Como Sobreviver Num Acampamento De Nerds escrita por Pequena em Paranoia


Capítulo 21
Dica 21 - Às vezes, é necessário quebrar as regras


Notas iniciais do capítulo

Todos juntos contra Esther (que vai ganhar um apelido divertido kkk). Muuuito obrigada pela recomendação lindja da minha lindja -bia-bia- hahaha fofíssima



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/195989/chapter/21

Vigésima Primeira Dica: Às vezes, é necessário quebrar as regras.

Esther não deveria ser considerado um ser humano, isso eu acho que os 7 bilhões de pessoas da face da Terra concordariam se a conhecessem... Mas enfim, nada mais me surpreende na maldade humana. E que surpresas eu tive nesse dia inesperado em sua totalidade! A minha dica é que às vezes é necessário quebrar as regras. Às vezes é necessário porque muitas pessoas tentam nos passar a perna... Então se for passar por cima de alguma regra, tenha consciência e se esforce para não ser pego!

.

Na sala dele, estávamos eu, Matt, Jeffrey, Valentina, Charlotte (em uma ressaca medonha) e o pobre e inocente Jack. Logo após a situação ter sido dedurada por Esther, fomos levados por Valentina para lá a fim de esclarecer tanto a bebedeira clandestina quanto a presença de Jack em nossa barraca. Era cerca de três da madrugada quando o Sr. Turner chegou a sua própria sala.

– Então foi verdade mesmo? – Sr. Turner falou muito sério.

Valentina assentiu com a cabeça, deixando montanhas de caspas caírem no chão e a pele oleosa quase espirrando em nós.

– A garota Lucia Farrell é responsável por embebedar a Charlotte e por querer assustá-la com o jacaré na barraca. Os rapazes estavam com ela, devem estar também no plano. – ela resmungava e nós revirávamos os olhos. Charlotte estava tonta e enjoada demais para assimilar o que falávamos – Jeffrey Larsen é do time adversário, e Matthew Peter é seu vice, deve querer sua posição. Quanto a Lucy, pelo que minha fonte falou, quer atingir a irmã de Charlotte, Esther Devosso.

– O QUE?! – berrei ao escutar aquilo! Esther era descarada demais para inventar mentiras tão horríveis quanto aquelas! O que fariam sentido se eu não soubesse do real motivo da confusão: A PRÓPRIA ESTHER!

– Quieta, Lucy. – Jeffrey me cutucou ao falar.

– Então quem arquitetou a maior parte? E quem conseguiu o filhote de jacaré? – o Sr. Turner murmurou, ainda sério em toda a sua banha horrível. Ele provavelmente me expulsaria do acampamento depois daquela confusão toda.

Valentina apontou o dedo gordo de salsicha para a minha cara. O que fez com que Jeffrey tentasse falar algo. Matt, do contrário dele, ficou contendo risadas.

O Sr. Turner então suspirou e pediu que todos saíssem da sala, com exceção da aparente “mente maligna”, eu. Todos obedeceram contra as próprias vontades, principalmente Jeffrey que estava bastante preocupado, enquanto Matt levava Charlotte apoiada em seu braço.

– Sr. Turner, eu preciso dizer para o senhor que isso é tudo invenção da Esther e que...

Ele retirou então uma pasta de papel com várias anotações de uma gaveta de sua escrivaninha.

– Então conte-me, Srta. Farrell, o que houve para que eu acredite em você, e não na fonte de Valentina? – ele falou e eu fui encurralada. Não podia falar do encontro, certo? – Vou facilitar para você. Conte-me como o jacaré foi parar na sua barraca.

Engoli a seco e falei rapidamente:

– O senhor vai transformá-lo em sopa?

O Sr. Turner riu abertamente, contrapondo sua posição séria.

– Não, não vou transformá-lo em sopa. Quero apenas saber o que aconteceu, daremos a ele um destino melhor do que uma barraca com meninas histéricas.

– Bem sinceramente, não sei como ele foi parar em minha barraca. – eu disse, e aquilo era verdade. – Digo, eu e as outras meninas da barraca suspeitamos que alguém o colocou lá noites atrás.

