O Juiz E A Serviçal escrita por judy harrison


Capítulo 4
A defesa


Notas iniciais do capítulo

Para lembrar a quem conhece os procedimentos de um tribunal, aqui as leis existentes na época não cabem, pois Fraterna tinha suas próprias leis e procedimentos.



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Era hora de reiniciar a sessão.

Antes que entrassem, Thompson pediu que Novella erguesse a cabeça, pois devia ter atitude de inocente se o era mesmo. E ela acatou prontamente. Ao entrar no salão ela surpreendeu a todos com o tipo de advogado que estava ao seu lado. Thompson era conhecido em toda a região, e todos achavam agora que ele seria um páreo duro para a defesa de Ramona.

_ Está reaberta a sessão! – disse o Juiz, batendo o martelo. – Advogado, aproxime-se. - se referia a Thompson, não demonstrava empatia, obviamente. – Sua cliente se diz culpada ou inocente?

_ Inocente, Meritíssimo.

_ O que tem a dizer em defesa dela?

_ Meritíssimo, Novella amava seu irmão, tinha planos futuros para ele. Queria que ele fosse médico.

Por alguns segundos Keller quis dizer: “Confio em você e em seu julgamento. Ela está absolvida”. Mas não podia ser imprudente. Thompson como Romer, advogado de Ramona, devia apresentar provas da inocência de sua cliente.

_ Sabes bem que precisa ser mais objetivo que isso, advogado.

_ Eu serei Meritíssimo, assim que esta corte me conceder mais tempo para tanto.

Atrás dele, o advogado de Ramona desdenhava de sua declaração, quase zombava, como o auditório, com o semblante de desprezo.

Era a vez das acusadas. Seriam interrogadas.

Ramona sentou-se, mas antes fez o juramento diante da Palavra de Deus, demonstrando superioridade, como se não precisasse jurar.

Seu advogado, diante dela fez as perguntas convenientes , quando ao obter a resposta de que as crianças eram anjos de Deus, ele se excedeu.

_ Então a senhora quer dizer que quem estava com o pequeno Andy quando ele sumiu era sua criada e não você?

_ Objeção, Meritíssimo! – disse Thompson elevando a voz- São suposições sem fundamento!

_ Contenha-se senhor Thompson!- disse o Juiz, e ordenou a Romer – Reformule a pergunta.

_ Senhora Ramona, onde estava quando o pequeno Andy sumiu?

_ Tomando banho.

_ E quando foi que deu por falta dele?

_ Quando eu ia pedir para Novella aquecer a água para o meu chá. Fui até o quarto do bebê e ele não estava.

_ Onde ele estava?

_ Eu não sabia. Fui até a sala e Novella acabava de chegar da rua, dizendo que... Andy havia sumido, que saiu para procura-lo.

Thompson olhou para Novella que balançava a cabeça, negando, olhando para o chão. Ainda acreditava em sua versão, pois viu nos olhos e na voz de Ramona a frieza, todo o tempo, quando falava de Andy.

_ Não tenho mais perguntas, Meritíssimo. – disse Romer quase sorrindo com cumplicidade para Ramona.

_ Senhor Thompson, quer interrogar a senhora Ramona?- perguntou o Juiz

Thompson se levantou enquanto pensava numa única pergunta. Aproximou-se dela e parou. Olhava em seus olhos mais de perto e então pode ver uma mudança; ela estava com medo. Por alguns segundos ele a encarou. E perguntou sem tirar os olhos dela:

_ Senhora Ramona, a senhora matou seu criado Andy?

Ela se assustou, sua respiração ficou mais forte e ela olhou para o seu advogado atrás de Thompson, e ele se levantou e disse:

_Protesto, Meritíssimo! Ele não pode intimar minha cliente desse jeito!

_ Indeferido! Senhora Ramona, responda a pergunta. – disse o juiz.

_ Eu... Eu não o matei! Que pergunta é essa?

_ Sem mais perguntas, Meritíssimo. - saiu satisfeito, pois ela lhe dera a resposta pela atitude.

O Juiz pediu que Ramona se retirasse e chamou por Novella.

Thompson se levantou para interroga-la, mas o advogado de Ramona pediu para falar com sua cliente, primeiro.

_ Não posso conceder esse tempo, advogado! Estamos no meio da sessão. Senhor Thompson, por favor.

_ Obrigado Meritíssimo. – olhou para Novella que ainda fitava o chão. – Senhorita Novella, você matou seu irmão Andy?

Igual a Ramona, ela se surpreendeu com a pergunta, mas diferente dela, levantou a cabeça e disse com seus olhos tristonhos, com os quais olhou também para o Juiz, que se esquivou sutilmente, sentindo um frio na espinha.

_ Não!

_ Sem mais perguntas.

Mesmo sabendo que Romer só estava esperando para derrubar sua cliente, dispensou-se.

Mas ela havia sido instruída a se calar, de momento, e não responder a nenhuma pergunta antes de uma prova concreta de que não era culpada.

Vendo que não conseguiria fazer Novella falar, o advogado se aborreceu.

_ Meritíssimo, como posso obter informações se ela não falar?

_ Ela está em seu direito de responder ou não na primeira vez, como lhe for conveniente.

_ Então, eu não tenho mais perguntas.

_ A sessão está em recesso até o dia de amanhã. Esta corte exige a presença de testemunhas e as provas contidas no processo. Aproximem-se, advogados. – eles se juntaram diante do Juiz. – Vocês têm até amanhã às 16 horas para me trazer pelo menos três testemunhas e a maior quantidade de provas possíveis para defender suas clientes. Amanhã haverá onze jurados. Estejam aqui às 10 horas para escolhê-los.

Quando todos foram dispensados, Novella foi hostilizada na frente do prédio, o que levou Thompson a protegê-la de possíveis agressões. Pediu que ela se recolhesse na casa de sua ex-criada, que era sua amiga e confidente também.

Quando chegava a noite em Fraterna, os cidadãos ficavam dentro de suas casas, e com o frio que fazia ninguém saia.

Thompson aproveitou o momento para ir à casa de seu amigo Keller.



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