Estou começando a achar mesmo que a Vi nunca vai me aceitar de volta. Ainda mais agora que ela está toda derretida para o filho deles, o Matthew. Uma nova família se mudou para cá, tsc, tolos. O sr. e a sra. Harmon parecem não estar nem um pouco se importando, ou tentando espantá-los como foi com a última que veio para cá.

Tentei não pensar na Violet, pelo menos por um minuto. Era como uma fixação, um carma. Eu não conseguia parar de pensar nela, e ainda mais com esse novo cara na jogada. Eu precisava de uma solução. Violet merecia todo aquele sofrimento, mesmo? Não pude conter as lágrimas que escorreram pelo meu rosto.

— Não vai conseguir nada chorando pelos cantos, garoto. — Era Nora. A minha melhor amiga, a mãe que eu nunca tive. Dei ouvidos a ela, é claro, sempre dava bons conselhos.

— A casa lhe da poderes, Tate. Use-os, ou se arrependerá por ter perdido o seu bebê... — Ela parou, abruptamente, franzindo a testa e olhando ao seu redor. — Cadê meu bebê? — E sumiu nas sombras do porão.

Eu sabia como ninguém que a casa dava mesmo poderes. Não era forte o suficiente para matar o casal da gays, como havia feito a alguns anos. Tampouco nocautear o sr. Harmon. Eu me senti preenchido com uma força extra, quando o pensamento de fazer coisas ruins se apoderou de mim. Talvez fosse esse o segredo dessa casa. Ela, de certa forma, apoiava o mal. Mas isso não estava em discussão e não me importava de forma alguma, então decidi mudar de pensamento logo. Violet.

Eu precisava agir. Agir para o bem ou para o mal. Eu estou ficando sem opções, o caminho está ficando limitado. Eu farei tudo que estiver ao meu alcançe para ter o amor da Vi de volta. Dei um longo suspiro, um suspiro que saiu da minha alma, que me cortou.

Durante os dias que se seguiram eu os passei direto no porão. Era demais para mim suportar a ideia de que os dois já estavam namorando, se beijando... Violet tinha mesmo me trocado por ele? Todo o tempo que nós passamos juntos era conseguiu esquecer? Eu estava me sentindo um lixo, mais do que eu já era, abandonado, esquecido. A raiva e a dor que eu sentia no meu peito eu não conseguia descrever.

— Tate? Tate você está aí? — Eu reconheci aquela voz de imediato, e me levantei do chão com um salto.

Estava escuro e a única coisa que eu conseguia enxergar era Violet parada no topo da escada, com somente um feixe de luz entrando pela porta entre aberta.

— Violet?! Quê está fazendo aqui? — Corri até ela e tentei abraçá-la, mas ela relutou e eu notei que seus olhos estavam inchados e vermelhos. — Por quê está chorando, Vi?

— Foi você não foi? — Ela me lançou um olhar penetrante, e eu soube que ela não estava ali para se reconciliar comigo.

Ela começou a me dar socos, tapas e empurrões no meu peito, eu estava confuso e perplexo. Eu segurei a cabeça dela no meu ombro, a abraçando forte.

Após alguns minutos de silêncio, ela se desvencilhou de mim e fungou alto.

— Responda Tate! Não me venha com esse olhar de desentendido, eu conheço você! Assuma mais um dos seus erros! — Ela tornou a chorar e eu não pude evitar o mesmo.

— Eu não estou entendendo, Violet!

— Você o matou, você! — E então eu comecei a entender o que estava acontecendo. Ela só podia estar se referindo ao Matthew, mas eu não havia feito nada!

–— Não Violet! Eu não o matei, eu juro... Não foi eu! — Eu agora estava fungando alto, o calor estava tomando conta de mim. — Você acha que eu gostaria de vê-lo por aí, se esbarrando em mim ou beijando você?! — Tentei me explicar.

Ela me lançou um olhar de desapontamento e virou as costas, mas eu segurei seu pulso e a puxei de volta. Não poderia deixar que as coisas piorassem, ainda mais quando eu não tinha feito nada. Estava ofegante, minha respiração estava desesperada. Abaxei meu rosto no dela, e pude sentir as nossas lágrimas se conectando.

— Eu não o matei. — Insisti, por fim.

Por que Violet se preocupava tanto com ele e não comigo? Não conseguia deixar escapar cada vez mais lágrimas, soluços que ecoavam por todo o porão.

Parei por um momento e segurei o queixo dela, fitando seus olhos negros. Hesitei por um momento, mas pude sentir algo nos aproximando. Nossos lábios se tocaram, as lágrimas restantes invadiram as nossas bocas, escorrendo pela nosso rosto.

— E agora? – Perguntou Violet, secando as lágrimas na manga da blusa.

— Eles vão se mudar, e Matthew pode estar aqui nesse momento. — Respondi. Não vai ser agradável encontrá-lo por aí, agora que eu e Violet estamos juntos, eu acho.

Todo aquele peso que eu estava sentindo momentos atrás desapareceu. Eu não sei se a Vi ainda vai querer ficar comigo, mas eu sinto que as coisas tendem a melhorar agora. Talvez a gente possa voltar a ser só nos dois...Para sempre.

— Tate... Nós finalmente encontramos nosso caminho? — ela abaixou a cabeça e eu notei que mais lágrimas escorriam. — Mesmo?

Eu assenti com a cabeça. Agora que eu tinha mais uma oportunidade de ter Violet nos meus braços, eu não iria estragá-la.

— Vamos ficar juntos, nada vai nos separar dessa vez. — Eu respondi, sorrindo para ela e logo em seguida apoiando sua cabeça no meu ombro.

Eu estava sentindo algo que só ela me proporcionava: felicidade.

— Violet, vou pegar nosso baralho, espere aqui. — Dei um beijo na testa dela e fui para outro aposento do porão, onde ficavam alguns jogos e outras velharias.

Fazia uma semana que estávamos juntos novamente, sem investidas de Hayden, sem choros ou conflitos.

— Ei Tate, pensei que tinha jogado isso fora! — Um homem surgiu vindo de um lado do porão, vestindo a roupa de látex que a muito fora descartada.

Ele se aproximou mais de Violet, que a encarava com um sorriso no rosto.

— O que vai fazer com isso? — Sua voz ela maliciosa e sexy, conforme o homem se aproximava mais.

—Tate, pare, está me machucando... Pare!

— TATE! TATE!