalhão sardento e dotado de olhos azuis. Tiago estava ali, ela pelo menos o via e ficou feliz por te-lo consigo e ao mesmo tempo sentia amargura por estar só e longe dele. A imagem saiu do fogo e tomou a forma do rosto do rapaz que estava envolto pelas chamas afinal, fazendo-o coberto pelo fogo.

_ Tiago? – disse Narcisa se arrastando para longe do fogo assustada com aquilo.

_ é, sou eu... – disse Tiago e sua voz soara doce e ele sorrira.

_ como você... É um delírio não é? – disse Narcisa sorrindo sem jeito.

_ infelizmente acho que sim, a menos que pense que meu espírito resolveu tomar forma de fogueiras para conversar com garotas que resolveram fugir em meio a uma nevasca – disse Tiago e ela ficou muda – é achei que não...

_ você disse espírito, você está morto? Não, não pode estar morto – disse Narcisa sorrindo tremula – você esta vivo, eu sei disso... Vamos nos encontrar e tudo ficara bem...

_ tudo fica bem no final não é mesmo? – disse Tiago sorrindo para então ficar serio - Narcisa, não se preocupe com a gente, se preocupe com você... E com o que conquistou até aqui.

_ eu não consegui ir muito longe, eu nem sequer sei onde estou Tiago – disse Narcisa – estou perdida, não há como chegar a lugar nenhum sem se saber para onde se vai...

_ eu sei disso, mas não se preocupe, mesmo longe eu sempre estarei com você – disse Tiago e as chamas tremularam e crepitavam – assim como sempre estará comigo Narcisa, pois nos somos como um apenas... – a loira sorrira então - eu te espero...

_ e eu vou te encontrar – disse Narcisa e então a face do rapaz sumiu das chamas e aquilo retornou ser uma simples fogueira que apenas crepitava.

Num galho alto de uma arvore seca ali próxima da encosta do rio, havia um falcão peregrino que se mantinha com os olhos encarando a garota ali a alguns metros, mas a loira parecia tão concentrada no fogo e cansada demais para perceber o pássaro que a encarava. Narcisa deitara na cama de palha e se cobriu com o cobertor de retalhos para poder descansar um pouco mesmo que o sono não viesse. A ave então saltara de seu descanso voando para longe.

Tiago e Fred haviam terminado seu trabalho na motocicleta, ambos estavam suados e possuíam os rostos sujos com um pouco de graxa e suor. O ruivo se encontrava sentado mais uma vez no assento de Six, ele sentira a potencia do motor ao acelerar sem sair do lugar, o motor agora parecia um potente rugido de um dragão e o moreno vibrara com sua obra enquanto Tiago gargalhava.

_ você ouviu isso? – disse Fred retirando as luvas e as arremessando sobre a caixa de ferramentas – Por Merlin, deve ser essa a sensação de um pai com o nascimento do primeiro filho – e o ruivo gargalhara com a comparação. 

_ ele parece melhor do que antes – disse Tiago acelerando novamente e os cavalos no celeiro se incomodaram um pouco com o ruído e começaram a relinchar intensamente.

_ só parece? Você esta brincando não é?  - disse Fred incrédulo - Francamente ele está melhorado, e na boa cabeça de fósforo, eu vou querer ser o primeiro a dar uma volta, então tira esse traseiro branquelo do banco que eu montar.

 _ você às vezes é tão delicado – disse Tiago saltando para fora da motocicleta para dar lugar ao primo.

Fred se preparava para montar na moto quando as portas do celeiro se abriram com um grande e sonoro rangido das dobradiças enferrujadas e os dois primos olharam para a figura que se encontrava ali em frente ao portal e ambos sorriram ao identificar a face sardenta de Dominique.

A ruiva caminhou até os dois, e Tiago pode sentir que ela estava feliz como sempre estivera desde que começara a namorar Fred, e o ruivo podia sentir isso porque a prima simplesmente parecia ainda mais bela e atraente por conta de seus charme de Veela serem sempre interligados com seu bom humor e estado emocional.

Ela se aproximou de Tiago e lhe abraçara e dera um beijo na bochecha, o campeão de Hogwarts repetiu o gesto e pode notar um par de caixas no outro braço da prima. A garota deixara as caixas sobre um monte de feno e fora de encontro ao moreno que sorria para ela.

_ sabe, esse carinho todo com o Potter vai me deixar com ciúmes – disse Fred com um tom gozador e fingindo estar irritado.

_ ah, eu ia adorar – disse Dominique – sabe, alguns homens ficam bastante charmosos quando estão com ciúmes.

