– O que tem "eu"?

– Você é o meu preço.

– Ah, “isso” é algo caro sabia?! - Fuyu achava que a garota estava brincando.

– Mas é só como brinquedinho.

– Ah, vamos diga logo, o que você quer?

– Não fui clara?

Fuyu percebeu que não era brincadeira, Alice mesmo com malícia tinha o tom sério.

– E então o que vai ser? Eu ou o Haru? - a garota disse pegando o celular.

– Acho que o Haru seria um problema menor, e só dar uns dois tapas que ele rasteja pelos meus pés.

– Hum... entendo - Alice agora se levantou e abriu a porta - acho melhor você ir, Tori pode pensar coisas ruins sobre você aqui.

– Ainda bem que você é pura.

– Acho bom você começar a se portar como um servo mais fiel, ou eu posso acabar com a sua amada ligação gêmea duvidosa. Boa Noite.

Alice não estava errada, perder Haru para Fuyu seria duríssimo por maior que fosse suas diferenças uma coisa que não era duvidosa - o quanto eles se amavam fraternalmente.

E o que faria agora? Momoko era igual a uma alma penada perto de si, Haru inocente como Kanmi, Tori e Sora são coadjuvantes neste arco... e tem Alice que entrou no mesmo arco como vilã. Uma vilã muito bonita por sinal.

Fuyu novamente se encontrava num dilema, para sua sorte pôde simplesmente dormir, não sonhou, nem teve pesadelos. Apenas dormiu.

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Tori estava no quarto escuro com Fuyu, pensava no que o amigo aconselhara sobre Alice, não conseguia ver um meio "inocente" de mencionar o nome de uma pessoa nos braços de outra em meio a gemidos de sono.

Alice foi, de acordo com seu pensamento, a melhor coisa que lhe aconteceu.

– Ei, vocês dois lá na cozinha em cinco minutos.

Era Alice, por uma estranha razão estava chamando a todos da casa (exeto Kanmi) para a sala de jantar.

Assim que todos estavam reunidos - de pijamas - com os olhos atentos em Alice que procurava algumas coisas na dispensa.

– Pronto - ela puxou uma garrafa de sakê vazia e duas caixas de Pocky (biscoito em formato de palito coberto de chocolate) - alguem tem algum palpite sobre o jogo?

Tori levantou a mão - só tem duas garotas... seria mais fácil vocês duas beijarem todos nós e voltarmos a dormir.

Alice ouviu o comentário com um olhar malicioso e acompanhada de Momoko riu baixo e depois virou para os garotos - e quem disse que tem restrição para pares?

Os garotos entenderam na hora, exeto Haru, que inclinou a cabeca.

Depois de breves protestos estavam respectivamente Haru, Sora, Alice, Fuyu, Momoko e Tori e, uma mesa redonda e apertada.

– É simples, na sua vez você roda a garrafa e em quem cair vai ter que repartir o pocky.

Finalmente a ficha de Haru caiu, percebeu do que se tratava a roda na pequena mesa na sacada defronte a praia paradisíaca, seu estômago estava em fogo, mas aparentou calmo.

– E se a minha garrafa parar em um garoto eu... - Sora disse apontando para seus lábios.

– Sim - repetiram Alice e Momoko em unissono.

Todos continuaram calados, Haru brizando para o teto, Sora vermelho com visíveis gotas de suor, Tori com um "não acredito" estampado no rosto e Fuyu olhando para o chão, não estava preocupado em beijar os outros garotos, pouco lhe importava, estava ansioso sobre a chance de beijar Momoko.

– Alguma pergunta? - Alice disse olhando para os lados - não - ela concluiu e começou a rodar a garrafa na mesa que deu mais de dez giradas rápidas e começou a parar e parou totalmente apontando para Sora.

O garoto engoliu seco imaginando o que estaria por vir. Sua mente dava saltos de alegria, mas ao olhar a expressão de Tori seu corpo mirrava.

Alice pôs a ponta sem chocolate equilibrada entre os dentes e em seguida cobriu-a com os lábios - vem ou não? - ela perguntou fazendo o doce subir e descer.

Sora pôs a outra extremidade na boca, os olhos claros de ambos se encontraram um chamando o outro, Alice iniciou com uma pequena mordida, o silêncio era tanto que dava para ouvir o biscoito ser triturado pelos dentes da garota.

