O Estranho no Sótão escrita por Karina Ferreira


Capítulo 12
Capitulo 11


Notas iniciais do capítulo

Mais um *.*



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E a musica parou, olhou por dois segundos para onde todos olhavam vaiando deparando-se com Carlisle segurando a tomada de força dos equipamentos de som do DJ e olhando com terror a sua volta procurando por alguém

Voltou sua atenção novamente ao estranho mas este já não estava lá, procurou pelo salão pouco iluminado vendo-o empurrar algumas pessoas e subir as escadas correndo

Reuniu todas as forças que tinha dentro de si e correu atrás dele, empurrando e até chutando quem atrapalhasse-lhe a passagem. Subiu as escadas tão rápido quanto suas pernas aguentavam e ao chegar ao terceiro andar correu tão de pressa que seu corpo chocou-se contra a porta no final do corredor

— Edward! – gritou ao constatar que a porta estava trancada – Edward! - gritou mais uma vez sem conseguir disfarçar seu próprio desespero, puxou a chave em seu pescoço tentando desacelerar a respiração – Está tudo bem! Eu estou aqui! – gritava como se tentasse acalmar alguém preso contra a própria vontade ali.

Com dificuldade devido ao tremor de suas mãos colocou a chave na fechadura a destrancando com pressa, rodou a maçaneta mas a porta não abriu, tal como se tivesse um objeto grande e pesado escorado sobre ela

— Edward! – gritou mais uma vez forçando a porta com força que deu alguns sacodes no lugar mas não abriu – Edward! – gritou mais alto batendo com a mão espalmada no objeto de madeira exigindo por atenção - Edward por favor abra! Vamos conversar

E então aconteceu... O desejo a tanto guardado de ouvir-lhe a voz finalmente realizado. Mas não como imaginara, a voz não era levemente roqueada falando-lhe palavras bonitas.


A voz assustadoramente esganiçada saia em um grito embalado em tanto terror e dor que arrepiou-lhe até o cabelo de sua alma. Seu coração pulou uma batida e sentiu todo o sangue fugir-lhe do rosto, não mais suas mãos tremiam mas todo o seu corpo, o medo lhe subiu tão forte que o choro lhe sufocou exigindo passagem de forma tão violenta quanto o do estranho que gritava e chorava trancado no sótão.

— Edward?! – Gritou escorando o corpo na porta ou suas pernas moles não aguentariam com seu próprio peso – Edward me deixa entrar! – implorou. Já não conseguia enxergar corretamente devido as lagrimas que se acumulavam em seus olhos

Os gritos desconexos e aterrorizantes continuavam a serem escutados através da porta causando-lhe a sensação de impotência e mãos atadas. Não sabia dizer exatamente quanto tempo se passou desde que esse pesadelo começou mas para ela parecia uma grande eternidade. O elevador parou e por ele saíram os irmão Cullen também com expressões de desespero

— Edward! Edward! – os irmão começaram a gritar, assim como ela, espancando a porta em busca de atenção. Do lado de dentro os gritos e choro começaram a ser seguidos de barulhos de coisas se chocando com violência

Isabella sentia uma sensação de angustia crescer dentro dela e tomar conta de todo o seu corpo e puxa-lá para um buraco negro do qual parecia que ela não iria sair, deixou-se cair ao chão encostada a porta com as mão na cabeça tentando abafar não somente os gritos dos irmão mas também os do estranho, imagens de seu pai morto e com miolos expostos no chão brincando em sua mente e levando-a de volta aquele dia que ela tanto tentava esquecer

E se o estranho também se matasse? Ela suportaria passar por isso novamente? Aguentaria perder mais alguém que ama de forma tão bruta? E se a mãe também se matasse? O que seria dela? Ela também deveria se matar? Talvez fosse essa a solução para todos eles?

