Desejos Inconsequentes escrita por Bruno Silfer


Capítulo 4
Capítulo 4: Amizade




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Amanhece na grande casa e logo cedo a movimentação era iniciada. Era o primeiro dia de aula da Ino e esse dia era sempre alegre. Quando a garota acordou Gaara ainda estava na poltrona e na mesma posição que observava a lua, só que agora observava o amanhecer. Ela lhe deu um rápido bom dia e logo foi para o banho, não sendo retribuída pelo “gênio” que continuava com o olhar fixo no sol que estava para nascer no horizonte. Ino colocou o uniforme e, ainda de pé, apoiou um dos pés na cama para passar hidratante nas pernas. Incomodada com aquele silêncio ela perguntou?

- Está me ignorando Gaara?

Então o ruivo levantou de onde estava e virou-se para ela. A imagem que ele viu seria desconcertante para um humano comum. Uma bela loirinha com o cabelo e pele úmidas do banho, vestindo um uniforme escolar cuja saia ia somente até pouco abaixo do meio das coxas, com as pernas lambuzadas de creme. Como ela passava o creme com movimentos de baixo para cima, suas mãos levantavam um pouco a saia quando chegavam ali. Assim ele pôde notar que ela tinha pernas grossas. Talvez tivesse feito academia. Aquele físico não seria adquirido com exercícios comuns.

- Errado. Mesmo não te olhando eu sempre presto atenção em você.

Ela gostou dessa resposta. Ele continuou:

- Você não acha que está muito à vontade na minha frente?

- Por quê? Acha que não vai resistir?

Ela deu um sorrisinho e ele mudou sua feição facial. Sua face séria passou para uma de admiração. Estava sendo cantado? Algo como aquilo nunca havia acontecido em sua vida até então. Diante da situação nova era necessária uma resposta nova.

- Está me cantando Ino?

- Quem sabe...

- Não sabia que gostava de espíritos.

- E você parece bem interessado em uma humana.

- O que está insinuando?

- Eu? Nada...

Ino fez uma carinha de satisfeita e voltou à sua atividade. Ela sabia que estava sendo observada e deslizava suas mãos para cima de uma forma mais provocante. Gaara acabara de aprender que ela sabia provocar e gostava de ser desejada. Ele teria precauções sobre isso, mas não pôde deixar de dizer.

- As saias dos colégios estão cada vez mais curtas...

- Vai dizer que não está gostando?

- É uma cena bonita, mas para nós semideuses não passa disso.

- Vocês não sentem nada?

- Sentimos, mas não como os humanos.

A hora avançava e ela desceu para tomar café, mas deixou claro que queria mais explicações quando voltasse da escola. Ela tomou seu café, fez sua higiene bucal, passou perfume e foi para o colégio. Enquanto estavam no caminho, ainda no carro, Gaara observava Ino com admiração. Ela se adaptara muito bem ao fato de ser seguida o tempo todo e ainda foi a primeira a fazê-lo perder a postura séria que sempre fora a sua principal característica. Confirmando a sua escolha, ela era uma garota muito interessante e não seria tédio nenhum acompanhá-la.

Chegaram à escola e o movimento de alunos era crescente. Ino desceu do carro e se dirigiu para o interior do colégio sendo seguida por muitos olhares, principalmente de homens. E não sem razão. A combinação de um belo corpo, cabelos loiros e longos, olhos azuis e uma forma marcante de andar a fazia possuir um ar de superioridade frente as outras garotas. Ela gostava muito de se sentir assim e o semideus ao seu lado se divertia com esse “assédio” que ela ostentava. Ao adentrar a sala de aula e acomodar suas coisas encontrou Sakura e Hinata e puseram-se a conversar. Depois das costumeiras saudações as jovens mulheres não deixaram de notar o “novo” cabelo da Ino.

- O seu cabelo está lindo Ino! – admirou-se Sakura.

- É verdade! Está brilhante, macio... Onde você foi para deixar ele assim? – perguntou Hinata enquanto alisava o cabelo da amiga.

- Não é exatamente “onde” foi feito, mas “quem” fez.

- E quem fez então? Depois da aula eu vou até essa pessoa.

- Bom, foi assim: quem fez foi...

“Ino!”

A voz era do ruivo semideus que a interrompera. Ela o olhou e viu que ele fazia uma negativa com a cabeça. Realmente era cedo para que as amigas saberem da existência daquele ser que a seguia. Disfarçando respondeu:

- No momento certo eu digo. – e deu uma piscadinha.

