Eu Sou Sua Escuridão escrita por BoseBlut


Capítulo 11
Capítulo 11


Notas iniciais do capítulo

Nem demorei tanto a postar dessa vez >< esse capítulo tava mais ou menos pronto a uns dias, mas eu queria tentar escrever o próximo antes de postar [não consegui e também não gostei desse capítulo que escrevi kkk] Acho que o próximo é o último e sendo assim, acho que deve ficar bem escrito pra não deixar nada vago na estória. Eu vou tentar fazer isso, mas não prometo nada. E se tiverem alguma dúvida ou sugestão, ñ deixem de me falar ok?
Bjoos ;P



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/195656/chapter/11

A expressão estranha no rosto de Eric deixava claro que nada de bom sairia daqueles lábios quando eles se abrissem. Mas é claro que não poderia sair nada bom. Aquela coisa com meu rosto não poderia ser algo bom.

Num instante, Bill se encontrava caído no meio da rua. No instante seguinte, estava no hotel em que os dois haviam se hospedado. O local em que ele estava não era longe do hotel, mas não se lembrava direito como os dois haviam chegado ali, sabia apenas que Eric o acalmara durante todo o percurso, garantindo que tentaria explicar tudo quando chegassem. Queria que Bill estivesse em um lugar confortável, afinal, seria uma história longa.

O alemão se sentou na beira da cama, levando ambas as mãos as têmporas, fazendo círculos com os dedos esperando assim obter algum tipo de calma. O outro se sentou na segunda cama do quarto, em frente á ele e a menos de quatro passos de distância.

– Bill... – Tentou começar, mas parou, apoiando os cotovelos nos joelhos. Passou a língua nervosamente pelos lábios. – Estou tentando procurar as palavras certas para começar. – Inspirou e expirou antes de voltar a falar – Quando eu me suici... Digo, quando eu morri, eu... – Amaldiçoou em pensamento a criatura que perseguia Bill antes de decidir como iria contar. – Eu estava perdido e não sabia o que fazer. Não me lembrava de nada entre os cortes no pulso e minha projeção astral atual – Fez aspas com as mãos, se referindo a ser um fantasma. –Quando eu te encontrei eu lembrei de tudo. Lembrei do sonho que tive enquanto morria e lembrei-me de como meu corpo inerte foi erguido do chão por estranhos quando alguém chamou uma ambulância. Isso não tem importância, eu sei, mas eu não esperava me lembrar de nada, só estou mencionando isso.

“Vi um homem atrás de mim enquanto eu morria, Bill. Todo negro e sombrio, exatamente como aquele lá fora. Não disse nada, apenas me encarou e friamente levantou sua lâmina contra mim...”

– Está dizendo que aquela coisa lá fora te matou? – Bill não se conteve e interrompeu. Será possível que aquela sua cópia havia feito algum mal ao garoto a sua frente?

– Não, Bill. Eu me suici... suicidei. É isso, eu preciso enfrentar e dizer a palavra, por que foi o que eu fiz. Aquela criatura era um ceifeiro. O meu ceifeiro negro. Ele nada mais fez do que o seu trabalho. O sangue já havia escorrido, eu já estava inconsciente. Ele apareceu pra mim no momento da minha morte para acabar com aquilo e eu aceitei sua lâmina sem nenhuma resistência. Nem teria como resistir, eu estava fraco e desejava a morte. Acredito que ele tenha aparecido para mim em um sonho, e não no meu quarto. Mas sua foice foi real e eu senti o momento em que abandonei meu corpo. Não sei o que aconteceu ao meu ceifeiro ou se eu devia ter ido para qualquer outro lugar. Só estou aqui agora e não sei o que fazer...

 Bill sugou todo o ar a sua volta e arregalou os olhos enquanto o outro falava.

– Aquilo é o meu ceifeiro? Eu não estou morrendo. Não pode ser. – Sentiu as pernas fraquejarem e o coração se apertar no seu peito. Aquela coisa horrenda se parece comigo.

