Encarar a realidade como antes parecia algo simplesmente impossível pra mim. Por que parecia impossível? Por que não conseguia ficar calmo? Por que eu pensava em morrer...? Essas perguntas vagavam sem rumo algum dentro de minha cabeça, enquanto olhava para o corpo do único garoto que tanto amei na minha vida. Ele era lindo e perfeito, tão doce e calmo... Porém, estava pálido, imóvel, gelado... Sem vida... Pois é, eu, Nagumo Haruya, Burn, o ser mais orgulhoso e confiante, que não obedece a ninguém e se acha superior aos outros está chorando agora pela morte do único que tanto amei, Suzuno Fuusuke, Gazel.

Flashback On

-Nagumo! Nagumoo!! - Rean me sacudia feito uma doida, pulando e com aquela voz de felicidade. O que era aquilo, afinal?

Me espreguicei e levantei da cama, bocejando. Eram 7:50 da manhã de um sábado. Quem aguenta isso, meu Deus?

-O que é, Rean? - Pergunto, com aquele tom nada animado, mas sim, emburrado por ter acordado a essa hora.

-O menino novo, ele cheogou!! - Ela falava com um grande sorriso puro na cara, pulando de animação.

-Ahh, era apenas isso? Puta que pariu, deveria ter me deixado dormir, já que não é da minha conta - Afundei novamente na cama e me virei pro lado oposto, na esperança de conseguir dormir novamente, já que uma vez que acordo, não durmo mais até chegar de tarde ou de noite.

-Gomen, Nagumo-kun... Não irei mais atrapalhá-lo... - Rean falava com uma voz baixa, quase que em sussuro e saia do meu quarto de cabeça baixa, se dirigindo a sala.

Por algum motivo, não conseguia parar de olhar pra porta. Talvez eu estivesse curioso, ou talvez era só irritação. Suspirei. Percebi que não conseguiria dormir mais e, como estou no tédio, vou mesmo é ver esse tal garoto. Levantei com muita preguiça, mas fui pro banheiro fazer minha higiene matinal. Logo que acabo, volto para o quarto e vou em direção ao armário, abrindo-o e tirando de lá minha camisa e bermuda, colocando-os com muita preguiça. Suspirei, mas logo fui porta a fora, indo em direção a sala. Tudo o que via era um monte de crianças amontoadas no meio. Tudo isso era curiosidade pra ver o garoto novo?

-ELE É TÃO KAWAIII - Todas as garotas gritaram em coro, abraçando um certo ser de cabelos prateados lá no meio.

-Ei ei, vão sufocar o coitado! - Midorikawa e mais um grupo de garotos tentavam afastar as garotas, mas era praticamente impossível. Era como uma barreira que não se movia por nada, ou quase.

-Chega de zona, vocês!!! - E lá vem a "comandante" desse orfanato, Hitomiko Kira, nossa irmã mais velha e também a dona do pedaço. Ela parecia séria, mas no fundo, mas bem no fundo, ela não era séria, era doce e gentil e divertida. Mas, deixando isso de lado. Enquanto ela afastava os garotos e principalmente garotas de lá, o garoto ficava atrás dela, encolhido com aquele corpo miúdo. Até que era fofo.

Decidi ir ver de perto. Fui descendo as escadas e fui até o montinho, logo suspirei. Por que eu estava lá mesmo?

-Né, qual o nome dele, nee-san? - Ulvida perguntou, com brilho nos olhos. Raridade...

Hitomiko apenas olhou para o garoto e o mesmo abaixou a cabeça, talvez pensando e procurando as palavras certas, mas logo ele levantou a cabeça e respondeu.

-Sou Gazel, prazer em conhece-los.

-Gazel, hun...? Que nome legal! - Atsushi apenas disse, mas com aquele tom animado.

-E FOFOOOO - Todas as garotas gritaram em coro novamente, com os olhos brilhando e todas mirando Gazel.

-H-Hã... O-Obrigado - Ele sorria com um sorriso tímido, mas pequeno também.

-Certamente, o nome verdadeiro dele não é Gazel, mas sim, Suzuno Fuusuke - Hitomiko disse, porém, séria.

-Mas... então o que é o nome "Gazel"? - Hiroto perguntou, confuso. Raridade...

-Gazel é o nome alien dele - Hitomiko repondeu

-Me perdi legal aqui - Izuno falou, sempre com aquele tom doido dele.

-Todos vocês vão ter um nome alien a partir de agora, assim como Suzuno possui um. Isso quem estabeleceu foi o otou-san - Hitomiko falou, ainda mais séria. Isso com certeza tá ficando mais doido ainda.

-Mas pra que, nee-san? - Hiroto perguntou.

-Iremos criar uma nova escola, chamada Aliea Gakuen. Mas isso vocês irão descobrindo ao longo do tempo.

Pois é, o que Hitomiko havia dito era realmente verdade. Com o passar do tempo, cada um de nós recebeu um nome alien. Eu virei Burn, nome legal até, combina comigo. Mas não era apenas isso. Também virei o capitão da Prominence, que por acaso era um time onde o fogo prevalecia.

No entanto, com o passar do tempo, eu fiquei cada vez mais preso a aquele albino. Por que? Simples, ele me encantava e acabei me apaixonando por ele. Claro, eu achava ridículo aquilo acontecer e até achei que estava ficando louco, mas era verdade. Tentava de tudo pra não pensar nisso, tentava de tudo pra esquece-lo, mas isso parecia mais impossível do que imaginei. Então, em um dia, otou-san veio com aquele projeto Genesis dele. Claro que todos os times estavam querendo muito ter o nome Genesis consigo, mas apenas um ficaria com esse nome. E adivinha quem foi, Gran, ou Hiroto. Meu ódio por ele apenas aumentou, pois esse projeto mostrava quem era o mais forte entre todos. E o time de Gran foi nomeada a nova Genesis! Que merda, cara! EU quero ser o melhor do mundo! EU sou o melhor! E enquanto eu ficava no meu blá blá blá interno, Gazel havia entrado na sala onde os capitães dos times que eram Master Rank’s se reuniam.

