Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 27
Dica 27 – Use repelente de insetos.


Notas iniciais do capítulo

Eu recebi uma enorme quantidade de ameaças de morte nos reviews do último capítulo. Provavelmente recebi alguns por não ter postado nada nos últimos vinte dias cof cof cof mas enfim... TCHARAAAAM! Aqui está o capítulo 27 e sua magnificência magnífica de paz e harmonia.
Quero pedir desculpas a todos os meus leitores lindos e amados pela crueldade que fiz anteriormente com o nosso casal Chaffrey, mas vocês não tem ideia do quanto eu me diverti lendo os reviews de raiva kkkk. Espero que gostem desse capítulo hihihi
Temos inclusive uma personagem mencionada, a Vic. Ela é um presentinho bobo para uma leitora, a Vic Scamander hahaha.
Ah, e temos um banner lindo e maravilhoso no capítulo 25! Espero que gostem :3
Boa leitura!



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Dica 27 – Use repelente de insetos.

Com toda a confusão da última dica, essa veio para amenizar as coisas. Por um breve momento, lembrei que meu caderno não se trata apenas de um diário para contar as confusões (amorosas ou não) que acometem este acampamento bizarro. É uma fonte de conhecimento para aqueles que não sabem o que acontece em um acampamento, não é?! Então aí está a dica! Use repelente de insetos! Principalmente se você está em um acampamento de nerds com prováveis insetos geneticamente modificados para ter tamanho de sapos.

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Procurei o sono durante a noite inteira, mas algo me quebrava e em cenas que nunca aconteceram... Como o rosto de Jeffrey magoado por ter perdido Charlotte para Matt, um casamento a beira mar que eu não seria convidada, discussões sem sentido, um futuro divórcio entre eles dois, eu cuidando dos filhos (que obviamente ficaram com a Charlotte), minhas ações em empresas mundialmente famosas subindo e me deixando morta de rica... Eu não conseguia dormir e não queria ficar me remexendo para não acordar Charlotte.

Charlotte falou que estava com ciúmes! Socorro! Elas simplesmente queria acabar com o único casal que me fez acreditar em amor verdadeiro durante todos esses dias de acampamento! E só tinha passado 12 dias! 12 DIAS! Parecia que já era uma eternidade naquele lugar! Todo meu tempo e toda minha energia eram consumidos constantemente em atividades e mais atividades.

E piorou naquela manhã quando Charlotte reuniu todos os Azuis na frente da Grande Casa com a seguinte pergunta:

– Então, nós somos os próximos a organizar a noite de anfitriões. Sugestões?

Como se não bastasse eu quase morrer em muitas das nossas atividades do acampamento, agora tinha que planejar uma noite de entreterimento barato com talentos que eu nem sabia se tinha.

Eric me cutucou (em meio aos meus devaneios de quem não dormiu) e falou pausadamente:

– É bom você saber fazer algo de extraordinário para nos ajudar hahaha.

Virei meu rosto para ele, mas ao invés de ver seu rosto lindo, maravilhoso e nerd, eu vi por cima de seu ombro a cara despreocupada de Matt, olhando para Charlotte. Inevitavelmente, eu fiz a pior careta que imaginei ser possível fazer.

– Lucy, a noite de anfitriões não pode ter concurso da careta mais feia. – Charlotte falou com um sorriso brilhante e irônico ao máximo! Sua aura era maligna! Eu era capaz de sentir raiozinhos saindo de seus olhos bonitos de boneca e me ferindo como se eu fosse a bruxa má da história. – Voltando ao que é realmente importante: O que faremos?

Eric riu.

– O que foi isso? – ele perguntou e eu me fiz de desentendida.

Durante a noite anterior, minha grande amiga do acampamento se tornou uma princesa má ciumenta, enquanto o delinquente juvenil tentava me seduzir e me fazia pensar em possibilidades assustadoramente nojentas.

– Longa história. – respondi o mais baixo que pude, mas recebi um olhar de repreensão de Charlotte que me mandava ficar quieta. Senti vontade de esconder minha cabeça na terra, igual uma avestruz... Igual Lily!