— Como ele está? – perguntou Carlisle que ninguém se quer percebeu aproximar-se

— Fale baixo! – sussurrou Alice em tom de advertência – A sua voz é a ultima coisa que ele precisa escutar agora! – o homem pareceu concordar com a filha

— Tem alguma coisa atrás da porta, não conseguimos entrar – respondeu Emmett a pergunta anterior do pai

— É tudo minha culpa! – Alice começou a chorar e foi logo amparada pelo irmão – Eu nunca deveria ter inventado essa festa idiota! Vou acabar com isso agora mesmo! – falou determinada se desvencilhando do aperto do irmão – Pai você vem comigo, ele não pode nem imaginar que você está aqui – Bella? – perguntou preocupada ao ver a garota sentada apertando a cabeça e chorando enquanto balançava-se no lugar – Bella talvez seja melhor você também vir

— Eu vou ficar – respondeu simplesmente a garota sem olhá-la. Os Cullen não argumentaram, entraram todos no elevador a deixando sozinha

— Eu acho que dessa vez..

— Não comesse pai! – ordenou a menina não querendo começar aquela discussão com o pai mais uma vez – Eu já disse que meu irmão não vai para clinica psiquiátrica alguma! – rosnou a ultima parte

— Alice você precisa entender, nós não temos como ajudá-lo aqui, ele precisa de tratamento

— De tratamento? Sedativos você quer dizer? Vai botá-lo para dormir eternamente?

— Eu só não quero ver essa historia se repetir – falou cabisbaixo

— Caso não tenha percebido pai. A historia já está se repetindo. Só que com uma diferença, ele tem ela para apoiá-lo da forma que você não fez com a mamãe – o elevador parou e os irmão saltaram para fora sem olhar o pai que ficou pensativo para trás

Não podia imaginar a magoa dos filhos em todos aqueles anos, o único que sempre o culpara pela morte da mãe sempre fora Edward e já estava habituado a isso, no entanto, as palavras de Alice o pegara de maneira certeira e dolorosa

De fato ele não apoiou Elizabeth quando ela precisou dele, não por não amá-la, mas por não conseguir, não suportava o fato de vê-la em cima da cama abatida sem responder aos estímulos que ele e os filhos lhe davam

Não era fácil ver a mulher sempre tão cheia de vida e risonha dando-se por vencida. Doía-lhe a alma a forma melancólica como ela agia, queria que ela aceitasse o destino e entendesse que ainda existia possibilidade de ser feliz, poderia ter sido pior, ela poderia ter morrido com o acidente mas não, teve uma terrível seqüela mas estava viva. Ganhara uma nova oportunidade, todos eles ganharam

Naquela época em que pouco se falava em depressão assim como a maioria dos preconceituosos julgava o comportamento da mulher como uma frescura, uma forma de chamar atenção e a forma mais fácil que encontrou para lidar com a situação foi fingir que não existia, fingir que nada daquilo estava acontecendo em sua casa e Deus sabe o quanto se arrependia disso

Todos os dias saia para o trabalho confiante que a falta de atenção as meninices da mulher a fariam desistir daquele comportamento. Existiam próteses, já havia falado com ela sobre o assunto, poderia ter uma vida normal, ele compraria a mais avançada em tecnologia, mandaria buscar no exterior se necessário fosse, mas não, ela não queria nem pensar na possibilidade

Todos os dias quando retornava lá estava ela, o olhar distante, sôfrega, deitada na cama evitando até de olhá-lo enquanto lhe contava o dia no hospital. Até que um dia ela mudou-se para o sótão. Amaldiçoava-se todos os dias por ter deixado se levar pelas emoções naquela tarde

Estava exausto em sua sala, acabara de atender o ultimo paciente daquele dia quando Victoria entrou

 

— Carl querido, está com uma cara péssima. Como estão as coisas em casa? Elizabeth ainda esta com atitudes de vitimismo?

 

— Está difícil Vick. Muito difícil, não sei quanto tempo mais poderei suportar – apoiou a cabeça nas mãos – Ela parece não ver o que está fazendo comigo. E com as crianças então? Parecem ter invertido os papeis e agora são eles que cuidam dela

 

— Tenha paciência com ela Carl, ela só precisa de tempo para se adaptar a nova realidade. Com o tempo você verá, tudo irá se acertar

 

— Quanto tempo mais Vick? Já se passaram meses! – exaltou-se – Eu estou tão estressado com toda essa situação – confessou

 

— Eu sei exatamente do que você precisa para sentir-se melhor – falou sentando em seu colo

 

— Vick não! Não é certo!

