Eu Sou Sua Escuridão escrita por BoseBlut
Notas iniciais do capítulo
eah, eu usei uma frase de Vampire Academy, caso alguém tenha notado KKKK
Bill estava tendo um péssimo dia. Acordar sabendo que seu melhor amigo estava morto já era ruim o suficiente, mas ter que ir ao seu enterro seria uma tortura insuportável. Ele achava essas celebrações mortuárias abomináveis. Não basta que o sujeito esteja morto. Todos os conhecidos precisam averiguar a morte pessoalmente encarando um corpo pálido prostrado no meio de um salão, como se fosse a atração do momento. E precisava mostrar o quanto estava triste ou todo mundo passaria a pensar que ele era uma pessoa fria e sem sentimentos.
Ele suspirou, afrouxando a gravata do pescoço. Só mesmo por Andreas eu me forçaria a usar uma gravata boba.
Estava sentado em um bar, bebendo desde que saíra do cemitério. Pensou que já havia tido o suficiente por uma noite, mas se ainda estava sóbrio o bastante para pensar em enterros então precisaria de um pouco mais de álcool. Assim, ele acenou para a garçonete que encheu o copinho de vidro com mais um pouco daquele líquido milagroso.
– Não sei qual o tamanho do seu problema, – A garçonete ruiva disse, sorrindo amigavelmente – mas a ressaca que vai ter só vai deixar as coisas ainda piores.
Bill sorriu de volta, sabendo que seu sorriso aquela altura deveria soar assustadoramente bizarro, mas não havia nada a fazer, exceto virar aquele copo na garganta e esperar que a queimação do líquido o fizesse esquecer a dor interna.
Então reparou no estranho ser que se encontrava sentado ao seu lado. Devia estar tão bêbado quanto Bill, já que sempre que a garçonete enchia o copo de Bill, o dele também era servido.
Era um garoto, talvez com seus quase vinte anos. Usava um casaco negro de mangas longas que lhe descia até os joelhos e luvas sem dedos. Os cabelos em cachos rebeldes caiam sobre os olhos desleixadamente, como se ele não ligasse mais em penteá-los e eram tão negros quanto o casaco. Ele se virou, percebendo que Bill o encarava e deu um sorriso torto. Era impossível não se perder na profundidade daqueles olhos azuis e na tristeza que eles transmitiam.
Bill sentiu que as paredes estavam rodando, antes de perceber que estava tonto por causa da bebida e olhou novamente para o garoto. Era como se uma aura negra estivesse emanando dele naquele instante. Era tão real que ele poderia estender a mão e apalpá-la se tivesse a oportunidade, mesmo que fosse apenas uma ilusão causada pela bebida.
Mas o garoto se levantou, encarando Bill fixamente, mas sem demonstrar nenhuma emoção. Ele desviou de todas as outras pessoas e se dirigiu para a saída do bar e com ele aquela aura negra que parecia estar dançando á sua volta. Bill se sentiu impelido a segui-lo e descobrir quem ele era. Devia ser alguém importante já que parecia tão seguro de si e tinha aquele rosto tão bonito...
Bill retirou apressadamente a carteira do bolso e deixou o dinheiro sobre o balcão, sem se importar com o troco e saiu atravessando o bar e esbarrando em ombros despreocupados. Ele puxou a porta e logo se viu procurando de um lado e do outro na rua, sentindo o vento frio bater em seu rosto.
Ele o viu caminhando pela calçada, não muito distante e correu para alcançá-lo, tropeçando e cambaleando pelo caminho, completamente bêbado, mas ainda capaz de se direcionar.
Talvez eu não devesse ter bebido tanto.
– Com licença. – Falou, assim que o alcançou, e colocou a mão com unhas perfeitamente pintadas de preto sobre o ombro do garoto.
Ele se virou para olhá-lo e ainda que estivesse escurecendo, Bill se viu novamente perdido naqueles olhos azuis, como se eles a atraíssem magneticamente. O garoto não parecia ligar para o fascínio com que Bill olhava nos seus olhos e retribuiu o olhar sem se intimidar.
– Sim?
– Quem é você? – Bill perguntou, tentando não parecer rude. Desviou o olhar dos olhos do garoto para aquela estranha escuridão que o cercava, sentindo a curiosidade crescente ao mesmo tempo em que um medo assombroso lhe ocorreu.
– Me chamo Eric. Por quê? – Ele respondeu, soando como somente um garoto inocente poderia soar.
– Por que há tanta escuridão á sua volta? – Bill declarou e de repente se sentiu estúpido. Havia seguido um rapaz sem mais nem menos e agora fazia uma pergunta idiota como aquela. Desejou que não tivesse saído do bar. Eric franziu o cenho e permaneceu em silêncio. – Olhe, me desculpe. Talvez eu tenha bebido demais...
Eric o encarou e deixou a cabeça pender para o lado por um momento. De repente ele colocou as mãos nos ombros de Bill e o empurrou contra a estrutura de um muro de tijolos. Bill arquejou, espantado com a ação inesperada, se perguntando se aquele garoto talvez fosse um delinqüente. Talvez trouxesse uma faca escondida naquele casaco e ele seria assassinado, ali no meio da rua, bêbado como um ninguém. Talvez se morresse, a dor por ter perdido alguém que tanto gostava pudesse abandoná-lo.
Mas o garoto aproximou o rosto do de Bill, ainda o segurando pelos ombros, e inexplicavelmente o beijou. Bill tentou recuar, mas tudo o que havia as suas costas era uma parede. Eric o manteve firme contra a parede e continuou o beijando e Bill se viu fechando os olhos. Ele se sentiu leve, como se não tivesse corpo, apenas a leveza de uma alma etérea, facilmente transportada por um sopro de vento. Por um momento imaginou que inalava o perfume que sua mãe sempre usava e que sempre lhe trazia boas lembranças. Não havia mais nada com que se preocupar. Até o garoto se afastar.
Ele passou a língua nos lábios e seus olhos pareciam ainda mais tristes do que antes. Pareciam com um grande oceano que um dia fora habitado por milhares de animais até que um dia eles se foram e levaram consigo toda a esperança de vida, embora o garoto exibisse um sorriso torto, sem revelar absolutamente nada do que ele sentia.
– Não se sinta culpado por isso. Eu o beijei e não o contrário. Esqueça isso.
Bill ainda o olhava sem entender o que se passava. O garoto se virou e continuou seu caminho pela rua, rodeado por aquela escuridão.
Esquecer...
Durante aquele tempo em que esteve com o garoto, Bill havia se esquecido completamente de enterros e cemitérios. Apesar do que Eric havia dito, ele se sentiu culpado e assumiu que não havia feito nada para impedir aquele beijo. Ele levou os dedos aos lábios, ainda sentindo a textura dos lábios daquele estranho e pensou que havia ficado maluco. Sentiu-se novamente triste, mas não era uma tristeza tão forte quanto antes. Não era tão forte para que aceitasse a morte de bom grado apenas para se ver livre dela. E embora eu me lembre de Andreas agora, por que meu coração parece estar tão mais leve?
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eah, eu usei uma frase de Vampire Academy, caso alguém tenha notado KKKK
Devo continuar com essa fic? :3