– Em que noite? Algum evento especial ocorreu para que fosse possível isso? – ele falou e eu dei entre ombros. Como resultado, ele suspirou e abriu a tal pasta, folheando algumas páginas antes de voltar a falar – Sabe, Lucy, eu não converso muito com meus campistas, com exceção dos líderes de equipes. Alguns monitores tem minha benção para ficarem de olho em vocês mais atentamente, dando para mim detalhes como: Em que meio fulando anda. Com quem sicrano conversa. O que beltrano costuma falar ou comer. Assim, eu tenho maior controle sobre vocês na forma de monitoramento, podendo intervir muitas vezes com as provas, nos meio em que vocês são inseridos e através dos próprios monitores.

Pisquei violentamente, enquanto ele ainda folheava a pasta.

– E... Em que contexto eu me insiro nisso?

– Vou lhe dar um exemplo! – ele me fitou com seus olhos claros e tranquilos, dando até um sorrisinho – Esther Devosso foi um problema desde o início, não era uma moça muito sincera e costumava quebrar algumas regras mais duras, isso alguns monitores observaram. Ano passado, Anna Pierce e Louise Morgan juntaram-se a ela, tornando-se garotas com as mesmas qualidades, logo eu as separei de barracas este ano. Pierce é sucessora de uma grande empresa de celulares, enquanto Morgan é uma maravilhosa estudante de botânica e acompanha as pesquisas da mãe. Eu queria que elas se aproximassem de pessoas como Charlotte, mas infelizmente não bastou mudá-las de barraca.

Então as coisas começaram a fazer sentido: ELE ERA UM SALAFRÁRIO MANIPULADOR DE NERDS!

– Então o senhor monitora todos? Todos mesmo?

– Sim, mas espero sinceramente que isto fique entre nós, senão eu saberei. – ele falou com uma simplicidade aterrorizante – Sei que você tem um apreço grande por Charlotte Devosso e acho saudável a amizade de vocês, além de meus queridíssimos Jeffrey e Matt.

Meu queixo caiu e eu não evitei soltar um resmungo já clichê:

– Como o senhor consegue gostar do Matt? Ele não é uma má influência?! Se o senhor realmente nos monitora, deve saber que ele é um idiota oportunista tarado!

Novamente, ele riu.

– Matt tem suas qualidades também. É um rapaz extremamente inteligente e dinâmico. Eu mesmo escrevi uma carta de recomendação para ele concorrer a uma bolsa no MIT (instituto de tecnologia de Massachusetts). Por mais defeitos de comportamento, o rapaz tem boas amizades e é minha aposta para futuro marido da brilhante Charlotte.

Matt? E Charlotte? JUNTOS?! Imaginei os dois numa casa, rindo e oferecendo um ao outro torradas com nutella, comendo morangos, falando de trabalho na mesa enquanto ensinavam os filhos a cortar a carne direitinho... Ai que nojo daquela cena!

– O senhor é um louco...

– Mas eu também gosto muito de você, Lucy. – ele falou e encontrou a página que procurava. Então mostrou para mim algumas fotos minhas. Havia uma foto comigo e com meus amigos na mesa durante um jantar. Uma foto minha e de Matt na ilha durante o desafio de confiança. E por último, uma foto minha e de Jeffrey no cercado das avestruzes – Não querendo me meter, mas se você não tivesse se metido nesta enrascada de agora, seria uma maravilhosa líder dos Azuis quando Charlotte deixasse o acampamento, apesar de seu pavio meio curto. Você é inteligente e tem resistência física.

Na hora, eu fiquei derretida pelo Sr. Turner! Definitivamente, aquele cara era o máximo e sabia ver o melhor das pessoas! Poxa, eu... Líder dos Azuis... E não o Matt... Se eu pudesse esfregar isso na cara dele, ou até mesmo deixar (por um acidente não premeditado) cair esse caderno para ele ver... Nossa, seria maravilhoso.

Bem, o Sr. Turner realmente era misterioso. O que me surpreendeu, foi pensar que ele havia deixado todos os eventos clandestinos acontecerem, como a caçada aos sutiãs e o encontro. Mas agora pensando, em todo governo não ditatorial, os soberanos sabem de certas coisas que burlam regras, mas fazem vista grossa por interesses pessoais. Qual o interesse do Sr. Turner, eu ainda não sei.

– Certo, e o senhor está me dizendo tudo isso porque vai me expulsar para servir de exemplo? – falei com um pé (ou quatro) para trás.

Mais uma vez, ele riu.

