Eu vou

Quebrar o silêncio

Sim eu vou!

Mostrar a minha voz!

Você pode me entender

Somos iguais

Essa noite somos um só!

Julie e seus queridos fantasmas estavam tocando na edícula.

– Gente, valeu mesmo por me ajudar a aproveitar o restinho das minhas férias. – Julie prossegue, animada. – E do melhor jeito!

– Tocando! – Martim pisca e solta uns acordes com seu baixo.

– Por nada, Julie, é um prazer. – Félix fala, sorrindo.

– Como por nada? Nós é que agradecemos! – Afirma Daniel, causando todos olharem para ele, estranhando-o por falar uma coisa legal assim.

– Hein? – Pergunta Julie, confusa.

– Oh Julie. – Daniel retira rapidamente sua guitarra sem deixar de olhar para ela. Ele se aproxima e pega a mão de Julie, coloca junto a seu peito e prossegue a dizer. – Estou realmente grato. – Julie está boquiaberta, não entendendo a situação, assim como os outros fantasmas.

– Ah ... é?? – Ela pergunta.

– Sim! Estou grato de coração por você ter me acordado cedo da manhã pra tocar musiquinhas para a senhorita cantar junto, por mais de 3h.

Daniel estava sorrindo lindamente e com brilho nos olhos, mas seu tom de ironia propositalmente deixou todos entenderem o que se passava com ele. Na verdade, Daniel estava perfeitamente em seu normal.

– Ahh Daniel, você é um chato mesmo hein!! – Julie retira sua mão das de Daniel e cruza os braços ao fita-lo com raiva.

– Esse é o Daniel, nunca se sabe o que esperar dele. – Conclui Félix. Martim só balança negativamente a cabeça, mas não sabendo se ri ou se fica sério.

Daniel, com um sorriso quase maléfico vai guardar sua guitarra no devido lugar.

– E quem é que disse que a gente termi—Julie é interrompida pelo toque de seu celular. – Oii, Bia. – Ela atende.

– Oii, Juhzinha. Eh.. aqui em casa tá um tédio, será que eu posso ir aí?

– Claro, amiga. Venha!

– Valeuu, Juh. – Bia desliga e se dirige à casa de Julie.

– ..Você dizia? – Daniel perturba. Julie só o encara.

– A Bia vem aí?

– Vem sim. – Julie corresponde com o mesmo sorriso que o Félix abriu. – Eu vou lá já abrir a porta para ela, depois a gente passa aqui. – Julie sai da edícula.

– Daniel, tu é louco. – Afirma Martim, ao guardar seu baixo. – Eu gostei de ter tocado.

Daniel também gostara, para ele toda hora é boa para tocar, um verdadeiro amante da música. Mas não admitiria ter gostado de tocar para a Julie, além de não dispensar oportunidades de irritá-la um pouquinho.

Bia vai para a casa de Julie já quase na hora do almoço, seria sua primeira refeição do dia pois, diferente de Julie, Bia aproveitava as férias para dormir até mais tarde.

– Amiga, vamos lá pra cozinha preparar o almoço. – Julie chama a Bia.

– Obaa, teremos a delícia da comida da Julie. – Bia brinca, fazendo Julie rir. – Sabe amiga, nunca mais não senti nem o cheiro da comida do seu pai, nem dos temperos malucos que ele inventa.

– É inventava. Ele tá tão ocupado com o trabalho que eu tenho que “pilotar” o fogão agora.

– Sorte do Pedrinho, estar pros lados da tua vó. – Bia zoa.

– Boba! – As duas riem.

– Vamos preparar logo alguma coisa porquê eu tô morrendo aqui!

– Vamos!

Julie e Bia finalmente fizeram o almoço e tiveram sua refeição. Passaram boa parte da tarde vendo Nickelodeon, navegando na internet e conversando coisas aleatórias.

– Juh, esse programa já vi mil vezes, vamos a algum lugar?... Vamo no shopping!

– Vamos sim! Boa ideia. Deixa eu só botar uma roupa de gente.

– Me empresta sua maquiagem?

– Sim, vamos lá! – As duas saem correndo pela casa para se arrumarem.

