- Hm... Sanji-kun.. Então.. V-você se sente do mesmo jeito que eu? – Nami perguntava de cabeça baixa, com as bochechas vermelhinhas, claramente envergonhada pelo que acabara de dizer. Havia levado Sanji para um dos bares da pequena cidade. Quase todas as mesas do lugar estavam vazias. Havia apenas Nami, Sanji, o dono do bar no balcão e um casal no canto oposto ao que os dois estavam.

  - E-eu.. – Sanji estava confuso. Não conseguia entender o que seu coração realmente queria. A ruiva tinha acabado de se declarar para ele. Mesmo que sobre efeito da fruta, ele não podia perder essa chance. Mas ainda se sentia estranho e indeciso desde que saíra da casa do velho Haruki. Queria ter ficado sozinho em sua cozinha para pensar melhor no assunto. Mas acabou ficando trancado lá, com a ruiva. O que ainda o deixou mais confuso sobre o que sentia.

  - Sanji-kun.. – Nami levantou a cabeça para olhar bem os olhos azuis do cozinheiro, que corou com o olhar da navegadora. – E-eu posso... te beijar..? – Sanji arregalou os olhos e corou ainda mais. Não queria que ela tivesse perguntado isso. Não queria responder. Queria apenas sair correndo dali e se esconder. Queria pensar. Queria conseguir entender a si mesmo.

  - E-eu acho que... – pensou bem na resposta que daria. Mas... o que ele estava fazendo? Era a Nami quem estava perguntando isso. Nami. O que havia dado nele? Se ainda restavam dúvidas sobre o que sentia por ela, esse seria o momento certo para dar um fim a isso. Isso mesmo. Não poderia estar errado. Este seria o primeiro beijo de muitos que viriam, agora que ele tinha aquele poder da fruta. Talvez ela não fosse uma fruta tão estúpida assim.

Olhou para a navegadora e aproximou-se de seu rosto. Tirou o cigarro ainda acesso da boca, deixando que a ruiva desse o próximo passo. A navegadora levou seus lábios finos aos do cozinheiro. Foi um selinho tímido e curto. Sanji sentiu os lábios delicados da navegadora, sem nenhum dos dois criar coragem para avançarem com a língua. Por quê? Estava se contendo de novo?! Tinha que parar de fazer isso. É verdade que durante o beijo se sentiu confuso novamente. Não era bem aquilo o que esperava de um beijo de Nami. Tinha que parar de pensar tanto e fazer as coisas de uma vez da maneira certa! Isso mesmo. Tinha se decidido. Daria o próximo passo. Isso se o beijo dos dois não fosse interrompido pelo gemido da porta do bar se abrindo. Com uma silhueta bem conhecida pela navegadora e pelo cozinheiro.

  - Z-Zoro? O que está fazendo aqui? – Nami sentiu-se tímida novamente. Não sabia se o maior tinha visto o beijo que dera ao loiro. – E-ei! O que está fazendo?! – Zoro havia agarrado o braço de Sanji o levando até a porta do bar.

  - M-me solta, marimo..! – Sanji se debatia contra o maior, o que fazia o espadachim apertar ainda mais seu braço e puxá-lo com mais força, se sentindo até um pouco mal por isso. A determinação de Zoro era muito maior que a teimosia do loiro no momento.

Zoro sai do bar e leva Sanji a um pequeno beco escuro sem saída ao lado do estabelecimento. Empurrou o menor contra a parede. Sanji parecia frágil e assustado. Estava mais confuso com a bruta ação de Zoro do que com a falta de prazer que o beijo da navegadora lhe proporcionou. Zoro prendeu os braços do loiro contra a parede, para evitar que ele tentasse fugir.

  - Por que você faz essas merdas comigo?!! – Zoro parecia nervoso e magoado, pôde ver isso bem claro nos seus olhos castanhos. Sanji não entendia o que Zoro queria dizer com aquilo. Nem queria entender. Queria apenas voltar para o barco, para a sua cozinha, fazer de conta que essa noite estranha não tivesse acontecido.

