La Princesa Y El Murciélago escrita por biazacha


Capítulo 2
... será sempre seu.


Notas iniciais do capítulo

Esse é o segundo e último capítulo da história. Não tenho a intenção de modificar todos os aspectos da obra de Tite Kubo, por isso imaginem apenas que apesar dos desafios, esses dois seguiram em frente.



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Quando acordei, reconheci o teto de imediato: estava em algum cômodo da residência de Urahara-san e não estava sozinha, Tessai-san estava ao meu lado, torcendo alguns panos quentes – ele só se deu conta de que estava acordada quando se inclinou para colocá-los sobre a minha testa.

–Orihime-dono, como se sente? – perguntou ele; ainda não tinha processado muita coisa e, no momento em que ele falou comigo, me dei conta que cada centímetro do meu corpo doía como se tivesse sido moído.

–Estou bem. – respondi e me esforcei para esboçar um sorriso.

–Não é o que parece. – ouvi a voz forte de Yoruichi-san na forma de bichano; ela sentou ao meu lado e me encarou com seus olhos de gato sérios e amarelados – Você mal consegue se mover direito, ainda está se recuperando e tem sorte de os ferimentos não terem sido graves ou estaria encrencada.

Eu poderia discutir, mas não estava preparada para argumentar e só acenei com a cabeça de modo afirmativo; Ishida-kun surgiu na porta e pareceu aliviado ao me ver acordada.

–Como você está? – perguntou ele.

–Com dor, mas bem. – respondi, antes que Yoruichi-san se manifestasse de alguma forma; ele assentiu e ajeitou os óculos, parecendo desconfortável.

–Não é sua culpa Ishida-kun, não é de ninguém; eu me distraí no meio da luta e me feri: por isso sou a única que cometeu um erro aqui.

–Mas... – ele começou a protestar.

–Eu posso responder por meus erros Ishida-kun, me fortaleci para garantir isso. – disse, mas não de modo rude.

Demorei mais três dias para ficar bem e em todos eles, eu não sonhei com nada uma única vez; mas mesmo assim não consegui tirá-lo da cabeça. Ele ia voltar – era o que havia me garantido – mas voltarei a vê-lo? Virá para Karakura ou permanecerá no Hueco Mundo? E, se ele realmente voltar, o que farei em relação a isso?

Quando voltei para a escola, todos estavam muito preocupados comigo; tentei tranquilizar a meus colegas, mas sou incapaz de afastar minha própria culpa – eu sempre cometo esses erros e faço as pessoas a minha volta se sentirem preocupadas. Por mais que eu me esforce, nunca sou forte o suficiente para lidar com as coisas.

Mas ele nunca demonstrou me achar fraca. Nunca.

Com o tempo as coisas foram se normalizando; Ishida-kun e Sado-kun relaxaram e passaram a combater com mais naturalidade ao meu lado, o olhar angustiado aos poucos sumiu da face da Tatsuki-chan e do Kurosaki-kun cada vez que me viam. Urahara-san passou a nos contatar com maior frequência, mas tirando isso, tudo voltou ao normal.

Só eu não voltei ao normal.

Eu me distraí muitas outras vezes, em situações diferentes. Não posso negar, passei a esperar um sinal dele, algo que renovasse minhas esperanças. Minhas noites de sono eram profundas, sem sonhos e pensei – mais de uma vez – de pedir para Urahara-san que reabrisse a entrada para o Hueco Mundo. Mas como me explicaria? E o principal: por onde começaria a procura-lo, naquela imensidão desértica habitada apenas por Hollows?

Meu último ano no colegial avançava, e a cobrança dos professores acerca de nosso futuro aumentou a olhos vistos. Não sei ao certo o que quero fazer, gosto de ajudar os outros, mas não sei se conseguiria ser médica. Me sinto mais forte, mas não o suficiente para arcar com tanta responsabilidade assim. Por mais que pense nas matérias em que vou bem e gosto, não consigo achar uma saída. Pensei em artes plásticas ou algo parecido, mas isso não resolve o meu problema, pois eu teria a faculdade e não saberia que profissão seguir.

Hoje, um grupo de alunos escolhidos pelo rendimento nas notas, foi convidado a conhecer uma importante e conceituada universidade; alguns colegas estavam bem entusiasmados e faziam perguntas sobre os cursos a que pretendiam prestar. Kurosaki-kun e Ishida-kun permaneciam em silêncio, os pais dos dois trabalham na área da medicina, mas não sei se eles seguirão seus passos. Ishida-kun tem talento para criar coisas e Kurosaki-kun poderia ser um bom policial, mas nunca falei com nenhum dos dois sobre isso.

Passamos por uma biblioteca enorme, com livros sobre vários assuntos e estávamos tirando nossas últimas dúvidas sobre as salas de estudos antes de conhecer os refeitórios quando um movimento chamou minha atenção; alguém caminhava entre as estantes.

Como não tivemos muito contato com os estudantes daqui, fiquei curiosa e sai em silêncio para fazer algumas perguntas sobre o lugar: a estrutura é realmente boa, os professores são atenciosos ...? Não sabia ao certo o que prestar, mas podia ao menos focar meus esforços em um lugar sério que faria a diferença em meu currículo.

