Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 30
Dica 30 - Nada de capas!


Notas iniciais do capítulo

Explicação que parece história esfarrapada: eu estava impossibilitada de pegar no computador esses dias todos! Eu fui forçada a não escrever :( Maaaas, aqui estou! Aqui está o capítulo! Aêê (fugindo de pedradas). Gostaria primeiramente de dedicá-lo às lindas e maravilhosas recomendações da Virus e da Cupcake La Rue! As notas iniciais nunca saem completas, é uma droga kkk. E estamos chegando na review 200! Vou até dar um prêmio (huhu o que será?) para a pessoa linda que fizer o review 200. Eu sou legal com prêmios! Enfim, boa leitura a todos! :D



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Dica 30 – Nada de capas!

Lei de Murphy pode ser um dos únicos dogmas que eu levo em minha vida. Ele está certo! "Se algo pode dar errado, vai dar errado"! Como o que? Como uma capa que pode parar próximo ao fogo o suficiente para quase matar alguém.

E então, a personagem Pixar (Edna Mode) entra em cena berrando:

NADA DE CAPAS!

.

Fiz um favor a mim mesma e mantive a calma durante a tarde praticamente inteira. Não foi difícil, comecei a ajudar Charlotte nas preparações para o grande evento: a noite de anfitriões. Ela nunca esteve tão animada, e eu nunca estive com a cabeça mais fora do corpo.

Sabe a sensação medonha e perturbadora de ter algo abafando os sons que entram no seu ouvido? Pois é, eu me senti uma surda involuntariamente durante aquela tarde inteira, desde o momento em que Matt falou uma simples frase de poucas palavras.

“Tudo porque ontem eu dei um fim a tudo que eu tinha com a Esther...”

Depois daquela frase, eu soltei uma risada debochada que não queria ter soltado. Se eu tivesse pensado duas vezes no momento, eu não teria riso. Entretanto, eu ri. Soltei uma risadinha idiota e duvidei completamente daquilo, afinal Matt tinha uma mania estranha de ser apaixonado pela Estherco.

Pelos céus, ele foi fã daquela vaca durante tanto tempo que uma frase como aquela não seria capaz de ser verdade! Não me julgue, você provavelmente faria a mesma coisa! Provavelmente iria rir e sair como se achasse aquela afirmação a piada do dia! Provavelmente iria pular na piscina e esquecer que o Matt existe pelo resto da tarde!

Foi exatamente o que eu fiz: esqueci que o Matt existia pelo resto da tarde.

Existem, provavelmente, pequenos seres que nos rodeiam e se divertem com prováveis reviravoltas e com desastres naturais. Quem sabe exista um setor de máquinas que são responsáveis por nos monitorar... E estamos na Matrix! Se isso tudo acontece, eles são meus fãs. Fãs de verdade e querem ver minha cabeça fundida e destruída.

Matt ficou furioso com a minha reação! Ele brigou, disse que eu era imatura demais e berrou que não ia perder seu tempo comigo. Da pra acreditar? Por isso, eu fingi que ele não existia pelo resto da tarde. Tenho que admitir que não tive a mais madura das reações, mas eu não poderia agir de outra forma.

O ar do meu pulmão estava se esvaindo rapidamente, saltando para fora do meu peito com força a cada batimento cardíaco. Poderia ser uma sensação confundida com palpitações, mas não creio que seja. Eu já tive palpitações por um cara, mas aquilo era diferente. Era essa sensação se misturando com enjoo e grampeamento no esôfago. Provavelmente, era algo assim.

Enfim. Tentei dar a volta na situação, fingindo que ele estava ficando maluco, mas só recebi uma risada irônica e desafiadora como resposta, como se toda aquela meiguice de “Eu dei um fim a tudo que eu tinha com a Esther” sumisse, e ele voltasse a ser o odioso Matt.

Tudo bem, nem tão odioso assim. Tive muito trabalho em negar constantemente um pensamento repulsivo.

