Sonhos Rompidos escrita por judy harrison


Capítulo 4
Uma luz chamada Doug


Notas iniciais do capítulo

Do outro lado daquele vidro, um homem atordoado de quem Nicole tirou a paz, estava também com seus olhos molhados. Doug havia passado seus dedos sobre aquela imagem enquanto ela chorava, ele queria lhe tirar a dor. Foram tantas palavras de lamento que ele beijou o vidro e pediu que ela parasse de sofrer. Como desejou abrir a porta e abraça-la! Mas Nicole não sabia que ele estava lá.



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Os amigos se cumprimentaram felizes.

Doug era o guitarrista da antiga banda, era introspecto e tímido. E, diferente de Andy e Robson, não se envolvia com os prazeres que sua fama lhe proporcionou, exceto o que tinha por necessário. Sua maior virtude era a calma e diplomacia.

Depois de se acomodarem, Robson contou a Doug sobre Nicole e Andy disse que estavam disputando a atenção da garota.

_ Robson não quer que eu saia com ela...

_ Você não quer apenas sair, Andy, confesse.

_ E por acaso você é o dono dela?

_ Não sou, mas ela está comigo, em minha casa.

_ Ainda assim é ela quem decide se sai comigo ou não.

_ Sou eu quem não quer, e você não vai...

_ Já é o bastante pra mim. – disse Doug se levantando – Eu vou para a cozinha comer algo.

Doug não queria se envolver não discussão, mas entendeu que seus amigos estavam tratando Nicole injustamente. Mesmo sem conhecê-la, já sentia pena dela.

A noite chegou e os amigos se juntaram para um jogo de cartas, como sempre faziam em momentos de união. Nicole sempre fechada em seu quarto pediu a janta e comeu por lá, não queria mais ver Robson, e saber que tinha mais um deles na casa a deixou ainda mais perturbada.

_ Deve ser outro como eles. Não estou perdendo nada.

Depois de se divertirem muito, Robson convidou Andy e Doug para dormirem na casa.

_ Eu tenho que recusar, preciso ir. Mas amanhã estarei aqui de novo. – disse Andy.

_ Vai continuar com aquilo?

_ Robson, eu achei que já tivéssemos resolvido.

Já cansado da discussão sobre a tal garota, Doug interveio.

_ Robson, se a menina quiser sair com Andy, ele está certo em dizer que você não pode impedir. Ela não está presa a você só por que está aqui, e foi você quem a convidou.

_ Não é assim que eu penso. Se fizer isso, Andy, vai se arrepender.

Robson saiu e Andy ficou aborrecido.

_ Eu odeio quando ele age assim. Robson é tão egoísta!

_ Você o conhece há séculos e sabe como ele é quando acha que algo pertence a ele.

_ Nicole não é o brinquedinho dele, Doug.

_ Convencê-lo disso é o problema. Você pode conversar com mais calma amanhã. Vou dormir agora.

_ Vai ficar aqui?

_ Sim. Aquele quarto da piscina me proporciona um amanhecer deslumbrante e torna meu dia mais sereno.

Andy sorriu.

_ Você não tem jeito, Doug! Viaja mais do que nós!

Andy foi embora.

Em seu quarto, Nicole havia recusado gentilmente o pedido de Robson de abrir a porta, alegando que estava muito cansada, mas a verdade era que ela não queria mais estar com ele dentro de um quarto de novo.

Porém, era essa a ideia de Robson. Ele desejava mostrar a si mesmo que Nicole estava sob seu poder, mas ao ser impedido de entrar, viu que estava errado.

Era madrugada quando Doug resolveu desligar o radio e dormir, estava um frio intenso lá fora, mas ele ouviu que o outro dia seria de sol.

Sonolento, ele fechou os olhos, mas se assustou com um barulho. Sua surpresa foi grande quando ao olhar através da grande porta de vidro viu uma mulher se aproximando, embrulhada por uma manta felpuda de cor lilás e com seus cabelos pretos caídos nos ombros como um véu. Era Nicole.

Doug se levantou e passou a observá-la. Ela olhava para o horizonte e falava com o vento, mas suas palavras eram incompreensíveis.

Então ela se virou e caminhou até chegar bem próxima da porta. Seu rosto quase tocou o vidro espelhado, mas ela via apenas seu reflexo, e com ele falou, chorou e lamentou por um tempo. Quando já estava cansada, ela secou suas lágrimas e foi embora.

Do outro lado daquele vidro, um homem atordoado de quem Nicole tirou a paz, estava também com seus olhos molhados. Doug havia passado seus dedos sobre aquela imagem enquanto ela chorava, ele queria lhe tirar a dor. Foram tantas palavras de lamento que ele beijou o vidro e pediu que ela parasse de sofrer. Como desejou abrir a porta e abraça-la! Mas Nicole não sabia que ele estava lá.

No outro dia, pela manhã, Doug foi acordado por um Robson irado.

_ Doug, onde está Nicole? Eu não consigo acha-la!

_ Acalme-se homem! Ela deve ter saído com Andy. – não era a forma com que ele queria ter despertado – Não faça tanto drama.

_ Andy, aquele atrevido... Ele está me afrontando, e me desafiando.

_ Robson, não seja bobo! Se ela quis ir, você não poderia mesmo impedir.

_ Nicole é minha enquanto ela estiver aqui! – ele disse com arrogância – Andy terá que se ver comigo.

