Ele saía do escritório de uma Lisa Cuddy vulnerável e chorosa, nenhuma sombra da forte reitora que via todos os dias por todos os anos.

Cada dia ficavam mais claros os sinais de que ela e si próprio cultivavam em seus corações judeus e bondosos um amor forte e consistente pela mesma pessoa, Gregory House.

Com o passar do tempo, House passava de amigo problemático à protagonista, ele deixava de ser o filho drogado para ator principal, figurinista, diretor de núcleo e roteirista de todas as angústias e frustrações de ambos.

Lisa não namorava ninguém há algum tempo pelo o que sabia e essa era uma informação que não lhe entrava na cabeça. Tão bonita, tão inteligente...Tudo em relação à “solteirice” da chefe não passava de uma charada cruel e intrigante.

Até agora, até instantes antes de entrar naquela sala e encontrá-la entregue ao pranto que entalava sua própria garganta há tanto tempo. Até encontrá-la prostrada em lágrimas e sentada em suas ilusões perdidas como ele, James Evan Wilson, quis estar para libertar-se por incontáveis vezes.

De longe, ela sempre fora um modelo de “como agüentar Gregory House por 20 anos e ser emocionalmente estável”, mas de perto... De perto todos somos tão pateticamente iguais.

Vista de olhos atentos e com uma proximidade considerável, ela era uma grande médica com uma carreira invejável que se esquecia de ser mulher muitas e muitas vezes.

Olhando-a assim, analisando no seu escritório ele ponderava o peso de tudo que House havia dito a ela e tudo que havia dito a si desde o início da amizade naquela convenção. Pode observar e sentir o quanto as palavras e os julgamentos que ele fazia dissecavam os corpos de quem se aproximava dele.

Wilson caminhava em direção ao seu escritório com uma xícara cheia de café quando trombou com House.

- Wilson, hoje à noite é dia de você pagar bebidas para mim, hã!

- Não.

- Ok, hookers night for me. – e saiu da mesma forma que chegou.

Como ele podia? Como ele ousava agir daquela forma depois do que havia dito para Cuddy? Dos anos de desrespeito com a mão dela caridosamente estendida...

Tudo de repente ficou claro, melancolicamente e dolorosamente claro.

Possivelmente um dia Lisa Cuddy e Gregory House foram muito amigos, conversavam sobre casos que os professores passavam como desafios para os alunos, bebendo, quem sabe não falavam sobre suas vidas amorosas...

Acontece que essa amizade foi tornando-se pouco menos que nada até que ele resolveu matar o resto de alma que ela ainda tinha por meio de suas palavras frias, diretas e dilacerantes.

Ele se sentou em sua cadeira lembrando de conversas aleatórias com várias pessoas que de alguma forma tentaram aproximar-se de House. Então veio, como uma pequena epifania, como uma extrema consumação de tudo. Ele finalmente sabia o que fazer.

Levantou-se rapidamente para que a coragem súbita não esvaísse na sua respiração e foi caminhando em direção à sala em que Tritter tentava manipular à todos por migalhas de traição.

James Evan Wilson precisava parar House antes que ele fosse a próxima vítima da real maldade existente dentro de Greg, a maldade que acaba com o pouco de emoção e comoção que sobra nos corações de quem o ama.