A Quinta Criança - O Escolhido escrita por Valentinnes


Capítulo 29
Tropeços




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P.O.V – Pedro on

Primeiro forte e depois calmo e delicado, essa havia sido a sensação do beijo de Eunhyuk, sensação que revirava ao meu estômago e acelerava meus batimentos, mas que havia sido boa demais para ser esquecida. Eu ainda conseguia sentir seus lábios macios e seu hálito de menta entorpecer minha mente. Eu fiquei fora de mim durante o beijo, sem conseguir raciocinar ou simplesmente me mover, mas não podia pensar em fechar os olhos que sentia os lábios de Eunhyuk sobre os meus, pressionando-os de modo sutil, convidativo.

Soltando um pesado suspiro apertei o botão do andar do apartamento do hyung e observei enquanto as portas metálicas se fechavam. Eu não estava com vontade de fazer absolutamente nada, pensar era muita coisa para mim. Após alguns instantes de completo silêncio, virei-me para o espelho e encarei aquele reflexo pálido. Meus cabelos estavam bagunçados e minha face parecia mais pálida que o normal. Não havia nenhum tipo de expressão em minha face, eu não conseguia expressar absolutamente nada. Sutilmente ergui minha mão direita em direção ao reflexo opaco e me assustei pela visão.

– Omo! Como posso ter esquecido isso? - falei para mim mesmo observando a manga negra do casaco de frio que Hyukjae havia me emprestado para que ninguém me reconhecesse. Escutei o som da porta metálica ser aberta e rapidamente passei os olhos pelo reflexo do numeral que ficava acima dos botões – Eles não podem ver o casaco – falei cessando minha respiração.

Tendo certeza de que o elevador havia parado no andar certo, o deixei tirando o casaco e procurei um lugar onde pudesse escondê-lo, como um vaso de planta, um sofá ou até mesmo uma pintura, mas não havia absolutamente nada no hall social. Dei a volta no elevador, pensando em entrar pela área de serviço, mas esta estava trancada. Olhei em volta afobado, sem saber o que fazer, até que veio algo em mente. Embora eu tivesse certeza que aquilo não daria certo, eu precisava ao menos tentar se não queria me complicar com os hyungs. Puxei o ar fortemente para os pulmões, tomando coragem para fazer aquela loucura e soltei lentamente pela boca tentando me concentrar.

– Eu não posso falhar, eu não posso falhar, eu posso... - me calei fechando os olhos e protegendo a face com os braços e corri em direção a porta.

Eu esperava pela dor quando abri os olhos naquele ambiente novo. Finalmente eu conhecia a área de serviço de Heechul, que era toda revestida por pisos brancos e também era muito espaçosa por não conter quase nada ali. Ao meu lado direito havia um pequeno corredor que acabava em uma porta e na parede da esquerda do mesmo corredor estava uma segunda porta, que era menor que a primeira. Preferi nem imaginar o que haveria atrás delas, simplesmente busquei por um lugar onde pudesse esconder o casaco e sorri ao notar a lavadora e a secadora diante de mim. Eu só precisava colocá-lo ali e depois, quando todos estivessem dormindo, buscá-lo, mas meu primeiro passo em direção a lavadora afundou.

– Isso de novo não – pensei alto paralisando onde estava, enquanto sentia o chão sob meu pé direito torna-se pastoso.

Meu desespero não podia ser maior a não ser por... Escutei barulho de passos vindo da cozinha, aumentando em muito a tensão. Heechul devia ter me visto invadindo o apartamento dele, mas quem sabe ele não tivesse reparado no casaco e pensando exatamente nisso dei um longo passo para frente com o pé esquerdo tentando cobrir a distância que havia entre a lavadora, mas não foi o suficiente. Sentindo meu pé direito também afundar e sem conseguir mover qualquer um dos dois, estiquei meu braço para a lavadora e abri junto ao som da porta entre a cozinha e a área de serviço ser aberta.

– Pedro? - perguntou Simon surpreso, enquanto eu tentava me agarrar a lavadora que guardava o casaco do loiro.

– Socorro – falei em um sussurro.

Depois que todos os hyungs foram chamados para a área de serviço, exceto Heechul hyung que tomava um banho de espuma em sua enorme banheira a mais de uma hora, eles começaram a discutir sobre o que faria comigo. Por sorte apenas meus pés estavam presos ao piso, por azar eu sentia que eles podiam ser visto do apartamento de baixo. Simão sugeriu que ele devia me puxar com toda força para me soltar, mas Leeteuk não gostou da ideia, tinha medo que eu me machucasse ou que um buraco ficasse no lugar.