 

— Relaxe Carl, esqueça tudo, todos os problemas, quando Elizabeth melhorar vocês conversam e você decide o que é certo ou não, por hora você tem suas necessidades de homem

 

Sabia que não podia ser certo estar com Victoria com Elizabeth tão fragilizada em casa, porem, seus hormônios falaram mais alto e ele deixou-se levar pelo momento. A porta abriu de repente e paralisou no lugar olhando sua esposa acompanhada do filho mais velho parados a soleira

 

Edward o olhava com tanta repulsa que ele próprio sentiu nojo de si pelo peso daquele olhar. No seu intimo sabia que merecia toda aquela repulsa do filho, sabia que estava sujo, que era um maldito traidor que não respeitava a esposa debilitada. Antes que conseguisse alcançar suas roupas ou formular uma frase coerente para dizer Edward retirou a mãe as pressas do consultório

 

— Carl, eu pensei que tivesse trancado a porta. Perdoe-me – começou Victoria a voz embargada pelo choro. Não respondeu a amante, sabia que o único errado daquela historia era ele e tão somente ele, vestiu suas roupas apressado enquanto a ruiva repetia palavras de desculpas e correu para casa

 

Quando chegou Elizabeth já havia mudado-se para o sótão, como o perfeito covarde que era nunca teve coragem de procurar pela esposa para pedir-lhe perdão. Levaria para o tumulo aquele remorso, a culpa pela mulher ter partido sem jamais ouvi de sua boca o quão canalha sabia que era

 

...

 

— Atenção pessoal a festa acabou! – gritou Alice no microfone – Podem ir para suas casas agora! – um coro de insatisfação tomou conta do lugar

— Eu disse agora! – gritou exaltada – Vão embora! – começou a chorar, era tudo sua culpa, colocou seus caprichos e desejos acima da recuperação do irmão. Prometera a mãe que não deixaria Edward desistir de viver e como ela fazia isso? Sendo uma grande egoísta que só pensava nela mesma. Sentiu o microfone ser retirado de suas mãos enquanto braços a envolviam

— Galera, por razões pessoais a festa acabou – a voz de Emmett foi ouvida nos auto-falantes – pedimos a compreensão de todos e que se retirem o mais rápido possível

— Mett você me odeia? – perguntou em soluços, o rosto enterrado no pescoço do irmão

— Claro que eu não te odeio! Você é minha irmã caçula, por que eu te odiaria?

— Eu causei dor nele, por minha culpa talvez ele regrida nas melhoras que teve, eu sei que você sempre foi mais próximo dele

— Hei, a culpa não é sua! Você é incrível e ele sabe disso e eu amo os dois igual – abraçou-a mais forte – Você precisa se acalmar, ele precisa de você agora mais do que nunca, vimos que ele pode voltar, vimos que ele ainda está lá e vamos fazer de tudo para ter nosso irmão de volta certo?

Olhou o DJ que começava a guardar seu equipamento, soltou a irmã e foi pra cima do rapaz dando-lhe um soco servido no rosto, precisava descontar sua raiva e se alguém tinha culpa ali esse alguém era aquele DJ de merda

— Ficou louco cara? – perguntou o rapaz cambaleando com a mão no rosto

— Quem mandou tocar ela droga de musica? – gritou pronto para socar-lhe novamente – Quem mandou tocar Bom Jovi?

— Foi a mãe de vocês! – gritou escondendo-se atrás da mesa – A mãe de vocês disse que é a favorita de Alice, eu só quis agradar

E no segundo seguinte Alice já não estava ali, Emmett correu atrás da Irmã que olhava em todas as direções a procura da madrasta até que finalmente a encontrou sentada confortavelmente com uma taça de champanhe em mão na sala de visitas

— Vagabunda! – gritou Alice dando um tapa estalado no rosto da mulher que virou com o impacto

— O que é isso? – perguntou colocando-se de pé, o rosto vermelho onde a baixinha havia batido

— Você mandou tocar Bom Jovi! – Acusou olhando-a irritada

— Eu? – perguntou divertida – Eu não – sorriu bebericando mais um gole de sua bebida

— Cretina! – gritou Alice dando-lhe outro tapa – Você sabia! Sabe o que essa musica representa a ele

— Alice querida, não é minha culpa que seu irmão seja tão perturbado quanto sua mãe

