Dois meses depois.

Conclui que depois do oitavo mês de gravidez realmente tudo passa a ser desconfortável, queria saber de onde saiu aquela tal história do brilho natural que a gravidez trás, que mentira. Tudo estava ficando difícil para mim, até descer as escadas e ir até a cozinha, eu estava quase que proibida de pernoitar no hospital com Carlie e com Edward obcecado por eu ter estar quase entrando no nono mês da gravidez de Renesmee não largava de meu pé por nada, a Cullen Arquitetura e as obras de minha escola de arte estavam sobre supervisão de Emmett. Sim isso mesmo, assustador, eu sei.

–Olá Sra. Cullen- Cumprimentou uma das enfermeiras do hospital ao me ver.

Acenei de forma simpática com a cabeça e continuei meu caminho para o quarto de Carlie, que parecia como tudo que cada vez que meu bebê crescia, dobra de tamanho. Depois de um minuto e meio de uma locomoção lerda e arrastada consegui chegar à porta do quarto de Lie.

–Olá meu amor!-Disse mais feliz que o normal ao abrir a porta do quarto.

Carlie estava acompanhada de uma pediatra, a doutora Ângela.

–Olá mamãe e Nessie!- Disse minha carinha de lua.

Lie já havia perdido seus cabelos completamente, seu rosto estava inchada e muito pálida e ela em tentativa de amenizar o momento difícil e delicado pelo qual passávamos disse que ela estava linda e que mesmo igual uma luinha não havia perdido seu brilho, o que achei muito maduro para uma criança de quase nove anos.

–Olá doutora, e aí quais são as novidades sobre Lie?-Perguntei enquanto me desfazia de meu casaco e bolsa e me sentava na cama de Carlie ao seu lado.

Ângela deu um breve sorriso.

–Estável Bella, ao que parece tudo dará certo e poderemos esperar até o nascimento do bebê de vocês, ontem foi à última seção de quimioterapia, agora só temos que manter essa mocinha forte e estável até agosto. Disse Ângela de forma breve.

Senti um forte alívio tomar conta de mim.

–Obrigada. -Eu disse de forma verdadeiramente grata por ouvir aquela notícia.

Ângela verificou Carlie por mais uma vez antes de sair do quarto até enfim ficarmos eu e ela a sós, coisas que não conseguíamos há muito tempo.

Assim que Ângela fechou a porta do quarto, Carlie me abraçou com toda sua força.

–Estava com saudades já!-Disse ela de forma mandona como sempre.

Ri de forma leve e tranquila como não ria já há um tempo.

–Também estava mocinha, mas você sabe como seu pai anda paranoico em relação a mim não sabe?

–O se sei!-Carlie disse arregalando os olhos- “Cuidado amor, você não pode respirar!”- ela imitou a voz do pai de forma divertida debochando dele.

Foi o suficiente para cairmos na gargalhada.

–Tadinho Lie, ele se preocupa com a gente.

Ela tombou sua cabeça em minha barriga e logo se acomodou da melhor forma.

–Eu sei mãe. -Disse acariciando minha barriga.-Então falta pouco pra eu poder sair daqui e conhecer a Nessie?-Ela perguntou de forma mais séria.

Suspirei fundo e acariciei onde nasciam já pequenos tufos de cabelo.

–Mas um mês para sair provavelmente meu amor e duas talvez três semanas para você conhecer sua irmãzinha. -Disse tentando amimá-la.

Pude ouvir Carlie suspirar fundo.

–Vou poder comemorar meu aniversário longe daqui mamãe?-Perguntou de forma tristonha.

Divaguei por alguns segundos, não queria criar falsas esperanças.

–Talvez Lie. -Disse brevemente.

Pude sentir uma lágrima escorrer em minha blusa.

–Ei!-Disse levantando seu rostinho para mim. - Oh minha princesa, não chore por favor!-Disse com um nó em minha garganta se formando e meus olhos marejando.