– Para servir de exemplo, irei retirar 100 pontos dos Azuis e o colar da Charlotte, mas não expulsarei você.

CEM PONTOS! PUTZ! ERA MELHOR TER ME EXPULSADO!

– Agora todos vão me odiar. – eu brinquei.

– São poucos os campistas e monitores que sabem o que acabei de lhe contar. Só contei a você porque sua inocência é clara para mim, mas não para os outros, como Valentina. – ele falou e fechou a pasta, suspirando – Vá e vença esta competição, ou volte ano que vem e dê o seu melhor. Gosto de você, quero ver até onde seu potencial vai. Veja se consegue colocar meu neto no eixo, certo?

Meu ego inflamou, apesar de estar morrendo de sono e ainda ter uma quantidade mínima de álcool no sangue.

– E o que o senhor fará com os outros? E Esther? – murmurei antes de sair.

Ele apenas sorriu e me assegurou que ela pagaria de outra forma. Quando saí da sala, ainda de queixo caído, anunciei a notícia dos pontos, mas nem Matt não reclamou, como eu pensei que faria. Jeffrey ficou tranquilo. Charlotte, para desgosto de todos, começou a vomitar.

.

Os Azuis passaram o dia no parque aquático, mas eu havia sido proibida de participar da atividade do dia por conta do meu comportamento. Então, fiquei apenas observando de longe enquanto eles brincavam felizes da vida em piscinas aquecidas, toboáguas gigantes e surfavam em ondas artificiais. Charlotte estava para morrer em seu enjoo horrível, então ficou comigo o tempo inteiro.

Na manhã daquele dia, eles anunciaram novamente que os testes para os papéis na peça ocorreriam durante o final da tarde.

– Será atribuído de 20 pontos por pessoa que participar na peça como ator. Aos que atuarem como Romeu e Julieta, os principais, serão atribuídos 40 pontos para cada. – o Sr. Turner anunciou no café da manhã, o que levou todos os Azuis a loucura para recuperar os pontos perdidos. – Por conta dos testes, a noite de anfitriões dos Laranjas ocorrerá amanhã... Uma boa sorte a todos, meus cães!

Textos foram distribuídos a todos os que se ofereceram a participar. Eu e Charlotte, inclusive, pegamos textos.

E os Azuis realmente ficaram chateados, mas acreditaram em Matt quando ele falou que a culpa era da Esther (resumindo: todos a queriam morta). Estávamos em último lugar com 155 pontos. Se não fossem os 100 pontos retirados, estaríamos em primeiro! Entretanto, os Laranjas estavam em primeiro com 215 pontos, seguidos dos Brancos empatados com os Vermelhos com 210 pontos. Logo depois estava o Amarelo que subiu de último lugar (desde minha última contagem) e ficou com 190 pontos. Em seguida estava o Verde com 170... E nós... Bem... Nossa chance seria ganhar ali no parque aquático – o que fizemos e subimos mais 50 pontos, saindo da zona de rebaixamento.

Eu e Charlotte (ou o resto dela) conversávamos enquanto assistíamos Matt dar uma surra num garoto Verde.

– Estou passando muito mal... – ela murmurou e quase vomitou. Joguei o saco de papel que havia recebido de Quentin na cara dela – Obrigada, Lucy. Já começou a olhar seu texto?

– Já, e estou bem confiante de conseguir algum papel. – falei com um sorriso bem grande, o que a deixou confortável. Precisávamos dos pontos. – Acho que você vai ser Julieta. Sempre escolhem as perfeitinhas para os papéis principais nos filmes de comédia romântica adolescente. E Jeffrey será Romeu, disso eu tenho quase certeza.

Ela ergueu as sobrancelhas e falou lentamente, girando a cabeça de lado um pouco:

– Então você não tem problema se eu contracenar com o Jeff? Mesmo?

– Quem? Eu? Nenhum! Você e Jeffrey são ótimas escolhas para peças assim e...

– Lucy. – ela me interrompeu, olhando no fundo dos meus olhos – É uma peça romântica. Você não tem problema com isso?

Antes que eu pudesse responder que estava tudo bem e que não haveria problema nem ali nem em Namekusei, Eric nos interrompeu com saltos alegres e berros:

– Vamos ganhar hoje! Venham! Vocês duas precisam ver a última prova!