– Então o que faremos? - perguntou tio KangIn apoiando ambas as mãos na cintura.

– A mesma coisa que fizemos em casa – respondeu o Leeteuk passando seus olhos escuros em mim.

Eu era o que menos gostava da ideia com medo de atravessar andar por andar até chegar ao térreo, mas o líder me garantiu que estaria me esperando no apartamento de baixo e não deixaria que nada de ruim me acontecesse. Depois que tio KangIn usou sua visão de raio-x e viu que no apartamento debaixo havia apenas uma jovem que usava o computador em seu quarto, Leeteuk ficou invisível e desceu para o andar debaixo.

Como havia acontecido antes, consegui atravessar para o andar debaixo, mas demorou um pouquinho mais por causa do meu medo. Eu sabia que o líder faria de tudo para que eu não me machucasse, mas mesmo assim o receio me dominava por completo e até tentei tirar um pé do piso e depois outro, mas não deu muito certo. De volta ao apartamento de Heechul hyung, me joguei no confortável sofá da sala de estar e coloquei os pés sobre a mesinha de centro.

– Tire os pés dai! - esbravejou Heechul entrando na sala de jantar com o corpo envolvido por um bonito e longo roupão branco. Seus cabelos negros estavam molhados e sua pele corada, imaginei que fosse pelo banho e busquei por suas mãos pensando que estariam enrugadas, mas estavam completamente normais – Onde você arrumou grama? - esbravejou o mais velho se irritando mais ainda – Tire os pés ou eu os arranco fora! - ameaçou ele com um olhar completamente psicopata, fazendo-me afundar no sofá e tirar os pés imediatamente da bonita mesinha enquanto arrancava meu tênis. Os pousei em meu colo sem me importar em sujar ou não a calça que usava, tudo o que menos queria era ter Heechul brigando comigo por causa do tapete – Obrigado – agradeceu ele com um leve sorriso simpático - Mas vai ter que limpar tudo o que sujou - completou ele me espreitando perigosamente com os olhos. Apenas assenti com a cabeça.

– Onde arrumou grama? - perguntou tio KangIn demonstrando que havia prestado atenção na fala do hyung e sentando ao meu lado, mas ele havia prestado atenção não apenas na fala, mas em algo que estava óbvio – Vá vestir uma roupa Cinderela – ordenou ele com desdém.

– Omo! Estou na minha casa, fico do modo que quiser – retrucou o afeminado colocando uma mecha de seu cabelo úmido atrás da orelha e em sequência pousando as mãos sobre as costas da poltrona onde Simão acabava de sentar.

– Com essa confusão toda acabei esquecendo de perguntar... - disse o líder atraindo minha atenção para sua figura esguia que atravessava a sala indo em minha direção. Calmamente ele parou defronte comigo e se agachou na minha frente tomando delicadamente minhas mãos. Havia um sorriso meigo em seus lábios e um par de covinhas em suas bochechas. Por segundos sorri de volta, mas o sorriso bruscamente saiu de minha face – Onde você estava? - gritou ele mudando completamente sua expressão fofa para uma irritada e praticamente esmagando minhas mãos com as suas que eram bem maiores.

– Po-por-por que está tão bravo líder? - perguntei inocentemente me encolhendo mais ainda no sofá e trazendo minhas mãos para o tênis ainda apoiados nas minhas coxas, muito legal da parte dele ficar preocupado em não me machucar, mas depois me ferir.

– Você me deixa preocupado desaparecendo dessa forma – confessou o líder suavizando um pouco seu tom de voz, mas ainda mantendo-o alto e aflito - Da última vez que desapareceu sozinho, voltou com um nariz quebrado, fiquei desesperado ao pensar que havia sido levado pelo teletransportador, fiquei com medo de nunca mais vê-lo – disse ele voltando a tomar minhas mãos com calma e me lançando um olhar choroso, desesperado e ao mesmo tempo implorativo.

– Oh! Me desculpe líder, não voltarei a sumir – disse sem tirar meus olhos surpresos de sua face.

Leeteuk não respondeu, simplesmente puxou meus braços para si, me obrigando a inclinar-se para ele e me envolveu fortemente em seus braços. Timidamente e ainda surpreso por sua reação tão inesperada, contornei seu pescoço com meus braços e o apertei pousando minha face sobre seu ombro direito.

– Ok, vou beber um pouco de vodka – falou tio KangIn se erguendo do local ao meu lado.

– Eu estou com fome... - falou Simão em um pensamento alto também se erguendo de seu lugar – Te acompanho até a cozinha hyung – disse ele para o tio que ia mais a frente, fazendo-o parar para esperá-lo.

