Capítulo 2 – Despedidas

- Ele disse que te esperaria em algum lugar específico? – Perguntou Emmet Enquanto dirigia.

- Não. Mais ele disse que deixaria um rastro. – Estávamos entrando em Vancouver ainda.

  Eu olhava a cidade pela janela, a chuva batendo no vidro, luzes, pessoas se divertindo, casais namorando. Às vezes penso como teria sido a minha vida se eu tivesse nascido em uma família melhor, teria sido tudo diferente. O fato é que não odeio Riley por ter me transformado em vampira, o odeio por ter matado Diego e por ter me enganado. Riley me tirou de um inferno real e me jogou às cegas em um mundo ao qual eu não conhecia nem em sonhos. Eu me questionava sobre minha existência, na floresta com os Volturi eu ouvira de Edward que era tudo por vingança.

- Então toda essa guerra foi por causa de uma humana. – Não era uma pergunta. Pude ver que Carlisle e os outros ficaram desconfortáveis.

 - É uma história longa e complicada Bree – Disse Carlisle me olhando pelo espelho retrovisor do carro. – Quando Edward e Bella começaram a namorar, chegaram três vampiros na cidade. James, Laurent e Victória. James queria se alimentar de Bella e Edward é claro interviu, matando James. Laurent não quis participar da briga e foi embora, Victória fugiu, mais acontece que há um tempo descobrimos que Victória era companheira de James e que preparava uma vingança contra Edward, ela queria matar Bella, queria que Edward sentisse o mesmo que ela.

- Vocês eram apenas peões – Disse Jasper sem nenhuma emoção. – Foram criados para ser uma distração, para morrerem enquanto ela pegava quem ela queria.

- JASPER! – Emmet o repreendeu – Não fale assim com ela, ela agora é nossa irmãzinha.

- O QUE? – Dissemos eu e Jasper ao mesmo tempo. Carlisle riu.

- É isso mesmo – Disse Emmet rindo – Bree agora é da família.

- Sim Emmet – Disse Carlisle – Bree agora é da família.

 Jasper ficou de cara feia o resto da viagem. Ele parecia não gostar de mim, eu não o culpava é normal ele não gostar de alguém que tentou matar sua família. Eu tinha medo de Jasper, toda vez que chegava perto dele eu me sentia com medo ou frustrada.

- Bree?

- Sim Carlisle.

- Se encontrar Fred, pode dizer que ele é bem vindo em nossa casa. – A cada segundo que eu ficava perto de Carlisle eu gostava mais dele, depois de ter me acolhido ele queria acolher Fred também.

- Obrigada Carlisle, Mais acho que ele não vai querer, pelo pouco que conheço de Fred sei que ele gosta de ficar sozinho.

- Então diga que posso lhe explicar sobre esse mundo, assim como vou explicar para você. Ele não precisa entrar nesse mundo às cegas, diga a ele que pode ficar o tempo que quiser.

 Já eram 03h00min da manhã quando senti o cheiro de Fred.

- Pare o carro! – Eu disse. Assim que Emmet parou o carro eu saí sem dizer nada. Ele e os outros viéram atrás de mim. Entrei em uma rua deserta e suja, era em lugares assim que eu costumava caçar, podia sentir minha garganta arder com o cheiro de sangue humano, mais concentrei meus pensamentos em Fred. Entrei na primeira rua a direita, pude sentir o cheiro de Fred mais forte, no fim da rua tinha um beco sem saída, eu sabia que Fred estava á, e que tinha sentido minha presença, por isso baixou a barreira do seu poder. Eu olhei para Carlisle.

- Acho melhor vocês esperarem aqui.

- Tudo bem, Vamos estar aqui se precisar.

 Eu continuei andando lentamente, podia ver Fred sentado no chão, me aproximei e sentei ao seu lado.

Ficamos em silêncio por um tempo.

- Você demorou.

- Me desculpe Fred. – Eu disse sem olhá-lo.

- Você não está sozinha. Preciso me proteger?

- Não – Eu disse o olhando.

- Diego não estava lá não é? Riley o matou naquela noite – Fred olhou em meus olhos e eu não precisei responder – É o que eu tinha imaginado. Sinto muito Bree, eu sei que gostava dele.

- Era tudo uma farsa Fred. Nunca tivemos chance, todos nós fomos enganados, inclusive Riley.

- Do que está falando – Fred franziu o cenho.

- Os vampiros de olhos amarelos, os Cullen. Riley mentiu sobre eles, eles são bons, os olhos dele são amarelos porque eles só se alimentam de animais.

- Está falando sério? – Disse Fred sorrindo – Isso é bizarro.

