Desejos Inconsequentes escrita por Bruno Silfer


Capítulo 26
Epílogo 1: Adaptação


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal! Depois de n! dias sem postar (o pessoal que adora matemática como eu entenderá o "!" ^^) aqui trago o primeiro epílogo. Serão cenas leves onde parte da rotina do casal será mostrado. Talvez não fique tão bom quanto a fanfic em si, mas esse é o primeiro passo para a conclusão da história. Quanto ao tamanho, já era planejado que o primeiro epílogo teria um tamanho semelhante ao dos capítulos normais, já o segundo e o terceiro serão um pouco maiores.

Boa leitura! ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/195213/chapter/26

Os dias passam. Ino vivia um dilema dentro de si, pois ainda não sabia como contar para os pais sobre o seu novo namorado. Sim, agora ela podia encher a boca e contar para quem quisesse ouvir que aquele ruivo era sim o seu namorado. Logo após a concretização do último pedido da loira, eles viraram namorados oficialmente, mas ainda existiam muitas dificuldades: ele não tinha nenhum dinheiro, apesar de saber tudo o que precisava (bem mais do que qualquer humano vivo ou já viveu) nunca foi à escola, não tinha onde morar. Não era viável morar na casa da namorada, então, mesmo a contragosto resolveu aceitar a ajuda financeira oferecida por ela até que ele pudesse se estabelecer. Com o dinheiro ele alugou uma pequena casa perto de onde Ino morava, volta e meia ela ia visitá-lo ou ocorria o inverso. Além de matar as saudades, aquelas visitas eram muito importantes, já que ele ainda não havia se adaptado a todas as condições humanas.

O relógio marcava onze da manhã. O ex-semideus estava no sofá vendo televisão. Irônico que um dia precisaria recorrer a uma televisão para poder se distrair. Antes ele poderia visitar qualquer lugar e observar tudo o que quisesse. Mas via tudo pelo lado bom: ele era o primeiro semideus a experimentar na pele todas as sensações, temores e fraquezas humanas. Além disso havia um motivo especial que fazia tudo valer a pena.

A campainha toca. Ele levanta e vai atender e não se surpreende ao abrir a porta e ver uma linda garota loira que exibia um sorriso de fazer sorrir até a mais fria das pessoas. Ela não esperou convite para entrar e nem ele fazia questão disso. Ele a agarrou pela cintura e lhe deu um beijo que fez os dois sentirem o motivo de tudo aquilo estar acontecendo: amor. Sinceramente ainda não acreditavam plenamente que aquilo era mesmo real, assim aproveitavam cada minuto que podiam ficar juntos.

– Gaara... – disse a loira depois de se separar dos lábios dele respirando aceleradamente. – Incrível como você sempre me deixa sem ar...

– Uma das coisas dos humanos que não gosto muito. – sorriu a beijando novamente.

Depois de namorarem um pouco eles foram para a cozinha. Gaara voltou a sentir aquele incômodo na barriga. Era uma sensação desagradável que o fazia sentir uma pequena dor e uma breve queimação. Ino havia lhe explicado que aquilo era fome. Ele já havia visto muitos humanos com fome, mas somente poderia imaginar como seria a sensação. Só presumia que era uma sensação ruim, pois via sofrimento no rosto de quem a sentia. Agora pôde verificar que realmente era uma sensação horrível. Ino viu que o ruivo estava diferente e presumiu que estava com fome, por isso decidiu mostrar algo inédito.

– Senta aí Gaara. – falou a loira apontando uma das cadeiras ali presentes – Vou te mostrar minhas habilidades.

– Espera um pouco. – disse ele enquanto a via colocar um avental – Você sabe cozinhar?

– Se eu sei cozinhar? – ela riu gostosamente – Eu sou uma mestre cuca de primeira. – sorriu.

Ele ficou confuso. Quando leu as memórias das amigas da namorada não encontrou qualquer informação sobre Ino ter habilidades culinárias. E também durante todo o tempo que “morou” com ela como semideus nunca a viu sequer chegar perto do fogão. Ela percebeu que ele ficou pensativo e resolveu contar tudo.

