Ticket To Ride escrita por Jojo Almeida


Capítulo 8
Baby, you can't drive my car


Notas iniciais do capítulo

ANTES DE TUDO QUALQUER COISA E TODO O RESTO
Minha beta, sim minha beta desde sempre, aka a beta de Seven Days, aka a beta dessa fic, aka Yás, aka Queen está escrevendo uma fic AU de Tratie. Sim, eu converti ela. E se você se acha merecedor de oxigênio, você devia ler a fic dela. Porque é uma fic incrível. Que você devia ler.
Enfim, a fic chama Yellow, e você pode achá-la aqui: http://fanfiction.com.br/historia/490461/Yellow/
Eu também começei outra short de Tratie, que vai ser mais no modelo de Seven Days, possivelmente bem curtinha. Chama Partners in Disguese e quem quiser dar uma olhada é só checar meu perfil.
Bom, aí está o capitulo 9 de TtoR.
Honestamente, foi um dos capitulos que eu mais me diverti escrevendo até hoje.
O nome original era Baby, you can('t) drive my car, mas por algum motivo o Nyah não permitiu os parênteses.
Espero que vocês gostem :)



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– Juliet... Juliet... Juliet! – Travis chamou impaciente, batendo repetidamente na porta entre cada grito. Já estava nessa há mais de três minutos, mas se recusava a desistir. Se conhecia a irmã mais nova de sua namorada (ex–namorada?) bem, ela não iria no primeiro horário do primeiro dia de aula do semestre por livre e espontânea vontade. – JULIET!

Ele suspirou, passando a mão pelo cabelo. Já estava prestes a se virar quando a porta finalmente abriu.

– Stoll? – Juliet perguntou com a voz arrastada pelo sono, parecendo irritada. Usava a mesma caça de moletom cinza e blusa cortada da noite anterior, seu cabelo completamente amassado e espetando para os lados. – Que quê você quer?

– A caixa! – Traviss entrou na cozinha, empurrando-a para o lado e balançando as mãos nervosamente. A hiperatividade fazia com que seus ouvidos rugisse. Sentia que se ficasse parado por mais um segundo sequer muito provavelmente entraria em combustão espontânea. – A caixa com as coisas da Katie. Juliet, eu preciso daquela caixa agora mesmo.

– Dá pra você falar um pouco mais baixo? – Juliet pediu, fechando a porta lentamente. Ela pressionou os dedos contras as têmporas. Parecia prestes a vomitar.

– Vamos, Juliet. A caixa! – Travis exigiu estalando os dedos na frente dos olhos dela. – Que quê você tem?

– Ressaca, idiota. Tequila, lembra? Você também estava aqui. – ela resmungou mal humorada, afastando a mão dele com um tapa. Semicerrou os olhos em seguida, duvidosa. – E por que você não está de ressaca mesmo?

– Ha, fácil. – Travis sorriu convencido. – Cereal e néctar. Mas o que faz mais efeito é o néctar mesmo.

– Você sabe que a gente não pode tomar néctar o tempo todo, né? – ela censurou, cruzando os braços. –Isso não é saudável. Néctar é só para emergências. Você vai acabar ficando viciado, viu?

Stoll revirou os olhos, pegando um pequeno cantil de metal no bolso esquerdo e estendendo para ela.

– Vai querer ou não? – perguntou.

– Claro. – Julie arrancou o cantil da mão dele, dando de ombros. – Néctar para emergências combina com tequila para emergências.

– Tanto faz. Agora presta atenção: onde está a caixa com as coisas de Katie que eu deixei aqui ontem? – ele perguntou, segurando-a pelos ombros e abaixando a cabeça para que seus olhos ficassem na mesma altura. Dava pra dizer que Juliet tinha ficado um pouco incomodada pelo gesto. Ela engoliu o néctar que estava em sua boca calmamente, enrolando ao máximo para irritá-lo.

– No quarto. Em cima da cama.