- É eu sei – Eu sorri também – Um deles, o Edward namora uma humana, aquela da blusa lembra? – Fred confirmou com a cabeça – Então, há algum tempo nossa criadora que se chama Victória, foi para Forks com mais dois vampiros, James que era seu namorado e outro que eu não lembro o nome. Parece que esse James queria se alimentar da humana, o Edward ficou bolado e o matou. Victória ficou neurótica e decidiu que ia se vingar mais como ela sabia que nunca conseguiria se aproximar de Edward sozinha, ela decidiu fazer um exército e manda-los para a batalha como distração enquanto ela iria atrás de Edward, ela queria matar a humana para que Edward sofresse como ela sofreu e blá blá blá.

- Está me dizendo que fomos usados?

- Sim.

- Como sabe disso?

- Fred quando eu cheguei lá todos estavam morrendo, os vampiros de olhos amarelos prometeram não me machucar se eu me rendesse – Eu ainda estremecia com essa lembrança – então chegaram uns vampiros encapuzados, havia uma menina que parecia ser a líder. Ela ia me matar Fred. Ela conseguia me fazer sentir dor sem ao menos tocar ou olhar pra mim. Os Cullen se arriscaram por mim, eles salvaram a minha vida. Mesmo eu estando em um exército que tinha como propósito acabar com todos eles. Eles se ofereceram para me ensinar tudo. Me salvaram desses tais Volturi.

- Volturi?

- Eles são como Reis, criam as regras e matam que os desobedecem, são totalmente corruptos.

- Que tipo de regras eles criam?

- algo como não fazer exércitos, não revelar nossa existência aos humanos, não aparecer na luz do sol na frente dos humanos, para eles não notarem que brilhamos.

- Brilhamos sempre? – Ele fez uma careta – Isso sim é bizarro.

Nós rimos.

- Você não veio para ir embora comigo não é?

- Não – Eu abaixei a cabeça – Mais você poderia ficar também, Carlisle disse que você é bem vindo e...

- Preciso de um tempo sozinho Bree, toda essa coisa de andar em bandos, isso não é pra mim e não tenho autocontrole suficiente para caçar apenas animais. – Eu acenei com a cabeça.

  Eu entendia Fred, uma parte de mim queria ir com ele, caçar humanos, fazer oque eu quiser, mais outra parte de mim, uma parte bem maior queria ficar com os Cullen, eu sabia que não seria fácil, mais eu sentia que conseguiria. Às vezes o caminho mais fácil nem sempre é o melhor.

- Eu entendo, Vou sentir sua falta. – ele sorriu – Quem é que vai me proteger?

- Eu prometo que mantenho contato e agora você tem novos protetores, quem está com você?

- Tem o Carlisle que me salvou, ele é o líder mais não agem como um bando e sim como uma família, ele acha que sou a nova filha dele, o que é um pouco estranho – Fred riu – Tem o Emmet, que fica repetindo que sou a irmãzinha dele e que vai me ensinar tudo, ele é um pouco amedrontador mais é bem engraçado. E tem o Jasper, ele não gosta muito de mim. – Fred ficou sério. – Ele age como se a qualquer momento eu fosse atacar todo mundo.

- Ele disse algo a você? Te machucou? – Fred ainda estava sério.

- Não. – Eu disse sorrindo. – Ele não me faria mal – É Bree, continue acreditando nisso até se convencer. – Ele só está protegendo o bando.

- Esse Carlisle – Ele disse pensativo. – Você disse que ele é o líder.

- Sim – Confirmei.

- Quero falar com ele.

- Sobre? - Perguntei curiosa.

- Assunto particular. – Ele riu. – Nunca irá saber.

 Eu fiz uma careta e me levantei contrariada, fui atrás de Carlisle. Ele estava sentado em uma grande caixa de ferro, que deveria ser uma lixeira. Emmet e Jasper estavam com ele.

- Carlisle – Eu o chamei – Fred quer falar com você, ele se levantou, Jasper veio logo atrás dele. Eu olhei para Jasper – Em... Particular.

 Jasper fez cara feia, mais voltou a se sentar na lixeira, me sentei onde Carlisle estava. Jasper parecia impaciente e logo depois de um tempo percebi que também estava não dava para escutá-los nem vê-los. Será que Emmet e Jasper me deixariam escutar escondido? Talvez Emmet deixasse, mais tenho certeza que Jasper diria não.

- Então Bree. – Disse Emmet, ele estava sentado ao meu lado enquanto Jasper estava sentado na lixeira a minha frente. – Esse Fred é seu... namorado?

- Não! – Eu disse com uma careta, de onde ele tinha tirado aquela ideia.

- Ele quer ser seu namorado?

- Mais é claro que não.

- Quer ser a namorada dele?

- Não, de onde tirou isso, é claro que não, eu não namoro.

