Naruto queria tocá-lo, senti-lo, quebrá-lo e reconstruí-lo, mas não conseguia chegar perto o suficiente para tentar.
Vai se entregar pra mim, como a primeira vez,
Vai delirar de amor, sentir o meu calor
Vai me pertencer...

O cenário era o mesmo toda vez que eu me deparava com ele, sempre na distância, sempre de longe. Eu o via e ouvia, mas nunca fazia algo mais do que isso. Não tinha certeza do porque. Talvez a indecisão ou o medo do que aconteceria se eu o fizesse.
Era uma batalha mental constante e diária.
Hoje não seria diferente.
Em meio ao conflito interno, eu permanecia aonde estava, de pé contra uma parede de pedra, vendo meu desejo secreto a distancia. Fugindo da minha habitual natureza, sempre tão inquieta e querendo chamar atenção a todo custo, agora me mantinha escondido nas sombras, sem ser detectado.
Com meus grandes olhos azuis, acompanhava cada movimento gracioso das longas pernas, e o balançar igualmente gracioso do longo e belo cabelo escuro, até que minha secreta obsessão estivesse completamente fora de vista.
Agora eu espero e medito sobre minha situação, de o seguir ou não.

Sou pássaro de fogo, que canta ao teu ouvido,
Vou ganhar esse jogo, te amando feito um louco,
Quero o teu amor bandido.

Quando se tratava de Hyuuga Neji, Naruto sempre se lembrava daquelas bonecas de porcelana. Belas e pálidas, com olhos fascinantes, que parecem enxergar através de você. E o Uzumaki, não aguentava mais a angustiante distância que mantinha entre si e Neji.

Minha alma viajante
Coração independente, por você corre perigo,
Tô afim dos seus segredos, de tirar o teu sossego,
Ser bem mais, que um amigo.

Eu queria agarrá-lo e sentir a pele lisa pressionada por sob minhas mãos ásperas. Com cuidado removeria suas roupas, e iria admirar cada centímetro de músculo trabalhado e curvas delicadas por baixo delas. Eu iria ser gentil, seria suave no inicio, mas não posso negar meu lado mais obscuro, ainda mais depois de ter me fundido completamente com Kurama, o lado obscuro do meu ser, que queria mais que tudo quebrar Neji.
Quebrá-lo da forma mais física e apaixonada possível, por dentro e por fora, para depois reconstruí-lo a meu modo.
Já passei inúmeras noites mergulhado nesses devaneios tentadores.
Se o Ero Sennin me visse assim, sentiria orgulho de mim, bem isso tirando o fato da musa dos meus sonhos ser um cara, mas acho que ele entenderia.
Minhas fantasias sobre o Hyuuga.
Como eu iria deitá-lo e amá-lo com força, em lençóis suaves, tocando-o com minhas mãos tão quentes, capazes de derreter o coração gelado do prodígio dos Hyuugas.
Imagino o amolecer de Neji sob meu toque, caindo aos pedaços, e implorando desesperado por mais. Iria puxar com força as mechas de seu cabelo macio, enterrando-me fundo nele, como se nossos corpos fossem um só. Sentiríamos as ondas de êxtase e prazer, sem preocupações, juntos enfim. Esses pensamentos frequentes, me mantêm acordado durante noites inteiras, tentando me aliviar da melhor maneira possível, estando sozinho.
Ás vezes, não são sonhos tão explícitos. Eu simplesmente sonho com coisas mais banais. Eu abraçado a Neji, passando minha mão suavemente pela pele exposta por baixo da camisa dele. Fazendo uma minima pressão de chakra, o suficiente para fazer a concha que Neji mantêm a sua volta ruir, e simplesmente relaxar nos meus braços.
Eu então, sussurro as palavras certas para fazê-lo desmoronar emocionalmente e se abrir verbalmente. Ouviria cada palavra arrancada daqueles finos lábios, falando com aquela voz deliciosamente baixa, que me causa arrepios de cima a baixo na coluna, e direto pra minha virilha.
Eu ouviria e me cerificaria de responder, contradizendo cada palavra negativa que o moreno de olhos perolados diria sobre si mesmo, e convencê-lo de que ele estava errado.
Eu faria Neji ver a perfeição de seus defeitos, e sua beleza perante meus olhos.
Seja qual fosse a ira guardada dentro do coração do Hyuuga, do passado ou do presente, eu preencheria cada canto com a alegria que compartilharíamos juntos. Eu mais do que ninguém sei o quanto é doloroso ter esse peso dentro do peito, e o alivio que se senti quando nos libertamos dele.
Eu falaria sobre o futuro, e encheria sua cabeça com imagens de nós como amantes, dois seres felizes um com o outro. Rindo e sorrindo juntos, chorando juntos, brigando um com o outro sobre coisas mundanas, ter longas conversas sobre nosso futuro, ele como capitão ANBU, eu como Hokage. Entraria numa conversa detalhada sobre como faríamos amor constantemente, depois de um dia longo de trabalho. E depois de tudo isso Neji seria finalmente meu.

Não diga que não,
Não negue a você, hum... hum...
Um novo amor, uma nova paixão,
Diz pra mim.

Infelizmente Naruto ainda estava trabalhando em seus problemas de simplesmente se aproximar do Hyuuga. Apenas com um pouco de medo. Perguntando-se se ele seria realmente forte para lidar com aquilo. Então, até então, Neji seria como uma boneca de porcelana, sempre à distancia e fora de alcance. Exposto na vitrine de uma loja, na prateleira mais alta.
Algum dia, Naruto iria derrubá-lo da prateleira e exibiria o Hyuuga para todos o verem, e saberem que ele pertencia ao Uzumaki. Ou talvez ele iria mantê-lo escondido para si mesmo. Esconderia Neji em um lugar privado e seguro, onde ninguém poderia machucá-lo, somente Naruto teria essa chance, para depois ele próprio limpar suas feridas.

Tão longe do chão, serei os teus pés
Nas águas do sonho rumo ao teu coração.
Permita sentir, se entrega pra mim.
Cavalga em meu corpo, ó minha eterna paixão....
Vai se entregar pra mim...

Mas como essas bonecas caras, Neji é frágil, belo e difícil de se obter. Eu sei muito bem disso, e quanto trabalho isso vai me custar, ainda me pergunto se valeria mesmo a pena.

O Uzumaki sorriu e balançou a cabeça com convicção. Mesmo com essa dúvida ainda martelando na cabeça, agora Naruto já se desencostava da parede, saindo das sombras e caminhando direto, cortando a distância entre ele e o objeto de seu desejo.
Preparava-se agora para enfrentar tudo e todos, o veriam como proprietário daquela cara e preciosa boneca de porcelana, porque valia a pena.
Neji vale a pena.