Wakeru escrita por Kamui Nishimura


Capítulo 23
22 - Aquele Sonho... se tornou apenas um vazio


Notas iniciais do capítulo

Oie!
Demorei? *Pedradas*
Espero que ninguém me mate....
Boa Leitura!



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“Rompi qualquer relação com essa pessoa e lhe peço que me poupe de qualquer alusão a alguém que considero morto.”

 O Médico e o Monstro  - Pág. 53

Kaoru POV

Assim que o Toshiya saiu do quarto, eu entrei o mais rápido que eu pude, Tooru estava sentado, encolhido, chorando.

Eu não entendi o que havia acontecido.

- Tooru...

- O Kyo... Ele... Ele não consegue voltar...

Meu coração acelerou com a noticia... Mas... Como era possível, a Wakeru, não estava pronta... Não dava esse resultado...

- Mas... Isso...

- Como eu vou sobreviver num presídio... Se eu nem sem me defender sozinho? – olhou para mim, e eu pude ver o desespero, naqueles olhos azuis...

Azuis, por causa da Wakeru...

- Calma... Deve ser temporário... Como antes... Ok?!

Ele assentiu  e limpou as lágrimas.

- O que o Toshiya disse? – perguntei.

- Que eu vou aguardar julgamento preso.                                        

- Mas... Você ainda não deu seu depoimento...

- Eu sei... Mas ele só está cumprindo o papel dele. E pra que vão me ouvir, se eu sou um assassino.

- O Kyo é um assassino! – acabei alterando minha voz, e ele se encolheu. – Desculpa...

-Kao...  – ele tentou me acalmar deslizando os dedos pelo meu rosto, mas dava para ver claramente que ele não estava nada calmo. – Se eu não conseguir me livrar da acusação, você vai cuidar do meu irmão...?

- Por favor Tooru... Não fale assim...

- Eu queria poder pensar diferente... Mas é isso que vai acontecer... Eu não vou conseguir me livrar dessa acusação.

Acariciei o rosto dele, e ele me encarou.

- Promete?

- Tudo bem, eu prometo... Prometo também, que vou te salvar dessa enrascada.

- Não precisa... – Ele me abraçou, e sussurrou tão baixo, que eu quase nem escutei direito. – No fundo, no fundo, eu queria que aquele homem realmente morresse.

- Tooru-san... Hora de trocar seu curativo. – uma enfermeira entrou na sala, e eu me afastei dele.

- Tooru, eu volto daqui a pouco. – sai do quarto, e encarei o Shinya que estava sentado na sala de espera, com o Jun deitado no outro lado.

- O Toshiya não vai facilitar... – disse.

- O Toshiya não tem que se meter nessa historia.

- Eu  sou um investigador, se por algum acaso, vocês dois não sabem, e estou cumprindo meu papel. – Toshiya entrou na sala, nos fazendo olhar para ele.- Mas, agora, eu já tenho um mandado de prisão, e se me dão licença, já vim buscar o Nishimura, temos que voltar logo para Tokyo.

- Mas ele ainda não teve alta... – disse Jun se levantando.

- Ele só precisa trocar o curativo, não vai morrer. – disse entrando no quarto. Eu o segui, para impedi-lo, mas assim que dei um passo, Daisuke-san apareceu e me segurou.

- Você tem que dar um depoimento oficial, e o menininho ali também.

- Mas o Jun é uma criança. – disse Shinya inconformado.

- O Toshiya falou que ele sabe sobre o que levou o irmão a cometer o ato. Ele será como uma testemunha.  – disse.

Toshiya logo saiu puxando o Tooru pelas algemas, e pediu para que Daisuke levasse o Jun.

Eu e Shinya primeiramente ficamos quase sem reação, mas logo os seguimos com o carro onde estavam.

- Shinya... Como vou defende-lo? Como eu vou...?

- Kaoru... Eu não sei realmente o que poderemos fazer para ajudar o Tooru, mas se ele for réu primário, e o Jun for levado a serio, ele pode ter uma pena mais leve.

- Foi a Wakeru que deixou o Kyo pior do que já era... Ele nunca teria coragem se não estivesse sob efeito da wakeru e de outras drogas. Eu não quero perder o Tooru, eu não quero deixá-lo naquele inferno sozinho.

- Mas, a wakeru não dura muito. Ele pode estar mais protegido como o kyo.