- Oh! Devo dizer que isso é um alívio, namorar não é legal, é contra as regras.

- Que regras?

- Minhas regras, são as regras do Emmet, não namorar é a primeira delas. – Ele estava sério.

- Mais você namora, todos os Cullen namoram, até o Jasper. – Jasper fez uma cara estranha que queria dizer “como assim até o Jasper?” Eu queria rir mais me controlei.

- É diferente, você é a irmã caçula. Nós, ele apontou para ele e para Jasper. Devemos zelar pela sua honra – Por incrível que pareça Jasper riu, deu uma gargalhada. – somos seus irmãos mais velhos, não queremos que algum vampiro com os hormônios a flor da pele, chegue perto de você. Você tem que proteger... Você sabe – ele pareceu desconfortável e Jasper riu. – Seus “bens”.

- Meu o que? – Eu perguntei sem entender nada.

- Seus... ”bens” – Eu queria rir, eu queria muito rir, decidi brincar um pouco com ele.

- Meus “Bens” – Eu ri. – Está falando da minha pureza?

- Também. Esses vampiros de hoje em dia, só pensam em perversão.

- Começando por você – Disse Jasper.

- Quer calar a boca – Emmet disse serio e eu e Jasper rimos. – Estou tentando educar a Bree e você está atrapalhando.

- Ok, ok. Eu entendi Cuidar dos meus “bens”, pode deixar.

- É assim que se fala, não liga para o seu irmão Jasper, ele é um obtuso, e o Edward – ele fez uma cara engraçada - O Edward é um Submisso, não respeite ele.

Ficamos rindo e depois do que me pareceu uma eternidade Carlisle apareceu com Fred e me chamou. Pulei da Lata de lixo e corri até eles. Carlisle saiu, deixando-me sozinha com Fred.

- Então – Eu era péssima em despedidas, vai manter contato né?

- Sim. – Ele tirou algo de sua mochila e vi que era um celular, ele me entregou. – Fique com isso, eu sei o numero, assim poderemos nos falar.

- Obrigada.

- Ele vai ser um bom pai para você, Carlisle é um cara legal, me deu 50 dólares em dinheiro. – Ele sorriu.

- Nossa - Eu disse rindo – Isso é muito generoso da parte dele, O que pretende fazer agora?

- Não sei, acho que vou viajar um pouco, conhecer o mundo – Eu sorri – Mando uns cartões postas para você.

- Eu vou esperar.

- Se algo acontecer, se não quiser mais ficar com eles, quero que saiba que eu venho te buscar na mesma hora. – Ele se inclinou para mim e se abaixou seus lábios quase tocando em meu ouvido, eu nunca ficara tão perto de Fred antes. – Acho que você é muito importante para mim. – ele sussurrou. Eu fiquei parada.

 Ele se inclinou para mim de novo, as mãos geladas dele seguraram meus ombros. Ele se abaixou, e colou seus lábios muito rapidamente na minha testa pelo mais breve segundo.

Meus olhos se fecharam.

- Cuide-se - ele respirou frio contra a minha pele.

 Houve uma leve brisa sobrenatural. Meus olhos se abriram.

Ele havia ido embora.

  Andei até o carro onde Carlisle, Emmet e Jasper me esperavam. Emmet ligou o carro e começamos a viajem para a casa dos Cullen que agora também seria a minha casa.

- Carlisle?

- Sim Bree.

- O que Fred disse a você?

- Ele disse que protegeu você desde quando você chegou, e que agora estava confiando sua proteção a mim, - Ele sorriu – E que se eu magoasse você, ou fizesse mal a você, ele me mataria. – Carlisle disse sorrindo.

 - Ele está muito preocupado pro meu gosto. – Disse Emmet.

 - E qual o problema – Disse Carlisle – Ele é amigo dela.

- Mais quer ser muito mais que amigo, eu conhece esse tipo Bree – Emmet me olhou pelo espelho retrovisor – Vampiros como esse só querem uma coisa e você sabe o que é.

- Sangue? – eu disse rindo.

- Não, estou falando dos seus “bens”, porque ele...

- Já chega Emmet – Disse Carlisle rindo.

- É – disse Jasper – Nem todo mundo é maldoso como você.

Emmet fez bico e eu dei varias gargalhadas.

 Fred se importava comigo porque éramos amigos, eu era importante para ele por isso, porque eu era a única companhia que ele tinha. Achei estranho a sua reação no beco. Ele disse que eu era importante. Será que tem algo mais que amizade? Acho muito provável que não, mais admito que gostei do que ele disse. Virei meu rosto para a janela e contemplei a cidade em que em uma época distante fora minha morada. Sorri com a ideia de que agora eu iria para casa, para a minha casa.