29

       Fui batendo o pé indo para o vilarejo. Hino vinha atrás de mim todo machucado por causa dos socos que desferi nele e as palavras malditas que proferi.

- Ah, qual é, Azumi! – disse ele debochando.

Não respondi. Eu estava com tanto ódio que bateria nele e mais duzentos youkais. Quando me deixam irritada, eu tenho vontade de socar todos.

Acho que nem Kagome-chan se livraria desse ódio.

- O casalzinho estava no seu momento guti-guti – começou fazendo uma voz de retardado – aí, veio Hino e estragou tudo. – quando ele terminou, começou a rir da própria piadinha.

Não agüentei mais, eu precisava fazer isso.

- Hentai! – gritei. – Hentai! Hentai! Hentai! Hentai! HENTAI! Baka! Baka! Baka! BAKA! – minha voz poderia ser escutada por todo o Japão, sem exceção.

Nem percebi que, com tanta fúria, eu abri uma cratera e no centro dessa cratera havia um “daiyoukai” vampiro que se acha o tal só porque ler mentes! Ah! Poupe-me disso, Kami-sama!

Continuei a andar carrancuda até a vila. Cheguei à vila e vi todos me olharem assustados.

Passei pelos aldeões, carrancuda, e Hino me seguia todo esfolado de tanta fúria que ele me fez. Se ele tivesse ameaçado, eu já teria usado o Dança de Espadas nele e não sobraria nada dele.

- Ei! Eu já me desculpei! – disse numa voz derrotada.

Hentai. Pensei e o rosário agiu, levando-o pela bilionésima vez ao chão.

- Azumi-chan! – disse Shippou quando me viu.

Passei por ele carrancuda e com os olhos fechados. Percebi que ele recuou com tanta frieza que transmiti.

Continuei andando até ir a uma direção já conhecida.

- Ah, Azumi! – Hino se pronunciou mais uma vez.

- O que houve Azumi? – perguntou Inuyasha na minha frente.

Osuwari. Pensei irritada e o rosário dele agiu.

Passei pela Árvore Sagrada e segui em direção ao Poço Come-Ossos. É, nem Inuyasha conseguiu sobreviver àquilo.

Algo se colocou em minha frente, esbarrei e olhei quem era.

- Para! Já pedi desculpa! – os olhos de Hino pareciam cansados e derrotados.

- Eu queria você longe! – grunhi.

- Eu não vou deixar você se apaixonar de novo por Sesshoumaru. – ele disse numa voz melosa.

- A vida é minha. – rosnei.

- E foi por isso que aquela hime morreu! – jogou.

Arregalei os olhos e senti algo no meu peito.

- Foi assim que Azumi-hime-sama... Morreu. Foi depois daquela noite, Inuichi e Sesshoumaru partiram pela manhã e uma invasão de youkais, inimigos de Sesshoumaru, atacou o castelo e a jovem hime não se salvou. Ela morreu sem pelo menos saber que estava grávida. – a última palavra me fez acordar pra vida.

- Gr-grávida? – gaguejei.

Ele assentiu e olhou para mim.

- E-eu não quero que isso se repita com você. E-eu tenho medo. – era minha imaginação ou Hino estava me mostrando eu lado mais fraco. – Sim, estou. E você é a única pessoa com que posso fazer isso.

Seus braços me pegaram de surpresa. Ele me abraçou fortemente e senti alguma coisa molhar meu quimono. Hino fungou e me apertou mais ainda.

- Eu. Não. Consigo...

- Eu sei. – disse ele com a voz embargada.

Ele parou de me abraçar e me olhou nos olhos. Aqueles olhos vermelhos não eram tão perigosos assim, agora mostravam um lado sensível e apreensivo.

- Eu tenho dó de humanos, mas isso não me faz um covarde. Pra ser um daiyoukai você não tem que ter nenhum dó, mas... Meu pai achou uma humana que amava muito e esse amor deu a eles uma linda menininha hanyou. Só que, como não aceitavam isso, seus inimigos mataram a mulher que ele amava e a minha imoto na minha frente. E daquele dia em diante eu tive pena por hanyou e humanos. Eu sempre escondi esse lado, só que eu ajudava os humanos escondidos e tentava ajudar os hanyou da melhor forma possível. Conheci uma hanyou tão linda que entreguei meu corpo a ela, só que ela me traiu. – ele não precisava nem citar o nome, pois já sabia quem era. – E quando fiquei naquele corpo, eu tive que entender que os humanos nasceram para sofrer nas mãos dos youkais. – seu olhar parou de olhar o vazio, voltando à realidade e fitando meus olhos ternamente. – Azumi-sama, eu sempre vou te proteger. Mesmo que Sesshoumaru diga a mesma coisa, eu também vou fazer essa tarefa. – confessou.

Nossos olhos ainda se mantinham conectados. Hino se aproximou e depositou um selinho em meus lábios. Ele voltou a olhar para mim e sorriu de lado.

- Acho que você precisa pedir desculpas para Shippou e Inuyasha. – suas palavras foram calmas.

Assenti e caminhei para o lado oposto.

Continua...