Filha Do Amor escrita por Noderah


Capítulo 16
Trust In Me - Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, gente. MAs ai está.



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            Abri os olhos e percebi a mesma atmosfera de alguns dias atrás: a enfermaria. Eu sentia uma dor muito forte do abdômen, e uma forte dor de cabeça. Virei a cabeça, para olhar ao meu lado e o garoto com cabelo preto, pele pálida, alto e esguio, dormia em uma cadeira ao meu lado.

            Estava a noite e fazia frio no quarto que costumava ser claro e fresco.

            - Ei. Acorda. – Empurrei Erik e acabei tendo que mexer meu corpo.

            Gemi. Erik acordou e caiu da cadeira.

            - Ell! – Ele gritou no chão.

            - F-Frio. – Bati os dentes.

            - Ah, entendi.

            Ele levantou e foi até o corredor. Em menos de um minuto estava de volta carregando quatro cobertores grossos. Erik me cobriu com quatro dos cobertores e se enrolou em um. Ele sentou na mesma cadeira e me encarou.        

            - O que aconteceu hoje?

            Olhei para a janela, achando impossível encarar alguém naquele momento, muito menos Erik.

            - O seu gato é um animal mitológico. Você não se lembra de como o ganhou?

            - Não.

            - Ele te deu uma rasteira e você bateu com a cabeça.

            - Não acredito... Eu sou a pessoa mais azarada do mundo.

            Olhei para Erik.

            - É. Você é bem azarada mesmo. – Ele disse roendo a unha.

            - Quer dizer, não é não! Olha pelo lado bom, você tem um namorado legal, irmãos legais, uma vida boa, seus pais querem te agradar.

            - Meu namorado está em uma missão e meus pais são loucos.

            - Mas você tem os seus irmãos... E a mim! – Ele abriu os braços.

            - É, tem razão. – Ele sorriu. – Eu ainda tenho os meus irmãos.

            Erik desmanchou seu sorriso.

            - Onde está Fruitloops?!

            Levantei rápido demais e uma dor que me fez tremer veio.

            Gemi alto.

            - Essa não é uma boa ideia. – Ele me encostou de volta na cama.

            - Onde ele está?

            - Com Quíron. E Dionísio.

            - O QUE?

            Dessa vez, doeu mais.

            - Se você continuar, vou ter que chamar a enfermeira.

            - Tá.

            - Durma, por favor. – Erik checou o relógio em seu pulso. – São quatro da manhã.

            Senti uma sonolência.

            - Está bem.

            Fechei os olhos, posei as mãos juntas no abdômen e dormi. Acordei e Erik não estava mais lá, ao meu lado postava-se um preocupado Quíron.

            - Bom dia, Helena.

            - Bom dia, Quíron. O que foi? Eu já posso sair daqui?

            - Pode, sim. Eu te levo ao pavilhão, vista-se. Sua irmã deixou essas roupas para você.

            Minhas botas, uma saia jeans e uma camisa do acampamento posavam no pé da cama.

            - Sim.

            Levantei da cama com a ajuda de Quíron e quando ele saiu, me vesti. A saia de Nissa era um pouco maior que a outra, e no dia de calor, era apropriada, mas as minhas botas me matavam. Sai do quarto arrumando o cabelo.

            - Helena, você sabia que tinha uma puma?

            - Uma puma? Mas é claro que não.

            - Bom, ela salvou o acampamento. Não tínhamos preparo nem disposição para combater os monstros que nos atacaram ontem. Você e mais uma que não foram bem sucedidas. Outros campistas foram feridos, mas nada sério. Seu animal de estimação salvou o acampamento.

            - Fruitloops ficara feliz de saber. Eu posso te-lo de volta?

            - Já está no seu chalé sendo mimado pelos seus irmãos e irmãs.

            Eu ri.

            - Ah, obrigada.

            Quíron saiu trotando e eu segui para tomar café. A mesa do chalé de Poseidon, que não tinha muitos campistas hoje, parecia conturbada. Segui para a mesa de Afrodite e sentei ao lado de Nissa que parecia alegre hoje.

            - Bom dia! – Sorri para a mesa.

            - Ell! Como você está? – Nissa colocou a mão em cima da minha com um sorriso.

            - Ótima. Alguém do chalé de feriu? – Perguntei levando uma garfada da panqueca com alguns morangos no meio.

            - Nathália levou um arranhão no rosto. Ela foi tão corajosa... Não chorou, não cobriu o rosto... – Disse Narceu voltando a dormir em cima da mesa.

            Franzi as sombras celhas para Narceu e Nissa deu de ombros.

            - Só uma pessoa realmente se machucou.

            - Quíron me disse. Quem foi? Eu queria visita-la...

            - Você viu Quíron? O que aconteceu? – Perguntou Nissa, mudando repentinamente de assunto.

            - É, ele esperou eu acordar hoje de manha e me “avisou” que eu tinha um gato que... Bom, que não era um gato. – Expliquei o ocorrido rapidamente.

