A Mais Bela Flor escrita por VitoriaPrince


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Só quatro comentários? Tenho que dizer que me desanimei um pouco com isso :( Mas aqui está o segundo capítulo da fic, ficou enorme, mas acho que ficou bom. Está beeeem ameno, sabe? Eu ia postar amanhã, mas me deu vontade de postar hoje (vai entender).
Se vocês gostam de Harry Potter, "visitem" a minha nova oneshot sobre a série:
https://www.fanfiction.com.br/historia/195945/Feche_Seus_Olhos
Boa leitura!



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XooooooX

– Não, não e não! – Deméter gritava.

Zeus havia ido lhe contar as boas novas sobre o casamento de Hades com Perséfone. Pensara que a deusa da agricultura reagiria bem, pois Hades era um deus poderoso e Deméter adorava o poder. Ter a filha como rainha seria uma felicidade enorme para ela, pensou Zeus. Porém a reação fora bem outra.

– Como pôde Zeus? Como? Sua própria filha!

– Já lhe disse Deméter. Hades a amou desde o primeiro momento que a viu; achei mais que justo conceder a mão dela para ele, já que vivia tão sozinho! Além do mais, ela não demonstrou nenhuma aversão a ele.

– Não demonstrou nenhuma aversão porque foi apenas uma dança! Quero ver qual será a reação dela quando descobrir que irá se casar com o deus dos mortos! Ela é a deusa das flores, Zeus! Como quer que ela goste da idéia de ficar confinada no mundo Inferior? – Deméter agora chorava diante da desgraça de sua filha e, portanto, a sua.

– Acalme-se, minha cara. Perséfone ficará bem. – disse Zeus, abraçando a deusa.

– Não... Quero... Que ela... Desgraça... Não! - A deusa da agricultura soluçava.

– Ela já está prometida.

– Então descumpra a porcaria do acordo! Por que não Apolo? Por quê?

Do lado de fora da sala, a jovem Perséfone ouvia apenas alguns flashes da conversa de seus pais. Segundo o que ouvira, iria se casar em breve com algum deus. A idéia a desesperava, pois a deusa se julgava muito nova para um matrimônio. Começou a correr pelo palácio de sua mãe, indo em direção ao jardim, com as lágrimas escorrendo pelo seu belo rosto.

– Lady Perséfone? Aconteceu algo? – uma de suas ninfas de companhia, chamada Chiara, lhe perguntou. Em resposta, a deusa apenas se jogou no chão de seu jardim, escondendo o rosto com as mãos.

– Oh, Chiara! Acabei de descobrir, de um jeito ilícito, de que fui prometida a casamento a um deus que desconheço o nome, mas que dancei no baile de semana passada!

– Acalme-se, minha senhora. – Chiara passava as mãos pelo cabelo castanho escuro da deusa – Já pensou na possibilidade de ser um deus charmoso e encantador como Apolo? Ou inteligente e veloz como o corajoso Hermes? Qualquer ninfa faria de tudo apenas para tocar os lábios de um desses deuses. – A ninfa suspirou, extasiada.

– A questão é que eu não sou uma ninfa, Chiara! Eu deveria possuir todo o tempo do mundo para escolher um bom deus para me casar, porém estou sendo arrastada para um matrimônio com alguém que desconheço e que a minha própria mãe desaprova! Sou uma infeliz! – e Perséfone voltou a chorar.

– Minha senhora, nós podemos tentar adivinhar quem é o seu pretendente. – Chiara disse, se sentando ao lado da deusa. – Se lembra de todos os deuses com quem dançou?

Perséfone se sentou, enxugando as lágrimas que não paravam de cair. Ficou um pouco pensativa e suas sobrancelhas de franziram um pouco na tentativa de recordar o nome de todos com quem dançara. Então, seu rosto de iluminou com um sorriso esperançoso.

– Lembro sim, Chiara!

– Então conte, para que podemos tentar descobrir. - A ninfa lhe deu um sorriso encorajador.

– Bem, dancei com Hermes. É um deus muito bonito, com gestos simples, sorriso bondoso. Conversou comigo durante toda a dança. Não senti nenhuma aversão por ele,mas também não foi a melhor da noite.

“O deus Apolo também me tirou para dançar. Seus cabelos são loiros como o sol que ele governa, seus olhos são quentes e suas mãos são delicadas. Porém, me pareceu um tanto arrogante... boa companhia, mas arrogante.”

– Queria ter essa arrogância aqui do meu lado – Chiara suspirou.

“Ares me chamou para dançar no meio da festa. Não gostei muito: é um sujeito de modos rudes e grosseiros. Mas eu penso que ele não será meu esposo, não depois do olhar que Afrodite lançou a ele.”

– Realmente – a ninfa comentou. Ambas riram.

“Hefesto dançou comigo também, parecendo admirado. É sensível, mas muito mecânico.”