Não demorou até eu quase dar uma risadinha. O que não calhou bem já que Charlotte queria me fuzilar com o olhar.

– Por que não fazemos algo com gelo?

Uma voz soou e, bem, eu revirei os olhos porque já sabia de quem era a voz. Meu tão querido Matt sugeriu.

– Ah, ta. Como se fossemos fazer um musical de Frozen ou algo assim. – eu ri bem sarcástica, mas ninguém achou graça. Todos voltaram o olhar para Matt como se quisessem mais informações da ideia aparentemente inédita dele.

– Podíamos bolar sistemas improvisados de refrigeração. – ele disse com os olhos meio abertos e meio fechados, como se estivesse morrendo de sono. – Colocamos o Eric para tocar violino lá na frente, igual ano passado. Ele tava paquerando a Vic dos Laranjas, mas, sei lá, vai que ele faz algo que presta outra vez.

Eric retorceu a boca como se estivesse envergonhado. Eu não conhecia nenhuma Vic dos Laranjas! Ela tinha que ser muita coisa pra vir dar em cima do meu nerd favorito!

– Não enrola, Matt. – Charlotte falou muuuito séria, o que causou calafrios em mim (e provavelmente em Matt também).

– Certo certo. Também podíamos colocar patins, fazer tudo relacionado a gelo e inverno. – ele continuei, mas eu bufei, arrancando as atenções pra mim. – Tem ideia melhor, salva-vidas de aquário?

Dei de ombros e tentei ao máximo não olhar para Charlotte enquanto falava:

– Patins não é tão legal, estamos todos na areia, só lembrando. Poderíamos colocar uma lona branca e por uma fina camada de água debaixo dos pés de todos. Poderiamos também soltar tinta branca e luz negra por todo canto.

Eric se animou ao meu lado, rindo que nem um idiota.

– Poderíamos falar com os monitores e conseguir óxido de cobre no laboratório para deixar o fogo da fogueira azul! – ele quase berrou ao meu lado, pulando.

Assenti com a cabeça, e todos começaram a se animar. Estava ali, nosso tema era quase o “let it go” hahaha. Era um bom tema, afinal nós éramos Azuis. Charlotte gostou do plano e começou a caçar talentos entre todos nós para deixar algo mais bonito.

Eric foi o primeiro a ser chamado para tocar (ainda fiquei com a dúvida cruel sobre quem seria a tal Vic dos Laranjas). Ela passou por mim e me ignorou totalmente durante o resto de nossa reunião. Não que eu tivesse alguma habilidade mágica com instrumentos, coisa que eu realmente não tinha, mas aquilo foi cruel.

Planejamos também colocar arqueiros com surpresas de papel laminado, tinta e serpentinas, mas nem ali ela me chamou! Fiquei emburrada pelo resto do dia...

Tivemos uma manhã maravilhosa (para não dizer o contrário) na sala de ferramentas. Ali, muitos aprendiam a usar equipamentos pesados para moldar peças de madeira ou de metal, enquanto outros aprendiam a arte de entalhar e desenhar. Foi uma manhã que poderia ter sido bem aproveitada se não fosse pela situação com minha amiga ciumenta chamada Charlotte.

Tudo ficou ainda mais na cara na hora do almoço! Quando eu peguei minha comida no refeitório, olhei para os possíveis lugares para sentar: Ao lado de Charlotte em uma mesa e ao lado de Jeffrey na outra. Em minha esperança de deixar tudo na paz, sentei-me ao lado de Charlotte... Mas aí Matt apareceu do nada do meu lado!

– É impressão minha ou a comida está se mexendo mais que o normal? – ele disse.

Charlotte suspirou e se levantou da mesa.

Soltei um gemido de agonia e bati com força minha cabeça na mesa.

– O que diabos foi isso?! – Jonathan resmungou, sentando também conosco. – Quer quebrar a mesa, anã?

Gemi novamente, balbuciando algo que misturava lágrimas com “eu quebrei o coração da minha amiga”.

Eric também sentou e viu minha situação. Então falou, apontando para mim:

– O que aconteceu com ela?

– Não faço ideia. Quando cheguei, já estava assim. – Jonathan disse de boca cheia.