Olhei para o Shinya inconformado.

Se o Kyo voltasse, essa seria a ultima vez que eu veria o Tooru, por que  depois disso, não conseguirei convencê-lo a tomar a Wakeru novamente.

- Não acredito que ainda está preocupado com a sua formula!

- Não é com a formula! Eu amo o Tooru se você não percebeu!

- O Tooru e o Kyo são as mesmas pessoas!

- Eles são diferentes, fisicamente e psicologicamente!

- Você está escutando o que você está falando?!

- Você viu o quanto eles são diferentes! – gritei, vendo o Shinya respirar profundamente

- Kaoru... Até quando você acha que o corpo dele vai aceitar essa formula? Você sabe muito bem que quando a mesma droga é usada em tão pouco tempo, o corpo se acostuma e ela já não surte mais efeito.

- Você viu que ele ainda é o Tooru? Que esta funcionando como eu queria...

- Kaoru... Vamos falar sobre isso depois... Ok? Depois... Por que temos que pensar como vamos ajudar o Tooru.

- Você tem razão... – disse ficando calado... E tentando pensar, em algo que pelo menos amenizasse a situação do Tooru.

Se o Jun, contasse o que havia acontecido no passado, talvez a culpa do Kyo diminuísse, e também, o Kyo estava drogado, então não poderia controlar todos os seus atos, o seu lado irracional agiu deliberadamente.

Isso, o Kyo era o lado irracional.

E eu tinha que lutar para manter o lado racional. Tinha que lutar para salvar o Tooru.

Meu Tooru.

Jun POV

Depois de algumas horas dentro da viatura, chegamos na delegacia, e me levaram para uma sala, para a sala do delegado, e havia um senhor no canto, que digitava tudo o que o delegado mandava.

Ele me encarou dos pés a cabeça.

- Conte-me tudo que sabe a respeito do que aconteceu. Pode fazer isso?

- Mas não precisaria de ter um advogado aqui, para defender o meu irmão? Ou me orientar?

- Vejo que você assiste filmes demais.

- Foi isso que eu aprendi na escola.

- Certo. Mas como você é uma criança, e a acusação não é contra você, você pode falar sem um.

Apenas o olhei.

- Eu não posso esperar o Shinya-san, e o Kaoru-nii-san chegarem?

- Certo... Mas não vai mudar em nada. Você vai continuar aqui falando sem eles.

Apenas me encolhi na cadeira, e fiquei olhando para ele.

-  Chame um defensor publico... – o delegado olhou para o Daisuke que ainda estava atrás de mim, que saiu logo em seguida.

- Já fizemos sua vontade, garotinho.

Assenti com a cabeça, e continuei observando cada detalhe daquele ambiente.

Demorou muito tempo, para que entrasse um homem estranho, falando que tinha lido os relatórios do Toshimasa-san e estava a par de algumas coisas.

Ele se sentou do meu lado, e disse que eu poderia responder o delegado, assim que ele desse de sinal de positivo.

- Então... Vamos começar... Você sabe o que levou ao seu irmão a atacar o padrasto de vocês?

O advogado, fez um sinal positivo e então respondi.

- O nosso padrasto abusava sexualmente dele.

- Isso foi seu irmão que lhe contou?

Olhei para o delegado.

- Não. Eu via... Meu padrasto me amarrava no pé da cama, e fazia tudo na minha frente. Nem sempre era assim, mas eu sabia acontecia... As vezes nós estávamos brincando, e ele arrastava meu irmão para dentro de casa.

- Por que não contaram para a mãe de vocês?

- Porque ela nunca quis ouvir nada que fosse contra o marido dela. Ela achava que estávamos fazendo isso por que não gostávamos dele.

- Mas você era bem pequeno.

- Tinha quatro anos.

- E se lembra de tudo?

- Coisas traumatizantes marcam as memórias de qualquer um. – respondi.

- Então... Até quando mais ou menos, você via isso acontecendo.?

- Bom... O meu irmão começou a fugir de casa, quando tinha doze ou treze anos, e como ele passava longos períodos longe, meu padrasto desistiu dele.

- Certo. O seu irmão já foi preso uma vez, antes mesmo de completar dezenove anos.

- Ele se meteu com más companhias. – respondi.

- Bom... Vejo que não tenho mais perguntas para você. Acho que a pessoa responsável por você já está te esperando. Daisuke, traga o Nishimura-san até aqui.

