Um Pardal Que Tinha Medo De Voar... escrita por Sweet Mia


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Primeiro quero pedir desculpa pela enorme demora para postar este capítulo. Tenho andado muito ocupada e espero sinceramente que a espera tenha valido a pena.
Segundo dedico este capítulo a todas as minhas leitoras, mil obrigados pelos reviews são eles que me incentivam a escrever especialmente a JotaBe que além de ser uma escritora que eu admiro (a fic dela é do melhor mesmo) tmb é uma pessoa amorosa que eu me orgulho de chamar amiga.
Finalmente, este capítulo é escrito pelo Lucas, como vocês gostaram da última vez, este mostra um pouco mais a vida dele. Espero que gostem ;)



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“-Nora”.



Os egípcios dizem que nomear é fazer existir. O nome assenta-lhe, pequeno, suave, delicado, invulgar...como ela.



Nora… é tudo o que eu consigo pensar durante a aula de inglês, no seu ar assustado, na sua letra pequenina, na maneira como os ombros dela estão sempre levantados, uma defesa contra o mundo. Quando a vi quase a cair ao chão empurrada por aqueles anormais, tive de a ajudar. Ela estava tão fraca. Eu bem vi que ela tentava disfarçar mas mal se aguentava em pé. E estava tão nervosa, pobrezinha, nem imagina como é doloroso para mim vê-la naquele estado. Foi instintivo abraçá-la…mas a reacção dela surpreendeu-me mais do que qualquer coisa. Ela derreteu, parecia que estilhaçara por completo a barreira que ela costuma erguer em redor dela embora eu não tenha a certeza de que ela já tenha sido abraçada antes, ela parecia confusa, sem saber o que fazer. Conhecendo o pouco que conheço da vida dela acho que isso até é possível. Será verdade? Agora fiquei intrigado e arrepiado com essa possibilidade…Porque é que eu penso tanto nela? Mal a conheço…



Assim que acabo as aulas dirijo-me para casa. A minha irmã não gostou muito que eu tivesse chegado tarde ontem, por isso, hoje vou tentar compensá-la. Por isso assim que acabei os trabalhos de casa (invenção abominável de algum professor maníaco na minha humilde opinião) comecei a tratar do jantar. Tem de ser alguma coisa simples, eu não sei cozinhar lá muito bem portanto decidi fazer uma salada de alface, esparguete e frango com cogumelos e natas para acompanhar. Foi só seguir a receita e não queimei nada, felizmente. Ela deve estar a chegar.



Desde que a minha mãe morreu há alguns anos é a minha irmã que toma conta de mim. Ela está a estudar medicina, tem uma bolsa de estudo e trabalha na biblioteca da escola que eu agora frequento para pagar as contas. Foi uma segunda mãe para mim, mas além disso e primeiro que tudo é a minha melhor amiga. Felizmente nós sempre tivemos uma boa relação senão poderia ter sido complicado. Ouço a porta a bater e o cumprimento familiar chega-me aos ouvidos:



– Olá Lucas!



– Olá Irene! Podes sentar-te o jantar está quase pronto.



– Obrigada, maninho. Cheira bem…



– Eu tentei seguir a receita à risca. Espero que não esteja muito mau. Eu esforço-me.



– Vamos lá ver isso…



A minha irmã sentou-se à mesa da cozinha e eu servi a refeição.



– Está bom. Podes começar a fazer o jantar mais vezes, Lucas.



– Pareces surpreendida, Irene. Não acreditas mesmo nas minhas habilidades culinárias…Mas obrigada, maninha. Como correram as coisas hoje?



– Começo a acreditar nas tuas supostas habilidades culinárias mas ainda estou surpreendida por não teres queimado nada. As aulas correram bem. A aula de Anatomia foi excelente, ai Lucas, eu adoro aquele professor, o homem é um génio sabe tudo o que compõe o corpo humano e parece uma enciclopédia mas ao mesmo tempo, sabe tornar as aulas extremamente interessantes.



Eu adoro ouvir Irene divagar sobre a faculdade de Medicina, fico extremamente feliz por ver a minha irmã tão apaixonada com o curso dela. Felizmente, ela já está no último ano e tem sempre óptimas notas. É o sonho de infância dela, sempre brincámos aos hospitais e assistimos a todas as séries com médicos que passavam na televisão quando éramos mais novos.



