A Sátira Do Coletivo escrita por judy harrison


Capítulo 1
Capítulo 1nico


Notas iniciais do capítulo

Não sei se você vai rir, mas sei que a vida às vezes é uma comédia, que agente vive e nem percebe. Esta sátira é baseada em minhas idas e vindas no coletivo de minha cidade.



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Sabe aquelas vezes em que você pega um ônibus num dia de tempestade, e pega às 7 da manhã por que tem mesmo que ir trabalhar?

Pois é, e você já percebeu que sempre que isso acontece, os vidros estão fechados, o calor é imenso e alguém sempre, de um jeito ou de outro dá a graça de seu... digamos, aviso biológico... Bem, sem dizer que enquanto você viaja, fica passando a mão na janelinha toda hora pra ver o lado de fora, na inútil esperança de que desse jeito o trajeto vai diminuir. Daí você repara que a chuva deu uma trégua, mas você ainda está dentro do coletivo, e aí a mãe natureza não perde a chance de ser engraçadinha quando você acaba de descer... A chuva volta mais forte do que antes, e molha suas calças, seus ombros, e seu guarda-chuvinha comprado em uma loja de 1,99 vira do avesso. É por isso que em dias de chuva agente vê um monte de sombrinhas jogadas na beira das calçadas!

A mãe natureza é uma gracinha, não?

Ok, viajar de ônibus é para os pobres, e para quem deixou seu carro no conserto.

Uma vez, eu, que sou adepta de Coletivos desde que nasci pobrezinha, estava com uma amiga. Carro lotado e agente em pé, quase caindo no colo de uns passageiros, e a parte mais legal é quando você está bem grudada numa pessoa cujo banco é daqueles mais altos! Uma bela curva e, se for um gato, você está feita, o beijo é quase certo, mesmo sem planejamento.

Ah, sim, eu e minha amiga. Bem, agente conversava sobre os nossos carros.

_ Pois é, menina, eu ia tirar meu BMW do “lavajato” hoje mesmo. Mas com essa chuva, nem pensar, né?

_ E eu, fui emprestar meu Corola pro meu irmão... Ele vai me buscar depois.

(POKER FACE) Se é “lavajato”, você pega ele na hora! E quem tem um Corola e empresta pro irmão num dia de chuva pra sair de ônibus? Fala sério!

Mas eu às vezes não entendo mesmo é aquela mulher que está no ônibus sentada no lado da janela, e aí começa a gritar com outra que acaba de chegar, e está em pé.

_ Menina, como vai? E sua tia, melhorou? – se liga, ela está gritando, e tem alguém sentado ao lado dela, geralmente eu – Fala pra sua mãe que eu já trouxe o produto! Menina, a bebê já está andando, sabia? O meu irmão saiu da firma...

A situação é difícil, e eu ouvindo aquilo. Se estivesse com meu notebook, ia anotando, e conseguiria saber tudo sobre a família dela, da vizinha dela e da cretina da garota que se engraçou pro lado do marido dela! Gente! Quem quer saber se o bebê está andando? Eu não conheço esse bebê!

Aí, vem outra mulher. Você está indo pro trabalho, louca da vida por que o seu pagamento caiu, mas com descontos não se sabe de quê, e você está na TPM, pensando nas boas que dirá ao seu chefe antes de mata-lo. A mulher olha para seu lado, dá um risinho e fala:

_ O transito está cheio, né?

_ É.

Você se limita a emitir essa letrinha que na verdade quer dizer: Eu estou com cara de quem quer conversar?

Ok, mas a mulher não entende! E continua.

_ Eu saio mais cedo, e pra quê? Meu filho nem quis acordar. Hoje minha patroa vai me encher de serviço...

Ela continua, enquanto você faz aquele jeitinho simpático de quem entende os desatinos da vida daquela desconhecida, com uma vontade louca de mandar ela ficar quieta ou de descer em qualquer ponto. Como as duas coisas seriam estranhas, você só lamenta e continua ouvindo.

A volta para casa, amigos, é o negócio!!!! Quando você pensa que aguentou tudo durante aquele dia, entra num coletivo lotado cheio de gente nervosa e empurrando, “C.C.” correndo solto, e ainda lhe aparece uma menina bonitinha, cabelos bem compridos, de rosto singelo, e temente a Deus, que está exatamente na altura do seu ouvido... E começa a cantar o hino preferido... acho que da mãe dela, não é?

Cara, eu não sei para que existem aquelas placas de “Proibido ouvir música” grudadas nos ônibus, pois cada vez que um celular toca, o proprietário demora um pouco para atender por que ele tem a ideia errônea e ilusória de que todo mundo tá gostando daquele toque! Isso é por que todo mundo tem a péssima mania de olhar na direção do toque, até eu, seguindo o instinto!

Então uma moça estava ouvindo um axé no coletivo, eu estava bem na frente dela e o som parecia o de uma caixinha cheia de abelhas picando umas as outras e gritando Arerê, um love um love um love com você... Não era a banda Mel! Bem, aquilo me irritou tanto que eu virei para ela e disse bem alto:

_ Puxa, que bom você trouxe seu celular e essa música pra tocar aqui, não é? Sorte a sua que todo mundo aqui dentro desse ônibus gosta de axé, está todo mundo gostando. Por que você não conecta seu usb na caixinha do rádio do ônibus? Assim agente vai ficar muito mais feliz!!!

Eu não vou dizer pra onde ela me mandou, mas ela desligou o celular.

É isso aí! E assim a vida me leva, sempre numa boa!!!


FIM.



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Notas finais do capítulo

Já ouviu a frase "Rir é o melhor remédio"? Eu acho que dipirona também é bom, mas...
Foi podre, né?



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