Quando foi que comecei a pensar em currículos?

Era um moço jovem de cabelos bem escuros e na altura do ombro; ele estava vestido com roupas pretas e cinzas e seu cachecol verde saltava aos meus olhos. O corredor era de literatura japonesa e ele procurava algo entre os títulos de poesia. Aproximei-me devagar e, mesmo hesitando, interrompi sua busca.

–Com licença. – disse do modo mais respeitoso possível.

Ele se virou e eu perdi o ar; sua pele não era tão pálida e seus olhos pareciam menos vítreos, ele não tinha nenhuma marca esverdeada e eu tinha quase certeza de que não encontraria nenhum buraco em seu peito. Mas era ele, não podia ser outra pessoa.

Um olhou para o outro por algum tempo – eu com o braço ainda estendido em sua direção e ele com a mão pousada em um livro na estante – e aos poucos a situação se tornou constrangedora, por isso resolvi dizer alguma coisa.

–Me desculpe, eu... te confundi com uma pessoa que conheço. – ele segurou minha mão erguida com o braço livre e a apertou de leve, sua pele bem mais branca que a minha e suas unhas pintadas de preto.

–Confundiu mulher? – perguntou ele num tom de voz baixo e doce, mas era a sua voz e aquilo me abalou mais que qualquer coisa, minhas mãos começaram a tremer.

–Acho que não. – respondi, apertando minha mão contra a dele e sentindo um sorriso se espalhar por todo o meu rosto. Ele estava aqui. Ele estava de volta.

Fomos interrompidos pelas vozes de meus colegas dizendo meu nome. Ele me deu um puxão de leve e indicou com a cabeça outra porta – pela qual saímos em silêncio e caminhamos abraçados pelo campus, sem nenhum rumo específico.

–Então... o que fazemos agora? – perguntei para ele.

–Analisamos a faculdade, acho que está aqui para isso. – respondeu ele olhando para mim. Seu olhar era gentil

–E você? – insisti.

–Eu? Andei pensando em ser cirurgião, afinal enxergo coisas que os humanos não veem. - respondeu ele.

–Cirurgião? Como ... trabalhar? Viver aqui? – não tinha como ficar mais confusa.

–Sim, trabalhar, viver aqui. – respondeu ele de modo solene – quando você se torna uns dos mais poderosos Vasto Lordes, não há muito que fazer no Hueco Mundo e a atmosfera rarefeita daqui não me afeta mais. Não preciso de almas para me manter, estou forte o suficiente agora. – nós paramos sob uma cerejeira com uns poucos botões fechados.

–E como faremos com os outros? Urahara-san, Ishida-kun... não sei comos nós podemos explicar isso para os meus amigos.

–Nós? – perguntou ele.

–Sim – respondi, intensificando o abraço – nós.

–Então nesse caso – disse ele – vai ficar tudo bem.

Continuamos andando abraçados, fazendo planos. Vários deles. Não tinha prédios e pessoas a nossa volta, folhas sob nossos pés – éramos só nós dois e uma vida toda pela frente. Cada detalhe dele, seu rosto de perfil, sua voz contida, seu cheiro (nunca tinha parado para pensar em seu cheiro), fui gravando tudo no canto mais profundo e protegido da minha memória para jamais me esquecer.

Então eu senti a presença deles. Sado-kun, Ishida-kun e... Kurosaki-kun. Três entre os cinquenta melhores alunos do nosso ano, assim como eu – e eu tinha certeza de que eles reconheceram a pessoa ao meu lado no momento em que o viram – um silêncio mortal se espalhou. A brisa fria machucava meu rosto.

Ishida-kun ameaçou vir em nossa direção, mas Kurosaki-kun o deteve. Ele fixou o olhar e percebi que não era pra mim que ele olhava, me virei e vi que os dois se encaravam e cada um deu um breve aceno com a cabeça. Kurosaki-kun sorriu e os três foram embora. Tenho minhas dúvidas se as coisas poderão ser como antes, mas tenho certeza de que os verei de novo. Muitas e muitas vezes. Porque ele nunca mais vai me prender.

–Será que Orihime Schiffer é muito estranho? – perguntei.

–Acho que... irei adaptar um sobrenome. – respondeu ele.

–Ulquiorra? – era a primeira vez que dizia seu nome desde que o reencontrei.

–Sim?- ele se colocou de frente para mim e segurou meu rosto com uma das mãos.

–Seu coração? Vai pegá-lo de volta? – para minha surpresa, ele riu.

–Prefiro pegar o seu em troca, posso? – pensei em Kurosaki-kun e respondi:

–Tarde demais. Você já o tem, e acho que para sempre.

E enquanto o Sol se punha de modo magnífico no horizonte, nos beijamos pela primeira vez. Não sei dizer como meu coração ficou, mas sei que o dele, guardado aqui comigo, estava se sentindo mais feliz que nunca.



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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! Foi minha primeira publicação aqui e não tinha modo melhor para começar - que Ulquinoue sejam felizes!!