– Bill, você está morrendo. Aquele é o seu ceifeiro e é por isso que tem o seu rosto. É a sua morte!

– Está louco. Pareço de alguma forma estar morrendo para você? Olhe para mim agora, Eric. Estou perfeitamente bem! Como posso estar morrendo? – Levantou-se de repente, subitamente inquieto e nervoso, estendendo os braços como se pudesse mostrar para o garoto quão saudável todo o seu corpo era. Eric perdera a cabeça de vez.

– Quer se sentar? Deixe que eu explique. Você precisa entender.

 Bill se sentou de volta, bufando qualquer palavrão. De repende não queria saber de história nenhuma. Eric estava tão perdido quanto ele.

– Preste atenção. Eu sei que parece loucura.

– Não você não sabe nada. Se soubesse não estaria falando isso. Eu não estou morrendo!

– Quando me levaram ao hospital eu já estava quase morto. – Continuou, ignorando os protestos de Bill. – Um dos empregados do meu tio devia ter chamado a ambulância, eu não sei. Não havia nada a ser feito, mas os médicos ainda tentariam mesmo assim. Quando o ceifeiro me atingiu eu saí do meu corpo. A maca o estava carregando para alguma sala e deixei que ele se afastasse pelo corredor. Não queria mais nada com aquela concha vazia, mas não sabia ao certo aonde ir. – Eric deixou as palavras jorrarem da sua boca, esperando que quando terminasse, Bill pudesse compreender. – Parei em um quarto qualquer do corredor cuja tristeza e dor mais me chamara atenção. Ele brilhava negro para mim. Olhei pela porta entreaberta e vi um homem inconsciente na cama. Um médico estava explicava a outro homem o que havia acontecido com aquele que estava na cama. Me aproximei devagar do garoto na cama, olhando cada detalhe do seu rosto. Parecia dormir em um sono profundo, só que eu sabia que não era isso. Sua testa estava coberta por faixas e era possível visualizar o sangue seco em uma parte das faixas. O médico gesticulava, explicando como um acidente de carro ocasionou um trauma no crânio e várias outras fraturas pelo resto do corpo, mas eu já não estava ouvindo. Não sei o quê fez com que eu me aproximasse e tocasse a mão daquela pessoa frágil que estava na cama, mas quando toquei nele, quando toquei em você naquela cama, Bill, eu fui sugado. Você me trouxe para a sua mente e quando dei por mim estava naquele bar com você.

– Isso... Isso é absurdo. Está dizendo que tudo o que aconteceu desde então aconteceu apenas na minha cabeça? Eric...

– Quer dizer que em nenhum momento você vislumbrou a sua vida real? Você nunca se viu no hospital enquanto esteve comigo, Bill?

Bill sentiu a respiração ficar pesada. O sangue fugiu do seu rosto quando se lembrou do sonho de Tom chorando sobre si, a sala branca, os bipes de uma aparelho cardíaco. Mas era apenas um sonho... aquelas coisas não passavam de sonhos.Eram fugazes e ele nunca conseguia distinguir nada direito. Mas se havia fraturado a cabeça...

– Pense, Bill. – Eric prosseguiu, ignorando a expressão no rosto de Bill. – Tudo aqui não é perfeito demais?

– Perfeito? Merda, Eric, esse ceifeiro me quer morto. Esse hotel é um lixo. Estou sem dinheiro e meu irmão está longe. Como isso é perfeito?

– O ceifeiro também controla seus sonhos, Bill. Se for perfeito demais, seria muito fácil desconfiar de tudo. Mas pense. É a sua época do ano favorita, você me disse isso quando estávamos no carro. O que você mais desejava comer era exatamente o que estava sendo foi servido no outro dia quando saímos do hotel. Não vimos quase ninguém enquanto viajamos ou enquanto estávamos na cidade e você quase não falou com as pessoas que vimos, por que sabe que elas estão na sua cabeça e de nada adiantaria conversar com elas. Apenas na sua cabeça. Em que época do ano estávamos antes de você sofrer o acidente, Bill?