– E eu vou voltar para o meu banho – anunciou Heechul hyung e deixou a sala.

O tempo inteiro eu me mantinha abraçado ao líder que me confortava perfeitamente em seus braços fortes e entorpecia minhas narinas com seu perfume masculino. Eu não me recordava de ter sentindo seu perfume antes, mas com a face tão próxima de seu pescoço, era inevitável não sentir aquele aroma forte, mas ao mesmo tempo suave como as gotas do sereno. Quando ele me soltou, sorri para ele e pediu desculpas mais uma vez.

– Tudo bem, mas não vá sumir de novo – pediu ele bagunçando meus cabelos de forma paternal e saiu em direção a sala de televisão.

Farejei ao ar sentindo aquele aroma bom partir junto com o líder e olhei em volta pensativo. Eu nunca havia dito um pai, muito menos um tio ou um avô que servisse como tal, eu havia crescido com minha mãe e todos os gestos de Leeteuk me pareciam tão paternos que eu me questionava o porquê dele me tratar de tal forma. Foi então que aquele cheiro bom foi substituído por uma mistura estranha de suor com mato, típico de quem trabalha em lavouras. Parei por segundos tentando identificar de onde vinha aquele cheiro ruim até que perceber que ele partia de mim.

– Como eu consegui isso? - perguntei fazendo uma careta enojado e corri para o banheiro.

Querendo me livrar de toda aquela sujeira e cansaço, entrei completamente em baixo do chuveiro, mas assim que fechei os olhos, o tempo pareceu congelar e involuntariamente a água que escorria pelo chuveiro parecia provocar meus lábios. Comecei a me afogar naquele pouco de água e quando retomei a mim, tentei apagar aqueles lábios que vinham em mente novamente, mas era praticamente impossível. A chuva havia enfraquecido algumas vezes, mas no momento ela voltava com força total e por mais que eu afundasse minha face do travesseiro e gritasse o mais alto que conseguia, os lábios de Hyukjae novamente invadiam minha mente, deixando meus sentidos desorientados e o barulho daquela chuva infeliz apenas fazia-me lembrar mais e mais daquele momento mais infeliz ainda onde eu havia me inclinado para o loiro. Dia de chuva nunca mais seria um dia comum para mim.

– Omo! Por que foi tão bom? - questionei jogando um dos travesseiros no chão e me sentei inconformado na cama. Agora eu vestia uma básica calça azul marinho e uma camiseta amarela. Meus cabelos molhavam a cama, mas não me importei, haviam coisas mais importantes em que pensar.

Eu precisava falar com alguém, alguém que pudesse me orientar sobre aquilo, alguém com experiências em beijos e andando pela casa atordoado, encontrei Leeteuk na sacada, com os antebraços sobre o parapeito e os olhos vagando pela cidade chuvosa. Sentindo meu coração inquieto pelas lembranças, caminhei até o mais velho e parei ao seu lado. O líder passou os olhos pela minha face e novamente voltou a se focar na cidade. Sua falta de assunto, tornava aquela pergunta mais constrangedora, mas eu precisava fazê-la, eu precisava entender o que estava acontecendo comigo. Apoiando meus braços sobre o parapeito, olhei vagamente para frente e tomei fôlego.

– Leeteuk, como foi seu primeiro beijo?

– O quê? Meu primeiro beijo? - perguntou Leeteuk fazendo-me concordar com a cabeça – Meu primeiro beijo... - repetiu o líder pensativo – Faz tanto tempo que não me lembro, mas deve ter sido bom.

– Como você pode ter tanta certeza? - perguntei sentindo minha respiração falhar e o peito pesar.

– Oras, porque beijos são bons, pelo menos a maioria deles, mas porque está perguntando isso? - perguntou Leeteuk inocentemente.

– Por nada, apenas curiosidade.

– Aconteceu alguma coisa para você estar desse jeito estranho? - perguntou ele notando que comecei a tremer descontroladamente depois que ele disse que seu primeiro beijo devia ter sido bom.

– Não, claro que não, não aconteceu nada, eu estou bem, não aconteceu nada – respondi nervoso, tentando parar minhas mãos descontroladas.

– Omo! Seu espírito está tão atormentado... Não me diga que conheceu alguma garota e ficou interessado por ela? - perguntou ele abrindo um majestoso sorriso que se assemelhava o de quem havia acertado os números da loteria.

– Não, não conheci garota alguma, agora me deixe sozinho líder – pedi evitando fitá-lo.

– Omo! Mas eu estava aqui primeiro – retrucou ele sério.