_ eu não preciso disso, tenho meu próprio charme natural – disse Fred rindo.

_ então, cheguei atrasada para ajudar nos reparos? – disse Dominique enquanto montava na garupa da motocicleta e abraçava o namorado por trás.

_ como se eu fosse deixar minha garota sujar as mãos de graxa – disse Fred sarcástico a encarando por sobre o ombro.

_ isso é muito machismo sabia Frederick? – disse Dominique – eu deveria puni-lo por essa sua atitude? – e o moreno sorrira malicioso.

_ ah, eu iria adorar – disse Fred e Dominique tambem sorrira igualmente a ele.

_ sabe, eu continuo aqui – disse Tiago sem jeito passando a mão pelos cabelos.

_ eu sei disso ruivo, relaxa você não vai precisar presenciar nada – disse Dominique piscando para o primo enquanto soltava as mãos da cintura de Fred e saltava da moto – pode não parecer mais ainda temos grande consideração por você.

_ é, mesmo que você seja um grande corta clima – disse Fred bufando e apoiando os braços cruzados sobre o guidão – fala serio, vocês Potters tem um carma para isso confessa.

_ foi mal se me sinto incomodado com essas suas caras e os tons de vozes - disse Tiago – mas eu sinceramente, não quero presenciar meus dois melhores amigos se pegando.

_ ah, que fofinho – disse Dominique pegando na bochecha de Tiago e puxando – ele nos considera seus melhores amigos, não é lindo isso Freddie?

_ será que era isso que seu pai sentia quando viu o tio Ron e a tia Hermione se agarrando? – disse Fred rindo – deve ser sabe, mas não esquenta, eu te perdôo por ser corta clima, você é Potter afinal... Sempre vai cortar clima e segurar vela para alguém.

_ animador – disse Tiago massageando a área vermelha de sua bochecha onde Dominique puxara – será que dá para parar de me zoar?

_ mas é tão divertido – disse Dominique sorrindo, mas o sorriso desapareceu frente a cara seria do ruivo – certo, paramos, francamente você precisa de uma mulher urgentemente.

 _ eu não preciso de ninguém – disse Tiago emburrado se sentando em um monte de feno – então, que caixas são essas hein? – ele indicara as caixas ao seu lado com a cabeça.

_ você conseguiu Dommy? – disse Fred se virando para a namorada que o beijara o canto dos lábios dele.

_ claro meu bem, você está falando com uma Weasley, esqueceu? – disse Dominique brincando com a orelha de Fred.

_ mas o que é isso? – disse Tiago pegando uma das caixas nas mãos.

_ abra e descubra por si mesmo Potter – disse Dominique deitando nas costas do namorado.

 Tiago abriu a caixa, e seus olhos se surpreenderam com o que estava em seu interior. Uma feição de descrença tomou conta do rosto sardento do rapaz, que então sorrira ao compreender o que aquilo significava e voltou seu olhar para os primos que sorriam da mesma forma.

_ bem, acho que não vai ser um natal tão ruim afinal – disse Tiago fechando a caixa.

_ é, pode ter certeza de que não vai – disse Fred.

A nevasca havia aumentado gradativamente, a visão por entre as arvores da floresta confundiam Alaric e seus companheiros de busca em sua difícil tarefa de encontrar Narcisa. Os cavalos marchavam por um caminho extenso presente em uma das trilhas da floresta, deixando para trás rastros que a neve facilmente cobria, eram um grupo de cerca de vinte homens em suas montarias e uma carruagem negra.

Os comensais da morte rodeavam a carruagem numa pequena formação enquanto outros seguiam a frente, suas pesadas capas tradicionais ocultavam suas cabeças e seus rostos se mostravam cobertos pela mascaras de metal, mas era possível escutar a respiração difícil e o ar escapando em baforadas de vapor pela abertura da boca.

Todos estavam exaustos e famintos, Rodolfo sabia disso assim como desconfiava de que a garota já estivesse muito longe dali e seria impossível para o jovem líder encontra-la, pelo menos era isso que ele queria, ver a face de derrota pelo menos uma vez na vida naquela expressão gélida e com ar superior.

Ele cavalgava um pouco atrás do rapaz, sendo capaz de ver apenas sua nuca a qual mirava com extremo ódio, o ultimo Lestrange sentia inveja do posto daquele que se dizia herdeiro do lord das trevas alem é claro de possuir uma grande raiva por ser tão menosprezado e inferiorizado pelo mesmo, o velho homem então removera a varinha das vestes e começara a balançá-la entre os dedos era tão simples apontar para a nuca dele e conjurar a maldição da morte ou simplesmente ocasionar a queda fatal do cavalo que lhe ocasionaria um pescoço quebra quem sabe.  