Então lágrimas e soluços tomaram conta de Carlie de repente. Sentia-me inútil. Palavras me faltavam assim como reação eu apenas sentia lágrimas escorrerem por meu rosto.

–Mamãe, eu só quero voltar pra casa, ter meu quarto de volta, poder ir à escola, ter minha vida de volta, eu não sei o que eu fiz para papai do céu me castig...

Interrompi Carlie.

–Não fale isso meu amor!-Eu disse de forma desesperada. -Você não é e nem nunca foi culpada de nada, você é uma boa menina de um grande coração e logo meu amor, logo eu te prometo com todas as minhas forças possíveis que você estará de volta em casa, estudando, levando uma vida normal. Eu sei Lie, sei que não está fácil para você agora, sei que às vezes exigimos até força demais de você minha princesa, mas não desista agora, não agora meu amor!-Disse com a voz em tom de desespero, meu coração estava a mil. Sentia-me uma inútil. - Nós te amamos Lie, te amamos mais que tudo nessa vida, seja forte, só por mais um tempo por favor.-Eu disse olhando nos olhos de minha filha de 8 anos.

Carlie deixou que mais algumas lágrimas escorressem por seu rostinho e voltou me abraçar.

–Desculpa mamãe. -Ela disse soluçando.

Senti o ar faltar.

–Não se desculpe meu anjo, só me prometa ser forte, só mais um pouquinho. -Pedi abraçando-a com toda minha força.

Então alguém entrou no quarto. Era Edward ao ver a cena pude ver o desespero estampar seu rosto, em segundos ele se juntou a nós.

–O que houve, está tudo bem?-Perguntou de forma urgente.

–Sim. -Eu disse de forma breve.

Ele se juntou ao nosso abraço e beijou nossas testas.

–Eu amo vocês três. - Ele disse de forma calorosa.- E seja pelo que vocês estejam chorando, quero que parem, vocês sabem que tudo vai dar certo, que o amor supera tudo e que eu dependo de vocês, vocês são a minha vida.-Disse Edward apertando mais ainda seu abraço.

Senti um desconforto em meu ventre, uma pontada. Arfei entre os dentes.

Em um átimo de segundo Lie e Edward soltaram-se do abraço e me olharam de olho arregalado.

–Tá tudo bem mamãe?-Pergunto Carlie assustada.

Eu ia responder que sim quando senti outra pontada daquela me atingir. Renesmee isso não é hora!

–Tudo... -Tentei disfarçar de forma fajuta deixando um gemido de dor escapar ao falar.

–AMOR VOCÊ TÁ EM TRABALHO DE PARTO!-Disse Edward pulando da cama e bagunçando os cabelos bronze com sua mão.

Lie soltou um gritinho de surpresa.

Agarrei o lençol da cama com toda minha força e respirei fundo tentando tomar conta da situação.

–Nãããão estou!-Disse de forma arrastada e lenta agarrando os lençóis com mais força ainda, já podia sentir gotículas de suor escorrendo por minha testa.

Não Nessie, aguente mais um tempo. Implorei mentalmente enquanto Edward já ligava para a família toda e Carlie tentava me ajudar segurando meu cabelo, eu soltava gemidos baixos intercalados de gemidos altos e a dor tomava cada vez mais conta de mim, talvez eu devesse admitir que sim já estivesse na hora.

–Amor, meu pai já esta a caminho!-Disse Edward de forma agitada. -Rose vai a nossa casa e vai arrumar as suas coisas e as coisas de Nessie!-Disse exasperado.

Puxei Edward pela mão e olhei em seus olhos.

–Calma!-Eu disse entre dentes.

Respirei fundo. Contei até 10 e falei.

–Eu amo vocês. -Disse engolindo um grito de dor.- Lie, eu disse, tudo vai dar certo!

Disse com alegria por causa da dor, eu iria cumprir minha promessa. Ia salvar minha filha.

Carlie sorriu exibindo suas covinhas para mim e se aproximou de mim e me deu um longo beijo na bochecha.

–Te amo mamãe!- Disse ela enchendo meu coração com mais amor ainda.