Lancei um olhar semicerrado para o líder, mas infelizmente ele possuía razão, então me afastei do parapeito e sai marchando para qualquer outro cômodo do apartamento onde eu pudesse ficar sozinho.

P.O.V – Pedro off


P.O.V – KyuHyun on

Cheguei a cafeteria indicada correndo. Durante o percurso uma chuva forte começou e se não tivesse dado no noticiário que ela aconteceria, eu teria ligado para o tio Jung-su e pedido que ele a desfizesse. De todo modo eu havia chegado ao meu destino e mesmo estando com as roupas ensopadas, baguncei meus cabelos tentando secá-los e finalmente entrei. Assim que passei pela porta de vidro meus olhos buscaram pelo motivo de eu estar ali.

– Kyuhyun – chamou uma voz meiga, porém masculina, abrindo um sorriso em minha face. Meus olhos captaram a doce imagem de Sungmin hyung que caminhava em passos apressados até mim, já tirando seu casaco de couro marrom – Omo dongsaeng! Você deve estar com frio – disse ele preocupado colando o casaco sobre meus ombros – Vamos para o banheiro – falou o mais velho me conduzindo sutilmente a ele.

– Boa tarde Sungmin hyung – disse abrindo um sorriso meigo para o hyung atencioso, que apenas sorriu corando e me apressou dizendo que eu devia andar mais rápido, senão acabaria doente.

Sungmin queria que eu trocasse de roupas, mas como eu não carregava uma roupa reserva e não deixei que ele saísse para comprar, até porque a chuva continuava forte, sequei a minha roupa ao máximo que podia com o secador de mãos e papel higiênico e caminhamos de volta para a mesa onde o mais velho estava acomodado. A cafeteria estava com pouco movimento, provavelmente por causa da tempestade, mas o lugar simples era completamente acolhedor. Suas paredes revestidas de madeira aqueciam ao local e se eu precisava de uma coisa, era realmente de algo que me aquecesse ou pelo menos passasse tal impressão. Havia apenas uma caneca branca e fumegante sobre a mesa, repleta de um líquido marrom com algumas coisas brancas flutuando pelo líquido de aroma atraente. Após pensar um pouco cheguei a conclusão que era chocolate quente com pequenos marshmallows.

– O que quer comer dongsaeng? Como um bom hyung lhe pagarei comida – disse Sungmin animando-se em seu lugar.

Apalpei seu casaco de couro que agora eu vestia e fiz bico enquanto pensava. O mais velho usava uma camiseta cinza de tecido fino e parecia contente com minha presença. Ele sorria de modo inocente, mas não quis abusar de sua bondade.

– Não estou com fome hyung.

– Omo! Como não? Pelo menos me acompanhe em um chocolate quente dongsaeng – disse ele sorrindo de modo juvenil.

Fiz uma careta, mas acabei concordando. Ficar em uma cafeteria sem consumir absolutamente nada era muito estranho. Sungmin chamou ao garçom com um gesto de mão e um rapaz alto e magro parou ao nosso lado. Por baixo do avental vermelho com a logomarca da cafeteria, o rapaz de cabelos bem negros e arrepiados em todas as direções do solo usava uma camiseta e uma calça jeans que combinava perfeitamente com seus fios escuros. Seus olhos escuros realçados pela maquiagem negra, os tornavam tão intensos, que senti um pouco de medo de encará-los e acabar preso a eles.

– O que você quer Minnie? - perguntou ele com um sorriso gentil em face e o bloquinho de notas branco em mãos, acompanhado de uma pequena e metálica caneta.

– O mesmo para o meu dongsaeng e mais dois sanduíches especiais – pediu Sungmin sorrindo.

– Trarei em minutos – respondeu o rapaz terminando de anotar em seu bloquinho e fez uma curta reverência antes de nos deixar indo em direção a cozinha.

– Minnie? - perguntei incomodado com a intimidade de ambos.

– O Jongwoon é amigo da minha irmã... - explicou o mais velho sorrindo constrangido – Se quiser pode me chamar assim também dongsaeng, eu não me importo, na verdade acho muito aegyo - e seus olhos meigos pousaram em minha face.