Se pudesse já teria colocado um fim aquele moleque petulante e encerrado seus dias, seus motivos para ainda não ter feito? Simples, ele não conseguia, algo o fazia recuar e se retrair, não queria admitir a si mesmo suas desconfianças, mas era inevitável de se pensar quem seria a mãe do garoto.

Rodolfo tinha suas suspeitas, mas queria ignorá-las, pois se fossem reais talvez não soubesse qual seria sua reação afinal de contas. Ele a amava demais, e não queria imacular a imagem que ainda se mantinha em sua mente com suspeitas degradantes como aquela.

O grupo seguia pela pequena trilha, quando a frente do grupo pode ser escutado um estalo e o barulho de algo se chocando contra o chão e pode se escutar o relinchar dos cavalos.  Alaric conseguira controlar seu cavalo facilmente e se desviar do objeto que por pouco não lhe antigira. Rodolfo então voltou aos seus pensamentos quando viu que seu animal também estava assustado e teve de segurar as rédeas firmemente para não cair, os outros comensais da morte se aproximaram do líder do grupo que conseguira evitar a queda e ajudara Rodolfo a continuar sentado em sua montaria.

_ mais cuidado Lestrange, seus ossos velhos não vão agüentar uma queda do cavalo – disse Alaric sorrindo cinicamente enquanto se distanciava e seguia para perto dos comensais.

Rodolfo sentiu seus dedos formigarem, a tentação de poder torturá-lo até a loucura era algo que lhe dava prazer assim como a imagem do rapaz se retorcendo em sua mente lhe fazia sufocar o ódio que emanava em si. Ele sabia que se não fosse um excelente oclumente já teria sido descoberto há muito tempo.

 Rodolfo se aproximou de Alaric e dos comensais e pode ter visão do que assustara os cavalos afinal. Eles puderam ver sua passagem bloqueada pela queda de uma arvore seca que tombara por conta do peso da neve sobre si. Era um grande carvalho cuja as raízes podres haviam causado sua derrubada e por alguns poucos segundos não acertara o lord das trevas o esmagando contra a neve.

_ Podemos considerar isso um sinal para que encerremos as buscas por hoje, não acha? – disse Rodolfo para Alaric que o olhara com desprezo, mas o comensal ignorou - eu lhe avisei Milorde de que deveríamos retornar ao castelo e continuarmos as buscas pela manhã após o final dessa nevasca.

_ achei que tivesse sido claro com minhas palavras Lestrange, de que ao que se referem as ordens que devemos seguir, são todas dadas por mim a menos que você esteja questionando o modo como lidero e as decisões que tomo – disse Alaric seriamente.

_ certamente que não, Milorde apenas achei que o senhor fosse ver que... – disse Rodolfo mas fora interrompido.

_ apenas vejo um obstáculo a ser superado, uma arvore no meio do caminho que deve ser removida ou contornado – disse Alaric – Blaise – ele se voltara para um comensal próximo a ele que possuía o rosto coberto – diga aos homens que iremos contornar, e seguiremos em direção a saída da floresta.

_ como queira Milorde – disse Blaise.

O comensal deu meia volta em seu cavalo pardo enquanto Alaric descia de sua montaria e caminhava puxando o animal pelas rédeas em direção a carruagem e Rodolfo o seguira de perto como se perder-lo de vista fosse algo inaceitável. O veiculo possuía seis belos testralios e era guiada por um cocheiro de aparência horrenda.

Sua face havia sido desfigurada pelo combate que enfrentara há dois anos contra Draco que transformara sua pele numa amostra retorcida do próprio demônio, não havia mais nenhum pêlo ou cabelo em seu corpo apenas feridas e cicatrizes das queimaduras que haviam derretido e tornado ainda mais assustador a face daquele que um dia fora o lobisomem mais temido de todos, Fenrir Greyback. O lobisomem usava uma pesada casaca e uma cartola cinzenta sobre suas vestes normais, o que seria uma tentativa frustrada de lhe tornar formal, o que realmente era inútil já que ele sorria com seus dentes amarelados e pontiagudos de um jeito animalesco, o ultimo vestígio da sua antiga aparência.

 A porta da carruagem se abriu e a face enrugada e de cabelos longos e brancos de Lucius Malfoy surgira em sua abertura e com os olhos azuis acinzentados encarou o rapaz de cabelos negros a sua frente.