Charlotte acabou levantando-se com tontura e deixando para lá a pergunta que me fez, o que me deixou com umas cinco pulgas atrás da orelha. Os Azuis ganharam! Yay! Mas não ficamos com pontos o suficiente para sair da lanterna do campeonato nerd. Acabei me esforçando bastante (sim, eu realmente me esforcei) para passar naquele teste.

Se bem que ela fez o que fez com a própria irmã! Aquela vaca despeitada sem vergonha... Fiquei imaginando se Matt ainda a endeusava depois daquilo! O que eu perguntei antes do jantar daquele mesmo dia, antes que todos os outros sentassem na mesa que frequentemente sentávamos.

– E aí, ainda com sua paixão doentia pela Esther? – falei e o encarei. Ele, entretanto, não me devolveu o olhar, apenas riu. – Vamos, fale logo, delinquente. Ela não presta, você não pode me dizer que ainda é louco por ela!

Foi aí que ele me olhou nos olhos bem devagar, levantando os pequenos cachos de seu cabelo que cobriam parte do seu rosto baixo. Senti algo de diferente. Eu não deveria ter provocado muito...

– Apesar de o coração ter razões que a razão desencontra e desconhece, estou com raiva. – ele disse e parou de me encarar. Charlotte havia chegado em seu enjôo de um dia inteiro – E aí, como está se sentindo, Char?

Ela respondeu que estava bem, e eu apenas observei os dois. Matt sempre foi mais cuidadoso com Charlotte e, naquele momento, estava em confronto interno com seus supostos sentimentos por Esther por causa da Charlotte. Aquilo era no mínimo estranho. Digo, Charlotte é perfeita e tudo mais, mas... OH MEU ZEUS! MATT E CHARLOTTE REALMENTE PARECIAM UM CASAL! A mocinha e o delinquente... O SENHOR TURNER ESTAVA CERTO O TEMPO TODO!

Sacudi a cabeça e voltei minha consciência para o mundo real no momento que Jonathan, Jeon, Jenna e Eric sentaram-se.

– Tenho que arrumar uma maneira de me vingar da Esther. – falei rapidamente.

– Eu apoio. – Jeon murmurou, dando entre ombros – Achei a maior sacanagem o que ela fez com nossa querida Charlotte... Com você também, Lucy hahaha.

– O que houve pra você querer se vingar da Esther? – Jonathan falou.

Eric explicou, enquanto Jonathan fazia cara de idiota, estava de ressaca também. Já Matt não falou nada.

– Algum de vocês sabe se ela vai fazer o teste para a peça? – eu disse, e Jeon confirmou que ela faria – Poderíamos pegar o restante de tinta dos Brancos e tingir as roupas dela. Ou o cabelo dela.

Meu nerd favorito (Eric) negou com um movimento de cabeça.

– Você pensa pequeno. Eu conheço Esther desde sempre, então, acredite em mim, ela merece coisa pior. – Eric falou e se aproximou de todos. Ficamos curiosos para saber seu plano, então nos reunimos ainda mais na mesinha. Com exceção de Matt, que ficou ainda no debate de seu anjinho de demôninho sobre ajudar ou não. – Façamos o seguinte...

INFORMAÇÕES OMITIDAS PARA O FINAL!

O Sr. Turner organizou os testes de forma secreta dentro da Grande Casa, o que nos permitia liberdade enquanto a maioria dos monitores estava ou avaliando testes, ou controlando o pessoal do lado de fora. Os poucos que sobravam, ficavam nas barracas para monitoramento.

Sinceramente, não esperava que algo tão maléfico e ressentido saísse do rapaz. Ele era, sem dúvida, um nerd magoado por uma bullie. E, devo admitir, eu já estava ficando boa em quebrar regras (regras estas que eu não conhecia porque não tinha me dado o trabalho de ler nenhuma instrução que Charlotte me deu desde o início do acampamento).

Tudo comigo e Jonathan a caminho do Arsenal. Precisávamos das armas utilizadas na Guerra da Secessão de paintball, que Eric apostava com tudo estarem guardadas lá. Jenna falou que Jonathan conseguia invadir a salas dos professores da escola deles (eles estudavam juntos fora do acampamento, o que eu achei meio perturbador já que eles quase não trocavam palavras).