Momoko estava atônita lixando as unhas, Haru olhando para o nada como se não imaginasse o que estava acontecendo, Tori olhava sem piscar, ainda mais por que nenhum dos dois estava mordendo o biscoito apenas se encarando e Fuyu? Ele ainda estava imaginando que força que deveria usar para a garrafa parar em Momoko.

Sora de vez em quando mordia, os olhos de Alice eram hipnóticos a cada duas mordidas da garota Sora mordia uma vez, quando seus lábios se tocaram ainda restava um pouco do doce, ficaram ambos parados, com os lábios se tocando e Sora com os olhos azuis fortemente arregalados.

Alice fascinada pela tonalidade e desenho raro dos olhos de Sora, ficou um considerável tempo apreciando o que tinha em sua frente, apenas imaginava o que ocorria em seu redor, Tori se descabelando era a principal e mais divertida imagem em sua mente. Para por um fim na cena, ela abriu bem a boca e em uma mordida levou um pouco da pele dos lábios do garoto e o resto do doce preso em seus dentes.

– Foi ótimo – Alice se levantou com um largo sorriso, Sora estava com a mão na boca, seus lábios ardiam.

Fuyu agora segurava o meio da garrafa, estava pronto para girá-la, novamente pensando o quanto de força que devia por para a garrafa apontar para Momoko. E rodou, a garrafa rodou muito mais vezes e com maior rapidez do que de Alice.

Começou a diminuir... diminuir... quase parou em Sora, agora Momoko e finalmente parou em... Haru?!

– Ai, isso vai ser liiiindo - Alice comecou a ficar vermelha, apenas Momoko sabia que ela adorava yaoi (boys love).

Haru mudou seu retardamento para indignação, não queria beijar seu irmão nem sendo pago.

– Ah, dois garotos lindos como vocês iam dar um belo casal... vai morde isso - Alice pegou Haru pela gola do pijama, o pós em frente ao irmão e apertou o nariz do garoto, Haru lutou segurando a respiração por mais de dois minutos, mas logo abriu a boca e já estava com o doce equilibrado nos lábios.

"Ele é muito fofo, menor que o outro e com o pocky na boca" Alice pensava já sonhando com um futuro “pós-jogo”.

Fuyu relutou, brigou, deu mil e um motivos para não participar, mas Momoko deu-lhe um beijo na bochecha e ele assentiu sem nenhuma relutância.

Pareciam que estavam de frente para um espelho, nenhum dos dois mordiam o doce os olhos de avelã faiscavam um para o outro, mandando o outro não se aproximar.

– Eu vou beijar o primeiro que chegar ao meio - Momoko pos um fim no caso.

Rapidamente os lábios dos gêmeos se tocaram e na mesma hora se separaram, Sora e Tori fingiram vomitar e Alice estava com um lápis e um papel todo rabiscado com desenhos e palavras corridas e praticamente ilegíveis.

Agora era a vez de Momoko, podia ser o armagedom se caísse em um dos gêmeos, estranho se parasse em Alice e se Sora ou Tori fossem seus "parceiros" seria como beijar o chão, não importaria.

A garota pegou a garrafa, sentiu o vidro gelado, apertou-o, olhou os amigos a sua volta, desta vez todos estavam atentos, queriam saber o rolo que ia dar. A garrafa girou muito menos do que as outras vezes, parou em Alice.

Os quatro garotos ficaram extremamente "alegres", duas belas garotas se beijando poderia ser algo feliz no dia tedioso que ocorreu.

Alice sem rodeios passou a mão nos negros cabelos da amiga puxou o rosto para si e beijou-a, os garotos deixaram pequenas gotas vermelhas escorrerem das narinas.

– Onee-sama... o que você esta fazendo? - Kanmi disse no meio das garotas, com uma expressão interrogativa.

– Ah... é... b-bem - Momoko olhava para todos em busca de uma resposta, olhou para Alice pensando no que dizer.

– Kanmi-chan eu beijei a sua irmã porque eu amo ela como uma irmã - Alice debrucou-se para perto do menino - você viu o Haru beijando o Fuyu? - o menino concordou com a cabeca - Viu!? Eles são irmãos e se amam e eu amo sua irmã como minha, entao eu beijei ela.

– Entendi.

– Agora vai dormir que está tarde.

– Mas e vocês? É tarde e vocês estão acordados.

– Eh... Mas nós já vamos dormir. Sora vai te levar.

– Por que eu? - o garoto apontou para si.