_ senti a carruagem parando, vocês a encontraram? – disse Lucius para Alaric que maneou a cabeça negativamente – entendo, precisamos evitar que chegue ao povoado mais próximo, de qualquer forma.

_ nos não vamos desistir, ainda iremos encontra-la – disse Alaric fora então que ouvira um barulho de algo como o piar de um pássaro.

Ele ergueu os olhos para o céu e pode ver, voando juntos as pesadas e cinzentas nuvens entre os flocos de neve que caiam a silhueta de um pássaro que voava em círculos, um Falcão Peregrino. Alaric sorriu ao ver a ave de rapina e seus pios ensurdecedores que queriam dizer algo, e ele tinha certeza do que era.

_ ele a encontrou – disse Alaric seguindo para sua montaria.

_ o pássaro a encontrou é o que você está tentando dizer? – disse Rodolfo rindo cinicamente.

_ Salazar é um ótimo rastreador, e de onde estar consegue ter uma visão melhor do que a nossa – disse Alaric – mais distante do que nossos olhos podem ver, se é que me entende.

_ ou talvez ele esteja incomodado com essa nevasca, assim como todos nos – disse Rodolfo sarcasticamente.

_ venha comigo, e comprove você mesmo – disse Alaric seguindo o pássaro que não mais voava em círculos e sim em direção a arvore caída, a trilha que levava ao lado de fora a floresta.

Alaric saltara com o cavalo por sobre o tronco do carvalho caído e a toda velocidade seguia a ave nos céus mas sem perder seus olhos da terra. Lucius encarou Rodolfo que mantinha uma feição seria no rosto, o homem de cabelos negros percebeu e encarou o velho ao seu lado.

_ sua descrença cega no rapaz é uma falha fatal Rodolfo – disse Lucius – siga meu conselho, e mantenha todo o seu desprezo e ódio guardados antes que você pague muito caro por tudo isso.

_ eu não temo a morte Lucius, se esse garoto fosse me matar já o teria feito – disse Rodolfo – se for fazer, eu apenas terei de agradecê-lo, pois ai teria as pessoas que realmente me importam perto de mim novamente.

_ sabe que sinto pela perda de Rasbatan – disse Lucius – e pela de Bella, mas você não deve tentar contra o garoto, desafiar sua autoridade é errado e você pode encontrar algo pior que a morte...

_ você errou ao dar tamanho poder e valor a esse moleque Lucius, você sabe disso e sabe o quanto eu o desprezo igualmente por conta disso – disse Rodolfo frio – acredita mesmo que após a conquista de tudo, o rapaz não o descartara como uma peça sem serventia? Você tem tanto valor quanto eu para ele, saiba disso muito bem...

_ você está errado, eu sou seu braço direito – disse Lucius com raiva, mas podia se ver o temor em sua voz – seu conselheiro, seu padrinho, sem mim aquele moleque nunca saberia quem é de verdade, eu faço a diferença já você... – ele sorrira arrogante e as rugas em seu rosto se salientaram – até em breve Lestrange – e se voltara para Greyback gritando para que partissem.

Lucius lhe lançara um ultimo olhar antes de fechar a porta da carruagem e Rodolfo dar meia volta e cavalgar na mesma direção em que o jovem rapaz fora. Greyback chicoteara os testralios e partira ao lado dos outros comensais contornando a arvore do caminho.

Lily sentiu as lágrimas rolarem pelas curvas de seu delicado rosto e respigarem nas  paginas do papel sobre as letras finas e curvilíneas cuja a tinta borrara com o contato e escorreram um pouco mas mesmo assim não tiravam o valor das palavras ali lidas. A ruiva repousara o livro novamente no colo e suspirara enquanto limpava as lagrimas que escorria ainda pelo canto de seus olhos, ela não chorava daquela forma fazia tempos, se é que um dia havia compartilhado tamanho momento feliz como era aquele quando terminara de ler o diário de Lysander.

Ela olhou para o quarto em que estava para se certificar de que estava vazio, e estaria se não fosse por Sir Todd que dormia sobre os desenhos de Chloe, a grifinoria havia ido com as garotas brincar um pouco na neve e mesmo que fosse bastante tentador para a ruiva que adorava aquela época do ano para ela naquele momento pareceu pouca coisa comparada a terminar sua leitura.  