– Ninguém sabe que eu cozinho. – esclareceu a loira se aproximando dele e lhe dando um selinho demorado. – É apenas um passatempo, apesar de ser boa nisso.

– Eu nunca te vi na cozinha.

– Desde que você chegou na minha vida eu não precisei me refugiar lá. Você me deu ânimo.

– Eu não vi nas memórias das suas amigas sobre esse seu “poder”.

– Nem elas sabem disso. Você será o primeiro a comer a minha comida.

Ele sorriu ao ouvir isso. Poderia ser algo insignificante, mas ele se sentia especial quando ela contava que ele seria o primeiro dela em tantas coisas. Até em coisas pequenas sobre comer a comida da namorada. Sinceramente, não gostou do corpo humano que estava usando, mas se aquele seria o preço a pagar para fazer a loira feliz, pagaria com todo o prazer e, de qualquer forma, comer a comida dela dava a sensação de ambiente familiar. Já conseguia imaginar aquela mulher como sua esposa no futuro e aquela cena se repetindo muitas e muitas vezes mais. Uma hora depois o almoço estava pronto. Ele saiu do banho e ao chegar à cozinha viu uma travessa com macarrão. Ino estava logo á sua frente sorrindo e logo o puxou para sentar-se para depois sentar na cadeira em frente a ele.

– Minha especialidade. – a garota disse enquanto enchia o prato dele – Macarronada a la Ino. Será o primeiro a experimentar além de mim.

Ele observou a comida com atenção. Já vira humanos fazerem macarrão antes, de todos os tipos. Geralmente o macarrão era acompanhado com molho de tomate ou branco, queijo, carne moída e alguns condimentos. O macarrão da namorada parecia ter algo a mais. Ele conseguia ver, além dos ingredientes mencionados, pequenos pedaços de peixe (que presumiu ser sardinha), cogumelos, e era mais escuro que o normal. Ali ele percebeu que ela gostava de comida bem condimentada. Ele enrolou uma porção no garfo e o levou à boca. Enquanto mastigava via Ino o olhar atentamente como se perguntasse silenciosamente o que havia achado.

– Está maravilhoso Ino! – Gaara disse com empolgação. Ino sorriu. – E pensar que eu nem imaginava que você tinha essa habilidade.

– Pois eu tenho. – disse ela cheia de orgulho – Eu gosto dessas coisas simples também.

– Disso eu sempre soube.

Ela sorriu novamente.

– Pois então vamos comer. Ainda tem muito nessa travessa.

– Não por muito tempo. – riram.

Eles comeram muito naquela hora. Ela disse que sabia fazer muitos tipos de comida, mas só iria mostrar em ocasiões especiais. Ele não reclamou, pois sabia que teriam muito tempo para coisas como aquela. Talvez não muito, mas não pensavam nisso. Queriam aproveitar o momento.

Os pais da loira haviam viajado para a América do Sul para tentar resolver a crise de uma das filiais da empresa. Enquanto isso a loira se dava ao luxo de passar o dia e, às vezes, até a noite ao lado do namorado. O celular toca e ela vai atendê-lo. Quando volta avisa ao ruivo que terminava de guardar as louças lavadas:

– A Hinata e a Sakura estão vindo para cá.

– Por quê?

– Fui eu que chamei. Quero falar sobre a gente.

– Tudo bem, mas... elas já sabem que eu deixei de ser um espírito?

– Não. Por isso as chamei. Quero contar tudo.

– Tudo bem. Elas também merecem saber.

Eles ficaram no sofá juntos vendo televisão até a campainha tocar. Ino foi atender e o ruivo logo ouviu risadas vindo da porta e logo em seguida visualizou o trio tão conhecido por ele adentrando a sala. Logo que viram o ruivo perceberam algo diferente.

– Gaara? – a primeira a se pronunciar foi a rosada – Você parece diferente.

– Como assim diferente?

– Parece mais... vivo. Não parece tão pálido quanto antes.

Ino se segurava para não rir. Gaara havia entrado na onda delas.

– Mais alguma diferença? – perguntou o ruivo sugestivamente.

– Bom... – Hinata murmurou – Seu corpo está mais... visível.

– Visível...

– Antes dava para ver por entre o seu corpo, agora não dá mais.

