Eu acordo e vejo que ainda não amanheceu.Mas está perto.Está perto demais, ele tinha que ter me acordado antes!Me viro para o lado no saco e vejo ele mexendo em alguma coisa pero da árvore.

  -Cato. –eu falo séria e pausadamente –porque você não me acordou antes?

  -Bom dia pra você também, linda.

  -Eu repito a pergunta. –eu digo e levantando e indo até ele –O que você está fazendo?

  -Eu não te acordei porque você é muito fofa dormindo.E isso é um pára-quedas.É um presente de patrocinador.Estou tentando abrir faz um tempão.

  Eu sou fofa dormindo? eu me pergunto.Meus irmãos sempre disseram que eu parecia uma boneca de pano largada dormindo e que às vezes falava.Mas eu vou tentar ajudá-lo com o pára-quedas.É o nosso primeiro presente.

  -Deixa eu tentar. –eu digo me aproximando.Ele se afasta um pouco ao ponto de nossos braços ainda se encostarem, mas pouco.Parece que ele estava fazendo isso ridiculamente errado porque eu consegui.

  -Não acredito. –ele diz.

  -Às vezes é jeito, não força.

  -Vou tentar me lembrar disso. –ele diz

  -Tenta. –eu digo sorrindo. –O que nós vamos fazer hoje?

  -Andar.Tentar achar alguém.Restam muito poucos.Falta muito pouco pra gente ir pra casa! –ele diz rindo.

  Eu concordo com a cabeça.Mas eu não sei porque estou com um pressentimento ruim.Os Jogos têm que ser divertidos.Porque não proporcionar uma luta épica entre dois amantes?Mas eu decido não comentar nada com Cato.Porque eu tenho que desempenhar meu papel, e porque, eu admito, ele está muito feliz.Acabar com a felicidade dele seria muito triste...

  -O que foi? –ele diz interrompendo meus pensamentos.

  -O que?Nada.

  -Você do nada ficou encarando o outro lado.

  -Eu estava pensando.Em uma estratégia- eu acrescento rapidamente.

   -Qual?

  -Não consegui.

  Ele olha desconfiado

  -O que você acha de nós nos movermos?

  -Pra onde?

   -Só você usa o cérebro, esperei você pensar. –ele me diz sorrindo

   Eu penso um pouco e falo:

   -Mas perto possível da Cornucópia.Um lugar onde não nos vejam mas nós vemos.

  -Eu não conheço...

  -Vamos procurar! –eu digo, óbvia.

  Nós nos levantamos e começamos a andar.Já circundamos toda a área da Cornucópia e ele não demonstra cansaço.

  -Eu estou cansada.Já está anoitecendo.

  -Ei! –ele diz fazendo uma careta e sorrindo– Você está em forma demais pra tanto cansaço.

  Ele anda reparando se eu estou em forma?Isso é bom ou ruim?

  -Espera.Eu acho que achei um lugar legal. –ele diz.

  Ele tira com as mãos algumas folhas e revela realmente um lugar legal.Do jeito que eu queria.

  -Está ótimo. –eu digo me sentando no chão.Então eu reparo que eu estou imunda.O que é isso?No 2 eu tomava banho todos os dias.- Cato eu vou para o lago.

  -O que? –ele arregala os olhos. –Você está abandonando a aliança?

  -Não.Enlouqueceu?

  -Vai fazer o que lá, então?

  -Eu vou tentar me lavar.

  -Eu vou.

  -Não.Claro que você não vai.Eu vou tomar banho, entendeu?

  -Eu sei.Você pode ser atacada.

  Eu suspiro.Já vi que vou ter que tomar banho de roupa...

  -O.k. Vamos então...

  Durante a nossa (eu espero) curta caminhada até o lago, Cato às vezes fica me encarando por um tempo longo enquanto caminhamos, com um sorriso estranho no rosto.

  -O que foi? –eu pergunto confusa.

  -Nada. –ele me diz rindo.

  -Nossa você está parecendo  com o Marvel...

  -Me xingou feio hein... –ele me diz tentando parecer ofendido.

  Eu não me controlo e rio dando um tapa no seu ombro.

  -Idiota.

  -O seu idiota preferido. –ele diz ficando na minha frente e pegando a minha cintura com um só braço.

   -É.O meu preferido. –eu digo revirando os olhos. –Agora vamos.Você tem que dormir.

  Antes de ir ele me beija e volta ao normal, andando do meu lado com a espada na mão.Nós chegamos ao lago.Eu jogo as mochilas no canto e vou andando até a água chegar a minha cintura.

  -Você não vai vim, Cato?

  -Você nem queria que eu viesse aqui com você! –ele diz exasperado.

  -Mas já que você já veio, aproveita né?Eu não quero dormir com ninguém sujo –eu brinco com ele.É óbvio que eu estou brincado.Carente do jeito que eu estou, é capaz de eu dormir com ele mesmo  encharcado de sangue.

  Ele faz outra coisa idiota, que é pular na água sem me avisar.E é claro, sobre o risco de alguém vir e nos matar.

  -Cato!Ficou louco?Ainda ta sabendo onde a gente ta?

  -Estou.Calma pequena ninguém vai atacar a gente, como você mesmo disse, só sobrou gente esperta.

  Então ele vem em minha direção, e assim como eu está molhado, me abraça e me derruba na água.

  Meu pensamento inicial é que ele está tentando me afogar.Então eu começo a me debater para tentar fazer ele sair.Eu consigo ver seu rosto em cima do meu, me mantendo com seu corpo no fundo.O que me assusta é  que ele está sorrindo.Enlouqueceu de vez.

  Eu dou um golpe que me ensinaram a muito tempo na Estação, e quase sem ar, tiro ele de cima de mim, me erguendo de volta à superfície.Ele sobe e me encara com um certo medo.Eu estou com minhas facas na mão.

  -O que foi isso? –ele pergunta

  -Eu que tinha que te perguntar.Você tentou me afogar!

  -Clove, eu estava brincando.

  Eu não me convenço.

  -Eu também, de um jogo muito legal chamado Jogos Vorazes.

  -Você está ficando paranóica. Eu só estava descontraindo.

  Eu agora estou sentindo meus olhos marejarem e eu não sei porque.Me convenci de que Cato estava brincando.Mas de qualquer forma eu não gostei da brincadeira.Ele agora vem e me abraça.

  -Desculpa. –eu sussurro sem retribuir o abraço.

  -Tá tudo bem.Vai ficar na verdade.

Ele nos separa e me beija e nós ficamos assim por um tempo.