Doug imaginava o quão egoísta eram seus amigos. Agora que era o único que a conhecia de verdade, ele entendia os desatinos de Nicole, sabia por que ela foi tão facilmente enganada, e agora estava sendo usada como disputa entre dois homens insensíveis.

Enquanto isso, Nicole caia em mais uma armadilha de sedução. Depois de galanteá-la e de fazer promessas infundadas, Andy tentava fazer Nicole esquecer Robson para passar alguns dias num hotel com ele. Usou a mágoa que ela sentia para convencê-la a não voltar mais para a mansão.

Nicole concordou, pois quase não tinha escolha, e não lhe fazia diferença, se no fim ela teria mesmo que voltar para O Brasil. E com o argumento de que não teria nada a perder, ela se entregou a ele e atendeu aos seus caprichos.

No entanto, por mais simpático e carinhoso que ele fosse não conseguia arrancar dela um sorriso sincero e não tirou sua dor.

Até que naquele mesmo dia, no fim da tarde, ela decidiu falar com ele enquanto tomavam chá.

_ Andy, eu acho melhor voltar. Não posso fazer isso com Robson.

_ Como assim? Quer voltar pra ele?

Ela o encarava, e seus olhos indicavam mais um caso breve e superficial. Não era isso que ela queria.

_ Não é “pra ele”. Robson foi hospitaleiro apesar de tudo, e ia custear minha volta. È estranho que você mande alguém buscar minhas coisas. Isso soa como grosseria de minha parte. Preciso ao menos agradecer...

_ Nicole, eu tenho dinheiro para lhe mandar pra onde quiser!

_ Mesmo assim...

Impaciente ele saiu da mesa.

_ Está bem, se é o que quer.

Ele se arrumou e foi para a garagem do hotel para espera-la. Triste com o tratamento, ela entrou no carro e não disse uma palavra até chegarem.

_ Vou esperar que você pegue suas coisas, se quiser voltar comigo. – ele disse com carinho, segurando sua mão.

Ainda calada ela só balançou a cabeça e saiu. E enquanto ele esperava, Doug chegou.

_ Andy, Robson não está. E você deve desculpas a ele! – olhou o interior do carro – Onde está a menina?

_ Foi pegar as coisas dela.

Doug conhecia Andy muito bem.

_ O que foi que disse a ela para convencê-la?

_ Doug, já é muito ter que encarar as investidas de Robson. Acho que não lhe devo satisfações.

_ Andy, está sendo egoísta...

_ Robson está! E ela quer ficar comigo, não a obriguei.

_ Vai resolver os problemas dela?

_ Sim, ela voltará para o Brasil assim que... eu lhe der as passagens.

_ Vocês não entendem! Nicole está sendo jogada de um lado para outro e tudo que você diz é que vai despachá-la? Robson ia fazer a mesma coisa! Não é disso que ela precisa.

_ Ora, Doug! Diz isso como se a conhecesse! Vocês conversaram?

Era mais do que uma conversa. Nicole abriu seu coração pra ele.

_ Não importa. Mas os dois estão se aproveitando dela.

Nicole estava do outro lado do carro e ouviu a conversa, havia sido informada de que Robson não estava e voltou para avisar Andy, mas não foi vista.

Tendo ouvido o suficiente, ela apareceu, estava com as malas e com um semblante abatido, pois sua decisão de voltar com Andy mudou com o que Doug falou. E ela ia dizer.

_ Andy, eu pensei melhor... – mas se calou na presença de Doug

Inevitavelmente seus olhares se cruzaram como dois magnetos. Doug sentiu seu sangue ferver, ao fitar aquele olhar sem barreiras em sua frente. Quanto a ela , nada disse, emudeceu-se, talvez de vergonha, ou inconscientemente ela sabia que ele foi seu confidente por detrás daquele vidro embaçado por seus suspiros de dor.

_ Nicole! Esse é Doug, nosso amigo. Você viu as fotos dele. Me dê suas malas.

Nicole estendeu suas mãos, mas era visível em seu rosto que ela não queria ir.

_ Robson não está. E eu preciso esperar por ele.

_ Pode ligar do hotel e falar com ele. Eu não vou espera-lo.

_ Andy, Robson não demora e não seria legal que ela não falasse com ele antes de deixar sua casa.

Nicole o encarou concordando com Doug, e ele disse com ironia.

_ É mesmo, que bom temos uma “luz” chamada Doug! – deixou as malas no banco da frente do carro e o fechou com raiva – Vou esperar por ele na sala.

Quando Andy saiu Doug olhou para Nicole e ambos ficaram tímidos. Então ele disse:

_ Me desculpe, eu... – sorriu – Não queria me meter.

_ Tudo bem, eu já tinha decidido esperar.

Alguns segundos de silêncio, Doug sorriu novamente.

_ Eu nunca conheci alguém do Brasil. O que achou daqui?

Ela correspondeu.

_ Eu acho a Inglaterra o melhor lugar do mundo pra se viver.

_ Você fala muito bem a nossa língua!

_ Eu aprendi desde cedo por que sempre sonhei em morar nos Estados Unidos, ou aqui.

Doug queria contar a ela que sabia o motivo de sua fuga do Brasil e que estava lá naquela noite de desabafo.

Mas antes que ele desse esse passo, Robson chegou por outro portão. E sabendo que haveria uma discussão na sala onde Andy estava ele pediu licença e foi pra lá também.



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