-Você nunca se acalma não, Burn? – Gazel falou, calmo e frio como sempre.

-Como?! Gran ficou com o nome da Genesis com aquele time podre dele!! Eu sou melhor que ele, caramba! – A esse ponto, já estava chutando minha bola contra a parede, fazendo-a afundar. Caralho, isso vai custar caro...

-Mas perdeu pra ele no jogo da decisão pra ver quem iria ser a nova Genesis. – Gazel suspirava, se sentando na poltrona, rodando a bola preta e azul dele.

-Humf, descuido meu e da minha equipe, eu continuo sendo melhor. – Dizia, mais irritado do que nunca.

-Sei sei. –Gazel dizia, ainda calmo. Porém, dava pra ver na expressão dele que ele também estava indignado com aquilo e queria uma revanche.

Pensei por um tempo e logo tive uma idéia, dando um sorriso e logo dizia.

-Ei, Gazel, e se nós formássemos um novo time contra Gran? Um time invencível e o melhor do mundo como otou-san diz.

-Gostei da idéia, não é uma má. – Gazel me olhava comum sorriso de aprovação e confiante também.

-E assim, você pode conseguir sua revanche contra a Raimon pelo empate.

-Sim, bela idéia, cabeça quente! – Gazel dizia, ainda mais confiante. Mas porra, eu não sou tão cabeça quente!

E assim foi, nós dois formamos a Chaos e fomos jogar com a Raimon. Aquilo me parecia uma péssima ideia, pois alguém poderia descobrir, ou seja, otou-san. E ele mandaria nos aniquilar, com certeza. Principalmente a Gazel. E isso não podia acontecer de jeito nenhum! Antes de irmos até a Raimon, eu e Gazel acabamos nos encontrando na entrada do campo. Mas o que ele fazia ali?

-Gazel! O que faz aqui? – Perguntei a ele

-Hun? – Ele olhou em minha direção, surpreso e suspirava – Nada, apenas pensando como sempre faço.

-No que? – Isso eu não entendia. Por que pensar agora?

-Nada, nada – Ele sorria, tentando disfarçar a preocupação, mas claro, eu já havia notado isso.

Fazer o que? Eu não podia deixa-lo notar que eu estava preocupado com ele, mas sim, eu realmente estava e odiava admitir isso. Porém, uma pergunta não se cala dentro de mim. Por que eu estava tão preocupado com ele? Ele é apenas um garoto! Ou... não... Não! Pare de pensar nisso, Burn! Pelo amor de Deus, não posso mais pensar nisso.

-Burn? – Gazel perguntou, me acordando do meu blá blá blá interno.

-A-Ah, desculpa, estava distraído, mas vamos logo, temos que entrar no campo – Disse, andando para o campo.

-Se diz... – Gazel dizia, me seguindo.

E assim foi, começamos o jogo e acabamos por conseguir uma grande vantagem. Óbvio, com a Prominence e a Diamond Dust juntas seria o time mais poderoso do universo. E também, destruiria com a Genesis e tomaríamos o título de Genesis. Mas o que eu não esperava era que Gran aparecesse no meio do jogo e nos mandasse parar. Que ódio, ele de novo! Pra variar, tivemos que obedecer feito cães idiotas.

Assim, deixamos o jogo no meio com Gran e fomos até o otou-san. Nós que eu digo eu, Gazel e Gran, mas notei que Gazel estava quieto demais e meio nervoso também. Me perguntava o porque daquilo... Enfim tínhamos chegado ao otou-san, mas ele mandou eu e Gran pra fora da sala e deixou apenas o Gazel lá. Isso sim era estranho, por isso, resolvi esperar pelo albino por ali mesmo. Logo se passaram horas e nenhum sinal dele. Nem um sinal de vida na verdade. Otou-san havia saído da sala, mas Gazel não. Ele foi até mim e disse para eu não entrar naquela sala e se afastou normalmente. O que o otou-san queria dizer com isso?

Não contendo a curiosidade, fui até a sala e entrei nela, mas foi o meu pior erro. Tudo o que via era o corpo “dele” no chão em meio ao sangue e algo meio azul, talvez fosse um produto químico. Fui até o corpo e o peguei com cuidado, tentando ver se tinha alguma reação ou ao menos respirava, mas não tive nenhum resultado. Ele realmente estava... morto...

-É muito tarde agora pra te dizer o que realmente senti desde a primeira vez que eu o vi, não é... Suzuno...? – Apenas conseguia chorar e abraçá-lo, me culpando e pensando o porque de eu nunca te-lo contado que eu o amava... Tudo o que eu queria era estar sempre ao lado dele, por isso, sempre fiquei perto dele, mesmo que eu sempre implique com ele... Tudo o que eu queria... era ficar com ele e dizer “Eu te amo, Gazel”.

Ao pensar nessas últimas palavras, apenas vi o branquelo se mexer um pouco, porém sem abrir os olhos e dizer com suas últimas forças algo pra mim.

-Eu também te amo, Nagumo... E eu sempre... estarei ao seu lado... – E assim, ele dá um leve sorriso e acaba por falecer, mas feliz...

Ao ouvir essas palavras, volto a chorar, mas estava feliz por dentro por saber que ele me amava. Inclinei um pouco e dei um beijo doce e suave, o primeiro e único beijo.

Flashback Off

The End.