Tudo estava errado. Muito errado. Tão errado que a própria Charlotte veio até mim, falando:

– Eu só vou perguntar uma vez porque estou achando perturbador... Qual foi?

Pisquei um pouco. Estávamos terminando de nos organizar na Grande Casa quando ela veio me perguntar, já estava quase pronta com uma roupa de ninfa azul, com os cabelos cheios de florzinhas e com uma feição ameaçadora o suficiente para eu abafar uma risadinha.

– Seu cabelo parece um ninho de passarinho. – eu disse, tentando desviar do assunto que me fazia arrepiar.

Eu terminava de colocar meu protetor de braço obrigatório, afinal estaria atirando flechas.

– Estou falando sério. Matt está de mau humor, e você está com uma cara terrivelmente antipática. – ela insistiu.

– Já perguntou pro Matt o motivo do mau humor? – murmurei, ainda sorrindo. Charlotte, por sua vez, ficou calada. – Ele me falou que terminou tudo com a Esther, dá pra acreditar? Aquele retardado acha que vai me enganar...

Os olhos claros de Char cresceram exponencialmente para mim. Juro que foi assustador.

– Lucy, você tem noção do que isso significa? – ela falou bem alto, chamando atenção de quem estava perto.

Retorci meu olhar e dei entre ombros como se aquela fosse uma pergunta de resposta nada óbvia.

– Ahhh... – falei, olhando para as laterais, enquanto Charlotte aproximava o rosto do meu – Significa que ele está brincando mais que o normal?

Charlotte abriu a boca para brigar comigo, mas parou antes de fazer qualquer som, caindo na gargalhada logo em seguida.

– E eu achando que era lenta no assunto “rapazes”. – disse Char, batendo no meu ombro enquanto procurava ar – Nossa, Lucy... Faça um favor a si mesma e comece a acreditar que ele terminou o que não tinha com a Esther.

Arqueei as sobrancelhas, imaginando que Charlotte estava com problemas. Eu não deveria ter dito aquilo para ela, considerando os dias anteriores entre ela e Matt. Entretanto, tive que falar. Eu não conseguiria falar daquilo com mais ninguém.

– Sei lá, é bom demais para ser verdade. Digo, eu não desejo sua irmã nem para meu pior inimigo. – murmurei, coçando minha própria testa.

Com aquilo, Charlotte acalmou o riso e me fitou nos olhos.

– Não acredito que você está...

No instante em que ela começou a falar, tive um rápido pressentimento do que ela queria dizer!

– Não.

– Está sim. Você está... – ela insistiu.

– Não.

– Começando a entender que...

– Não.

– E vai admitir isso...

– Não.

– Hoje mesmo, não vai?

– Não! – berrei de vez, chamando atenção de todas as meninas do time Azul que estavam ali conosco.

Charlotte balançou a cabeça negativamente e pôs ambas as mãos nos meus ombros, encarando minha cara emburrada com o discurso:

– Ele é um ótimo rapaz, por mais inconveniente que goste de ser. Eu sei que vocês simpatizam muito um com o outro, está claro que estão apaixonados. Eu o dou a você, Lucy. Com muito pesar, ele é seu.

Minhas sobrancelhas se uniram por um magnetismo cósmico com aquele discurso estranho dela. E dramático! Eu achei que EU fosse a dramática do Time Azul!

Então, Jean surgiu no salão da Grande Casa que nos arrumávamos, vendo que todas as garotas já estavam prontas para o noite de anfitriões. Havia algumas garotas com roupas gregas iguais às de Charlotte, todas azuis, havia também outras com roupas azuis que variavam entre trapos rasgados e roupas de frio. Eu estava com um tipo de capa anil feita especialmente para nós. Suspeitei que o acampamento tivesse uma própria fábrica de roupas ou um depósito gigante para tudo aquilo, enquanto vários tailandeses trabalhavam como escravos.

Marlene, mais cedo, havia dado ideias para iluminação alternativa. O objetivo era tornar todo o ambiente negro como galinha de oferenda de macumba, mas colocar alguns lampiões nas laterais além da fogueira ao centro da clareira... A luz toda se refletiria na água rasa sobre a lona, a lona brilharia por conta da luz negra e a fogueira ficaria azul.