Eric e Jeon conseguiram máscaras para nós, afinal tínhamos medo de que houvessem câmeras no Arsenal, indo logo em seguida até o viveiro das aves para conseguir cocô de avestruz (espécie que estávamos muito familiarizados). Charlotte e Jenna agiriam normalmente enquanto vigiavam Esther. Charlotte ia continuar passando mal, então era de pouca ajuda para o plano de Eric.

Matt, entretanto, tinha um papel crucial! Seu objetivo era seduzir Esther. O que era extremamente difícil para ele enquanto tentava, mas ao passo que esnobava a Devosso-cobra, ela ia atrás dele. Não deu outra! Não tínhamos nem terminado o jantar quando ela veio ao encontro dele, dizendo:

– Gatinho, sinto muito pelo que aconteceu. Eu não queria que você tivesse ido com a nojentinha anã. – ela falou e eu quis vomitar.

– É, Esther. Sua brincadeira de mal gosto custou muito à sua própria irmã. – Matt resmungou e tentou sair de perto dela. Esther, entretanto, segurou seu braço e fez cara de choro, quase derretendo Matt. – Não faça essa cara, Esther.

– O que acha de nos resolvermos, gatinho? – ela disse, piscando os olhinhos e em seguida me olhando com cara de diabo – Vamos conversar lá fora enquanto os testes não começam...

Eric quase comemorou quando Matt foi arrastado pela peçonhenta. E assim começou o plano...

– Aai, merda. Pisei em alguma coisa. – resmunguei. Estávamos no meio do nada, procurando pelo Arsenal com a lanterna que roubei de Louise Morgan. – Você sabe mesmo por onde está indo?

– Para de resmungar, baixinha. Meu avô tem câmeras em todo canto desse acampamento.

Fiquei calada, assim como ele, até chegarmos ao Arsenal. A noite estava começando a ficar fria, então Jonathan se esforçou para abrir o mais rápido possível a fechadura do cadeado gigante que guardava a entrada.

Finalmente entramos depois de um bom tempo de espera e agonia. Se eu fosse descoberta daquela vez, não teria escapatória da expulsão! Usamos as máscaras o tempo inteiro, então não seríamos descobertos de maneira alguma (eu esperava). Estava me sentindo em Missão Impossível.

– Pam pam pam pananananam. Pam pam pam pananam... – fiquei cantarolando.

Jonathan se voltou de imediato e cutucou minha testa furiosamente.

– Não tem noção do perigo, polegarzinha?

– Está me dando apelidos igual ao M... Você sabe quem. – resmunguei e tomei sua frente.

Acendi a luz e vi um universo de coisas esparramadas e empilhadas. Senti-me na Sala Precisa! Havia ainda mais um andar embaixo do chão, um tipo de porão sei lá. Não nos demos o trabalho de continuar o trajeto, pois as armas de paintball estavam ao alcance das mãos. Pegamos uma arma e cinco balas marrons por precaução. As balas estavam em uma maleta gigante, divididas por cores.

Corremos como tudo de volta para a Grande Casa, mas não fomos na direção da entrada. Nosso objetivo foi entrar pela cozinha, que imaginamos estar desocupada.

Do lado de fora da cozinha, estavam Jeon e Eric com um saco de plástico cheio e fedorento...

– Finalmente chegaram. E aí, estão prontos? – Jeon disse muuuito animado, quase pulando.

– Deixarei o saco com a Charlotte, Lucy. Certifique-se de entrar logo antes da Esther. – Eric falou baixinho e eu assenti com a cabeça.

Dei a volta na Grande Casa e dei de cara com a fila dos testes já pequena. Havia algumas campistas chorando do lado de fora, enquanto outras pulavam confiantes. Os meninos já não faziam muito alarde. Já Esther, estava ainda conversando com Matt, que fazia cara de tédio – mas eu tenho certeza que estava morrendo de felicidade por ter passado tanto tempo com ela.

– Matt, vamos fazer o teste! – eu falei, caminhando na direção deles e recebendo um olhar “morra” de Esther – O que foi, cobra peçonhenta? Perdeu a cara de pau ou as lágrimas de crocodilo?

– Quem perdeu o jacaré foi você, gnoma. – ela falou e eu vi o veneno escorrer de sua boca. Eu ia bater nessa garota no final do acampamento... – Saia daqui, não vê que estamos conversando?

– Não saio sem o Matt. Vamos fazer o teste.

Peguei a mão dele e comecei a arrastá-lo para a fila dos testes. As mãos de Matt eram ásperas. Agora percebi que nunca tinha tocado nelas de verdade.