  - Eu não fiz nada com você, marimo! – Sanji gritava alto, deixando Zoro perceber seu nervosismo bem claro pelo tom de voz. Zoro tentou se acalmar. Não queria assustar o cook nem nada parecido. Apenas queria fazê-lo entender como se sentia de verdade. Mas isso parecia ser uma tarefa tão difícil.

  - Você... fica se entregando pra cada menina que a gente encontra por aí – Zoro abaixou o tom da voz.

  - E daí, marimo?! Você não tem nada a ver com a minha vida! – A voz de Sanji continuava alta e a assustada.

  - E daí que isso me deixa... louco – Zoro não pôde conter a resposta sincera que queria dizer ao cozinheiro a tanto tempo. – Você me deixa louco.

Sanji estava confuso, assustado e corado com a resposta do maior. Eram tantas as perguntas que se passavam pela sua cabeça naquele instante. Quer dizer, Zoro era um homem. Então, como ele podia dizer isso? Estava usando outro sentido da palavra? E ele mesmo, correspondia àquele sentimento? Uma parte dele mesmo havia gostado daquela resposta. Mas, ele sempre ficou apenas com damas. Então por que o beijo de Nami não saiu como esperado?

  - Zoro.. – Sanji involuntariamente faria a pergunta que menos queria saber a resposta no momento, mas por algum motivo estranho foi a única que consegiu fazer. – Você... realmente gosta de mim desse jeito? – Sanji abaixou a cabeça envergonhado pela pergunta constrangedora que fizera. Zoro não respondeu. Apenas empurrou de leve o queixo do menor para cima para que pudessem se ver de frente. Até o moreno responder a pergunta do cozinheiro com um beijo furioso e impaciente. Sanji começou a bater no peito do maior, arregalando os olhos, sem acreditar no que ele havia feito. Mal havia beijado Nami pela primeira vez e agora estava beijando Zoro? Não queria dar passagem à lingua do moreno, forçando seus dentes e sua boca. Mas tudo apenas em vão.

Suas forças foram cessando aos poucos, enquanto também fechava seus olhos lentamente. Suas mãos que antes socavam o peito musculoso do espadachim agora apenas seguravam com força a sua camisa. Aquele beijo era tão convidativo e parecia até.. bom. Muito bom. Sem conseguir resistir por muito tempo, cedera agora passagem à lingua impaciente do espadachim. Agora as duas línguas se encontravam desesperadas. Sanji pôde sentir seu rosto arder. Deveria estar totalmente vermelho. Mas Zoro tinha um tom rosado nas bochechas bronzeadas também.

Sanji interrompeu o beijo para dar um pequeno sorriso. Finalmente. Havia encontrado o que procurou por tanto tempo. Pensava que isso só pudesse ser encontrado com pessoas do sexo oposto, mas pelo visto, estava errado. Nunca havia desejado tanto uma mulher ou um homem quanto desejava Zoro neste momento. Toda a dúvida e o medo que sentira anteriormente haviam sido substituídos por prazer.

Zoro abriu os olhos lentamente e olhou para o menor, que estava com a cabeça baixa agora, escondendo os dois olhos azuis com a franja loira, deixando à mostra apenas seu sorrisinho. O espadachim estava sorrindo também, por finalmente ter conseguido o que por tanto tempo desejou em silêncio.

  - O que foi, cook? – Zoro perguntou olhando o sorriso bobo de seu nakama, que a partir dessa noite, com certeza passaria a ser mais do que isso.

  - Eu finalmente descobri – Sanji levantou a cabeça para encarar o maior, sentindo a respiração do moreno em seu rosto. Abriu um grande sorriso com o que estava prestes a falar. – O significado dessa merda que chamam de “verdadeiro amor”.