Na sequência de entradas, Eric começaria com o violino numa mistura épica com barroco, juntamente com Marlene. Eu havia sugerido que eles tocassem a famosa música Canon no início e depois passasse para o épico, mas ninguém me deu suporte. Alguns rapazes pegaram emprestados os tambores que os Verdes utilizaram na sua noite de anfitriões para dar uma batida um pouco menos tribal do que eles fizeram. Como muitos faziam parte da banda de suas respectivas escolas, nossa música passaria facilmente pelo épico. Em seguida, entraria uma batida mais eletrônica enquanto Eric continuaria no violino. Aí as “ninfas” entrariam, as flechas surgiriam, o fogo ficaria azul e etc... Seria uma festa incrível que o coitado do Eric perderia para tocar. Tadinho.

Todas as garotas se colocaram em fila, recostadas na parede da Grande Casa. Pouco a pouco, começamos a nos separar em nossas funções, enquanto os rapazes chegavam perto de nós. Eu, Matt, Chris e Baltazar ficamos juntos. Nós quatro estávamos com a mesma capa anil, o que foi extremamente bonitinho, devo admitir, já que Chris e eu éramos pequenos, e Matt e Baltazar conseguiriam escalar o Empire State com três ou quatro passos de tão altos em comparação a nós.

– Não vai tentar me acertar dessa vez, certo? – Matt riu-se ao meu lado, cutucando minha costela com seu cotovelo.

Fiz a mímica de pegar o arco e apontar para seu rosto, também achando graça.

– Hoje eu vou acertar um focinho de porco... – murmurei, em seguida encenando uma cara de surpresa – Ah, desculpa, Matt! Achei que estivesse vendo um porco gigante na minha frente!

Ele riu e roncou com o nariz.

– Parem de namorar! – Jean resmungou, empurrando-me para longa de Matt, que acabou nos seguindo com roncos. Chris e Baltazar também foram conosco.

Aquele Matt era o Matt legal. O Matt que faz judiação e brincadeiras bobas, mas não o que fica me confundindo e se metendo onde não é chamado!

Em meio àqueles pensamentos, fiquei absurdamente confusa. Eu olhei para trás e vi o sorriso de Matt bem aberto, enquanto ele conversava algo aleatório com Baltazar – o pobre Chris ficou observando de longe. Ligeiramente, eu prestei atenção nos lábios de Matt! Senti um arrepio me percorrer toda a espinha das costas, até minhas costelas começaram a se bater de agonia, como se aquilo fosse muita coisa.

E era muita coisa! Poxa, a gente já tinha se beijado três vezes, e na terceira houve algo estranho. Eu nunca admitiria o que foi estranho! Jamais! Mas foi como eu comentei na dica 28:

“Quero outro momento assim. Definitivamente, quero outro momento para tirar a prova certa! No nível: tem que tocar "Waiting for a girl like you" no fundo.”

Waiting for a girl like you é somente uma das músicas mais bonitas do rock clássico! Ela é conquistadora e romântica, o que se enquadra perfeitamente em comédias americanas dos anos noventa... E na situação de valentão vs mocinha inocente dramática.

Enfim, voltei a mim quando Jean me empurrou o arco e saiu correndo. Todo o acampamento já estava reunido na frente da fogueira com vários marshmallows nos gravetos, conversas e animações. E o nervosismo me acometeu pontadas desesperadoras.

Dêem boas vindas aos anfitriões desta noite! Os Azuis e o Reino Gelado! – a voz da monitora dos Amarelos soou pelo microfone.

“Reino Gelado” que nome ridículo...

E então, os acordes do violino de Eric ecoaram com um belíssimo som límpido e rasante. Todas as cabeças dos campistas se voltaram para ele, em cima de um palco com Marlene. E assim, uma valsa épica lenta começou, embalando minha cabeça como se eu fosse um pequeno orc bebê nas mãos macias e enormes de sua mamãe orc. E então, Marlene surgiu com seu violino também! O que era lento, tornou-se feroz! Veio o folk e BAM os tambores retumbaram maravilhosamente.

