O Semideus escrita por Dreamer
Sonhos de semideuses nunca são bons. Acordei no meio da noite, assustado, por aquele mesmo sonho. Quem era aquela figura sombria? E as duas escolhas?
Olhei nos assentos da frente, totalmente inclinados, para parecerem camas. Lynn dormia tranquilamente, e Matt chegava a roncar levemente. Pareciam estar calmos e despreocupados. Esperei alguns minutos para eu me acalmar, e logo deitei nos assentos de trás e adormeci, mais tranquilo.
[...]
Acordei com o sol batendo em meu rosto. Olhei pela janela, ainda deitado. O carro estava em movimento. Me levantei num pulo e vi uma Lynn sonolenta dirigindo. Matt estava com os olhos abertos, mas ainda deitado.
-Bom dia – eu disse.
-Bom dia – Matt e Lynn responderam em uníssono.
-Quantas horas? – eu perguntei, me espreguiçando.
-Sete da manhã. – Matt respondeu, sonolento.
-Para onde vamos? – perguntei.
-Atrás de Apolo – Lynn respondeu – Ele está em Baker City. Comprei um lanche para vocês dois, está aí atrás.
Virei-me para a minha direita e encontrei uma sacola. Eu a abri, dentro havia sacos de papel com pão, salgadinhos, presunto, queijo e suco em caixinha. Matt levantou e desenclinou a cadeira, e assim começamos a comer.
[...]
A viagem durou algumas horas, mas ainda era de manhã. Pegamos nossas armas e saímos do carro, onservando a grande movimentação do local.
Deixamos o carro estacionado num estacionamento público. Matt, com o Mapa dos Deuses em mãos, ia na frente, caminhando como um turisya perdido. Eu e Lynn fomos logo atrás.
Andamos pelas ruas de Baker City por alguns minutos, quando de repente Matt parou na porta de um estabelecimento chamado Blue Party. Eu e Lynn corremos atrás dele e o alcançamos, e olhamos o grande letreiro neon que piscava azul com o nome do lugar.
-Uma boate diurna. – disse Lynn – Faz bem a cara de Apolo. Vamos logo...
A garota tomou a frente, e então Matt e eu fomos logo atrás. Abrimos a porta do local e encontramos uma boate, com uma pista de dança e um barzinho no fundo. A boate era enorme. Um segurança assustador e enorme barrou a nossa entrada.
-Crianças não são permitidas! – gritou o segurança.
-Senhor, eu tenho 14 anos. – eu disse, um pouco estressado por ter sido chamado de criança.
-Idaí? Não perguntei sua idade. Você não pode entrar. – o homem disse, com uma voz grossa.
E então, o segurança bateu a porta da boate, irritado. Matt fez uma careta e cruzou os braços. Lynn tinha feições furiosas. Eu permaneci imóvel, apenas olhando para os dois, esperando que tivessem uma idéia brilhante. Mas infelizmente isso não aconteceu.
-Vamos invadir. – disse Lynn, finalmente – É o único jeito.
-Vamos. – Matt esboçou um sorriso e desembainhou sua espada negra.
-Bem, fazer o que... – disse, desembainhando Megaraio.
E assim, apontei Megaraio para a porta, que foi destruída por um raio lançada por minha espada. Atrás da porta o segurança olhou furioso para nós. Eu senti que ele assentiu para um homem dentro da boate. Matt e Lynn não havia percebido.
-Não mandei vocês irem embora? – disse ele – Não podem entrar.
-Idaí. – eu disse, imitando a voz dele – Nós vamos entrar.
O homem, furioso, começou a se decompor. A se decompor? Sim. Ele começou a virar uma espécie de gosma verde-amarelada nojenta, que logo se modelou e formou a aparência de um monstro muito tradicional na mitologia grega, um ciclope. Seu único e enorme olho no meio da testa me fixou, com raiva. O ciclope correu contra mim, fazendo o chão tremer a cada passo que dava.
Apontei Megaraio para ele, que disparou um enorme raio contra ele num estrondo. Ele rodopiou no ar para trás e caiu entre alguns entulhos, nocauteado. As pessoas dentro da boate corriam de um lado para o outro, apavoradas. Matt apontou a um homem loiro de olhos dourados, que olhava para a confusão de longe.
-Ele está ali. – disse Matt – Eu já conheci Apolo uma vez. Essa é a aparência que ele costuma usar.
Fiquei um pouco confuso, pois Matt usou "aparência" para o deus como se fosse uma roupa. Talvez os deuses pudessem ter a aparência que quiserem. Não hesitamos em correr na direção dele, fazendo eles nos fitarcom interesse.
-Filhos dos três grandes... – Apolo disse, amigávelmente, com uma voz grossa, porém autoritária e bem bela – O que desejam de mim?
-Senhor Apolo – eu disse, demonstrando educação – Precisamos de um favor seu. Precisamos que...
Antes que eu pudesse terminar a frase, uma pedra enorme voou contra nós 4. Matt entrou na frente e tranformou a pedra em pó antes que pudesse nos acertar. Atrás da pedra, 4 ou 5 ciclopes imundos e mal vestidos olhavam ameaçadoramente para nós. Apolo olhou-os com um susto repentino, que logo se transformou numa expressão de raiva.
-Venham! – Lynn nos puxou, levando-nos para um canto.
Os ciclopes tentaram seguir-nos, mas por causa de seus tamanhos não conseguiram. Já escondidos, eu, Matt, Lynn e Apolo, consegui terminar minha frase, porém gritos e estrondos ainda se ouviam na boate.
-Apolo, precisamos que você abençoe uma espada, pra gente derrotar Cronos. – eu disse, apressado.
-Certo. – o deus do sol esperou que eu desembainhasse a espada e logo colocou suas mãos sobre seu símbolo na espada, murmurou algumas coisas em grego, e o seu símbolo então tornou-se prata – Agora vamos!
O deus nos puxou para fora da boate, saíndo pela porta dos fundos. Encontramos o local rodeado por carros de polícia. Dentro da boate, os estrondos íam se acalmando. Um policial se aproximou e nos puxou para longe da boate.
-Cuidado – disse o policial – Tem monstros aí dentro.
-Certo – disse Apolo, tentando parecer normal – Vamos, crianças.
Mais uma vez irritado por ser chamado de criança, segui o deus do sol até uma rua tranquila. Talvez para os deuses os mortais sejam crianças, pois uma vida mortal é um piscar de olhos na visão de um deus. Nós quatro, reunidos num local mais acalmo, sentamos e descansamos.
Então contamos para Apolo o que havia acontecido até aquele momento. Ele apenas escutou e não falou nada. Era o deus mais simpático que eu já havia conhecido. Quando acabamos de contar, ele sorriu e contou algumas piadas olimpianas, que eu só ri para não deixá-lo sem graça. Mas logo, vimos que ainda tínhamos muita coisa pela frente.
-Tchau Apolo – dissemos.
-Tchau, garotos. Boa sorte! – disse o deus – E ahh, menina, me ligue.
O deus deu uma piscadinha, o que não deixou Lynn muito feliz. Mas logo corremos para a rua do estacionamento onde deixamos o carro e entramos nele. Lynn deu a partida e nós partimos para o próximo deus que iríamos encontrar.
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