E foi a gota d’água, Alice em toda a sua fúria jogou-se contra a mulher a derrubando no chão, sentou em cima dela prendendo os braços da ruiva com as pernas

— Não fale da minha mãe! – distribuía inúmeros tapas sobre o rosto da outra que debatia-se tentando fugir e gritava por socorro. Emmett não fazia o mesmo como sentia vontade porque sua mãe o ensinou a ser homem, e homens não batem em mulheres. Mas isso não significava que precisava salva-la da irmã

— Alice! – Gritou Carlisle entrando na sala – Alice pare com isso! – puxou a filha de cima da mulher que segurou nos cabelos da ruiva a trazendo junto de si – Alice estou mandando parar! – esbravejou

— Ela mandou tocar Bom Jovi – acusou aos gritos quando a mulher conseguiu soltar-se e correu para o outro lado da sala, o canto esquerdo da boca sangrando – Pergunte para o DJ – completo antes que a outra tivesse oportunidade de negar

— Carl eu juro! Não fiz por mal, sei o quanto Alice ama essa banda e Edward tem estado tão melhor, acreditei que ela ficaria feliz. Eu só quis ver o sorriso da nossa filha.

— Eu não sou sua filha! – a garota se debateu no aperto do pai

— Victoria por que fez isso? – esbravejou o homem – Você sabe toda a historia!

— Carl ele está bem – começou a chorar – Está saindo com os amigos, voltou a tocar e pintar, está feliz, achei que não faria mal agradar Alice

— Vagabunda! Você é uma vagabunda! – gritava a garota lutando para agarrar a mulher

— Emmett tire sua irmã daqui – pediu. Emmett segurou Alice e puxou-a para fora da sala, ainda teve tempo de ver a madrasta jogar-se aos pés do pai implorando por perdão

...

1º DIA

Bella subia apressada pelas escadas torcendo para que as noticias fossem boas. Perdeu as esperanças assim que chegou ao terceiro andar e viu Emmett sentado na porta do sótão com expressão cansada

 - E então? – Emmett somente balançou a cabeça em negativa, os olhos lacrimejados e tristes

A garota fechou os olhos com força enquanto Emmett colocou-se de pé. Trocaram um abraço desajeitado e cheio de significados e ela tomou seu lugar sentada a porta enquanto o outro saia dali como já estavam fazendo desde que o estranho prendeu-se no sótão. Do outro lado da porta podia ouvir gemidos de angustia abafados

2º DIA

Ficar sentada naquela porta estava tornando-se torturante, o terceiro andar inteiro estava carregado por uma energia pesada e melancólica que era absorvida em completo por ela. Do lado de dentro o choro do estranho era constante, e perguntou-se como ele estava agüentando

O elevador parou naquele andar e Alice pulou para fora com os olhos tão cansados quanto os de quem não dormiu por toda a noite e ela cogitou a hipótese de mandar a garota ir descansar um pouco mais antes de trocarem o revezamento.

 A cansada garota parou em sua frente olhando entristecida a porta enquanto escutava o choro do irmão. Logo silenciosas lagrimas começaram a escorrer por seus olhos também, Bella levantou e a abraçou. Abraçar Alice era mais natural, como se fossem amigas a muitos anos

— Ele vai melhorar – consolou a garota – Ele só precisa de um tempo, mas vai melhorar – queria acreditar nas próprias palavras

— Estou pensando em deixar meu pai interná-lo – confessou em sussurros enquanto limpava as lágrimas com as costas das mãos. Bella sentiu seu sangue gelar a olhando assustada sem saber o que dizer – Eu não queria mas... Mas se continuar sem comer ele vai... – não conseguiu completar a frase sendo agarrada pelo choro. Bella a abraçou mais uma vez

— Mais um dia, vamos esperar mais um dia se ele não abrir pensamos em possíveis soluções – não queria pensar nessas possíveis soluções

Desceu ao primeiro andar pelas escadas e para seu completo azar encontrou com Victoria entrando pela sala de jantar em seu rotineiro minúsculo biquíni a olhando enfurecida

— Tenho certeza de que já deixei claro ser proibido a você ficar zanzando pela casa – disse a mulher quebrando a distancia entre elas. Droga, era agora que ela despediria sua mãe e ela perderia totalmente o acesso ao estranho

— Eu...