Apenas revirei os olhos aquietando o sorriso de Sungmin. Minnie era realmente muito fofo, mas não havia gostado nada de um garçom chamando-o de tal forma, ele não devia ter intimidade com qualquer pessoa, pensei cruzando meus braços sobre o tórax. Repentinamente comecei a sentir um desconforto, mas não por causa do silêncio que havia se instalado e sim pela sensação de estar sendo observado. Rapidamente me virei para trás e pousei os olhos na face indiferente de quem me observava. Era um jovem, também com o uniforme da cafeteria, que me observava. Ele estava atrás do balcão e possuía traços um tanto infantis, a começar por seu corpo esguio e suas bochechas salientes, mas pela sua altura, conclui que ele devia ter pelo menos quinze anos. Assim que meus olhos pousaram em sua face, ele não se intimidou, simplesmente pesou a cabeça para o lado direito me analisando mais ainda. Franzi o cenho fingindo estar bravo para intimidá-lo, mas o rapaz de franja caída sobre a testa e com as pontas levemente voltadas para a direita continuou a me observar.

– É o irmão mais novo do Jongwoon, é o Jongjin – comentou Sungmin fazendo-me desviar os olhos do menor, para sua face – Ele não é muito de falar, é apenas de ficar observando as pessoas de longe – disse o mais velho abrindo um leve sorriso e acenou para o rapaz, que apenas desviou o olhar para o balcão.

– Aigo... - soltei voltando meus olhos para a mesa, enquanto pensava em algo para perguntar para o mais velho. Aquele silêncio devia incomodá-lo e ele estava sendo tão gentil, que eu poderia continuar em silêncio ignorando o mundo ao meu redor - Como está sua irmã?

– Oh! Minha irmã? - perguntou o mais velho surpreso. Apenas assenti com a cabeça - Ela está bem... - falou ele abrindo um torto e forçado sorriso. Encarei sua face franzindo o cenho, mas seus olhos estavam perdidos fitando a mesa. Não entendi sua mudança repentina e voltei meus olhos para trás sentindo novamente que estava sendo observado. Dessa vez Jongwoon me observa, mas assim que passei os olhos por sua face, ele desviou para o irmão mais novo. Eles começaram a conversar, mas pela distância era possível ouvir algo - Você queria me encontrar para perguntar da minha irmã? - perguntou Sungmin hyung me assustando.

– Não, não, claro que não - respondi de uma vez voltando os olhos para sua face.

– Então por que queria me ver com tanta urgência? - perguntou ele ficando sério e analisando minha face cuidadosamente, como se qualquer expressão que eu fizesse, valesse pela resposta.

Minha respiração falhou, me deixando constrangido. Que raios de pergunta era aquela? Pensei arfando, ninguém podia mais encontrar um conhecido pelo simples motivo de querer vê-lo? Questionei novamente em pensamento tentando controlar meu nervosismo.

– Seus pedidos - disse o Jongwoon colocando um prato na frente de Sungmin sem perder seu sorriso. Minha caneca fumegante foi a última a ser colocada sobre a mesa e depois que agradeci com um aceno de cabeça, Jongwoon se afastou, mas notei que seus olhos profundos demoraram a sair de minha face.

– Que estranho... – comentei para mim mesmo dando de ombros e aproximei a caneca.

– Você ainda não me respondeu – falou Sungmin me fitando com aqueles olhos brilhantes.

– Omo! Não tinha tanta urgência em vê-lo, só estava entendiado e pensei que poderia estar sozinho em casa... - respondi dando de ombros, fazendo um sorriso brotar nos delicados e róseos lábios do hyung.

– Estou feliz por vê-lo Kyuhyun dongsaeng – disse ele com aquele sorriso completamente encantador e levou a caneca aos lábios.

Fiz beicinho ao observar o menor concentrado em seu chocolate quente e sorri. Eu não sabia dizer qual dos dois agia de modo mais estranho, mas podia afirmar que um apreciava a presença do outro. Levei minha caneca à boca e assoprei por longos segundos antes de dar um pequeno gole. Realmente estava muito quente, mas o frio repentino se tornava mais aconchegante com tal bebida. Tentando acabar com o silêncio, Sungmin perguntou dos meus estudos e eu respondia ao mais velho quando a porta de vidro foi bruscamente empurrada por uma corrente de ar e bateu contra a parede produzindo um alto estrondo. Nossos olhos buscaram pelo causador do barulho e me assustei quando vi o que entrava. Uma corrente de ar que girava e girava como um furacão - só que menor - entrou no estabelecimento e simplesmente parou, dando lugar a um homem robusto, de pele tão clara quanto a neve, longos cabelos brancos azulados e sobrancelhas de mesma cor.

– É aqui que encontro Cho Kyuhyun? - perguntou ele com sua voz grave, fazendo os olhos assustado de Sungmin pararem em minha face.


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Notas finais do capítulo

Não, esse cara sinistro do final não é o T.O.P -q. Aceito dicas, críticas e sugestões. Não percam o próximo capítulo ;D
by: Mc =]