Eu devo ser absurdamente boba por ficar impressionada com esse tipo de coisa, mas meu queixo simplesmente caiu com toda força. Minha cabeça latejou e eu estive prestes a ter um aneurisma de maravilha! Prestes! Matt interrompeu meus pensamentos, passando a mão no meu ombro, enquanto ria.

– Você está babando... – ele disse rapidamente, rindo.

Nós dois nos encaramos por um momento realmente breve. Os olhos deles estavam cintilante tanto quanto os meus.

– Engraçado. Você também. – murmurei, passando a mão no queixo dele como brincadeira.

– Então vamos?

Assenti com a cabeça, calma como uma nuvem. Então, a mão grande e esquelética de Matt veio para o topo da minha cabeça e me puxou para trás. Cambaleei um pouco para trás porque foi puxão longo e forte. Entretanto, quando percebi, Matt passava por mim com risos. Eu ri também, achando graça daquela bobagem. Com absoluta certeza, ele queria chamar atenção. Garoto problemático...

Caminhei mais rápido para alcançá-lo e empurrá-lo com o ombro. Tudo bem que meu ombro não batia numa área muito alta do braço dele, mas consegui fazer com que ele desse pulinhos para o lado, rindo que nem idiota. E beeeeem devagar, o braço enorme dele passou por cima dos meus ombros, puxado-me para perto. Fui abraçada! Foi tranquilo, achei normal... Quando, DO NADA, a cabeça dele se aproximou em marcas de compasso, uma cena tão em câmera lenta que eu achei que fosse minha imaginação. E ele deu um beijo estalado no meu ouvido, jogando o rosto para longe e me largando com seu riso infame.

Por um momento, eu travei. Eu estava estática, perdendo a sensação dos dedos. Ai que ódio!

Meu transe me abalou, mas acabou no instante em que os bumbos pulsaram. E BUMBARAM! Essa palavra sequer existe... Existe? Não sei. É confuso. Não sei.

Enfim, sacudi meu corpo inteiro para tentar largar aquela maluquice de mim. Continuei a escutar o som do violino de Eric e me encaminhei até meu posto junto de Matt, Chris e Baltazar. Nós quatro nos preparamos, esticando músculos e mexendo os dedos. Enquanto isso, Charlotte e as outras “ninfas” entraram em cena.

Escutamos vários berros animadores e palmas. A música mudou, enquanto as meninas dançavam graciosamente. E então, mudou novamente para uma batida mais animada que causou uma onda de berros animadores.

– 3... 2... – Baltazar contava, e nós mirávamos as flechas para o alto – 1... Agora!

Nós quatro atiramos simultaneamente flechas que derramaram glitter azul em suas trajetórias, fazendo caldas que caiam sobre os campistas enquanto isso. Então, soltaram o óxido de cobre na fogueira! O fogo ficou azul e a música se tornou mais alta. Todos berraram animados! Foi lindo! Charlotte e as outras garotas fizeram uma roda de mãos dadas em volta da fogueira e começaram a pular e pular, rindo que nem garotinhas bonitinhas.

Novamente, nós, os arqueiros, atiramos as flechas que sobrevoaram todos os campistas. E então, os outros Azuis se meteram no meio do resto do acampamento com baldes de água para derramar nos pés. Os “ar condicionados” caseiros foram ligados, e a luz negra veio sobre todos com holofotes. A lona estava brilhando debaixo dos pés dos campistas, baldes de tinta brilhante também foram introduzidos e TCHARAM! A festa começou! Tudo estava perfeito... Perfeito demais para ser verdade... Aí acabou a perfeição.

Baltazar, Chris, Matt e eu nos preparamos para as últimas flechas, os quatro concentrados e focados. Entretanto, minha bandagem das mãos se ROMPEU! Rompeu! Deixei minha flecha cair no chão, enquanto eles disparavam as deles.