Lysander relatara naquelas paginas varias coisas de seu dia, coisas importantes para ele e sentimentos que possuía, mas grande parte das coisas escritas ali eram sobre ela. Havia mais no naquele garoto do que ela realmente via, mais do que ser simplesmente o mais maduro ou o mais inteligente dos amigos de seu irmão, e agora ela sabia disso, não era alucinação de sua mente quando sentiu estar atraída por aquele rapaz, tinha certeza dos sentimentos que haviam em si eram correspondidos e ela não sentia mais medo de ser rejeitada por ele.

A garota se ergueu de sua cama e após vestir um casaco saiu do quarto, não sabia exatamente o que estava fazendo, mas precisava buscar alguma forma de achar Lysander mesmo que não soubesse as palavras que tinha para dizer ao rapaz quando estivesse frente a frente um com o outro.

Ela fora até o dormitório dos rapazes, não havia ninguém ali e se perguntou onde poderiam estar àquela hora. Lily fora procurá-los na sala de musica, mas esta misteriosamente estava trancada por dentro, o que de certa forma era bastante estranho. A ruiva procurou por grande parte do trem até que chegou ao salão comunal onde seus olhos viram alguém que seria bastante útil e ajudaria muito se ela pedisse.

Com cuidado e de devagar a garota se aproximou do rapaz adormecido, meio que hesitou por alguns segundos antes de começar tentar acorda-lo mas o fez e começou a sacudi-lo e chamar por seu nome em seu ouvido.

_ Al, Alvo – disse Lily e pode ver que o irmão não reagia a seu chamado, e por conta disso continuou insistindo – Irmão querido, eu preciso de você, vamos abra os olhos e acorde...

Alvo se encontrava deitado no sofá do salão comunal, ele estava esticado e roncava levemente deixado de bruços quando Lily se aproximara dele. O rapaz aproveitava algumas horas de descanso que havia conseguido após as horas de ensaio que Scorpius fizera ele e a banda terem, dali a algumas horas estariam indo para o grande salão preparar o palco e dar os últimos ajustes e um ultimo treino das musicas que seriam tocadas.  

_ Alvo, vamos é importante – disse Lily o sacudindo – qual é, você não pode ter apagado assim...

O moreno já estava em seu décimo sono quando sentiu uma voz suave o chamando e se sentiu sendo sacudido delicadamente, seus olhos lutavam para se manter fechados e seus ouvidos para ignorarem a voz da garota que tentava acorda-lo mesmo sabendo que seria em vão.

_ Alvo acorde, vamos... – disse Lily já perdendo a paciência – você não pode estar dormindo ainda, não tem o sono tão pesado assim – ela pode vê-lo se remexer e crispar os lábios e cerrar mais os olhos, é ele não conseguira engana-la -  ah, é assim não é? – e a ruiva fez algo que nem mesmo o rapaz esperava receber um dia da irmã que foi um belo de um tapa que soou muito estalado em seu rosto e o fez se erguer de uma vez do sofá de modo que fizera a garota dar um salto e consequentemente mais outro tapa.

_ qual é seu problema Lílian? Não está vendo que estou dormindo – disse Alvo mas a ruiva tampara sua boca com a mão o fazendo parar de reclamar.

_ onde estão os outros? – disse Lily e ela pode ver o moreno dando de ombros num gesto simples que mostrava não ter a mínima idéia da localização dos amigos, e isso fez a ruiva revirar os olhos – como voc~e não pode saber? – e removera a mão para que o mais velho falasse.

_ não sabendo oras, por Merlin, Lily não é porque eles são meus amigos que eu tenho que viver colado com eles ou saber onde estão – disse Alvo mal humorado – se me der licença, vou voltar a dormir... – e tornara a se deitar, mas fora erguido do sofá pela irmã que o puxara pela gola da camisa – que foi agora?

_ por que está dormindo? Deveriam estar ensaiando – disse Lily confusa.

_ e vamos, só que daqui umas duas horas quando fomos levar os instrumentos e as coisas para o salão principal – disse Alvo bocejando – o Scorpius quer verificar as coisas do palco, a posição da iluminação e a nossa para que fique tudo bem, mas por que está perguntando?

_ por nada, apenas achei estranho você deitado ai como se não tivesse nada para fazer – disse Lily tentando disfarçar – apenas isso, mais nada.

_ e porque estava procurando os rapazes, ou era algum deles em especial? – disse Alvo se deitando novamente, mas se mantendo apoiado nos cotovelos para poder encarar a irmã.

_ por nada, apenas achei que estivessem ensaiando – disse Lily tentando parecer convincente, ela não iria dizer para o irmão que estava procurando Lysander para conversarem um com o outro, não possuía coragem para tanto.

 _ certo, mas o por que disso? – disse Alvo curioso.