Jeon bateu nas minhas costas antes de sentar e brincou:

– Está se lamentando porque viu o placar, não está? Já entendi, Polegarzinha.

– Eu acho que ela está se lamentando por outra coisa. Algo que aconteceu ontem a noite. – a voz de Jenna soou e todos se viraram com atenção para ela.

Saltei com tudo de cima da mesa, olhando com susto para Jenna e imaginando que ela falava sobre minha conversinha com Charlotte dentro da barraca! Eu, pouco inteligente como sou, esqueci que Jenna tinha insônia!

– Conta mais, conta mais! – Jeon pulou na própria cadeira.

Novamente, eu grunhi algo como se falasse “não fale, por favor”, mas nenhuma palavra nítida saiu da minha boca... Quando Matt interrompeu tudo com um sorriso amarelo.

– Pois é, a Lucy não conseguiu dar o troco ontem na Esther. Eu e ela fomos ver o que a Louise e uns outros campistas iam fazer com ela, mas acabou que nada do meu plano deu certo. – ele falou, rindo o mais falso que conseguia. O que era bem nítido para mim.

– Então foi isso que você foi fazer ontem a noite nas barracas femininas?

A última fala não foi de ninguém da mesa. Olhei para trás e lá estava Charlotte com seus brilhantes olhos azuis e seu rostinho de surpresa.

Eu e Matt ficamos nervosos! Eu me peguei inquieta e piscando freneticamente meu olho direito (e ele apenas). Enquanto isso, Matt estava mais quieto e indecifrável que Rorschach de Watchmen.

– Eu e a Lucy fomos discutir umas bobagens, sabe? – ele disse com tranquilidade na voz.

Assenti com a cabeça, ainda observando Charlotte... Até que Jeon interrompeu o momento em que ela quase se convenceu de que nada havia acontecido:

– E o Jeffrey, Charlotte? Você o viu por aí?

A expressão de Jeon foi provocadora, ele queria perturbar minha amiga Charlotte por algum motivo.

– Eu o vi lá fora conversando com aquela garota dos Brancos que sempre senta com ele, a Natalie Freeman. – Jonathan disse enquanto mastigava de boca aberta.

Então eu pensei “Jeffrey conversando com uma garota? Uma garota bonita? Ele estava traindo a Charlotte? Seria possível?” e fiquei revoltada de um instante para o outro.

– O que?! – briguei, batendo a mão na mesa. Não passou meio segundo até eu dar conta que todos me olhavam e pensavam o pior de mim. Jeffrey era o cara da Charlotte, e eu era a doida que estava revoltada com ele conversando com outra garota! O que as pessoas não tinham entendido era que eu estava revoltada por aquela suposta traição! Não perdi tempo e disfarcei o que parecia ter sido um ataque de ciúmes – Aquela ali é a namorada do Eric? A tal da Vic dos Laranjas que eu nunca vi na vida, mas que tenho certeza que está ali!

Apontei para o fundo da Grande Casa, e meus amigos preciosos pareceram ter caído como patos quando se viraram para procurá-la.

– Não, sua anã retardada. Aquela é a líder dos Laranjas. Céus, você é mesmo desprovida de inteligência. – Matt falou sem paciência.

Dei um tapa em sua testa para fazê-lo ficar quieto. Em seguida, dei uma rápida espiada na reação de Charlotte... MAS ELA HAVIA SUMIDO! Desapareceu por completo sem deixar nem mesmo a fumaça do rastro. Suspirei sem saber o que fazer.

– Já quer falar sobre o motivo dessa performance de quinta categoria? – Eric brincou, apontando para mim suas sobrancelhas grossas.

– Quinta categoria? – falei com a boca no formato de uma bola de futebol americano – Querido, eu soei quase verdadeira.

Ele e Jeon caíram na gargalhada. Jonathan estava ocupado demais comendo e tentando roçar a perna em Jenna (o que deu errado, e ela acabou chutando sua canela com força). Já Matt se manteve quieto e desagradavelmente indiferente.

Todos continuaram conversando bobagens e assuntos de fora do acampamento, lembrando de coisas que viveram e achando ruim que nossos dias ali estavam contados. Eu, entretanto, não concentrei nos papos por nenhum minuto inteiro.