Verão. Não outono, nem mesmo próximo a isso. O sol estava forte quando Andreas saiu pela rua e foi atropelado. Estava atrapalhando a visão dele, o ofuscando, ele não viu o carro vindo. Nem sequer se virou para olhar. Fiz com que ficasse com tanta raiva naquela discussão que até mesmo se esqueceu de ser cuidadoso. Eu corri atrás dele. Eu o empurrei para fora do alcance do carro. E eu fui atropelado. Não ele. Eu.

– Est.. estou morrendo, não é? – Gaguejou sentindo o nó se formando na garganta.

– Eu queria te contar, queria te contar assim que descobri o que estava acontecendo, mas não sabia se devia. Eu não devia estar aqui, na sua mente Bill, mas não sei o que aconteceu que me trouxe até você e tentei me matar novamente enquanto estive aqui, mas não adiantou. Estava decidindo que iria te contar o que estava acontecendo quando o ceifeiro apareceu no meu apartamento. E quando ele nos perseguiu, eu tentei te defender, tentei fazer com que você sobrevivesse, mas quando toquei nele, ele me prendeu e me passou todos os sentimentos ruins que alguma vez já estiveram na sua cabeça, Bill. E enquanto fazia isso, ele se comunicou comigo, avisando para não te dizer nada até a hora que você estivesse pronto para descobrir. Me segurei nesse meio tempo, sem saber o que ele poderia fazer comigo caso eu não obedecesse. Estou cansando, tão cansado, de sentir todas essas coisas ruins... Você não imagina o que é tocar numa criatura daquelas. Elas são feitas de tudo de ruim que já passou pela sua vida, tudo que você já sentiu, pensou ou viu, assim quando você se encontra com seu ceifeiro, não pode negar a morte, não pode jurar que não a merece e que ainda precisa viver mais. Ele te faz querer isso. – Eric parou, com os olhos úmidos – Então hoje ele se revelou para você e permitiu que você conhecesse aquele rosto. A morte está próxima, Bill, já não se pode fazer nada.

Eric se aproximou de Bill e colocou as mãos sobre a dele. Bill estava chorando sem saber e Eric beijou uma lágrima que corria pelo seu rosto e o abraçou, como se aquilo pudesse afastar de Bill tudo de ruim que houvesse no mundo.

– Não queria ter de te contar nada disso, sinto muito.  – Ele continuou, acariciando a mão de Bill. – Denn die Todten reiten schnell.

– Pois a morte viaja depressa. – Bill traduziu, esboçando um leve sorriso com o canto da boca, lembrando-se de sua própria língua materna. – Não sabia que você falava alemão.

– Não falo. É uma citação de Drácula, Bram Stocker. – Eric sorriu olhando para baixo enquanto falava. – Você precisa ler mais, Bill. Te leva a lugares que você nem imagina e te faz esquecer por um momento o que se passa na sua vida real.

– Nunca tive tempo... Os tours da banda, as gravações, as entrevistas... – Bill comentou, já se sentindo mais calmo com a mudança de assunto.

– Então talvez devêssemos começar agora. Eu trouxe um.

 Eric foi até a sua mala e pegou um livro ligeiramente grosso e trouxe para perto de Bill. Fez com que este se sentasse na cama com as pernas abertas e se sentou ali de costas para Bill, escorando no peito dele.

– Começaria com Nárnia, mas não tenho o livro aqui e, além disso, aposto como você já viu algum dos filmes dessa série. – Disse, virando o pescoço para olhar Bill e acenando com a cabeça pelo palpite acertado. Segurou o queixo do vocalista com a mão esquerda e o puxou para si até que seus lábios se encontraram. – Mas vou ler O Vampiro Lestat para você, pois você me lembra ele. É lindo, rockeiro, egocêntrico e apaixonado por tudo o que faz.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ali no final eu pensei em colocar "escorando no peito do moribundo" mas seria muita sacanagem com o Bill gente, tadinho KKKKKKKKKKKKK O que acharam de tudo o que foi revelado agora? *não me batam* hoaeehauiaehui