– Por que será não é? – ele sorriu de leve.

Nessa hora Ino entrou na conversa.

– Então... eu queria conversar com vocês... sobre nós... – disse ela se postando ao lado do namorado.

– Como assim “sobre nós”? – Hinata perguntou.

– É que... nós estamos juntos.

Elas não entenderam bem.

– Como assim “juntos”? Ino, eu sei que você o ama, mas ele não é um espírito?

– A não ser que... – Sakura ponderou em sua mente.

Nessa hora ele abraça a namorada pelas costas e apoia a cabeça na curva do pescoço dela. As meninas vendo essa cena só puderam chegar a uma conclusão, mesmo assim era espantoso demais.

– Não me diga que... – Hinata gaguejou.

– Agora ele é... – Sakura também não teve como não gaguejar.

– Sim meninas. Agora ele é humano. Foi meu último desejo.

O espanto foi geral. O ruivo riu internamente da cara que elas fizeram. Logo arrastaram a loira para o quarto e a fizeram explicar como tudo havia acontecido. Elas só não gostaram da amiga ter só mais dez anos de vida, mas ela tranquilizou as amigas dizendo que não se arrependia de nada e que faria tudo de novo se necessário. Não foi o suficiente para acalmá-las, mas amenizou a angústia. Resolveram descer de volta a sala onde o ruivo estava e enfim poderem fazer algo que sempre quiseram.

– Gaara.

Ele olhou e viu as amigas da namorada de frente a ele. Se pôs de pé e as esperou falar. Sakura falou pelas duas.

– É que... nós queríamos agradecer.

Ele não entendeu. A rosada continuou.

– Graças a você nós conseguimos realizar nossos sonhos também. A Hinata está namorando com o Naruto graças a você. Você me deu esse corpo lindo e um namorado maravilhoso também. Por nós duas eu agradeço. Muito obrigada, de verdade.

– Vocês deviam agradecer a Ino. Ela foi a responsável por tudo. Eu só cumpri o desejo dela.

– Nós já fizemos isso. Mas se você não tivesse aparecido talvez ainda estivéssemos naquela vidinha que levávamos antes.

– É verdade. – completou Hinata – Muito obrigada.

Gaara se sentiu muito bem ao ouvir aquelas palavras. Não era comum humanos agradecendo pelos desejos recebidos. Não se arrependeria nunca de tê-las ajudado.

– Agora... podemos te dar um abraço?

Ele se surpreendeu, mas aceitou. Um abraço forte e cheio de gratidão foi dado por cada uma delas naquele que deu a elas os meios para realizarem seus sonhos. O coração do ex-semideus ficou aquecido. Também existiam sentimentos bons nos humanos, isso ele sabia há tempo, mas nunca os havia sentido. Sinceramente aquela sensação de gratidão era bom. Teve de sorrir.

As meninas foram embora e mais uma vez Gaara e Ino estavam no sofá novamente. Ali, sozinhos, sabiam que aquele último desejo, mesmo com aquele custo tão elevado, havia valido a pena. Eles não cansavam da presença um do outro e passavam o máximo de tempo juntos. Enquanto namoravam estavam conversando.

– Ino.

– O que foi?

– Sinceramente... você realmente não se arrepende de ter aberto mão de tanta coisa por minha causa?

– Eu te amo Gaara. – o beijou – Não me arrependo de nada. Eu sei que você faria a mesma coisa por mim.

E era verdade. Se a situação fosse invertida ele também faria a mesma coisa para tê-la ao seu lado para sempre. Nessa hora ele se sentiu ainda mais amado e a apertou mais contra si.

– Posso perguntar uma coisa Gaara?

– Pode.

– Posso dormir aqui?

– Tem certeza que é uma boa ideia?

– Tenho... eu trouxe aquela camisola preta... – disse em seu ouvido o fazendo arrepiar.

– Ino... isso é jogo sujo meu anjo...

A loira riu e se acomodou ainda mais no seu peito. Enquanto sentia o abraço dele em torno de si apertar mais ela disse:

– Eu quero te fazer feliz. De todas as maneiras que eu puder. Eu te amo.

– Eu também te amo meu anjo. E você já me faz feliz. Você me salvou também...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!