Na minha cabeça, a trilha sonora de Zelda, Ocarina of Time, ecoava e se esfregava em meus neurônios. Minhas mãos suavam toda vez que eu pensava em situações que não aconteceram (como o beijo que quase dei em Matt, e que provavelmente teria me matado) e nas palavras que não saiam de mim. Poxa, eu estava confusa e de entranhas embrulhadas a cada pensamento que tinha sobre Charlotte estar magoada comigo.

Jeffrey passou pela nossa mesa em alguns momentos. Sua expressão era vaga e piorava a imagem que minha imaginação projetava sobre sua tristeza. Pouco tempo depois eu descobri que não se tratava de tristeza, mas de indigestão pela comida que continha 345% de sódio a mais do que precisamos ingerir em uma semana.

E apesar de tudo, Matt continuava na minha cabeça. A lembrança de nós dois deitados nos fundos do banheiro rindo se tornou um peso que eu não queria para mim. Senti-me culpada por aquilo, por ter me deixado divertir com as bobagens que ele falava.

Ah, por favor! Eu e Matt estamos em pé de guerra desde que eu pus os pés no ônibus! Brigamos porque eu achei que ele atormentava Eric (mas resultou que eles eram até bem amiguinhos). Brigamos porque fomos atados juntos na primeira atividade do Acampamento... Tudo bem que foi extremamente divertido quase morrer afogada e depois conseguir fazê-lo gritar como uma garota... Enfim! Brigamos porque Esther aprontou pra cima dele e o fez ficar pelado na cabana do pescador que eu entrei (sei que não foi culpa dele, mas todas as piadas que envolveram depois e todas as provocações foram coisa dele!). Brigamos enquanto corríamos de Lily e suas amigas. Brigamos na noite de caça aos sutiãs (não brigamos diretamente mesmo, eu apenas arruinei todos os planos terríveis dele, Jonathan e Lucky). Brigamos quando eu quase o matei (mas só tentava acertar uma flecha na sua bunda, nada mais). Brigamos quando ele me agarrou sem mais nem menos!

AHHHH! Ali, a culpa dele foi imperdoável! Nem mesmo tinha sido um beijo bom! Foi só um choque grosseiro de lábios forçado.

Hmm... Hmm...

“O que diabos eu estou fazendo...?” eu me perguntava. O beijo continuou ruim, as brigas continuaram as mesmas, mas eu ri tanto com todos aqueles amigos. Eram meus amigos, certo? Charlotte principalmente, e na hora ela estava chateada comigo.

Levantei-me de vez e saí pelo refeitório sem ter tocado na comida. Valentina chamou minha atenção, então tive que voltar e levar o prato até a cozinha para ser limpo... Mas logo após esse pequeno contratempo, corri atrás de Charlotte!

Os Azuis foram reunidos para terminarem de organizar a noite de anfitriões ao final da tarde. Entretanto, Charlotte pediu que Eric comandasse as decisões, enquanto ela pedia ao Sr. Turner para utilizarmos o óxido de cobre para o fogo azul. Meu plano era ir falar com ela assim que retornasse!

– Então, Marlene e mais três ficarão responsáveis pela refrigeração. Eu consegui com a Valentina caixas grandes de isopor, vi uma vez na internet uma maneira fácil de conseguir a refrigeração. Colocamos gelo nas caixas e isolamos uma entrada para um ventilados, deixando uma fresta para sair o ar frio. – disse Eric.

Marlene assentiu com a cabeça, falando:

– Pode deixar, conseguiremos com outros campistas os ventiladores.

– Precisamos de uma lona branca, então Lucy vai atrás do Quentin e da Jean para que eles liberem. – continuou meu nerd favorito. – Eu, Chris e Rider vou atrás da tinta branca, e Matt vai atrás da luz negra.

– E como vai ser a divisão do que faremos na apresentação? – Marlene perguntou com os olhos comprimidos.

Eric apontou para Matt. A ideia inicial era dele, então estava responsável por aquela parte.

