Dois Mundos: Entre A Magia E O Poder. escrita por Tye


Capítulo 5
A missão


Notas iniciais do capítulo

Okay, me batam, me xinguem, eu deixo, eu sei que eu mereço... Olha, gente, mil desculpas, essa foi a maior demora, eu sei, juro que não vou fazer mais isso! E é claro, muuuuuuuito obrigada por terem continuado aqui comigo, mesmo depois de toda essa demora...
enfin, espero de verdade que o cap. compense sahsahashu, qualquer coisa, só falar :)
BOA LEITURA *-*



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Uma garota ruiva com ar gentil – e um banquinho – se aproximou de mim, murmurou algo como “quer ir lá para dentro?” e eu neguei. Apesar de estar ansiosa por me livrar de todos aqueles olhares horrorizados, não me achava capaz de caminhar dois passos sequer.

Ela se sentou e começou a ter um colapso. Okay, não foi bem isso o que aconteceu, mas achei realmente estranho. Sabe quando a poção fica velha e sai aquela nevóa verde e nojenta do seu caldeirão? É, a garota ficou cheia daquilo. Mas ao contrário do que acontece na aula de poções, ninguém se espantou, riu ou fez cara de desagrado. Todo o Acampamento Meio-sangue estava solene, esperando que sei lá o que acontecesse. A garota abriu a boca, seus olhos adquiriram uma coloração fascinante e, com um ar distante ela falou:

O tormento só deverá cessar,

Quando a filha da Guerra concordar em parar;

E cuidado: talvez procurando sua verdadeira face,

Acabará criando um impasse

E então, somente às portas do que já lhe é conhecido,

Deverá buscar o abrigo;

Pois antes de deixar sua verdadeira magia de lado, pense:

Se aos dois não recorrer, o desastre poderá já ter começado.

O silêncio reinou, como já era de se esperar. Cada ser vivo – ou não – naquele anfiteatro tentava compreender a profecia. Outros – os filhos de Hécate, em particular – ainda estavam perplexos e aturdidos.

– Bem, Elyssa, você deve escolher mais dois campistas para lhe acompanharem nessa missão. Sei que pode ser difícil, já que mal chegou aqui... Mas é necessário.

Quiron se interrompeu e me olhou penetrantemente. Eu porém, já sabia quem iria comigo para a missão. Pelo menos o conselho de Hécate me era oportuno.

– Quero comigo para essa missão Caio e Clarisse. – disse claro e alto.

As vozes explodiram novamente, todos perplexos. Não por Caio, é claro, todos já haviam nos vistos juntos durante o dia e sua escolha era mais do que lógica, sendo ele filho de Hécate. Mas, por Clarisse. Para ser sincera, nem mesmo ela parecia acreditar. Me olhava com fúria, como se eu não pudesse escolher ela; porém, ao mesmo tempo, tinha um olhar de provação, como se estivesse mostrando a todos que não era assim tão odiada e como se ela fosse uma escolha óbvia, uma escolha perfeita.

– Clarisse La Rue e Caio Ranbin? – confirmou Quíron.

– Sim.

– Pois bem. Rachel, conselheiros, Caio, Clarisse... Elyssa, é claro. Vamos entrar. Quanto aos outros, todos para os chalés. O toque de recolher é em poucos minutos.

Fomos todos conduzidos a uma sala de jogos, onde, informalmente, os conselheiros-chefes de alguns chalés importantes, se reuniram junto a Quiron. Clarisse sentou com os pés para cima, os Stoll se recostaram e eu fiquei parada na porta, pensando se gritar era uma boa idéia.

– Bem, estamos aqui outra vez... Duas vezes na mesma semana. – Quíron suspirou pesadamente e então se deixou continuar. – Elyssa, é uma grande pena que tenha ficado tão pouco tempo conosco...

– Espera. Eu vou morrer? – interrompi.

Quíron me olhou, surpreso.

– Bem... não. Quer dizer, todas missão tem seus riscos, eu...

– Você não sabe. – conclui.

– Você é muito poderosa Elyssa, não se subestime. E você tem outras... ham, habilidades, que lhe podem ser úteis.

Pisquei. Ele estava realmente me dizendo que eu deveria usar feitiços e magia fora de Hogwarts? Que eu deveria ser expulsa do lugar que eu amo por esse bando de doidos? Ri internamente, cheia de ironia. Eu nunca abriria mão de Hogwarts por nada.

– Você sabe que em situação de perigo pode usar suas habilidades. – disse Quiron. Suponho que meus pensamentos estivessem bem obvios.

– Sim, mas... – mas o que? Eu não sabia o que dizer.

– Você aceitou sua missão. Deve sair viva dela... Posso falar com seu ministro se acha assim tão necessário. – Quíron falar com o ministro da magia? Franzi a testa, duvidando.

– Então... Do que é que vocês estão falando? – o garoto Stoll mais alto disparou. Só ai parei pra pensar em como minha discussão com o centauro poderia parecer confusa aos outros.

– Nada. - respondi apressadamente. Todos se puseram a me encarar.