_ por que? tem que ter um motivo para eu estar querendo saber dessas coisas? – disse Lily revirando os olhos para a insistência de Alvo.

_ e não tem que ter? – disse Alvo sorrindo amarelo – tudo tem seus motivos Lily, me diga quais são os seus e porque tanto interesse no ensaio e o lugar onde estão os meus amigos.

_ não te interessa Alvo Severo – disse Lily com desdém enquanto voltava as costas para o irmão para se retirar, mas de repente uma coisa passou por sua mente e ela sorriu para a idéia que tivera – vocês vão ensaiar no salão principal então?

_ vamos – disse Alvo já totalmente deitado no sofá e com os olhos fechados novamente.

_ será que eu poderia ver? Adoraria ver a apresentação, na verdade era isso que estava querendo – disse Lily com um tom inocente na voz – queria ouvir as musicas da apresentação, sabe? Antes de vocês apresentarem para todo mundo.

_ só isso? – disse Alvo rindo levemente com o pedido da ruiva.

_ é, apenas isso – disse Lily tornando a se aproximar do irmão e se ajoelhando ao seu lado e a apoiando a cabeça no peito dele enquanto começara a fazer um cafuné no rapaz – por que não posso? – ela disse com uma voz tristonha fingida, mas muito convincente enquanto Alvo sorriu pouco por conta do carinho dela – eu sou sua irmã caçula, realmente vai me negar isso?

_ certo, você pode ver só preciso avisar os rapazes – disse Alvo bocejando novamente enquanto Lily parava o carinho e se distanciava do irmão que se virou no sofá de costas para ela para tentar voltar a dormir novamente.

Lily se ergueu do chão e voltou às costas para Alvo que devia ter voltado a adormecer, o moreno tinha uma facilidade incrível para pegar no sono que era quase invejável. A ruiva saiu do salão comunal e encostou a porta enquanto suspirava, dali a duas horas ela estaria conversando com Lysander, ela tornou a suspirar novamente tentando controlar a ansiedade e enquanto saia dali para algum outro lugar que não sabia ainda onde era, pela sua mente passava varias coisas que podia falar para o rapaz mas que soavam totalmente estúpidas.

Os passos rápidos e ritmados do corcel negro arrancavam grandes montes de neve por onde passava e deixava uma grande trilha de rastros pelo grande e imenso manto que cobria aqueles campos, a capa negra vibrava a favor do vento e tremulava de um jeito sombrio.

A sensação era de velocidade, ele podia sentir a adrenalina em sua pele e os batimentos de seu coração que tamborilavam de uma forma assustadora, o cavalo era veloz, essa era a única palavra que vinha pela cabeça do rapaz mesmo que não estivesse surpreso com aquilo, pois afinal de contas ele conhecia muito bem seu animal e sabia do quanto era capaz.

Alaric apertava fortemente as rédeas enquanto se mantinha inclinado para frente, mas mesmo assim podia sentir o vento frio e cortante contra seu rosto assim como alguns flocos de neve.

Os olhos dele se mantinham focados na ave que voava a sua frente, dessa vez mais baixa que o normal quase que na mesma altura do ponto de vista do rapaz sobre o cavalo, eles já haviam deixado à floresta para trás e agora seguiam para uma trilha que cortava uma colina e Alaric já podia ver mais a frente uma ponte de pedras que cruzava um rio congelado.

Quando se aproximara da ponte o falcão simplesmente pousou sobre a murada de proteção e ficou ali esperando pelo rapaz que em questão de poucos segundos estava ali perto do inicio da ponte. Alaric fizera o cavalo diminuir conforme se aproximassem da ponte, logo que estava ali estavam em uma caminhada curta e que logo se cessou conforme as ordens do cavaleiro que puxou as rédeas levemente fazendo o animal se aproximar da murada de forma que ficassem de frente para a ave de rapina.

_ por que paramos Salazar? – disse Alaric e o falcão o observou como se analisasse sua expressão seria – você está me dizendo de que ela atravessou a ponte e foi para a cidade não é? Não fica muito longe se ela seguir a passos largos, ou se usasse de aparatação.

O falcão piou agudamente assustando o cavalo que deu alguns passos para trás, mas Alaric manteve os olhos na ave como se qualquer sinal pudesse ser uma pista para a localização de Narcisa. O rapaz descera da montaria e caminhou até o pássaro que ergueu novamente vôo e após uma curva no ar mergulhara de forma que passou por debaixo da ponte, mas não surgira do outro lado como Alaric esperava.  Esse ato o fez franzir as sobrancelhas e se aproximar da beirada da murada de onde pode ver o reflexo de algo que se assemelhava bastante a fogo no espelho que era o rio congelado.