            - Ah, é?

            - É. Agora me diga quem foi ferido? – Perguntei parando de comer e largando o garfo.

            - Melhor você acabar de comer. Você se machucou ontem também, deve ter uma alimentação regulada.

            Nissa pegou o garfo, espetou um pedaço avantajado da panqueca e guiou-o até a minha boca. Mas eu só olhava Nissa nos olhos enquanto ela mantinha os olhos fixos no garfo. Eu não queria comer, nem precisava de tanta proteção assim, eu só tinha levado pancada com a calda do meu gatinho. Que descobri não ser tão “inho” assim.

            Arranquei o garfo dá mão dela com as costas da mão e ela não podia estar mais surpresa olhando para o garfo no chão.

            - Nissa, me diga.

            - Foi a sua amiga. A Carol, filha de Poseidon.

            Agora Nissa já olhava em meus olhos.

            Levantei sacudindo a mesa e corri para a caminho da enfermaria. Mas não pude evitar passar em frente aos campistas que treinavam arco e flecha e não olhar.

            Ricardo estava sentado no chão enfiando uma flecha na terra repetidas vezes. Ele murmurava algo que não pude ouvir.

            - Ricardo... A Carol... – Falei arfando.

            - Eu sei... Você já foi ve-lá?

            - Não, eu estava indo. Você não quer ir comigo?

            Ricardo engoliu em seco.

...

            - Carol? – Entrei em seu quarto.

            - Ell! – Carol disse animada.

            - Oi.

            - Oi. Como você está? Soube que se machucou também.

            - Sim, eu estou bem... Mas na vinda para cá... Eu encontrei alguém que queria muito te ver. Ele nunca falou com você, ele é um pouco tímido, mas uma ótima companhia. – Carol se mexeu desconfortável na cama.

            Recuei alguns passos e acenei.

            Ricardo entrou no quarto com um pequeno buquê de flores amarelas e um rosto totalmente vermelho. Carol sentou-se melhor na cama e passou a mão no cabelo.

            - Olá. Sou Carol. – Ela estendeu a mão para ele.

            - Ricardo!

            Eles apertaram as mãos e eu não fiquei para ouvir o resto.

            ...

            - Acho que o rosa fica mais bonito.  – Disse sem prestar muita atenção.

            - Eu gostei do branco, mas o rosa da um tom mais fino junto com os saltos pretos.

            Já estávamos a 1 hora a discutir a roupa que Nat iria usar para sair com um filho de Hermes. Ela já tinha experimentado tantos vestidos lindos, que eu já tinha perdido a conta. Eu só sabia que eles iam a um restaurante perto do acampamento e que isso, era contra as regras. Podíamos nos dar muito mal. Mas “Eles são tão fofinhos juntos”, foi o que minhas irmãs disseram em conjunto.

            Eu estava com as pernas encostadas na parede, assim eu via Nat de cabeça para baixo. Estávamos eu e os meninos no quarto e todas as nossas irmãs no banheiro trocando a roupa de Nat e desfilando para a gente.

            - Eles estão namorando a quanto tempo?

            - Dois meses. – Respondeu Nairan sorridente.

            - É um bom tempo, para adolescentes.

            - Hoje eles vão comemorar os dois meses, Ell.

            - Jura que eles comemoram todo mês?

            - E ele lembra. Apesar de tudo, eu não lembro. – Disse Nairan de forma arrojada.

            - Hum.

            Dessa vez, Nat apareceu com um vestido púrpura. Ele era todo rendado e ia até um pouco acima dos joelhos. Girei para olhar o vestido melhor.

            - É esse.

            Os meninos aplaudiram e fizeram “fiu fiu”.

            Nat riu e as meninas a puxaram para fazer a maquiagem, colocar os sapatos e arrumar o cabelo dela.

            No final, fizeram uma maquiagem bem suave, colocaram um salto baixo e deixaram o cabelo dela solto. Ela estava linda. E foi inevitável não lembrar de Mark. Nat desfilou um pouco pra gente e seu namorado bateu na porta logo. Ficamos olhando na porta enquanto ele olhava para ela, pegava-a nos braços e a rodopiava. Ele a beijou e todos nos fizemos “awn”. Até eu...

            Eles riram e saíram correndo rumo a saída do acampamento. Um flash de quando eu e Mark corríamos veio em mente.

            Sentei em frente ao baú da minha cama, peguei um grande casaco e coloquei por cima do vestidinho veraneio que era de Nissa e que não combinava nada com o frio que fazia.

            - Eu vou lá fora um pouquinho.

            - Você tem que estar de volta em quinze minutos. – Nissa disse.

            - Tá.

            Fechei a porta atrás de mim. Mas assim que eu sai do chalé, não sabia para onde ir. Senti o cheiro de água salgada e fui andando devagar para a praia. Eu só olhava para o caminho que meus pés faziam na areia, mas um brilho ofuscante atraiu minha visão. Tive vontade de fugir ao ver...


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Notas finais do capítulo

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