– Isso aqui é uma palhaçada. – falou Clarisse. – Duas profecias em uma semana, quatro semideuses metidinhos e deusas desafiando o todo poderoso Zeus pra mandar missões a pessoas que nem sabem como pegar na espada. – ou na lança, sei lá. E ai, a senhorita Miss Coragem quer ficar de segredinhos estúpidos com o centauro que ela acabou de conhecer. Eu não me importaria se vocês começassem a me explicar as coisas, ao em vez de se comportarem feito idiotas!

– Clarisse, por favor. – disse Quíron com uma vez monótona, como se estivesse acostumado aos surtos psicóticos da garota.

– Bem, vamos falar logo sobre a profecia? – Rachel se intrometeu.

– Essa profecia não me parece extremamente complicada, mas não devemos ficar perdendo tempo tentando decifrá-la linha por linha. O importante é: você não deve andar por lugares completamente desconhecidos Elyssa, e deve usar toda a magia que conhece, se é que me entende... E quanto a você Clarisse, vá com calma... Ou colocará todos em perigo. – disse Quíron. – E quanto a você Caio, segundo Hécate, será de extrema importância. Esteja sempre atento.

Caio apenas concordou com a cabeça, rigidamente. Só então percebi quão estranho ele estava.

– Sugiro que comecem por Londres, Elyssa... Em algum lugar familiar a você. – continuou Quíron. – Hum, Caio, leve Elyssa ao arsenal. Ela precisa encontrar uma boa arma. Enquanto isso vamos preparar as coisas para vocês E... conversando sobre algumas coisas.

Eu e Caio nos levantamos e saímos. Como eu não fazia idéia de onde ficava o arsenal, deixei que ele me guiasse.

Andamos alguns minutos em silêncio, até que a situação se tornou pesada demais para que eu a aguentasse.

– Caio, você está bem?

Ele estacou e respirou fundo, tentando decidir o que responder.

– Não, não estou. – ele disse, com os dentes trincados.

– Você está... Com raiva de mim por ter te escolhido? Eu, sinto muito, não pensei que talvez você nã...

– Não é isso, Lyss. – ele me cortou. – Hoje, pela primeira vez na minha vida, eu vi minha mãe, e pode ter certeza não foi como esperei.

– É, ter uma mãe de fogo não é muito comum. – eu disse. Ele me olhou como se eu fosse idiota, então logo emendei – Esquece, só estava tentando descontrair.

– Ela nunca tinha entrado em contato comigo, e hoje nem sequer me deu um “oi”. – ele olhou para baixo com raiva. – Ela nem sequer me escolheu para a missão. Ela escolheu você.

Senti minha garganta apertar. Uma sensação de culpa me envolveu, seguida imediatamente de raiva. Como se eu estivesse escolhido porcaria alguma.

– E eu, Caio? Até hoje achava que não tinha pai, ou que ele me odiava. Descobri coisas impossiveis, não tive tempo para assimilar tudo, nem o treinamento necessário e já vou ser jogada em uma missão suicida. Você sabe quem é sua mãe, meu pai nem isso fez por mim. Nem ao menos me reclamou, e o que eu estou fazendo? Estou indo escolher minha arma ao invez de descontar em você, então, por favor, não desconte em mim. Eu não pedi por isso. Apenas achei que você não se importaria de ir comigo, mas acho que posso encontrar alguém...

Ele me olhou nos olhos. Meio envergonhado, meio receoso, a raiva quase estinta – quase.

– Não faça drama. – ele disse e sorriu. Um sorriso sem humor, talvez por puro reflexo. – Me desculpe.

– Tudo bem.

– E, sem essa, eu vou com você sim. – ele completou. – Venha, vamos ver se esses seus bracinhos conseguem levantar uma espada ou segurar um arco.

Depois disso, ele tentou parecer mais relaxado, mais gentil. Chegamos ao arsenal e logo eu vi o que queria: uma espada longa, de duas mãos, em bronze. A bainha, que estava próxima a ela, era cheia de simbolos e coisas escritas em grego, – algumas coisas, inexplicavelmente eu conseguia entender, o que me deixou um pouco assustada – na borda, incrustado em algum tipo de pedra azul, havia um raio.

– Muito bem... hmm, realmente, acho que um arco será o melhor. – murmurou Caio. – Vai ver você é filha de Apolo...

– Não. Caio, eu não quero um arco, quero aquela espada. – apontei para a maravilha em forma de arma e Caio me olhou de um jeito estranho. Advinha o que ele fez depois...? Ele riu.

– Você não vai conseguir nem levantar essa espada. – ele disse rindo e me examinando meticulosamente com os olhos. – Você é muito delicada para essa espada, quando conseguir finalmente levantar ela, seu inimigo já vai estar no seu pescoço.

Fechei a cara.

– Eu não sou assim tão delicada. E sou rápida, caso contrario não poderia ser arti... – me interrompi de repente, me dando conta da besteira que estive prestes a dizer.

– Arti- o que?

– Nada. O que importa é que eu já me decidi. – disse.

