Faça Um Pedido. escrita por marina bogoeva


Capítulo 3
.Three.


Notas iniciais do capítulo

Aqui começa um negocinho... tenso. q



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A garota de cabelos negros acordou com mais pingos de chuva em seu rosto. Abriu os olhos lentamente e só depois de muito tempo percebeu que estava no telhado. Olhou para sua franja que estava espalhada pela sua testa e viu algo a prendendo: uma fita vermelha. Ela sorriu ao lembrar que era a fita que Hitoru sempre levava presa ao braço. Ficou brincando com a fita e sorrindo, se lembrando das estrelas e da animação do menor, até algo invadir seus ouvidos.  

Um grito ecoava pelo quintal de sua casa, se levantou rapidamente e desceu as escadas correndo, seguindo aquele estridente som. Chegando na rua, o som se tornou mais próximo, abriu o portão brutamente reconhecendo melhor aquele grito, era de Hitoru. A chuva começou a ficar mais forte e ela viu, ali no meio da rua, Hitoru caido no chão e diversos meninos maiores dando chutes e socos nele. Ela não pensou duas vezes antes de empurrar a todos e pegar ele no colo, o colocando na calçada e o cobrindo com sua jaqueta. 

-Você está bem?- Ai perguntou a Hitoru que estava com os olhos entreabertos.

-Eu...-O menino dos cabelos bagunçados não tinha forças pra falar. A maior fechou os olhos e beijou sua testa, pedindo que ele ficasse quieto. 

-Mas que covarde, chamou uma adulta para brigar! -Um dos meninos da roda gritava.

Parecia que o tempo mudava conforme o humor de Ai, ela se levantou e respirou fundo apertando os punhos e quanto mais ela tentava se controlar, mais forte a chuva ficava. Os garotos fizeram uma roda em volta dela, a xingavam e a ameaçavam. A chuva estava tão forte que machucava ao bater na pele.

-Vamos lindinha, não vai fazer nada? - O mesmo garoto prosseguiu e puxou o cabelo de Ai. Foi a última coisa que ele fez antes de cair no chão e começar a gritar, tampando os ouvidos e pedindo ajuda.

Os olhos de Ai se dilataram e ao invés de água, pedras de gelo começaram a cair do céu. Nenhuma delas a acertava, acertava apenas aos garotos, que rapidamente estavam como o primeiro, se contorcendo ao chão e gritando.

-Na próxima... vai ser pior. -Ai disse, chutando um dos garotos.

Ninguém entendia nem tentava entender o que havia acontecido. Sawako pegou Hitoru no colo e levou para dentro, o secando e cuidando de seus ferimentos. A dor de cabeça de Ai estava mais que insuportável, mas isso não iria impedí-la de cuidar de seu melhor e unico amigo. Tirou cuidadosamente a jaqueta que cobria o corpo do garoto e olhou para sua cabeça, ela transbordava sangue. A maior estremeceu, o garoto já não respodia mais á ela.

                            ~~~~~

-Por favor, um médico! -Ai gritava ao entrar no hospital, com Hitoru no colo.

-O que houve com ele?

-Ele apanhou de uns garotos... por favor, ajude ele. -Ai chorava.

-EMERGÊNCIA AQUI!- A enfermeira gritou- Eu vou ajudá-lo.

E sem que percebesse, Hitoru já não estava mais em seus braços. Ai caiu em prantos, sua cabeça parecia ser esmagada de tanta pressão e dor, apenas desmaiou.

-Está melhor? -A voz suave da mesma enfermeira era ouvida em ecos para Sawako.

-Hi-hitoru... preciso ver o Hitoru.-Ai dizia com dificuldade, se levantando.

-O nome dele é Hitoru de que?

-Eu n-não sei. Apenas me deixe vê-lo. -Ai se levantou e começou a andar sem rumo por aquele corredor branco cheio de portas.

Ela não ouvia mais a enfermeira pedir para ela ficar, ela andava se apoiando pelas paredes, tudo rodava em sua visão. Ela tropeçava, cambaleava e sentia como se algo a puxasse de volta e a empedisse de andar. Mas isso não fez com que ela parasse. Tudo estava em câmera lenta e mesmo com falta de ar, ela tentava correr. Mesmo com a visão turva, ela procurava em cada rosto um sorriso iluminador como o de Hitoru, e quando finalmente recuperou forças começou a correr em direção á ultima porta. De longe, a porta aberta da sala possibilitava que Ai visse os cabelos bagunçados de Hitoru. Começou a correr mais rápido e quando finalmente chegou na porta...

-Sawako Ai. -Um rapaz de terno preto e alto apareceu na porta evitando com que ela passasse.

-Qu-quem é você?! Deixe-me passar!

-Não. Você vem comigo. -O homem a pegou pelo braço, a puxando.

-Quem você pensa que é? Me solta agora. -Ela se debateu.- Ok, então será do jeito difícil.-Então, Ai o chutou e ele teve uma reação inesperada. Apenas a soltou e continuou olhando-a sem expressão alguma. O chute não foi muito forte?

-Eu não sinto dores por que este não é meu corpo.-O homem disse, com sua voz grossa.

-Como assim não é seu corpo? -Ai, estática, o encarava.

-Se quer saber a verdade venha comigo.

-Não vou sair daqui. Se quiser que eu saiba a verdade, conte para mim no quarto de Hitoru.

-Ok.-O homem disse depois de suspirar e revirar os olhos.-Já vi que você é difícil.

Os dois, o homem misterioso e Ai, juntos no quarto de Hitoru que respirava com a ajuda de aparelhos e com faixas ao redor da cabeça, estavam sentados em frente a cama da criança. 

-Pode fechar a porta pra mim? Está frio aqui. -Ai perguntou, mexendo na blusa. O homem apenas movimentou a mão direita e a porta se fechou sozinha. Ai se espantou.

-Ai... você é uma pessoa poderosa.-O homem puxou a cadeira para mais perto dela.

-Defina poderosa.

-Você é uma ceifeira.

Ai respirou fundo. Ela não estava sonhando, não podia estar. Aquilo era vívido demais para ser um sonho. Ela sabia o que uma ceifeira fazia, e por que ele estava conversando disso em um hospital em que Hitoru estava. Lágrimas fugiram de seus olhos e correram pelas bochechas, sabia o que teria de fazer.

-Eu... não vou conseguir. -A voz da garota falhou enquanto limpava as lágrimas.

-Ele não vai sobreviver por muito tempo. Você é obrigada á fazer isso, é obrigada á levá-lo para a morte. 

-Por que eu não sabia disso?

-Por que sua memória foi apagada. Não sou o melhor para explicar a história, mas o melhor para mostrar o que você tem que fazer. Eu volto daqui uma hora, enquanto deixo você absorver as informações.

-Fala como se fosse fá...-O homem sumiu antes de ela terminar a frase.

E mais uma vez, Ai estava desesperada e em prantos.


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Notas finais do capítulo

Gente... imaginem vocês no lugar da Ai, que horror ne D: gogogo >>



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