05 

Dei um enorme bocejo e olhei para a Tasseiga. Ela estava lá, sem bainha, me olhando, me protegendo...

Levantei-me e percebi que ela estava em alerta. Olhei para os lados e me arrumei. Coloquei uma saia e uma blusa rosa, calcei meus sapatos, peguei a Tasseiga e o vidrinho com a pérola.

Percebi que todos estavam dormindo. Peguei um bloco de notas e escrevi: Fui pra Era Feudal, por favor, não me espere. Tenho que ficar lá por um tempo, ok? Até mais.

Coloquei na geladeira e saí. Corri até o templo e abri as portas. Hesitei ao entrar no poço, olhei lá no fundo, eu sabia que estava acontecendo alguma coisa. Pulei e então deixei à mágica acontecer.

Era como se eu nunca tivesse saído do poço. Ouvi um barulho horrendo e subi rapidamente.

– Não! – ouvi a voz de Shippou.

Quando cheguei ao topo e vi Shippou fazendo uma mágica em um monstro enorme. Vi todos lá, até a velha Kaede.

Será que...

Saí do poço e corri pra dentro da floresta.

– O cheiro delaaaaa! – ouvi o monstro falar.

Entrei naquela clareira e olhei para trás corri em volta pra deixar meu cheiro. Escondi-me e fiquei esperando o monstro vim.

– Ela está aqui! – gritou.

Ele chegou ao meio da clareira e ficou cheirando. Eu sabia que não podia falhar eu tinha que lutar.

Levantei-me lentamente e preparei a Tasseiga. Senti um vento entre mim e o monstro. Eu sabia o que eu tinha que fazer, eu sabia que minha alma estava pedindo isso.

Levantei a Tasseiga, um pouco mais e então eu disse:

– FERIDA DO VENTO!

Era como se uma ventania saísse da própria espada ela foi direta para o monstro e o destruiu. A Tasseiga voltou ao normal – eu nem desconfiei que ela estivesse ativada no modo destruição – e então eu sair do esconderijo.

Fiquei próximo ao tumulo do monstro e esperei os outros.

– Azumi... – a voz de Inuyasha apareceu primeiro.

Olhei para ele e ficamos nos encarando.

– Você está bem, Azumi-chan? – Kagome perguntou.

– Sim. – respondi.

Senti a presença de um youkai olhei para trás e vi...

– Sesshoumaru. – sussurrei.

Ahn? Como assim? Eu nem o conhecia direito, mas é como se Inuichi falasse por mim.

– O que está fazendo aqui Sesshoumaru? – Inuyasha perguntou com desprezo.

– Só queria saber o que estava acontecendo. – ele disse e olhou pra mim.

Nossos olhos se conectaram e era como se eu pudesse ver dentro deles. Senti um pequeno calafrio em meu corpo e então parei de olhá-lo.

– O que está fazendo aqui, garota? E por que está com a espada de minha irmã? – Sesshoumaru perguntou impacientemente.

– Como assim irmã, Inuyasha? – Kagome-chan indagou.

– Ela veio até a mim e me protegeu. Myouga deve ter fofocado. – eu disse num tom um pouco frio.

– O mesmo tom de Inuichi. – um demônio disse ao lado dele... Melhor, Jaken disse ao lado dele.

– Quanto tempo que não vejo essa expressão. E tanto tempo que não lutamos. – Sesshoumaru disse atacando.

Ativei a Tasseiga e começamos a lutar.

Sem querer me gabar, mas eu sou espadachim e eu uso muito bem um arco e flecha. Fui campeã em campeonatos em ambas as modalidades, antes do acidente.

Eu desviava dos ataques dele como se eu já soubesse o que ele ia fazer. Ele puxou uma espada e senti uma incrível força maligna dela. A Tasseiga ficava me defendendo. Eu sabia que não era eu que estava lutando e sim a Tasseiga.

De repente, Sesshoumaru sumiu. Fiquei atenta. Eu não sabia o que fazer nessa situação.

Inuichi, você consegui. Você é a melhor espadachim da nossa família. Lembrei o que o pai de Inuichi disse pra ela.

Eu, Azumi Hoshui, me lembrei do que o pai de Inuichi disse.

Fiquei olhando para os lados.

– Sesshoumaru, pare, ela é só uma garota! – Kagome disse.

Não sou uma garota. Sou uma miko-youkai reencarnada, fugir não é minha palavra preferida e sim lutar até morrer. Eu não sou assim, eu não desisto. Eu, Azumi Hoshui, sou a miko-youkai Inuichi reencarnada. Eu consigo!

Eu senti os movimentos de Sesshoumaru e então me defendi do seu golpe mortal. Tirei a espada de sua mão e continuamos a lutar com unhas e espada.

Ele me atacava com um chicote que saia de suas unhas e eu me defendia com a Tasseiga.

– Por que não me mata? – perguntou.

– Minha alma não quer. Ela sabe que você está me testando. – respondi.

– Ok, se ela está dizendo...

Ele sumiu de novo e, sem eu perceber, ele me atacou nas costas. Senti suas unhas rasgarem minha blusa e abrindo mais uma enorme cicatriz em minhas costas. Era da nuca até acima do meu bumbum.