Travis correu apartamento adentro, seus passos pesados ressoando pelo corredor. A filha de Demeter se apressou atrás dele, os pés descalços escorregando no assoalho. Quando chegou ao batente da porta do último quarto, ele já estava sentado na cama de Katie, revirando o conteúdo da caixa de escritório branca.

– Está aqui... Tem que estar... – ele resmungava, nervosamente. Juliet olhou para a mochila em suas costas, sem conseguir conter um sorriso enorme.

– Você vai onde eu acho que você vai?

– Se você acha que eu vou dirigir cinco estados para tentar convencer uma garota a me aceitar de volta mesmo que isso seja uma estupidez das grandes, sim, eu vou. – Travis respondeu distraído, fazendo com que ela desse um gritinho fino e corresse para seu quarto, desaparecendo ao bater a porta. – Eu vou precisar do seu carro! – ele avisou num tom de voz alto o suficiente para que ela conseguisse ouvir.

– Eu vou junto com você! – Juliet gritou de volta.

O filho de Hermes se levantou e marchou até o outro quarto, abrindo a porta sem nem bater. Por sorte, Juliet já tinha colocado uma calça jeans e uma camiseta branca, e estava só lutando contra a gola rulê de um suéter vermelho. Deuses. Ela era rápida.

– Hey, hey, hey, hey – Travis disse calmamente, gesticulando com as mãos esticadas no ar. - Você não vai não.

– Claro que vou. – Juliet discordou sem ligar muito, pegando uma mochila de couro bege dentro do armário. Travis puxou a alça da mochila, roubando-a de suas mãos. – Devolve, Stoll!

– Sem chance. – Ele balançou a cabeça. – O que você acha que Katie diria sobre você matar aula para ir até Athens falar com ela quando obviamente não precisa?

– Ah, a Katie pode expressar o quanto está decepcionada comigo por ter matado aula, com certeza, mas só depois que eu falar pra ela o que eu acho dessa historinha de fugir sem mais nem menos. – Juliet ironizou, seus olhos verdes faiscando. Falando desse jeito, ela parecia tanto com Kay que era assustador.

– Você não vai. – Trav decretou, nem ouvindo o que ela disse. – Você fica e assiste à aula, como a boa garota filha de Demeter que você é.

– Diferente de você, Stoll, essa boa garota aqui já tem média oitenta em todas as matérias e não precisa ir nos primeiros dias de aula do semestre. Eu vou.

– Você. Não. Vai. – Travis repetiu em voz lenta, tentando deixar o mais claro possível.

– O carro é meu, Stoll. Nem tente testar o tanto que eu vou. – ela ameaçou, pegando a mochila nas mãos dele bruscamente. – Vai saber o que você vai fazer com ele.

– Deuses, são só 9 horas de viagem! 10 no máximo. – o filho de Hermes reclamou. – Eu não preciso de babá.

– Você é idiota, por acaso? – Juliet perguntou parando de enfiar roupas dentro da mochila para encará-lo indignada. Travis levantou uma sobrancelha, sem entender. – Você realmente não viu as notícias nos últimos três dias?

Ele negou com a cabeça, encabulado. A filha de Demeter marchou por ele, saindo do quarto e fazendo um sinal para que a seguisse. Na sala, ela pegou uma edição do Times em cima da mesa e estendeu em sua direção.

– Vocês assinam o Times? – ele perguntou com uma voz de deboche.

– Katie disse que... Não importa. Só olha isso.

– Nevasca atinge Carolina do Sul? 70% das estradas fechadas? - Travis leu com certa dificuldade. Maldita dislexia. Arregalou os olhos, abaixando o jornal. – Di immortales.

– É. Di immortales. – Juliet balançou a cabeça, sorrindo vitoriosa. – Com esse tempo e as estradas fechadas, você não chega a Georgia antes de quarta.

– Juliet, hoje é domingo. – ponderou devagar. - Quarta é só daqui a dois dias.