— Ela foi ao terceiro andar a pedido meu – Emmett vinha da cozinha e parou ao lado de Bella segurando em seus ombros

— Emmett temos regras e...

— E essas regras não aplicam-se a Bella, ela é amiga de Edwarde tem livre acesso ao sótão

— Mas Emmett...

— Nada de mas Victoria! Eu sempre procurei me manter neutro nessa historia, mas se você causar qualquer desconforto com Bella ou com a mãe dela me unirei aos meus irmãos e meu pai terá que escolher entre os filhos ou você

— Emmett por favor escute o absurdo que está dizendo, vocês são todos garotos ainda e farão seu pai sofrer com esse tipo de atitude – falou com seu típico tom doce

— Não desperdice as suas gentilezas comigo Victoria, eu sou mais dono dessa casa do que você e eu estou dizendo que Isabella pode subir ao sótão quantas vezes ela desejar e que a mãe dela não sofrerá represarias por isso

Os olhos da mulher queimaram em fúria mas não disse nada, marchou para longe deles batendo os pés no chão

— Obrigada – murmurou a garota

— Obrigado você por estar enfrentando essa barra com a gente

3º DIA

— Hei garota será que dá para mudar essa cara de enterro? – ergueu os olhos para o loiro parado a sua frente, ao lado dele a irmã também a olhava preocupada

— O que vocês estão fazendo aqui? – perguntou confusa, não queria que os amigos vissem o estranho em um momento tão frágil. Do lado de dentro os gemidos do estranho eram roucos e baixos

— Alice nos permitiu vir – esclareceu Rosalie sentando-se ao lado da amiga, Jasper imitou a irmã e sentou do outro lado dela – Estamos preocupados com vocês

— Com os dois – deixou claro Jasper concluindo a frase da irmã – Você é bolsista Bella, está perdendo muitas aulas – a garota suspirou, sabia que eles tinham razão

— Vão internar ele – sussurrou quase não podendo ser ouvida com medo de que aquelas palavras piorassem ainda mais o estado do outro no sótão. As lagrimas que segurara durante todo o dia rolaram por seus olhos e Rosalie a abraçou também com os olhos já úmidos

Jasper encostou a cabeça na porta e abraçou os próprios joelhos escutando os gemidos cansados do amigo. Ah o amigo, o primeiro amigo que tinha na vida

A senhora Halle sempre fora muito protetora com os filhos os criando quase que em uma bolha, não iam em festas quando crianças muito menos brincar na casa dos colegas de escola como a maioria dos da sua idade

Na escola estava sempre com a irmã gêmea o que acabava afastando os outros meninos que não aceitavam brincar com meninas, quando adolescente, tornou-se o esquisito da escola que ninguém queria sendo visto junto

Ganhar Edward como amigo por mais estranho que o outro poderia ser era a realização de um sonho, o estranho significava muito para ele e queria poder estar a seu lado nesse momento difícil, queria poder dar-lhe a mão e dizer que ele não estava sozinho nessa jornada. Fechou os olhos antes que estivesse chorando como um maricas e começou a cantarolar uma musica:

— Às vezes você acha que vai ficar bem sozinho

Porque um sonho é um desejo que você faz a sós

É fácil sentir que você não precisa de ajuda

Mas é mais difícil andar com suas próprias pernas

Sentiu que Bella e Rosalie o olhavam mas não abriu os olhos ou sabia que perderia a coragem, e aquele era um momento deles, um momento dele com o único amigo que já tivera, um momento em que ele queria deixar claro que estava ali pelo amigo, que o amigo não estava sozinho. Encheu o peito de ar e cantou mais alto para ter certeza de que o outro o escutaria

— Você mudará por dentro

Quando você perceber

O mundo ganha vida

E tudo está bem

Do começo ao fim

Quando você tem um amigo

Do seu lado

Que te ajuda a encontrar

A beleza de tudo

Quando você abrir seu coração e

Acredita

No dom de um amigo

Sentiu as garotas o abraçarem e começaram a acompanhá-lo na canção:

— Alguém que sabe quando você está perdido e assustado

Lá, nos altos e nos baixos

Alguém que você pode contar, alguém que se preocupa

Do seu lado aonde quer que você vá

Abriu os olhos encarando as duas agarradas a si e os três cantaram alto quase que em gritos :

E quando a esperança falhar

Estilhaçando o chão

Você, você estará se sentindo sozinho

Quando você não sabe qual caminho percorrer

E não há nada te guiando

Você não está sozinho

...