– Mas que droga... – murmurei, pegando a flecha no chão e preparando para atirá-la.

Chris e Baltazar soltaram os arcos e saíram correndo para o meio da festa. Matt, entretanto, só ficou ao meu lado com sua risada chata.

“Chata”... Eu poderia bolar um apelido mais interessante que esse, não acha?

– É melhor atirar logo ou não atirar de vez. – Matt falou e coçou a nuca.

– É lógico que eu vou atirar! – resmunguei, mirando a flecha para o alto – E vai ser a flecha mais alta!

E então, eu atirei a flecha... Que fez uma trajetória mais alta e mais curta. Nerd como sou, eu simplesmente esqueci que a maior altitude com a minha força, só faria a flecha ter uma trajetória mais curta e cair... e cair... e cair...

– Putz! Você vai acertar alguém! – Matt berrou de olhos arregalados.

Eu não fui capaz de dizer absolutamente nada, nem de me mover nem de piscar. Eu via alguém morrendo no instante que aquela flecha atingisse o chão! Eu me via indo para a cadeia. Eu me via dividindo cela com mulheres enormes e tatuadas. Eu me via saindo de lá em 15 anos e de repente sendo deserdada pelos meus pais.

Felizmente, a flecha não acertou ninguém. Ela sumiu do outro lado da clareira, mas próxima ainda da roda que os lampiões faziam ao redor dos campistas.

Eu e Matt nos entreolhamos, não sabíamos o que havia acontecido com a flecha. Então, corremos os mais rápido que conseguimos para lá! Passamos no meio da multidão alucinada de nerds melequentos que estavam em uma festa completamente irada mais rápido que eu imaginei. Tudo bem que eu sou pequena, mas fiquei surpresa como Matt também fez aquilo rápido.

Quando chegamos lá, demos de cara com um princípio de incêndio que NINGUÉM notou! A flecha tinha acertado um lampião. Os dois estavam no chão, queimando nos cascalhos da areia bem próximos à grama ao redor da clareira.

– Nossa, ainda bem que foi só isso. – murmurei, perdendo as forças e me segurando no braço de Matt.

– A gente tem que apagar esse fogo, você sabe, não sabe? – ele disse. Em seguida, eu olhei para o fogo e olhei para ele repetidas vezes. – Você bem que podia tirar a blusa e apagar o fogo, sei lá.

Encarei-o com fogo nos olhos e uma boca retraída de quem chupou limão.

– Que tal você tirar a blusa, idiota?! – rosnei.

Naquele instante, eu me abaixei e bati o meu ombro no abdômen de Matt. Ele, instantaneamente, se retraiu com dor (acho que exagerei um pouco hahaha), enquanto eu puxava sua blusa. O que eu não me dei conta na hora foi que ele ainda estava com a capa anil, o que causou uma confusão quando ele se jogou para trás, berrando com a blusa tapando sua cara e deixando seu abdômen totalmente descoberto! É, ele estava berrando!

E aí, tudo deu errado.

Matt caiu para trás no meio da confusão. E parte de sua capa ainda estava para fora e foi direto no caminho da flecha e do lampião, que estavam em pleno fogo.

– MAAATT! – berrei, correndo até ele!

A capa dele começou a pegar fogo! E a culpa foi minha! Nós dois começamos a berrar loucamente, mas ninguém nos ouvia, estavam todos concentrados demais na festa.

– Sua maluca, me ajuda! Maluca! AAAAAAARGH!

Quando eu ia ajudá-lo a abaixar a blusa, percebi que não daria certo. Se a camisa dele baixasse, a capa viria direto nele! E ele pegaria fogo! Eu não podia deixar isso acontecer, a culpa foi minha!