– Exatamente. É muita neve, Stoll. Os engarrafamentos devem estar quilométricos e você vai ter que parar para dormir pelo menos uma vez. Por que mais Kay iria de avião? – o sorriso dela se alargou.

– Eu sou filho do deus das viagens, querida. – ele ironizou em resposta. – Não é um pouquinho de neve que vai me atrapalhar.

– Diz aqui que é a maior nevasca dos últimos quinze anos. – Juliet provocou pegando o jornal das mãos dele e correndo os olhos pela reportagem. – Travis, não tem a menor chance de você conseguir dirigir esse tempo todo sozinho.

Travis virou a cabeça para cima, encarando o teto na esperança que ele lhe desse todas as respostas que precisava. Quarta feira. Isso era muito tempo. Tempo demais. Ele precisava falar com Katie, tinha que pedir desculpas imediatamente. Tinha que concertar as coisas, que nem sempre fazia. Antes que fosse tarde demais.

– Tudo bem. – disse finalmente, muito baixo. – Nós podemos revezar. Quer dizer, eu dirijo até Druhan e aí você-

– Como é que é? – Juliet riu com escárnio, interrompendo-o. – Não, não, não. Você viu o tanto que está nevando? Eu mal sei dirigir na estrada. Sem chance, Stoll.

– Então por que Hades você iria? – Travis perguntou irritado, tendo que controlar muito sua raiva.

– Por Katie, idiota. – ela revirou os olhos. – E também porque o carro é meu. Eu vou. – parou, pensativa. – O Connor dirige.

O Stoll chegou a abrir a boca para contradizê-la , mas antes que formulasse qualquer palavra a garota já tinha entrado no corredor e sumido dentro de seu quarto. Ele sabia que não iria adiantar de qualquer jeito. Juliet era tão cabeça dura quanto a irmã.

Ela demorou um pouco, mas quando saiu do quarto já tinha calçado as botas e vestido um pesado casaco preto, a mochila de couro cheia demais pendurada no ombro e as chaves do carro na mão. Travis assistiu numa raiva silenciosa ela verificar se todas as janelas e torneiras estavam fechadas, desligar as luzes e trancar as porta. Quando finalmente entraram no elevador, Juliet olhou para ele de uma forma estranha.

– Stoll... O que é isso? – perguntou, indicando o pequeno objeto prateado com o qual que ele brincava distraidamente.

– As chaves do carro. – Travis respondeu simplesmente, sem dar muita importância. Juliet levantou a mão direita no nível dos olhos dele, mostrando que segurava as chaves do seu carro.

– De qual carro? – ela perguntou. Ele franziu o cenho e olhou assustado para aquelas em sua mão. Eram chaves de carro bem comuns, com um chaveiro verde que tinha um logo que não reconheceu. Nunca tinha visto aquelas chaves antes.

As portas do elevador abriram, e, antes que ele pudesse reagir de qualquer forma, Juliet arrancou o chaveiro verde suas mãos e correu para a rua.

– Hey! – Travis gritou, mas só conseguiu alcança-la quando já estava na calçada. Juliet fez sinal para que ele parasse, apertando o botão de desbloqueio das chaves e ouvindo com atenção.

O clique veio de uma caminhonete preta parada do outro lado da rua. O carro tinha um adesivo de uma empresa de locação com o mesmo logo do chaveiro parcialmente arrancado, mas parecia bem novo. Juliet abriu e fechou a boca algumas vezes, sem saber por onde começar

– VOcê rouBOU um CARRO? – conseguiu gritar afinal, a voz histérica oscilando cômicamente.

– Shhhh shh! – Travis pediu, olhando nervosamente para os dois lados da rua. Ninguém parecia ter notado a acusação dela.

– Shhh coisa nenhuma! Um carro Stoll? Sério?!

– Dá pra parar de gritar? – ele pediu, em desespero. – Eu não lembro, tá bom? Eu não lembro de ter feito isso!

