Natasha - 1983 escrita por Carol Costa


Capítulo 9
Capítulo 8




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Na semana do meu aniversário eu estava cansada de ouvir meu despertador, e fiquei pensando se era isso que eu queria ouvir o resto da minha vida. Um Despertador me controlando e logo depois sendo usada pelas pessoas. Meu aniversário iria cair em numa bela sexta-feira de sol, e como sempre, íamos para a casa de praia do Rio De Janeiro.

– Está quase tudo pronto pra sua festa. Já mandei convite para todos seus amigos. – Dizia minha mãe animada. (Que amigos?) – E tenho certeza que você ira amar o presente do Bernardo. – Continuava ela com um tom animador.

– Vamos esperar pra ver. Tchau mãe. – Dei um beijo nela e fui para a escola. Durante aquela semana eu fiquei pensando nas opções que eu tinha para mudar minha atual situação, e durante aqueles momentos de pensamentos, eu quase não assistia às aulas. Eu estava quase sempre naquele local solitário do pátio. Dinho sempre estava lá também, mas eu nem o olhava. Só que algumas vezes eu sentia seu olhar em mim.

    Na quarta-feira uma garota sentou do meu lado. Ela tinha cabelos pretos e a maquiagem pesada. Eu a vi algumas vezes ela na escola, cheguei a achar que ela era apenas uma visitante, mas não era. Ela era bolsista. Ela acendeu um cigarro, e quando soltou à fumaça foi como se o cigarro fosse seu oxigênio que ela estava horas sem inspirá-lo.

– Ana Paula não é? – Perguntou ela quando me olhou.

– Isso.

– Prazer, Carol.

- Prazer… – A cumprimentei sem jeito.

– Sabe de uma coisa Ana Paula? Eu odeio essa escola, odeio esse mundo, odeio esse sistema todo. Sabe essa coisa de dizer o que é bom ou não, o que devo vestir e o que não devo vestir… É sufocante.., – Ela ficou olhando o céu enquanto brincava com a fumaça.

– Nós somos quem nossa personalidade demonstra ser. Se não for hoje, vai ser amanhã. Mas chega uma hora que você cansa, e você se releva. Eu acho que a vida é mais do só dinheiro. Lá fora deve ter algo extraordinário me esperando e eu to aqui, parada seguindo regras que nem quero seguir.

– E o que você faria pra mudar? – Ela me olhou, ficou segurando o cigarro entre os dedos por alguns segundos.

– Eu iria para bem longe. De tudo e de todos. – Ela olhou para o céu sorriu e, voltou a puxar o seu oxigênio que tanto lhe fazia falta. Eu a olhei e disse: – Mas e sua família?

– Eu não tenho família. Meu pai ta preso, e eu odeio ele. Minha mãe sabe Deus onde aquela desnaturada se meteu… E minha tia… Bom, digamos que ela quer que agarre algum filinho de papai por aqui. Por isso sou bolsista. Não é por que eu sou inteligente ou por que alguém se importa com isso, mas por que ela não quer morrer em um caixão de segunda mão.

– Você nunca pensou em tipo, ser alguém? Mudar o quadro? – Ela começou a rir.

– Qual é a graça?

– Ser alguém? Ana Paula, você tem duas opções: Primeira, você segue o sistema e se torna um escravo dele. Segunda, você não segue o sistema, e faz sua própria vida. Sabe, correr atrás das coisas que você quer viver, e como você quer viver. Porque a vida é só uma.

Ela ficou quieta e forçou os olhos enquanto puxava seu oxigênio, soltou o ar,  jogou o cigarro no chão pisando nele em seguida.

– Cada um pode ter a vida que quer, basta ir atrás das suas próprias aventuras. Sejam elas levadas ou não. Eu tenho que ir Ana Paula, a gente se vê.

– Tchau. – Ela olhou para trás e disse: – Você é diferente do que eu imaginava…


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