– Certo, certo. Eric e você, Marlene, vão entrar com a música de fundo e com arranjos épicos. – ele começou, apontando para quem ele nomeava. – Charlotte, Sabrina e Belle estarão com roupas de ninfas azuis e serão responsáveis por fazer o fogo azul. Ela já me falou que vai combinar uma coreografia com vocês, então não se preocupem. Eu, Lucy, Chris e Baltazar vamos ficar responsáveis por atirar com arco e flecha sacos com tinta em pó. O resto vai jogar água no chão e começar a pintar todo mundo. Vai ser uma grande festa.

Todos assentiram com a cabeça.

Como minha responsabilidade era pequena, tratei de riscá-la da lista “o que fazer” do dia. Ainda precisava falar com Charlotte.

Corri para encontrar Jean Devosso, mas demorei a encontra-la. Estava na Grande Casa reunida com outros monitores por contra da organização do teste de coragem que viria no dia seguinte à nossa noite de anfitriões. Esperei por mais de meia hora que ela saísse, o que não foi nada agradável já que final de tarde em acampamento significa: Mosquitos.

– Estava te procurando, Jean! – berrei quando a vi sair.

Jean sorriu e foi ao meu encontro, enquanto os outros monitores debandavam da Grande Casa.

– Charlotte me falou que alguém viria me pedir a lona. Não achei que fosse você hahaha.

Pisquei os olhos com certa dúvida.

– Por que? – murmurei.

Ela deu de ombros e falou rapidamente:

– Não achei que ela fosse te pedir algo. Achei que ela mesma fosse resolver tudo da noite de anfitriões.

– Jean, a Charlotte falou algo com você? Algo sobre o Jeffrey ou o Matt... Ou sobre mim? – não evitei perguntar. Entretanto, Jean continuou me encarando como se não estivesse entendendo a situação. – Ela está meio chateada comigo porque acha que tenho algo com o Matt.

Ela levantou as sobrancelhas e riu, parecia que a ficha havia caído.

– Esqueça isso, Lucy. – ela disse, ainda rindo – Minha irmã é uma pessoa complicada. Deve estar se roendo de ciúmes de você e Matt juntos.

– Charlotte? Com ciúmes? Do Matt? – falei pausadamente, digna de Oscar por atuar minha surpresa. – E por que ela não tinha ciúmes da Esther com ele?

Jean sorriu e apontou para trás de mim, sorrindo.

– Por que não vai perguntar a ela?

Virei-me e vi que Charlotte estava escorada na parede da Grande Casa nos olhando. Não evitei engolir a seco, existia uma grande possibilidade de ela querer me trucidar.

Despedi-me de Jean e caminhei na direção de Charlotte, considerando seriamente fugir dali e nunca mais olhar na sua cara. Fui acomedida por pensamentos. “Como estou sendo boba, é só a Charlotte. Eu e Matt não tivemos nada! Quem ta querendo trair o casal perfeito Chaffrey é ela!”.

– Oi, Charlotte.

Ela me encarou nos olhos com o rosto rígido e sério, dando um passo na minha direção. E outro passo. E outro passo. Por um momento, aceitei que havia uma divindade e que logo logo eu iria me encontrar com ela. Fato engraçado sobre ateus: antes da morte, nós pensaremos na possibilidade grande de existir um ser superior.

Logo após aqueles passos, Charlotte me abraçou. E não foi um abraço qualquer! Foi um abraço terno com meiguice e uma voz suave que dizia:

– Eu exagerei, me desculpa.

Não evitei e derreti ali nos braços de Charlotte como um chocolate de pouca qualidade.

– Quem te deve desculpas sou eu. – falei, assumindo a culpa que eu sabia que não era minha de uma briga que nunca aconteceu – Eu devia ter esclarecido tudo para você e para Matt.

Ela me largou, sorrindo com cuidado.

– Eu sei que você não tem nada com o Matt. Ele mesmo veio falar comigo. Mas saiba que agora apoio vocês dois. – disse ela.

Meus olhos saltaram, e um mosquito picou meu pescoço. Bati com toda força dele antes de indagar:

– O que? Matt foi falar com você?!