Sai e encontrei o meu irmão na porta, ele sorriu para mim, e bagunçou um pouco os  meus cabelos. 

- Obrigado, maninho... Você está ajudando bastante. . – sussurrou antes de entrar na sala.

...

Tooru POV

Entrei na sala sendo analisado pelo delegado. Ele me olhou dos pés a cabeça.

- Está bem diferente do que na ultima vez que eu te vi. – disse o delegado.

- As pessoas mudam, senhor.

- Até a cor dos olhos? – riu.

Não respondi. Apenas o olhei.

- Sente-se, sente-se, vamos terminar logo com isso.

- Sim Senhor.

Me sentei e fiquei olhando os objetos da mesa, tentando disfarçar o meu medo.

- Então... Começaremos com uma pergunta simples... Por quê?

- Ele me machucou, tantas vezes...

- Te machucou no sentido?

- Sexual, ele abusava sexualmente de mim.

- Desde quando? Tinha testemunhas?

- Desde meus  nove anos. E meu irmão via tudo amarrado no pé da cama com um lençol.

- Ele chegou a abusar dele também?

- Não. Por que eu não deixava.

- Quando tudo terminou?

- Quando eu fugi de casa. Eu tinha doze anos, conheci alguns garotos mas velhos, e andava com eles. Comecei a usar drogas junto com eles, mas logo comecei a me afastar deles, e seguir um caminho errôneo sozinho.

- Então você tinha conhecimento sobre o que fazia...

 - As drogas me fazem esquecer o que eu  sofri por anos.

- Como você conheceu o Niikura Kaoru?

-Isso não tem haver com o assassinato do meu padrasto. – o advogado nada falava, apenas batia os dedos freneticamente na pasta.

- Certo. Você estava drogado quando atacou a vitima?

Olhei para o advogado, se eu respondesse isso, eu poderia estar me livrando ou piorando minha situação.

- Pode responder Nishimura-san. – disse o advogado.

- Estava. Naquele dia eu tinha usado vários tipos de drogas.

- A arma... O revólver que você usou... Onde conseguiu?

- Consegui com um Yakuza, que me protegia.

- O Niikura Kaoru?

- Não. O Kaoru não é da gangue... – respondi.

- Sua mãe foi testemunha... E você mesmo se confessou... A arma foi encontrada com você, e você tinha o motivo. Então você vai aguardar julgamento em cárcere. Daisuke leve ele.

- Espera aí... Quanto tempo até um julgamento...?

- Um ou dois meses...

Olhei desesperado para o advogado que estava conversando com o escrivão.

Segui para ala de detenção sem poder nem me despedir do meu irmão...

Eu tinha lembranças do Kyo, e sabia o que iria acontecer.

Me levaram numa sala, onde rasparam meu cabelo.

Realmente, bem que eu poderia voltar a ser o Kyo agora...

Me deram um uniforme, e pegaram todos os meus pertences... Alias... Eu não tinha nada, além de alguns anéis.

Logo entrei na cela, que teria que dividir com uns caras estranhos.

- Japonês do olho azul?! Coisinha rara! – riu um deles vindo próximo a mim.

- Não me enche... – respondi o empurrando. Alguns instintos do Kyo, poderiam me salvar.

- O pequenininho se acha... – um deles me segurou pela gola da blusa e me encarou.

- Me solta... – eu reconheci esse cara, ele andava com o Kyo. – Ou eu te arrebento... Koji.

- Kyo-san!

- Não minha vó!  - disse me soltando, claro que era fácil para mim, imitar o Kyo.

- Você está diferente.

- Eu sempre fui assim... Vocês que nunca repararam. – dobrei a manga da blusa, exibindo as tatuagens, para provar quem eu era.

- Kyo... Mas porque você tá aqui?

- Matei meu padrasto. – respondi, sem orgulho, me sentando na beira do colchão vago.

Eu teria que me acostumar com esse ambiente passaria longos tempos ali. Disso eu tinha certeza.

Kaoru POV

O advogado se aproximou de mim, e disse que não havia muito que fazer para ajudar o Tooru, por que ele era réu confesso. Mas o tempo que ele poderia pegar na cadeia poderia ser menor por ele ter confessado.

- Você não fez nada para ajudar ele! – gritou Jun.

O advogado apenas o olhou

- Não precisaremos mais do seus serviços. – disse o Shinya. – Muito obrigado.