Então, Matt deitou no chão. Vi minha oportunidade ali e sentei em cima da sua barriga, pegando o tecido da camisa e rasgando em um RAAAAAAASH estrondoso. Lá se foi uma camisa de The Clash preta e bonita. Saí de cima dele, jogando a camisa no lado e começando a pisar no fogo que não se espalhava pela capa até que ele se apagasse. Foi como se eu tivesse me tornado uma super-heroína de um instante para o outro. Ou uma anti-heroína que causou o problema e foi obrigada a resolvê-lo, despindo seu “aminimigo”... Seu “pedra no sapato”...

Olhei para trás, e vi que ele continuava lá deitado com uma expressão congelada, o que me deu um susto.

– Ei! Matt! – berrei, correndo até ele e me ajoelhando ao seu lado – Você ta bem? Se queimou? Ta machucado?

Seus olhos me encararam, enquanto ele ainda tinha aquela expressão ridiculamente vaga. Meu coração palpitada de medo de ter machucado pra valer aquele idiota, droga!

– Cara, você ia me matar queimado. – ele murmurou, soltando um sorriso mais acanhado.

Aquilo me deu certeza que ele estava bem. Suspirei profundamente, aliviada que nada havia acontecido. E então, caí sentada ao lado de Matt, percebendo que estava suando frio e estava com as mãos tremendo. Tecnicamente, eu realmente poderia tê-lo matado.

– Me lembre de nunca mais te bater...

Murmurei. Fiquei exausta com o desespero de menos de um minuto. Então, caí de cara em cima do peito dele, o que o fez urrar de dor (eu caí de uma vez só).

É, eu sei que ele estava sem camisa. É, eu sei que alguém poderia ter visto e jamais me deixaria em paz. É, eu sei que ele faria uma piada idiota e usaria aquilo contra mim. É, eu sei de tudo isso. Eu sabia de tudo isso no momento também. Eu juro que sabia.

– Você está passando bem, jóquei de lagartixa? – ele falou, passando a mão no meu cabelo. – Está tudo bem, você já pode voltar para lá.

Levantei meu rosto do seu peito e o fitei nos olhos com uma expressão séria.

– Perdi totalmente o clima de festa... – murmurei devagar, o que fez Matt rir – Desculpa pela camisa.

– Você sabe, não sabe? Se queria estar mais próxima, bastava pedir.

Olhei para minhas mãos, elas ainda estavam sobre o peito dele. Levantei uma delas mais pela força do hábito de bater nele do que de raiva, já que eu meio que esperava um comentário assim. Entretanto, não bati nele.

– Eu não vou mais te bater, prometo. – falei com conformidade – Vou perder 50% da minha alegria nesse acampamento. Vai ser como conviver com uma pessoa completamente diferente!

Matt riu. Riu bem abertamente como se aquilo tivesse sido realmente engraçado, sentando-se ao meu lado.

– Tudo bem, então vou me apresentar outra vez. – ele falou com tranquilidade e apresentou sua mão para mim. – Sou Matthew Peter Simons. Moro em Omaha, Nebraska.

– Certo, vou entrar na brincadeira. – disse e apertei sua mão – Sou Lucia Belle Farrell. Sou de Sioux Falls... Engraçado como nenhum de nós dois sabe muito sobre o outro, não acha? Qual seu tipo sanguíneo?

Matt piscou as pálpebras e soltou minha mão, respondendo:

– O negativo... E o seu?

– AB positivo.

– O e AB... Não estranhe se nossos filhos tiverem sangue A ou B, eles não poderão ser nem O nem AB. – ele falou e me encarou como se esperasse uma resposta sarcástica ou um soco na fuça. Eu, idiota, só consegui rir e ignorar sua imaginação fértil. – Tem quantos irmão, anã? Eles também são pequenos?

– Tenho... Cinco irmãos.

O queixo dele caiu.

– Cinco? Com todo respeito, mas seus pais são... Como posso por isso delicadamente...? – ele balbuciava quase engasgando – E eu que achava insuportável ter uma irmã.

Eu ri. Sim, meus pais são quase coelhos mega férteis. Quando comecei a aprenser sobre “pássaros e abelhas” (história de como nascem os bebês), fique conturbada.