– Sem correr pela casa, hein! – Martim diz rindo, ele é quase esbarrado pelas meninas enquanto andava pela casa.

– Olha que a gente passa por cima! – Julie e Bia gritam já no quarto.

Depois de uns minutos, Julie e Bia estão arrumadas e vão sair. Elas saem e avistam os fantasmas na calçada.

– Hm cuidado pela rua, meninas bonitas. – Félix diz, Julie a Bia riem.

Daniel, de primeira, quase ficou hipnotizado olhando para Julie, mas procurou ficar na dele.

– Opa, opa.. – Martim se aproxima delas com cara de safado. – Ô lá em casa.

Daniel queria ficar na dele, mas não gostara nem um pouco de Martim se jogando pra cima das meninas. Para cima da Julie. Isso não o deixou com um bom humor.

– Para de palhaçada. – Daniel tira fora a mão que Martim iria acariciar o rosto de Julie.

– Que que deu em você? – Martim achava normal o que fazia.

– Eu que pergunto! Não acha que foi desnecessário isso não? – Pergunta Daniel, num tom ameaçador.

– Hei, Heei! – Julie fica entre os dois. – Calma, Daniel, ele apenas estava brincando..

– Espero. .– Diz Bia. – Julie a olha como que pedindo para não piorar as coisas, mas logo volta a olhar para Daniel.

Eles ficam uns segundos se olhando, se admirando, o que Daniel estava gostando, porém percebera que isso não daria em nada.

– .. Espero também. – Ele olha para Martim de lado e some ao ir em direção à entrada da casa.

– Muito bem, alguém entendeu o que deu nele? – Julie pergunta.

– Tenho uma dica.. – Bia diz, com cara de sapeca.

– É? – Pergunta Martim, se interessando na história. Félix tampa a boca de Martim.

– Melhor vocês irem.

– Verdade, tchau! – As duas amigas vão embora de braços dados.

– Tchau. – Felix responde com um sorriso. Martim só acena, ainda impedido de falar por Félix.

Bia e Julie passeiam e se divertem no shopping o resto da tarde até o começo da noite. Decidem que já devem voltar para casa.

– Mas a melhor parte de volta às aulas é que vou voltar a ver o Nicolas todos os dias! – Julie se joga na sua cama junto com as compras ao chegar em casa.

– Isso só não vale. – Bia senta na almofada grande do quarto de Julie. – Por que você não tenta dar umas indiretas? Tem que agir mais, amiga.

– Ahh não me pressiona, eu tenho vergonha.. – Julie esconde o rosto com o travesseiro.

– Filha? – O pai de Julie chama à porta do quarto.

– Oi, pai. – Julie abre a porta.

– Eu preciso falar com você. Ah, boa noite, Beatriz. – Ele cumprimenta Bia, a qual responde educadamente, e ele prossegue. – Podemos conversar lá na sala? É importante que seja agora.

– Sim, tá bem. Já volto, Bia.

O dia de Julie tinha sido muito bom, porém ela não tinha ideia da notícia que a esperava, que poderia desanimar por completo seus próximos dias.

Na sala, o pai de Julie a chama para sentar no sofá.

– Julie, você deve ter notado que meu trabalho está cada vez mais puxado, não estou muito presente em casa. Preferi até deixar seu irmão na casa da vovó para não pesar muito para você.

– Sim, eu vejo, pai.

– A empresa está mandando tarefas para serem realizadas em filiais cada vez mais longe, exigindo até mesmo nossa disposição de poder se mudar.

– Isso não é bom. – Julie diz séria.

– Nem é só isso, o mais importante eu tenho que te contar, mas você precisa ser forte.

– Conta, tá me assustando..

– ... Filha, nós teremos que nos mudar. – Ele olha para o lado, pensativo. – De novo.

– Ahh Não!! Que coisa! – Julie detesta a notícia. Até então ela só tinha se mudado de apartamento para apartamento por ali perto, essa era a primeira casa depois de muitas mudanças. Porém, ela não está ciente da profundidade da situação.

– Pior, filha... Já amanhã, tem que ser o mais rápido possível...! E.. para outro estado.