Esther então mordeu a isca e puxou Matt, passando na sua frente e ficando logo atrás de mim na fila dos testes.

– Escuta aqui, garota, eu posso te destruir a qualquer momento. Fica na sua e sai de perto do que é meu. – ela resmungou como um cachorro babão. Eu apenas sorri.

– Que tal apostarmos. O Matt é meu se eu conseguir o papel principal. O Matt é seu se você conseguir o papel principal.

Matt arregalou os olhos e se sacudiu, empurrando meu ombro com dois dedos.

– Que história é essa de “o Matt é meu e o Matt é seu”?! – ele brigou, mas Esther passou na sua frente, interrompendo-o com o dedo apontado para minha cara.

– Veremos, porteira de maquete.

Eu odiava quando apontavam o dedo pra mim. Levantei uma sobrancelha e retirei seu dedo gordo da minha direção. Sorri o mais ironicamente que pude e falei, antes de entrar na Grande Casa para meu teste:

– Pode vir, biscate.

Entrei e fiquei ainda mais animada com a vingança se aproximando. Eric tinha realmente caprichado no planejamento de uma vingança conjunta. Eu nem tive tempo para pensar direito no que se aproximava...

– Lucy, pode vir mais rápido? – Jean Devosso falou e sua voz ecoou no salão. Ela estavam sentada em uma mesa com outros monitores. Na frente deles, no palquinho que o Sr. Turner sempre falava de anúncios e blá blá blá, estava o local onde eu deveria me apresentar – E então, vamos começar?

Subi rapidamente lá e enfiei as mãos na calça, recitando com meu coração e meu tornozelo arranhado:

– "Meu inimigo é apenas o teu nome.Continuarias sendo o que és, se acaso Montecchio tu não fosses. Que é Montecchio? Não será mão, nem pé, nem braço ou rosto, nem parte alguma que pertença ao corpo. Sê outro nome. Que há num simples nome? O que chamamos rosa, sob uma outra designação teria igual perfume...”

Falei outras mil palavras, era um texto enooorme! Uma fala gigante de Julieta. Ao final de minha apresentação, olhei para os monitores em seu silêncio abusivo e perturbador.

– Muito obrigada, Lucy! – Jean falou com animação – Muito bom! Você vai gostar do resultado dos papéis amanhã! Pode sair... Chame o próximo.

Sua animação foi estranha. Sinceramente, eu tinha medo de ficar com o papél principal. Eu não deveria ter um medo assim, certo? Enfim... Saí rebolando o quadril e olhando fixamente para Esther em seu ódio transparente. Era hora do show.

Corri para trás da Grande Casa com Matt, que resmungava que estávamos errado e não deveríamos estar fazendo aquilo. Eu ignorei, estava tudo bem por mim. Quando finalmente chegamos, entramos pela cozinha e nos juntamos a Eric e Jonathan, ambos observando atentamente Esther entrar e começar a falar seu texto.

– Não vai machucá-la, vai? – Matt sibilou.

– O tiro vai a 90 m/s, não se preocupe. A distância que estamos, ela tomará um grande susto e sentirá só um pouco de dor. – Eric disse com calma, balançando a cabeça para Jonathan.

Jonathan pegou a arma e se pendurou em uma pequena janelinha entre a cozinha e o salão... E BANG! A bala marrom acertou em cheio a bunda de Esther.

– AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!

Seu grito de dor doou como melodia. Sua bunda estava toda manchada, parecia que ela tinha feito cocô nas calças, o que foi hilário para mim, Eric e Jonathan! Matt apenas fingiu que não achou graça. Então, corremos para o lado de fora da Grande Casa, atrás de saber o fechamento do show:

Esther saiu desesperada da audição, quando foi atacada pelo saco de cocô que Charlotte levava consigo. Todos começaram a chamá-la de “Esther esterco”. Nós a fizemos correr para as barracas femininas com os olhos queimando de raiva. “Esther esterco” teve o que merecia!

Entretanto, em momento algum Matt riu de verdade. Fiquei imaginando se ele já me odiava...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aaaaaí? Eric ta cada vez mais fofinho? hahaha. Espero sinceramente que tenham gostado! O próximo chega logo logo (e eu prometo que será mais curto kkk). Um enorme beeeigo no coração! *--*