Natasha - 1983 escrita por Carol Costa


Capítulo 12
Depoimentos.




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Oi, sou Ana Paula, tenho 16 anos e tenho uma vida cheia de aventuras para contar. Tenho um ótimo namorado e acho que vou me casar com ele. Tenho as melhores amigas do mundo e digo que minha vida é quase perfeita.

Seria assim que eu começaria e continuaria se tivesse continuado a seguir o sistema. Hoje em dia me chamo Natasha e tenho 27 anos. Moro com uma amiga minha, Brisa, e ela tem quase a mesma idade que eu. Certo dia eu estava vasculhando minha mochila e achei uma foto velha, uma foto de um passado quase apagado. Algumas pessoas daquela época não deixaram que eu apagasse meu passado totalmente, só uma parte dele. Nossa faz tanto tempo... Bom, É um pouco complicado dizer, de lembrar, de julgar ou até mesmo questionar sobre minha vida. Sobre as decisões que tomei. Pois sempre fui uma boa filha.

Estudei em um dos melhores colégios do Rio de Janeiro e sempre tive muitos amigos, pelo menos o que diziam ser. Meu pai era um grande empresário e minha mãe uma ótima organizadora de festas. Nas horas vagas ela gostava de se juntar com as amigas para falar mal das pessoas e planejar meu casamento com Bernardo. Eu até sonhava com esse dia, mas a vida às vezes nos livra de cada uma... É como dizem, alguns males vem para o bem.

Meu pai sempre tentou nos dar do bom e do melhor e por causa disso, eu quase não o via. Ele era um estranho. Mas apesar de tudo era meu pai. Eu gostava da minha vida, eu amava Bernardo e confiava em minhas amigas... Bom, até eu conhecer o mundo de verdade. Até eu conhecer o mundo onde eu me encontrava. Até eu começar a enxergar as pessoas ao meu redor. E depois que eu comecei a ver o mundo, Ana Paula não existia mais. Não me arrependo de ter feito o que fiz, não fazia nada além de ter alguns casos e furtar algumas coisas. Mas não foi fácil criar uma vida depois que parei de furtar. Agora eu acho, que eu Natasha, ainda carrego um pouco da Ana Paula. Hoje eu estou namorando, há quase dois anos, mas Dinho nunca saiu de dentro de mim.


xx

Hm, eu era Carol... Tenho 28 anos e agora me chamo Brisa. Moro com minha amiga e irmã Natasha. Levamos uma vida direita agora, quero dizer, quase. Pois ainda tenho algumas dividas antigas que me perseguem. Eu não tinha uma vida ''gloriosa'' que nem Natasha levou, pelo contrário, minha vida era totalmente fudida. Meu pai era um presidiário, minha mãe era uma Zé ninguém e minha tia era uma velha gananciosa. Por conta do destino eu era bolsista na mesma escola que Natasha, conversamos um dia e ficamos amigas no outro. Eu odiava minha vida, pois vivamos em uma época que tínhamos que seguir regras e a moda era quebrá-las. Onde o Rock era a nossa única arma. Queria viver e abusar da vida. Conhecer o mundo e criar responsabilidade quando nós quiséssemos. Por isso fugimos e mudamos o rumo de nossas vidas. Eu vivia com a minha tia na época, e como eu sempre fui uma garota de ''má influência e sem conserto'' - segundo ela -, eu sempre dava um jeito de fazer o que eu queria. De usar o que eu queria. De fazer o que e com quem queria. Mas, eu queria mais, eu era ambiciosa nesse aspecto. Posso dizer que valeu a pena, tudo valeu. Apesar de que por causa de alguns furtos pequenos, prejudicaram as nossas vidas atuais. Mas já estávamos prontas, sempre estivemos. E por incrível que pareça, conseguimos construir uma vida. Ainda estou solteira esperando o vilão vir me raptar.


xx

Sou Dinho!

A história da minha vida deu muitas voltas. Muitas coisas boas aconteceram, mas também, muitas coisas ruins aconteceram. Minha primeira banda foi o Abordo Elétrico, eu era baixista, mas consegui aprender tocar guitarra. Aos meus 17 e 18 anos, comecei fazer minhas próprias músicas. Quando o Aborto Elétrico acabou, iniciaram duas grandes bandas que mudaram o ROCK NACIONAL: Legião Urbana e Capital Inicial. Na minha vida colegial, conheci uma garota chamada Ana Paula. Ela parecia ter tudo o que queria, mas seu olhar era um pouco triste. Alguns anos se passaram e eu a encontrei totalmente diferente. Seu nome agora é Natasha. Ela tinha apenas 17 anos, quando fugiu de casa, deixando pra trás os pais e o namorado.





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