Ele se voltou para o cavalo enquanto retirava a varinha das vestes o que de certa forma assustara o animal, mas o rapaz fora cauteloso e conseguiu acalma-lo enquanto lançava um feitiço mudo fazendo surgir uma corda que o prendesse a ponte, pois tudo o que menos queria era voltar andando daquele lugar. E então após isso, Alaric se dirigiu ao lado da ponte e começou a descer a pequena depressão que levava a beirada do rio quando terminara pode ver com clareza a fogueira que ainda queimava mesmo que fracamente e alguém adormecido ao seu lado.

Alaric com passos lentos se aproximou da pessoa e não fora muita surpresa ao encarar o rosto daquela garota loira que estava ali adormecida naquela cama de palha improvisada e coberta por um cobertor de retalhos. Próximo da garota, sobre um velho caixote de madeira se encontrava o falcão peregrino que encarava o rapaz que se aproximava com seus grandes olhos amarelos.

_ bom, muito bom Salazar – disse Alaric baixo lançando para a ave um olhar de agradecimento e dando um leve aceno para ela que retribuiu com um bater de asas – vamos ver então, como esta nossa fugitiva.

Ele se agachou a seu lado para poder encará-la melhor, estava bastante branca e seus lábios e mãos estavam roxos por conta do frio alem é claro de que tremia bastante, pois certamente que aquele cobertor não era algo que a mantê-se quente realmente. Seus cabelos loiros estavam pálidos e colados ao rosto e pareciam muito frágeis como se feitos de gelo, ela em si parecia daquele jeito tão indefeso que fez surgir no rapaz a sua frente uma sensação estranha de compaixão, algo que nem se lembrava de um dia ter sentido por alguém, ele queria tirar-la dali e poder cuidar dela como ela merecia.

Então ele viu em seu braço um pedaço do que parecia ser parte de sua camisola enrolado de uma forma bem firme e presa, no entanto estava molhado e o sangue escapava de qual fosse o ferimento no antebraço e molhava o cobertor e a palha, aquilo certamente surpreendeu o rapaz que não esperava que ela pudesse estar com algum ferimento desse tipo. Ele puxou sua varinha com uma das mãos enquanto que com a outra se aproximava das bandagens improvisadas quando escutou os barulhos de algo sobre a ponte e logo em seguida um chamado.

_ Milorde? – disse uma voz em um grito que fora o suficiente para distrair Alaric por alguns segundos e fazer Narcisa assustada.

Fora muito rápido tudo aquilo, Narcisa de repente retirara a varinha em meio a cama de palha e a apontava em direção a garganta de Alaric que mantinha a mesma posição de antes dela acordar, estava estático.

_ o que vocês fazem aqui?– disse Narcisa com a voz fraca e em um tom baixo certamente para não chamar a atenção de quem gritara, que fora Rodolfo como Alaric havia reconhecido.

_ achou mesmo que não ia ser procurada após fugir do castelo? – disse Alaric no mesmo tom baixo e forçando um sorriso mesmo que a situação não estivesse a seu favor.

_ Como me encontraram? – disse Narcisa novamente tentando manter a voz e a mão firmes, o que era difícil devido ao fato de estar tremendo e de estar usando o braço ferido para segurar a varinha.

_ temos nossos métodos – disse Alaric simplesmente

_ eu não vou voltar com vocês, não contem com isso – disse Narcisa seriamente.

_ você esta ferida – disse Alaric e a loira encara o braço e a bandagem ensangüentada mas tornara a voltar o olhar para seu adversário – e conforme a perda de sangue se estende, assim como também deve considerar a nevasca lá fora e o fato de estar morrendo de frio.

_ isso não importa – disse Narcisa com a voz tremula e o rapaz pode notar pela voz embrulhada que a garota segurava as lágrimas, certamente ela sabia dos pontos contra ela – eu não vou voltar com vocês, não vou...

_ onde conseguiu a varinha? – disse Alaric encarando o objeto e tentando ganhar tempo para que Rodolfo percebesse que estava ali embaixo e viesse em seu socorro.

_ não faz diferença – disse Narcisa apertando mais a varinha contra a garganta dele – mas ela pode fazer um grande estrago, quer ver?

_ suas ameaças são bastantes tolas Narcisa – disse Alaric – deveria saber que suas palavras nada me abalam, e que eu sei que voc~e não teria coragem de fazer nada contra mim.