– Você não lembra de ter roubado um carro? – Juliet indagou, parecendo mais preocupada do que brava. – Como que alguém não lembra de ter roubado um carro?

Travis encolheu os ombros, subitamente envergonhado.

– Eu não sei. – admitiu. – Genética? Essas coisas têm acontecido um pouco ultimamente.

Juliet franziu o cenho, dando um passo minúsculo para trás. Como se de repente achasse que Travis era extremamente perigoso. E isso fez com que ele se odiasse ainda mais.

– Quantos carros você roubou? – perguntou numa voz bem baixa.

– Esse é o primeiro. Eu acho. – Travis suspirou, cansado. – Olha, eu decidi que ia para Athens. Saí de casa e cheguei aqui. Isso é tudo que eu consigo lembrar. É como se tivesse um pedaço faltando. Deve ter sido aí que eu roubei o carro.

– Trav... – Juliet disse muito calmamente, como se tentasse explicar algo complicado para uma criança de cinco anos. – Você mora à três quarteirões daqui. Na contramão. É bem mais rápido vir a pé do que vir de carro.

– Eu não sei porque eu fiz isso, okay? Fazia sentido no momento. Fazia. – ele passou a mão pelo cabelo castanho claro, olhando para os lados. – Se faz você se sentir melhor, o caro provavelmente já era roubado. Essa empresa de locação não opera na costa leste e alguém tentou arrancar o adesivo.

Juliet se preparou para ralhar com ele. Estava prestes a gritar sobre moral e ilegalidade quando algo a deteve – bem ali, nos olhos de Travis. Não era o brilho tipicamente Stoll, aquele estou-aprontado-alguma. De fato, não tinha brilho nenhum. Porque Travis parecia perdido. Tremendamente perdido. Ela suspirou, olhando para as duas chaves que segurava, mal acreditando no que estava prestes a dizer.

– São só três quarteirões. – ela começou, timidamente. – A gente pode colocar a chave na ignição e desligar o carro. Ninguém vai nem perceber. Se prestarem queixa na polícia, vão achar o carro três quarteirões pra baixo. Eles vão achar que foi uma pegadinha.

– Juliet, não acho que-

– Escuta, Stoll. – ela pediu, colocando a mão em seu braço. – Você mesmo disse que o carro era roubado. Ninguém em sã consciência presta queixa de um carro roubado.

Travis hesitou, sem parecer acreditar nela. Ele olhava para os lados, esperando ser pego a qualquer instante. Aquilo não era uma pegadinha. Ele tinha roubado um carro, além de um monte de outras coisas. E nem se lembrava disso. O que mais andava fazendo por aí? Uma coisa era os negócios que ele e Connor mantinham. Esses roubos informais eram imprudentes e perigos. Podia por tudo a perder. Pior ainda: podia por tudo a perder e nem lembrar disso.

– Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão? – Juliet tentou, sorrindo nervosamente.

Por fim, ela conseguiu convencê-lo que colocar as chaves na ignição e abandonar a picape era o certo a fazer. Eles fizeram o demorado retorno para chegar a rua de Travis, num silencio quase desconfortável. Travis subiu as escadas para o apartamento correndo, e abriu a porta apressadamente.

– CONNOR! – gritou correndo pela cozinha em direção a sala. – CONNOR, ATHENS. VOCÊ VAI.

Connor estava sentado no sofá da sala, com as mãos atrás da cabeça e uma mochila aos seus pés. Ele sorriu presunçosamente, de olhos fechados.

– Elementar, meu caro Travis.


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Notas finais do capítulo

o que acharam? o que acharam? o que acharam?
road trip Stolls e Juliet, será que vai prestar?
Acho que todo mundo já sabe que não. Hahaha!
No próximo capitulo vamos tem mais Katie, mais Inglaterra, mais essas coisas.
Acho que não devo demorar muito pra postar.
Lembrem de deixar reviews! Autora feliz, autora inspirada. Autora inspirada, mais capítulos. A velha lógica.
Beijocas!



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