Elas ao ouvirem essa resposta protestaram. Começaram a insistir e fazer bico. Ainda estavam nessa discussão quando passou por elas ( passou “por dentro” do Gaara sem perceber ) um cara chamado Uzumaki Naruto. Ino logo puxou o caderninho cinza e escreveu: “preste a atenção nesse cara e, se puder, leia a mente dele.” Assim Gaara reforçou a análise desse Naruto que parou em frente às garotas e disse:

- Bom dia meninas! – e deu um beijo em cada uma.

Eles ficaram a conversar por alguns minutos até Naruto seguir para a sala puxando o olhar do grupinho que acabara de deixar. Para elas foi uma conversa comum, mas o semideus viu muitas coisas que passariam despercebidas por olhos humanos, detalhes esses que Ino queria saber depois.

A aula foi muito divertida nesse dia. Talvez por ser o primeiro dia, parte da euforia das férias fora trazida para a escola. A verdade é que o primeiro dia era sempre mais parecido com uma confraternização do que com uma aula propriamente dita. Gaara não se preocupou em conhecer imediatamente os amigos da Ino, pelo que viu teria tempo de sobra para conhecer os principais. A aula termina e ao chegarem em casa Ino começou com as perguntas.

- Então? O que descobriu?

- Sobre o que?

- O Naruto ora!

- Ah sim. Aquele seu amigo...

- Ele mesmo. Leu a mente dele?

- Você sabe que eu não posso ler a mente de ninguém sem permissão.

- Então você não descobriu nada...

- Mas o que você queria saber exatamente?

- Se ele gosta da Hinata, aquela minha amiga de olhos cor de pérola.

- Ah, é isso? Mas não é preciso ler mentes para descobrir isso.

- E então?

- Ele gosta dela sim.

Ino ficou muito feliz ao saber disso, mas não pôde deixar de desconfiar de tanta certeza.

- Como pode ter tanta certeza disso?

- Pequenos detalhes, tais como: ele ficou nervoso quando falou com ela, o beijo que ele deu nela foi mais demorado que o normal e durante a aula ele sempre a olhava pelo canto dos olhos com um olhar que não era de desejo.

- Eu nunca notei isso.

- Mas pelo que eu vi ele não tem coragem de falar isso para a sua amiga. Isso você deve ter percebido.

- Percebi. A Hinata é do mesmo jeito. Assim fica difícil.

- Sendo assim você não pode fazer nada.

Ino pensou por alguns instantes e disse:

- Eu não posso, mas você pode.

- Eu?

- É. Se o meu primeiro pedido for para que eles fiquem juntos você vai realizá-lo certo?

- Certo. Mas como é você que vai pedir, quem pagará o custo será você. Pense bem.

- E qual é o custo?

Gaara respondeu no ato:

- Se eu realizar esse pedido, nenhum homem humano se interessará em namorar, ficar, beijar, desejar ou conquistar você por um prazo de cinco anos.

Aquela consequência acertou em cheio o que a jovem estudante mais gostava. Ela adorava ser assediada, desejada e olhada pelos garotos. Perder essa “fama” seria um golpe duro logo no início do ano.

- Tem certeza que o custo é esse mesmo?

- Absoluta. Isso não será mudado.

Ela ficou um bom tempo pensando. Queria muito que a amiga fosse feliz com quem ela amava, mas não queria perder a popularidade. Algum tempo depois, porém, percebeu que a sua vida toda havia girado em torno da sua beleza e não tivera nenhum benefício com isso, além disso, não deixaria de ser linda por causa disso. Quem sabe se não era isso que ela precisava para enxergar tudo à sua volta com outro olhar? Depois de pensar na situação, por fim decidiu-se.

- Eu já tenho uma resposta.

- E qual seria ela?

Ino respirou fundo e disse:

- Eu aceito. Eu pago o custo. Quero que realize o meu desejo de que a Hinata e o Naruto fiquem juntos.

Gaara admirou-se do pulso firme daquela loirinha. Naquele momento ele descobriu uma das suas principais qualidades: ela queria que todos à sua volta fossem felizes, mesmo que ela própria não estivesse. Em um só pedido ele aprendeu muita coisa sobre ela; mais do que o essencial. Ele realizaria aquele desejo com alegria, principalmente pelo sentimento que Ino demonstrou. Por fim disse, finalizando a conversa.

- Sua vontade será satisfeita.


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