– Por que você fez um curativo no dedo dele, VAI!

E subiram os dois. Os outros não falavam e em pouco tempo se levantaram, não disseram boa-noite apenas subiram.

Quando Momoko pisou no último andar seu braço foi puxado, era Haru estava com sorriso convidativo - e fofo (no pensamento de Momoko) - ele deu leves puxadas que fizeram a garota descer alguns andares de escada, Haru levou a garota até o chão.

– Aonde vamos? - Momoko perguntou já no jardim da casa.

– Você vai ver.

Caminharam durante um tempo ate chegarem à orla da praia, iluminada pela luz da lua. Haru estava olhando para Momoko de forma mais carinhosa possivel, aproximou seu rosto ao da garota deu um leve beijo em seus lábios - eu quero ficar aqui com você para sempre - Haru entrelaçou os dedos aos da garota. Ficaram abraçados.

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Fuyu assistia a tudo atrás de uma árvore a alguns metros dos dois, mesmo sabendo que isso acabaria acontecendo não queria acreditar, ficou de costas para a cena e escondido pelas sombras caminhou de volta, chorando com o corpo pesado de uma leve tristeza.

– Eu entendo você! - uma voz sedutora e feminina surgiu nos ouvidos de Fuyu.

Alice estava ao seu lado de braços cruzados apoiada em uma árvora.

– Como você me entende? Tá aqui pra me deixar mais “feliz”?

– Não - ela caminhou ate o garoto e o puxou para um banco - eu te entendo. Ocorreu ano passado com o Tori, ele estava com uma garota que estudava em outra escola, ela... era bonita, mas não era minha amiga, eu queria tanto ele para mim que eu paguei para aquela garota trair o Tori com um garoto que eu fingi ser meu namorado.

Ela dizia como um desabafo, precisava dizer, nem mesmo Momoko a única garota que Alice se dirige como amiga sabia disso - Eu o consolei e ele correspondia... - ela suspirou, não quis continuar.

Fuyu não entendeu o que ela quis dizer, ou o que lhe aconselhara. Levou a garota até a casa - Haru e Momoko ainda não tinham voltado - Alice sentou no sofá e resolveu contar o que tinha ocorrido, abriu uma latinha de sakê - bom, vou ser clara, Tori ficou mais próximo a mim depois do que ocorreu, nos tornamos melhores amigos e como eu gostava dele fiquei dando milhares de indiretas durante um bom tempo até que ele pediu para namorar comigo - ela virou um longo gole e passou a lata para Fuyu que colocou-a em cima da mesa - só que eu notei que eu gosto do Sora também... eu não entendo.

– O Sora gosta de você - Fuyu revelou - soube disso ouvindo os telefonemas do Sora com o Haru, ele fala de você como se fosse uma deusa. É verdade que você e alérgica a água?

– Mas de onde que você tirou essa loucura?

– Sora falou que a sua pele estava molhada e vermelha. Disse que isso é alergia e te deu um antialergênico dissolvido com o remédio para dor de cabeça.

Alice soltou um sorriso leve - como ele descobriu?

– Descobriu o que?

– Que eu escondo a minha alergia a água.

– Isso não importa. O que eu faço?

– Ah Fuyu, eu descobri uma coisa horrível.

– O que?

– Nos não escolhemos por quem nos apaixonamos.

Fuyu abraçou a garota e disse - vamos tentar conseguir quem nós amamos? Juntos!

– Sim - Alice respondeu pegando duas barras grandes de chocolate - soube que isso faz milagres para quem ama uma pessoa e não é correspondido.

A porta abre com Haru e Momoko sorridentes e viram os dois comendo e rindo.

– Oi Haru... o-oi M... – Fuyu tentou cumprimentá-la.

– Oi Fuyu - Momoko cortou o garoto sem pretensão de prolongar a conversa.

– Nós vamos subir, eh... boa-noite.

Alice pos a mão no ombro de Fuyu fazendo uma expressão de "fazer o que né?" e os dois acabaram dormindo no sofá juntos.

De manhã Alice estava com a cabeça no braço do sofá e no seu colo a cabeça de Fuyu.

A porta é aberta com violência por uma mulher com o rosto rubro, os cabelos bagunçados e uma garrafa enorme de sakê na mão.

– Sora-chan, o Kora-kun me chutou de novo - ela gritou com voz pastosa e embriagada.

Continua...