O Juiz E A Serviçal escrita por judy harrison


Capítulo 10
Lágrima da Justiça


Notas iniciais do capítulo

Thompson consegue emocionar a platéia, os jurados e até o Juíz. mesmo sem saber o que Fraterna vai decidir, está satisfeito com o resultado.



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No reinício da sessão, o Juiz pediu que Romer recitasse primeiro.

Os jurados eram todos homens, doutores, banqueiros e magistrados. Pessoas próximas da comunidade e que faziam parte dela. Foram instruídos, no entanto a julgar os atos e não as personalidades.

Mas no contexto aquilo geralmente não acontecia. Ramona tinha muita influencia na cidade, e Thompson sabia disso, sabia que se não provasse, ao menos que Novella era inocente, ela seria condenada por unanimidade, o que a sentenciaria a pena de morte, como era lei da cidade.

_ Senhor Romer, tem cinco minutos. – disse o Juiz.

_ Obrigado, Meritíssimo. – ele começou.- Senhores, aqui estamos diante de uma verdade que sempre enfrentamos no dia-a-dia, um conflito de classes. Claro que não é isso que está em questão, mas todos nós podemos ver de quem se trata quando falamos de Senhora Ramona, uma mulher, culta, honesta, uma cidadã que paga seus impostos e cumpre com suas obrigações civis, uma mulher consciente de Deus, dos ensinos religiosos, e... uma esposa exemplar que foi ao Coronel, que Deus o tenha, que nunca se queixou. Ramona deixou essa cidade mais feliz, as crianças mais saudáveis, suas mães mais tranquilas, ela cuidou de cada um que lhe veio pedir a mão... E não há como negar! Ela é uma enviada de Deus para amparar a quem precisa. Ninguém aqui ou ali pode negar. Por outro lado vemos uma moça humilde, sem muitos atributos, eu admito que não sei, mas está ferida, está revoltada com a morte de sua mãe. Sim, sim, ela faleceu, e talvez pudesse ter sido salva! Mas quantas pessoas morrem por que não tivemos tempo de socorrer? Será que não as salvaríamos se pudéssemos? Mas ela achou que sua tutora foi a culpada, quem deu casa e comida, quem amparou sua mãe quando esta não tinha para onde ir , grávida de Novella, dela mesma. Ela a odiou..., bem, ela disse isso, e quem não odiaria se pensasse que mataram sua mâe...

_ Seu tempo acabou...advogado. – disse o Juiz expressando na voz que não concordava com nada daquilo.

Não parecia ser a opinião dos jurados. Romer percebeu e saiu sorrindo de costas para os jurados, olhando diretamente para Thompson.

_ Obrigado, Meritíssimo.

_ Senhor Thompson, por favor! - pediu com um olhar que fosse melhor do que Romer

Ele se colocou na frente dos jurados, imaginou como o mundo pregava surpresas. Sempre defendeu pessoas inocentes e culpadas, mas não se comparava a defender alguém que aos olhos da sociedade não era nada, contra quem tinha prestígio. Lembrou-se do que disse Keller: O que ela tem só você é quem vê. Mas Keller e Mira viam também, e ele pensou no que os três viam e começou a falar o que Romer havia se esquecido de mencionar.

_ Senhores jurados, são duas mulheres, e um crime, uma culpada, com um motivo. Ser humilde não é motivo, ser triste não é motivo, chorar a morte da mãe, procurar um responsável por ter lhe tirado a coisa mais preciosa que um ser humano pode ter... não é motivo... E ter se afeiçoado a única pessoa que carregava seu sangue, tê-lo defendido, tê-lo tratado, e ter feito planos para seu futuro, fazendo dele sua única esperança... de um dia ser feliz, por que era a única coisa que lhe restava... Não! Não era motivo! Então... o que é? Antes de julgarem, pensem em quem não tem o mundo aos seus pés, não é aclamada, não é sequer notada, não tem nada. E ainda assim tirar de si mesma tudo que tem. Por qual motivo? – estava visivelmente emocionado, pois falava do fundo de sua alma e fez com que alguns se rendessem, e ainda mais no final. – Novella e Andy eram uma família, e alguém destruiu, e a destruiu também. Essa é a única verdade pura neste tribunal. Obrigado.

Com a voz embargada o Juiz disse

_ Recesso até amanhã. – saiu e foi direto para o seu banheiro no gabinete. Ao olhar no espelho se viu chorando. Pensava em Andy, em Novella e em Marilyn. Quantas vidas ainda seriam destruídas para que o povo acordasse? Para descobrirem que se autodestruíam, por causa da ganância e do poder, do ódio, da inveja... Perguntou-se de que adiantava ser Juiz se não podia mudar a realidade de Fraterna.

Seus pensamentos foram interrompidos por um meirinho que bateu à porta.

_ Vossa Excelência me perdoe, mas o solicitam no salão. É que precisam saber a que horas reiniciará a sessão.

_ Às quatro da tarde. Anuncie para mim, por favor.

_ Vossa Excelência se sente bem?

_ Sim, obrigado. Fale secretamente a Thompson que quero vê-lo em minha casa.

Todos então foram embora, exceto Novella que devia continuar presa.

Keller passou por sua cela e disse rapidamente que voltaria para conversar com ela.

Quando chegou em sua casa Thompson já estava lá.

_ O que descobriu, Tom?

_ Não vai acreditar.

Depois que ele contou tudo Keller sentiu ódio de Ramona por carregar seu sobrenome, por ser de sua geração, parente de seu pai. Disse que no fim de tudo, ela pagaria por seu crime.


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Notas finais do capítulo

O trecho onde Thompson faz seu discurso foi não baseado, mas inspirado no filme Justiça Para Todos, um filme muito bom para quem gosta de drama e julgamentos , protagonizado por Al Patino, o próprio! Valeu pela leitura, e deixem reviews se leu e diga o que achou, por favor! Obragada de novo!