– Lyss, você nem olhou as outras armas, como pode estar assim tão decidida?

– Eu não sei... Eu... Só sei o que eu quero. – respondi.

Ele pesou minhas palavras, de cenho franzido.

– Okay, vamos tentar. Ai se não der certo pode se preparar para vários “eu te avisei”.

Ele pegou a espada com apenas uma mão e a passou para mim. Eu estava certa, era perfeita. Peso, balanceamento, tudo. Se encaixava perfeitamente em minhas mãos. Experimentei alguns movimentos e vi que realmente, não haviam problemas.

– Ela é perfeita. – disse.

– Estou vendo. – disse ele sem acreditar muito. – Impressionante. Mas ai como é que você segura o escudo?

– Eu não preciso de um escudo. – respondi. Mas precisa de sua varinha. Como vai empunhá-la se a espada ocupar suas duas mãos? O pensamento me atingiu em cheio. Droga. Mordi o lábio, tentando achar uma solução. O pior de tudo é que eu tinha certeza absoluta de que aquela era minha espada, e nenhuma outra arma me satisfaria.

– Eu vou mesmo ficar com ela, Caio. Tenho certeza de que é para ser minha... Quando chegar a hora eu penso no que fazer. – me decidi.

– Hum, então muito bem. – ele sorriu. – E aí, né? Parece que estamos ferrados. Não sabia nem que minha mãe tinha um cetro... Pelo que me lembre esse não é seu instrumento mágico. E agora temos que ir ao fim do mundo por ele. E ao mar de monstros. É. É.

– Essa é sua tentativa de me deixar apavorada? Você está quase conseguindo.

Ele riu e negou.

– Venha, acho que por educação deveríamos voltar a sala de jogos.

O caminho de volta foi bem mais rápido do que o de ida. Tentamos conversar, nos distrair, mas ambos sabiamos o que nos aguardava no dia seguinte. Na sala de jogos a conversa havia acabado e o clima estava mais do que tenso. Quando viram a bainha em minha cintura, com a espada, todos fizeram cara. Clarisse estreitou os olhos, Quíron piscou, os outros simplesmente ficaram perplexos.

– Essa é a sua arma? – perguntou o conselheiro de Apolo. – Podia jurar que era minha irmã e voltaria com um arco...

– Eu também, meu amigo. – respondeu Caio. – Mas ela não aceitou outra.

– É uma espada muito pesada para você. – disse a garota de Afrodite, Drew. – Nunca vai conseguir usar ela. Não que faça diferença para você, é claro.

Pensei em responder. Ou em mostrar para ela que minha espada funcionaria muito bem – da pior maneira é claro. Mas me contentei em apenas olhá-la com desdém, o que foi quase como enfiar a espada em sua goela. Garota idiota.

– Muito interessante sua escolha. – disse Quíron. – Essa espada foi feita por uma das musas de Apolo, para um herói, pelo qual ela havia se apaixonado. Ela carrega um passado sangrento e triste. Antes que a espada pudesse ter sido entregue ao rapaz, ele foi morto em combate, e quando o campeão reivindicou a espada, a musa fugiu.

– E...? – perguntei. Não podia ser só isso, obviamente.

– Ora, não é dificil de imaginar. Somente os campeões tiveram posse da espada, já que todos os outros foram mortos. – respondeu ele.

Pensei sobre como tinha certeza absoluta de que aquela espada deveria ser minha e senti um arrepio. Eu escolhi uma espada carregada de lembranças horriveis, marcada com o sangue de centenas, talvez milhares. Lindo.

– E ela tem um... Nome? – quis saber.

– Foi chamada de Mousití. Tem a ver com a junção de três palavras: moúsa tou thanátou, que significa musa da morte. Totalmente apropriado, se quer minha opinião. – Quíron esclareceu.

– Mousití. – murmurei, pesando a palavra. Mais um calafrio me atingiu.

– Bem, agora precisamos nos retirar. Tudo o que precisam está ali – ele apontou para três mochilas razoavelmente cheias. – Se quiser levar algo consigo, sinta-se livre, mas não exagere...

Sabia sobre o que ele falava. Minha varinha, minha vassoura... Como havia vindo direto de Hogwarts estava tudo ali. Talvez alguns livros fossem úteis também.

– Vocês partem a primeira luz da manhã.

Todos saíram, em direção aos chalés. Eu, porém, deveria ir checar meus pertences, para quem sabe tirar algo de lá para a missão. Estava me preparando para subir quando Caio apareceu para me desejar boa noite.

– E ai, capitã? Já sabe por onde vamos começar? – perguntou ele, sorrindo como sempre.

– Sim... Quíron disse Londres, certo? Bem, existe um lugar chamado King’s Cross que está me trazendo grande pressentimento a respeito de isso tudo...


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?
Merece reviews?
hashasuasuuashsuh, o proximo sai ainda essa semana - não vou prometer, mas acho que sai mesmo -
mais uma vez desculpa e mais uma vez obrigada!
beeeeeeeeeijos, Cris :***



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