– É, ele estava vendo como eu estava te tratando e foi esclarecer tudo comigo. – quando ela falou aquilo, meu queixo caiu! Matt não tinha nenhum direito ou dever em ir atrás dela! Ainda mais porque... PUTZ! Ele estava achando que eu estava gostando dele e por isso Charlotte ficou com raiva! – É, não foi a melhor das decisões dele. Mas escute, nossa conversa foi boa e...

Ela se interrompeu, batendo com força no próprio braço. Provavelmente um mosquito a pegou.

– O que exatamente ele te falou?

– Nada demais. Só foi me perguntar o motivo de eu estar chateada com você. – falou pausadamente – Depois de muita insistência, eu falei sobre Jeffrey, que por algum motivo ele já sabia que tinha ido se declarar para mim, e falei também que tinha ficado com certo ciúme de vocês dois.

Outro mosquito me picou, desta vez na testa – o que causou uma autoflagelação esquisita para Charlotte.

– E ele, o que disse? – eu disse, observando ao nosso redor se havia mais mosquitos.

– Ele me chamou de maluca e jogou na minha cara que eu dei um fora nele tempos atrás, que agora não era hora de gostar dele. – Charlotte suspirou. Aquilo deve ter doído mais que eu imaginava – Também disse que eu não gosto dele, que na verdade meu subconsciente está colocando obstáculos no “felizes para sempre” com Jeffrey. Tanto que, ao saber que ele estava conversando com a garota dos Brancos, fiquei possessa de mágoa.

O que ele disse realmente fez sentido. Nunca imaginei que Matt poderia ter esse lado profundo... E, pensando melhor, ele também deveria ter ficado magoado. Afinal, ele era apaixonado pela Charlotte, tinha uma obsessão pela irmã dela e, agora, um grande amigo estava apaixonado por ela.

– E o que você pensa agora? – perguntei devagar.

– Eu estou b... FILHA DA PUTA!

Charlotte gritou repentinamente e jogou o corpo para trás. Tomei um baita de um susto com o grito porque não esperava. Mas o motivo do grito foi o verdadeiro susto do dia.

Atrás de Charlotte, com um zumbido vindo do inferno, o maior mosquito que já vi na vida surgiu! Ele era preto, feio, com um ferrão assustador e o tamanho de um sapo!

Apesar de toda minha masculinidade e coragem, não havia pessoa humanamente capaz de encarar aquele bicho. Eu e Charlotte berramos e saímos correndo para as barracas femininas com o susto escancarado em nossos rostos.

Não demorou até chegarmos em nossa barraca e começarmos a gargalhar juntas, imaginando quão estranho foi para alguém de fora.

– Que diabos de bicho era aquele?! – berrei sem fôlego.

Charlotte continuou rindo e puxando ar violentamente para os pulmões.

– Me lembre de nunca mais ficar sem passar repelente de insetos.

– Me lembre de comprar um repelente de insetos próxima temporada! – falei com exagero, e ela riu.

Então, as gargalhadas pararam.

– Fico feliz de saber que vai voltar próxima temporada. – Charlotte disse com um sorriso de Barbie. Essa garota tinha um brilho ofuscante, era cruel ficar perto dela. – Eu estou bem, Lucy. Matt tem razão, algo está me impedindo.

Sorri de volta para ela, dizendo:

– Talvez você esteja tão acostumada em estar sozinha, que é difícil saber se deve ou não se atar a alguém. O Jeffrey é a terceira melhor pessoa desse acampamento... Eu sou a primeira e o Eric é o segundo hahaha. Da uma chance para ele te fazer feliz.

Novamente, Charlotte me abraçou. Fiquei tão tranquila no momento que sequer prestei atenção que no seu cabelo tinham DOIS MOSQUITOS MONSTROS!

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHH!

Como resultado do desastre com os mosquitos, nossa barraca foi revirada de ponta a cabeça até que os dois fossem mortos. Não demorou muito, afinal eles tinham tamanho de sapos! É, SAPOS! Se Jack estivesse ali, teria comido os dois... #sddsJack


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Notas finais do capítulo

Estou me coçando para fazer outras crueldades kkk juro que estou. Mas ainda não é a hora certa ¬u¬ esperem minhas cartas na manga MUAHAHAHAHAHAHA.
Beigos no coração!