Meu coração deu um pulo ao ver aqueles olhos, mas logo me repreendi por isso. Eu não tenho nada com ele e não devo me permitir me apaixonar assim. Vivemos em mundos diferentes e isso é um fato. Ele sorriu ao me ver e meu coração amoleceu enquanto eu sorria de volta. Mas logo o meu cerebro entrou em ação e começou a berrar em letras vibrantes: "ALERTA! ALERTA!", e eu me recompus a tempo.

– Olá, meninas. – Ele nos comprimentou educadamente. Examinei-o de cima a baixo. Estava elegante em sua camisa polo de um listrado azul marinho com branco e a calça jeans, além do sapato social. Ele me encarou de volta, parecendo fazer em mim o mesmo exame que eu fiz nele, o resultado deve ter sido positivo, pois ele sorriu.

Olhei para o lado e vi Maria com um sorriso que ia de ponta a ponta do seu rosto. Ela olhava candidamente para o cara que sorria na sua frente, que assim como o primo estava vestido ao mesmo tempo elegante casual. Fiquei um pouco envergonhada do meu vestido simples e verde que estava usando, mas logo esqueci isso pois havia uma mão estendida para mim, me convidado para dançar. Olhei para o dono da mão, que continuava na minha frente sorrindo desde que chegara, e me perdi em seus olhos familiares, protetores e cativos, mas me encontrei a tempo de lhe entregar a mão sem parecer uma retardada.

Dançamos por algumas músicas e eu me senti mais feliz do que nunca. Mas logo comecei a ter minha consciência de volta e voltei a me recriminar por estar me envolvendo com alguém de fora do meu mundo. Pedi licença dizendo que is no banheiro, mas na verdade eu só queria um tempo para mim, longe dessa influência estranha e magnífica que ele tem sobre mim. Mas no meio do caminho passei por Maria e Nicolas, que conversavam e riam tão serenos, que nem pareciam viver esse conflito interno que me assombra. Na verdade, é bem capaz de eu ter sido a única a me dar conta disso. Saí de perto deles, mas só depois de ver minha amiga investir sobre o garoto e beijá-lo, imaginei que ele fosse se afastar, já que é claro para todos no Instituto que ele é louco pela Cristina, mas ele respondeu ao seu beijo puxando-a para mais perto de si. Corri para o banheiro, sem saber o que fazer da vida. Sem saber se seguia o exemplo de Maria e ignorava as diferenças, sem saber se devo contar a ela sobre o interesse dele em Christina, sem saber sobre os meus sentimentos em relação ao Arthur. O pior de tudo é que eu ainda não sei oque vou fazer. Comecei a chorar no banheiro da casa de minha melhor amiga e assim fiquei até as lágrimas secarem, mas continuei lá dentro até baterem na porta.