_ não esteja tão certo disso – disse Narcisa – você não me conhece, não sabe do que sou capaz – ela olhara para o lado como se tivesse escutado o ruído de algo, e o rapaz achou que fosse verdade pois ouviu algo tambem – quantos de vocês há?

_ as chances estão contra você desde o momento que deixou o castelo, me diga o que ganhou com essa fuga se não às chances de uma morte lenta? – disse Alaric e pode perceber a mão da garota fraquejando e tremendo um pouco – o ferimento em seu braço, parece bastante grave, se viesse com a gente, eu poderia trata-lo para você.

_ esta tentando me convencer a voltar com vocês? – disse Narcisa não acreditando nas palavras do homem – isso é alguma brincadeira ou truque para me capturar?   

_ acredite em mim, não há truque apenas estou tentando te manter viva – disse Alaric – você é importante demais para morrer assim – ele colocara a mão sobre a da garota que segurava a varinha enquanto tentava manter o contato visual com ela.

_ eu não acredito em você – disse Narcisa e fora naquele momento que tudo dera errado.

Os dois olharam para o lado após escutarem novamente o mesmo ruído e puderam ver o seu causador dessa vez, Rodolfo surgira do lado de fora da ponte após ter decido o pequeno barranco e olhava para a cena a sua frente sem entender. Fora rápido a reação, enquanto o comensal levava a mão ao bolso do casaco Narcisa conseguira se livrar da mão de Alaric e arremessara o rapaz com um chute para o chão e ele por pouco não atingiu as chamas da fogueira e mesmo zonzo pode ver o momento em que Rodolfo tentou atingir a garota com um feitiço que foi rebatido e acertou em cheio o bruxo que despencou inconsciente enquanto a loira se virava para o rapaz caído. Ele pode ver nos olhos da garota a fúria quando ela tentou lhe lançar um feitiço, mas ele chutara seu braço ruim e ela vibrara de dor deixando a varinha cair enquanto o jato de luz escapava por sua ponta indo para o alto e acertando a estrutura da ponte que começou a vibrar e a trincar sobre as suas cabeças. Alaric mais do que rápido buscou sua varinha no chão e após encontrá-la lançou um feitiço que empurrou para fora a garota se voltando para a ponte que já começara a desabar. O falcão levantara vôo rapidamente passando próximo de Alaric no momento exato em que se levantara com a varinha em mãos e a apontou para cima.

_ Aresto Momentum – disse Alaric.

O feitiço fez com que as pedras e os outros escombros não chegassem a atingir-lo ou ao chão, no lugar disso parecia que algo havia os congelado no ar ou como se houvesse parado o tempo da queda o suficiente para que Alaric pudesse sair dali normalmente sem parecer que nada houvesse acontecido. Ele se aproximou de Narcisa e de Rodolfo que estava ainda inconsciente ao lado dela, a loira ainda de joelhos apertando o braço com bastante dor, mas quando viu o rapaz caminhando em sua direção foi rápida em pegar a varinha do comensal caído e apontar para ele que num movimento rápido com a sua fez com que a dela voasse para longe de sua mão.

_ apesar das diferenças entre você e Lucie, devemos concordar que as duas são bem parecidas no quesito persistência – disse Alaric se ajoelhando ao lado da garota – mas você não possui o sangue frio dela, se estivesse em seu lugar, sua irmã teria me matado no exato momento em que acordara.

Narcisa queria gritar com ele, dizer que não era como Luciana, que não eram parecidas, mas não teve tempo. Seus olhos estavam cansados e se fechavam, ela respirava pesadamente, estava exausta e a dor do ferimento havia piorado com o chute já que nem mesmo mexer-lo foi então que tudo se apagou e seu corpo tombou para o lado de encontro com o gelo do rio congelado.

Alaric estendera sua varinha sobre o corpo de Rodolfo e após um pequeno toque ele pode sentir o corpo do comensal se contorcer para trás e seus olhos abrirem lentamente. O rapaz então se voltou para a garota e estendendo seus braços por debaixo dela a ergueu do chão e com cuidado começou a caminhar em direção a beirada do rio e depois seguindo pela pequena elevação, enquanto Rodolfo se levantava e encarava toda a cena.


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Notas finais do capítulo

E ai, gostaram? Fazia tempo que não tinhamos noticias da Narcisa e do Alaric, não é?
E no proximo temos a festa de natal, um pouco atrasado eu admito. Mas precisava escrever sobre isso.
Ah, e eu queria pedir para que os leitores fantasmas aparecessem. Tenho 27 leitores que favoritaram, e não tenho recebido tantos reviews e isso desanima um pouco.