Ir a escola como imaginara, não foi tarefa fácil, mal conseguiu concentrar-se no que os professores diziam, mas os gêmeos tinham razão, ela ainda era bolsista e o plano inicial de dar uma vida melhor a mãe permanecia de pé

Voltar para casa no entanto fora pior ainda, sabia que o momento da conversa difícil que precisava ter com os irmãos Cullen se aproximava, Alice tinha razão, Edward já estava a quatro dias sem nenhum tipo de alimentação e eram poucos os minutos em que não estava chorando ou gemendo o que os fazia acreditar que ele não estava dormindo também

Entrou pela porta da cozinha planejando tirar o uniforme da escola e ir direto ao sótão. Surpreendeu-se ao ver Alice correr de um lado pro outro montando uma bandeja e sendo fielmente seguida por Angela

— Bella! – gritou assim que viu a garota – Ele abriu a porta! – o coração de Bella disparou no peito, não sabia se em felicidade pela noticia, ou se por preocupação coma expressão de terror da outra. – Emmett está dando banho nele - Jogou a mochila de qualquer jeito em seu quarto e correu para fora encontrando com Alice no caminho

— Bella, quero te pedir uma coisa – falou a garota quando as portas do elevador se fecharam

— Diga

— Eu sei que é egoísmo da minha parte te pedir isso mas, por favor, não se afaste dele, não nesse momento. Independente do que vai ver, por favor, não se afaste – a olhava com olhos suplicantes e não compreendeu onde a garota queria chegar com aquela historia. Era obvio que ela não iria afastar-se

— Eu não vou a lugar algum – respondeu olhando-a firme nos olhos

Assim que entraram no quarto procurou pelo estranho que estava sentado na cama escondido atrás de Emmett que secava-lhe os cabelos com uma toalha

— Edward vamos comer um pouquinho? – Alice perguntou receosa. Como já era de se esperar não houve resposta

Emmett pegou com facilidade o irmão mais velho no colo – tal como se fosse uma criança – e sentou-o encostado a cabeceira da cama já ajeitando travesseiros a suas costas e então afastou-se para que Alice pudesse aproximar-se com a comida

Os olhos de Bella abriram-se em assombro e sentiu seu queixo cair com a imagem do estranho sentado na cama com os olhos parados e sem vida fitando os próprios pés sem ao menos piscar

Estava nitidamente mais magro, os braços repletos de machucados em forma de mordidas, o rosto completamente arranhado por unhas e um hematoma arroxeado na têmpora direita indicava que havia chocado o rosto contra a parede. Enormes olheiras em torno dos olhos o deixava com aparência exausta, os lábios secos e rachados devido a desidratação.

Bella respirou fundo só percebendo naquele momento que estava prendendo o fôlego, não sabia se estava pronta para lidar com aquilo

 

Continua...


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Notas finais do capítulo

Primeiro quero agradecer todos os comentários do cap passado, todos os incentivos, todas as comemorações pelo retorno da fic. Muito obrigada meninas vcs são incríveis

Segundo, gente façam uma autora ainda mais feliz e motivada a escrever, recomendem a fic, acredito que a historia merece né? E claro comentem muuuuitoooo vcs não fazem ideia o quanto os comentários de vcs são animadores :D

Terceiro, vou colocar a musica que o Jasper cantou completa la no grupo. Já disse que eu amo os irmãos Halle né?

E por ultimo, mais uma vez gente, por favor deem uma chance a Eu sou a lenda, eu juro de joelhos que a historia é boa e não é somente mais um cliche do gênero, ela tem muitas coisas escondidas e nd é o que parece o q deixa a trama muito envolvente, só precisa de uma chance...

bom é isso, próximo teremos aniversario de morte da dona Elizabeth O.o até lá, não esqueçam de comentar e se gostam da historia recomendem preu ficar feliz :D

grupo do face:

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