Eu sabia que a pérola ia me proteger. Eu sabia.

– Eu sabia que era mentira. Você não é minha irmã encarnada. – ele disse numa voz dura enquanto pegava a sua espada. – Só não vou acabar com sua vida, porque tem pessoas que não vão agüentar a imagem.

– Quem, Sesshoumaru? – eu disse fraca.

Ele me olhou e parecia que tinha, finalmente, reconhecido a voz de Inuichi.

– Só porque eu sou uma mentira isso não quer dizer o porquê de você não me matar. Diga-me, onii-chan, o que isso quer dizer? – provoquei, mas eu sabia que era Inuichi.

Ele me olhou assustado junto com Jaken.

– Sesshoumaru-sama... – Jaken disse com medo.

– Garota, não me provoque...

– Você pensa que é Azumi, Sesshoumaru? – Inuichi disse assumindo minha voz.

Ele afastou um pouco.

– Como você morreu? – ele murmurou.

– Eu sabia que você ia perguntar isso, mas eu não posso dizer. Sinto que o ser bastardo já estava morto e queimando nas chamas do inferno. – respondi.

– Quem foi? – ele insistiu.

– Onii-chan – ele cerrou os olhos, eu sabia que o desrespeitei –, você tem que aprender a não ser o culpado por me matar. Foi aquele bastardo que tinha inveja do meu querido ototo. Eu já o vi no Outro Mundo e eu sei que não está sendo nada fácil para ele. – respondi.

Sesshoumaru me olhou pensativamente.

– Seus olhos são da menina que está impacientemente pedindo socorro, sua expressão e sua voz são de você mesmo. – ele disse. – Espero que aquele bastardo esteja fritando. – ele disse abruptamente e se foi.

Senti uma dor incrível na minha costa.

– Salvem a garota. – ouvi a voz de Myouga.

Percebi que Inuyasha veio correndo e me colocou em suas costas. Nossos olhos se encontraram e então eu dei um sorriso e fechei os olhos.

***

– Você deveria pelo menos ter dito pra mim, Inuyasha! – ouvi Kagome reclamar.

Eu fiquei de olhos fechados, pois meu corpo todo doía e eu não queria atrapalhar a conversa deles. Eu estava de bruços na desconfortável cama e escutando.

– Eu não queria, eu sabia que você ia ficar assim. – disse Inuyasha.

– Mas você deveria ter dito. – reconheci a voz Miroku no meio.

– É Inuyasha, você deveria ter contado. – a voz de uma mulher entrou no meio.

– Sango, Miroku, Kagome-chan, vocês não entendem. – Myouga entrou no meio. – Isso é uma descoberta que foi confirmada por Sesshoumaru. Eu sei que ele amava a irmã demais, mas como ela disse: o bastardo que a matou está no inferno.

– Eu quero saber quem foi. – Shippou disse.

– Inuichi... Miko-Inuichi... – Kaede murmurou surpresa.

– Sabe algo sobre ela, Kaede? – Kagome perguntou.

– Sim, ela foi uma miko-youkai, o que é raro, e falava com Kikyou. Ela falava com Kikyou antes de Inuyasha ser lacrado e ela morreu nesta mesma época. – ela disse.

– Na verdade, eu morri muito depois de Inuyasha ser lacrado. – saiu sem eu ter autorizado.

Senti que todos me olharam. Virei dolorosamente minha cabeça para o lado oposto. Vi que eles estavam sentados em volta de uma fogueira e fazendo comida.

– Eu conheci Kikyou antes dela conhecer Inuyasha. E fui lacrada depois de Inuyasha ser lacrado, mas... – nesse ponto me senti confusa.

– Como é possível? – Kaede disse.

– Não sei, mas estou confusa. Ficar no corpo dessa garota é chato e me sinto presa. – Conviva, pensei. – Mas, tanto faz, não importa quando foi eu sei quem me matou e eu sei que ela está morta. Espero que ela fique lá até... – tossi.

– Você está bem? – Inuyasha perguntou.

– Não, minha costa dói. – eu disse cansada. Eu sabia que Inuichi não queria que eu agüentasse pra eu morrer logo, mas a Tasseiga me escolheu... – Inuyasha, pegue a Tasseiga e a coloque perto de mim. – eu disse numa voz rouca.

Inuyasha pegou a Tasseiga delicadamente e me trouxe. Sendo que, ela não o repeliu. Será que quando eu estou em extrema condição de morte a Tasseiga deixa qualquer pessoa tocá-la?

Não, acho que só quem me acompanha.

Inuyasha colocou a Tasseiga ao meu lado e assim me sentir melhor. Sorri e fechei os olhos.

– O único jeito de descobrir as coisas é indo até onde Inuichi foi lacrada. – Myouga sugeriu, abri meus olhos de novo.

– Ok, Myouga, você me mostra o caminho. – Inuyasha disse.

– Quem disse que você vai sozinho? – Kagome ficou de pé.

– É noite, amanhã vamos bem cedinho. – Kaede disse.

Inuyasha se calou e olhou pra mim. Percebi que ele queria descobrir como é sua irmã na forma natural. Não no corpo de uma simples humana.

Fechei meus olhos de novo e desmaiei.

Continua...