– E feio.

– Chiara! Que péssima coisa a se dizer!

– Mas é verdade, ué. É tão feio que a própria mãe o jogou do Olimpo ao ver seu rosto quando nasceu.

– Não acredito que tia Hera foi capaz de algo assim! – Perséfone exclamou, chocada. A tia parecera ser uma pessoa muito boa e equilibrada, a não ser quando estava gritando com Zeus. – Pobre Hefesto!

– Enfim, há mais algum deus?

Perséfone pensou um pouco. Chegou a sua mente a imagem do primeiro deus com quem dançara. Era bonito, com cabelos negros e olhos da mesma cor, um sorriso encantador. Durante a dança, ele não tirava os olhos dela, e o seu toque era totalmente suave.

– Sim, há. Foi de longe a pessoa que mais me agradou – ela disse, sonhadora. Lembrava-se de todos os elogios feitos por ele – É dono de gestos e toques agradáveis. Sua voz é elegante, seu rosto é belo.

– Oh, Lady! Fale-me o nome dele!

– É irmão de meu pai – ela pensou por um momento – Seu nome é Hades. Até que não seria tão ruim se casar com ele.

Perséfone olhou para a ninfa e levou um susto. Chiara tinha uma expressão de medo, de aversão. Ela olhava assustada para a sua senhora, os olhos tomados por pavor. Segurou as mãos da deusa e disse:

– Minha senhora, nunca mais fale isso! Nunca mais deseje isso! Reze para todos os deuses para que ele não seja seu futuro esposo!

– Chiara, o que foi? Por que tudo isso? O que ele tem de tão mal?

– A minha senhora não sabe? – A ninfa perguntou receosa.

Perséfone balançou a cabeça, negativamente. Não estava entendendo nada.

– Ele é o deus dos mortos! Ele mora no submundo, junto com todas as almas! Um lugar escuro, feio, sem flores, sem sol! – Chiara despejou tudo de uma vez em cima da deusa.

Ela não podia acreditar. Aquele homem tão gentil era o deus dos mortos? Estava começando a considerar a idéia de que se casar com alguém como ele não pudesse ser tão ruim, mas agora? Sentia repulsa por ter dançado com alguém que nem mesmo vivia na terra. Sentiu as lágrimas descerem de novo por sua face.

– Sou uma desgraçada! Por quê? Por quê? – ela chorava – justamente o melhor homem com que eu já dancei, com os gestos suaves e palavras doces, com os olhos mais belos que eu já vi! Deus dos Mortos! Ah, tenham piedade de mim! Por favor, não quero casar com ele! Nunca mais poderei voltar ao meu mundo, cultivar as minhas amadas e companheiras flores!

– Acalme-se, minha senhora! – A ninfa parecia estar arrependida de fazer a sua patroa chorar novamente, mas se levantou – Temos que ir! Sua mãe irá enlouquecer se não a ver no jantar.

Com muito esforço, Perséfone se levantou do chão. O seu rosto estava vermelho. O seu vestido estava amassado. A deusa nunca estivera tão frágil assim. Chiara a arrastou até o quarto para se arrumar, só que Perséfone se jogou na cama.

XooXooXooX

Deméter estava sentada em uma bela cadeira de madeira escura em seu escritório. A mesa a sua frente, também de madeira, continha inúmeros papéis e cartas de vários deuses. Sendo a deusa da agricultura, ela era responsável por todo o suporte alimentício do Olimpo. Era um cargo muito importante e Deméter nunca perdia a oportunidade de se gabar por ele.

Normalmente, a deusa estaria lendo as correspondências e providenciando para que as vontades ali expressadas fossem atendidas; porém, nesse dia, os envelopes estavam intocados. A expressão de Deméter era indecifrável. Por ordens muito rígidas, ela proibira qualquer um de entrar em sua sala ou mesmo de lhe dirigir a palavra. E ai de quem se atrevesse a desobedecer a suas ordens.

“Quem aquele verme inútil pensa que é para desejar a minha filha?”

Ela se levantou com o sentimento de ódio e bateu a mão com tanta força na mesa que esta rangeu. As pilhas de papéis caíram no chão, cobrindo a sala com vários envelopes brancos. Deméter revirou os olhos e, com um aceno displicente, fez todos os papéis voltarem à mesa, arrumados. Lágrimas de ódio caíam de seus olhos. Seu rosto estava contorcido em uma expressão feroz e ao mesmo tempo assustada. Seus cabelos castanhos estavam bagunçados e suas mãos tremiam.

Sentou-se novamente na bela cadeira de madeira, juntando os dedos. Sua mente fraca se pôs a trabalhar em uma solução, qualquer uma, custe o que custasse, para livrar a filha daquele destino terrível. Como Zeus ousou a fazer isso com a filha? Ele esperava que ela conseguisse viver naquele inferno? E, apesar de toda a raiva e rancor, Deméter não conseguia odiar o pai de sua filha.