– Lucas? Estavas a sonhar acordado, maninho?



– Hum… Não estava só a pensar em como é bom ver-te feliz com
o teu curso. E esse teu professor com um conhecimento tão enciclopédico não será também anatomicamente fascinante? – disse eu num tom de provocação.



– Lucas! Mas sim, por acaso ele é bonito. – respondeu Irene um pouco envergonhada. - E tu? Não estarias também a pensar na tua nova amiga?



Bolas, ter a minha irmã a trabalhar na escola em que eu ando tem os seus inconvenientes.



– Quem?



– Não te faças de desentendido. A menina da biblioteca, a minha única visitante de quem eu não sei nem sequer o nome.



– Mas se ela vai sempre para a biblioteca como é que não sabes o nome dela?



– Ela não fez o cartão da biblioteca, nunca requisitou um livro que seja e nunca me pediu ajuda para encontrar nada. Na verdade, nunca ouvi a voz dela. Diz-me lá o nome dela!



– Porque é que achas que eu sei?



– Porque vos vi a trocar papelinhos, eu não sou cega e não é como se eu tivesse muito mais para fazer durante a hora de almoço. Além disso conheço-te, não conseguias conversar com a rapariga sem saber o mínimo de informação sobre ela, ou seja, sem sequer lhe perguntares o nome.



Ai que dilema…Eu tive de trabalhar, de me esforçar, para conseguir saber o nome dela e não quero entregá-lo à Irene assim de mão-beijada. Mas eu vou precisar da ajuda dela, mais cedo ou mais tarde, por isso enchi-me de coragem e consegui dizer.



– Ela chama-se Nora…



– Tu gostas dela. Não tentes negar, consigo perceber isso simplesmente pela maneira como dizes o nome dela. Escolheste uma difícil, irmãozinho.



– Não me chames irmãozinho Irene, já tenho 16 anos. E eu não sei se gosto dela. Só quero protegê-la e acalmá-la. Ela tem tanto medo…



– De quê? Parece-me que há aí uma história que tu não me estás a contar, Lucas. O que é que se passa com essa menina? Porque é que eu acho que isso tem algo haver com o facto de ontem teres chagado tão tarde? É grave, não é?



Esta é simultaneamente a melhor e a pior característica de Irene, a minha irmã é tão intuitiva e conhece-me tão bem que quase que adivinha as coisas assim do ar. Eu não quero contar-lhe, parece terrível estar a contar o que sei sobre a Nora a alguém que não a conhece (eu sei que é a minha irmã e que é uma das melhores pessoas que eu conheço, que tem um coração de ouro, mas não posso). Nem eu devia saber disto.



– Irene, tem calma. Eu não te posso contar, pelo menos até perceber um pouco melhor o que se passa realmente. Mas eu vou contar-te algumas coisas que sei e que qualquer pessoa minimamente observadora te poderia dizer e prometo que quando chegar a altura te conto tudo.



– Hummm…está bem. Mas não te escapas. Começa a despejar
maninho, quero ao menos alguns dados sobre uma menina tão importante para ti.



– Estás com ciúmes, Irene?- Ela lançou-me um olhar de quem não estava para brincadeiras - Estava só a brincar. Então ela chama-se Nora, gosta de ler Dickens, como tu sabes nunca fala com ninguém, é muito tímida, nervosa, parece que tem medo do mundo. E…há alguns rapazes lá na escola que gostam de a maltratar.



– O quê??? Pobre menina…não me estás a contar o pior, pois não? Ok... eu não insisto.



– Olha, Irene, mas não comentes isto com ninguém está bem?



– Claro. Sabes perfeitamente que eu sei guardar um segredo.



– Vou-me deitar. Boa noite, maninha.



Agora estou na cama a fitar o luar. Como estará o meu pardalinho?
Terá sofrido muito esta noite? Será que aquela criatura a deixou comer? Pensará em mim…acho que não lhe sou indiferente mas…não sei. Sinceramente não entendo as mulheres.



“ Mas hei-de ajudar-te Nora, mesmo que não fales comigo. Porque eu sei que já não estás a aguentar e mais cedo ou mais tarde vais ter que ceder. Eu preocupo-me contigo e mesmo que tu não saibas disto eu fiz uma promessa e hei-de cumpri-la. Vou proteger-te pardalinho, sempre.”




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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram da Irene? Mereço reviews? Beijos



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