– Três são mais velhos. O primeiro é Cameron, que mora na França, seguido de Darcy e de Kendall que são gêmeos. Eu também tenho um irmão gêmeo, Edward, que deveria estar aqui comigo. E o último é o mais novo, Sean. – eu falava, mais tranquilamente. Estava desconexa da festa que acontecia na nossa frente. Eu via apenas várias pessoas desconhecidas pulando de um lado para o outro enquanto o pobre Eric tocava, tadinho. – E então... Música predileta?

Matt jogou a cabeça para o lado e falou rapidamente:

Moonage daydream do Bowie. E a sua?

Funguei com certa vergonha de admitir meu lado bonito e romântico.

Waiting for a girl like you do Foreigner.

Ele, entretanto, não falou nada. Jogou o olhar para o céu e ficou em silêncio por alguns instantes antes de voltar a me olhar.

– É aquela que o refrão é “I've been waiting for a girl like you to come into my life”? – ele falou como se cantasse na melodia certa. Era exatamente aquela música linda. Logo, assenti com a cabeça – “I've been waiting for a girl like you, and a love that will survive. I've been waiting for someone new to make me feel alive.” Eu gosto dessa música, é muito boa.

E ali, o clima voltou. É, aquele clima ridiculamente estranho que eu queria. COMO AQUILO FOI ACONTECER?

DICA 28: “Quero outro momento assim. Definitivamente, quero outro momento para tirar a prova certa! No nível: tem que tocar "Waiting for a girl like you" no fundo.”

Podia não estar tocando, exatamente, mas MATT ESTAVA CANTAROLANDO A MÚSICA. E era para mim? Não era para mim? Eu não faço ideia! Não tenho a menor ideia! Sei que a noite estava ficando quente, e pá! Eu estava perdendo o autocontrole. Estava olhando para ele, estava suspirando, estava com apertos no esôfago e no peito, estava com vontade frenética de fazer xixi... Eu não estava caindo. Eu caí e atingi o chão tão rápido que não senti o impacto que marcou o início de tudo.

Então, antes que eu pudesse falar qualquer coisa, Charlotte surgiu na nossa frente com uma risada ecoante.

– O que vocês dois estão fazendo aí?! Venham! – ela berrou.

Matt, por sua vez, saltou do chão enquanto coçava a nuca. Enquanto passava por Charlotte, ele bagunçou seu cabelo e continuou seu caminho, sumindo no meio da multidão cheia de pessoas pintadas que me dava enjoo. Eu segui todos os passos dele.

– Charlotte, eu preciso de ajuda. – falei com peso no peito me apertando ainda mais. Ela arregalou os olhos e se aproximou de mim como quem estranha um psicopata no meio da estrada pedindo carona. – Charlotte, eu estou... blerg. Estou blerg pelo Matt.

Fiz que ia vomitar.

– Você está o que?

– Estou... blerg.

Novamete, fiz que ia vomitar. Charlotte entendeu e se agaixou, colocando-se na minha frente olho no olho.

– Sabe que não precisa falar esse “blerg”, não sabe? – ela falou, rindo – Não vou achar ruim você dizer que está apaix...

Bati minha mão na sua boca para calá-la.

– Não diga em voz alta. Eu deveria esquecer que isso pode ser verdade, não admitir em voz alta. Eu estou apenas blerg.


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Notas finais do capítulo

Nas notas finais, eu queria muuuito divulgar minha nova fanfiction original hahaha "Sua Demais Para Jogar a Toalha" :D eu sempre quis escrever sobre uma protagonista chata de verdade que qualquer um odiaria kk então, lá veio a Anna e o Alex, os dois meus novos sociopatas favoritos... Enfim. Sinto muitíssimo pela demora :D mas tenho uma notícia hahahaha
SEGUNDA TEMPORADA DA FIC ESTÁ CONFIRMADA!!!
Já tenho inclusive a capa:
http://i.imgur.com/iTtCvfC.png
Espero que estejam ansiosos! Estamos chegando no final! Faltam apenas três noites para o final do acampamento! hahahahahaha um enorme beijo em seus corações lindos