Seus olhos baixaram para as suas delicadas mãos, pensando nele. Sim, ela ainda o amava. Mas havia feito coisas terríveis para sua querida menina. A deusa não queria pensar em como gostava dos olhos de Zeus enquanto Perséfone estava numa situação daquelas. Precisava livrar a pobre garota disso.

“Não deixarei que ele toque nela. Jamais. Terá que me jogar no Tártaro primeiro!”

XooXooXooX

– Senhor Hades?

O deus dos mortos teve seus pensamentos interrompidos pela voz de um dos seus servos fantasmas. Enquanto Deméter se esforçava para achar uma solução para a sua filha, Hades pensava em como deveria anunciar o seu noivado para a sua futura rainha. Ela só o vira uma vez, então ele pensou que também deveria ser muito cuidadoso ao anunciar a notícia. Poderia haver algumas lágrimas por parte dela, mas depois eles poderiam viver felizes para sempre.

– Diga.

– Thanatos deseja vê-lo, senhor. – o fantasma disse, com a voz sussurrante.

– Mande-o entrar. – Hades respondeu indiferente. O servo saiu e, depois de alguns poucos segundos, entrou novamente na sala do trono, acompanhado por um homem de pele escura e olhos com íris tão negras quanto o próprio deus dos mortos. Possuía belas e elegantes feições e um par de asas negras nas costas. Vestia uma túnica branca.

– Vos apresento Thanatos, ceifador de almas e... – o servo começou a anunciar, mas foi interrompido pelo deus.

– Ah, penso que essas apresentações não são necessárias. Pode ir-se embora, fantasma. – A voz do deus era calma, bonita e tão elegante quanto o seu rosto. Com um sorriso malicioso, fez uma breve reverência a Hades, que estava sentado em seu trono. Este esperou o servo ir embora para falar.

– O que quer Thanatos?

– Meu senhor – os olhos do deus, outrora tão opacos, agora brilhavam – Trago-lhe notícias do mundo de cima. Notícias que irão agradá-lo, com toda a certeza.

“Fez muito bem em se unir a Ares para desestruturar a Grécia mais do que ela já é. As outras cidades-estados finalmente se cansaram da hegemonia de Atenas e Esparta lidera um grandioso exército para exterminar a glória e a riqueza ateniense. Pense como isso será ótimo para o reino, mestre! Milhares de novos súditos, todos prontos para acatar as ordens do senhor!”

– Mas não parece muito interessado nas boas novas, senhor. – De fato, Hades quase nem ouvira direito as palavras enunciadas por Thanatos. Mantinha a atenção agora em seus próprios dedos, observando os luxuosos anéis que os decoravam.

– Hum – foi apenas o que o senhor dos mortos fez. Em outros tempos, antes de conhecer ela, o deus estaria eufórico com a guerra. Mas agora? Só conseguia pensar no momento em que ela finalmente fosse sua. Se Zeus concordasse, a festa poderia até ser no Olimpo... Embora Hades nunca se sentisse muito confortável lá.

– Está pensando nela, mestre. – Thanatos afirmou. O deus dos mortos apenas deu de ombros. A Morte parecia exasperada - O senhor sabe o que eu penso sobre isso. Não deveria pensar tanto na donzela quando possui tantos assuntos para se preocupar. Isso pode prejudicar o reino e...

– Eu sei de todas as conseqüências, todos os problemas, todos os males! Acredite em mim, Thanatos, eu realmente sei. Pensa que irei destruir meu reino e desperdiçar uma ótima guerra porque estou apaixonado? – Hades exclamou furioso. – Sim, a desejo e admito que Lady Perséfone seja a dona de quase todos os meus pensamentos, mas os que restaram são totalmente sóbrios!

– Sim, meu mestre. Obviamente sei que o senhor é um rei equilibrado. Desculpe-me pela minha intromissão.

Hades apenas balançou a cabeça, voltando a olhar para as suas jóias em seus dedos. Parecia estar refletindo seriamente sobre elas – talvez pensando com que tipo de jóias poderia presentear Perséfone. Thanatos achou que não poderia suportar ver o seu mestre tão leviano e confuso como estava: ignorando a melhor guerra da história para pensar em uma deusa menor. Decidiu sair da sala do trono sem anunciar sua posição. Hades desviou os olhos dos seus anéis e deu um sorriso para a Morte.

“Ela será a minha rainha, Thanatos.”



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Notas finais do capítulo

Huuum, Hades está todo confiante de si, não é? Mas será que as coisas serão tão fáceis? Confira nos próximos capítulos.
Agora sério, estou pensando em não continuar a fic. Agradeço muito mesmo quem comentou, mas é meio desanimador ver que ninguém comenta nas suas histórias. Parte se deve ao fato de que eu sou nova aqui. Mas enfim.



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