- Sim. Qualquer coisa, entre em contato comigo.

Ele saiu. E nos três ficamos nos encarando.

- O que vamos fazer? – perguntei para o Shinya.

- Bom... Podemos pagar o advogado para tentar amenizar a situação. – disse. – Mas agora não podemos fazer muito agora, vamos voltar para casa, descansar, amanhã, vamos conversar com o Tooru. – Shinya puxou o Jun, e eu segui.

Teríamos que esperar um pouco.

Por mais que meu coração implorasse para que eu ficasse ali, perto do Tooru, o meu corpo pedia desesperado por um descanso.

Seguimos de volta para a minha casa, e o Jun ficou encolhido no sofá.

- Jun... Por que você não vai dormir lá no meu quarto, é mais confortável para você.  – sorri fazendo ele se levantar.

- Tá bom... – disse ele se levantando e seguindo para o meu quarto.

- Shinya... A culpa é minha...

- Não é sua , uma hora ou outra  o Kyo iria aprontar algo do tipo.

- Como o Tooru vai ficar naquele lugar?

-  Ele vai se sair bem... Ele vai ficar bem, eu acredito nisso. Bom... Eu vou deixar vocês descansarem. Amanhã, eu volto aqui... Ok?

- Ok... Você já me ajudou tanto... Espero que eu possa te recompensar de alguma maneira.

- Você é meu amigo. Já vale. Você sempre me entendeu, e sempre soube o medo que eu tinha de acabar naquela gangue.

- somos dois! – sorri levemente. – Então amanhã, nos vemos.

Esperei ele sair , para me jogar no sofá, e pensar em como eu salvaria o Tooru.

Acabei pegando no sono, e acordei horas depois, com o Jun vindo perto de mim, e se deitando perto.

- Posso ficar aqui? – perguntou.

- Claro, vem aqui... – dei um espaço para ele, e o envolvi nos meus braços, ele pegou no sono novamente, e eu fiquei ali observando ele  adormecido.

Ele parecia muito com o Tooru, embora fosse menor, e muito mais elétrico.

Beijei o topo da cabeça dele, e fechei os olhos tentando adormecer novamente...

Eu estava tentando imaginar se o Tooru estava bem...claro que bem ele não estava, mas se ele não estava tendo problemas maiores...

Meus pensamentos, não deixavam com que eu adormecesse.

Respirei fundo.  Tentando a todo custo, descansar, para amanhã poder estar melhor fisicamente para apoiar o  Tooru.

Dormi mal a noite inteira, acordava, praticamente de meia e meia hora.

Assim que abri os olhos percebi que o Jun, já não estava ali. 

- Jun?

- Kaoru!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Procurei, de onde vinha o grito, parecia que o Jun estava em apuros. E o encontrei na frente da casa, com um cara o segurando. E outro apenas olhando encostado no carro;

- Kaoru, me ajuda... – pediu.

- Quem são vocês? – perguntei.

- Até parece que você não sabe! – riu o que estava encostado no carro.

Logo surgiu, Seiichi Kamata.

- Soltem o Jun, ele não tem nada a ver com essa história ridícula.

Eles soltaram o Jun, que veio correndo na minha direção.

Me abaixei um pouco, e o olhei.

- Jun, você sabe o endereço do Shinya, vai e fica lá, ok?

- Eu...

- Vai... – o soltei, e ele saiu correndo

- Então, o garotinho já saiu correndo, então, vamos resolver nossos assuntos. – disse Seiichi, pegando o revólver e apontando na minha cabeça.

Se fosse para que eu morresse nesse dia, eu iria morrer com razão.

Lembrei, que eu ainda tinha uma seringa, com a Wakeru.

Coloquei as mãos no bolso, procurando pela seringa. Encontrei, e disfarçadamente tirei a tampa da agulha, e  espetei no meu pulso, agilmente.

Senti logo o meu rosto formigando.

Sei que não deveria fazer isso. 

Senti, meu ódio a flor da pele. 

...


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Notas finais do capítulo

Mas enfim, como já perceberam tá chegando ao apíce...
Espero que realmente alcance as expectativas.
Estou pensando em postar mais uma fic com o DeG, antes da do Versailles (Eu tenho tanta fic pela metade, vocês não tem idéia), mas ainda estou me decidindo.
Até a Próxima!