Memórias Perdidas escrita por Lady Baginski


Capítulo 1
Encontro


Notas iniciais do capítulo

Este é um universo alternativo, não faço spoilers das sagas posteriores à primeira, não gosto delas mesmo. Espero que tenha ficado divertido.
Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/194267/chapter/1

Yumi Yugi e Yugi Moto aprenderam a conversar entre eles, depois do duelo de pégasus e de tudo que lhes aconteceu na busca das Relíquias do Milênio por desconhecidos. Yugi planejou algo para descobrirem o passado de Yumi, e Téa concordou em tentar ajudar nisso. Passaram um dia agradável e Téa pôde exercitar seu amor à dança, além de terem um meio duelo para a mente de Yumi, ainda focada somente nisso e não conseguindo conviver perfeitamente com outras atividades deste mundo moderno.

Depois que voltaram para suas casas e Yugi reassumiu o controle completo de si, deixando o espírito do enigma do milênio poder adequar-se às coisas que vira, Yumi perambula pelo seu labirinto mental, pelas suas armadilhas, pelas coisas que o impedem de ver a sua própria história. E recorda-se do que viram no museu. Entre tudo que viram, várias coisas o faziam pensar em possibilidades sobre a sua existência como Faraó, porém, algo desprendia a sua atenção desta tentativa de recordação. Na mesma imagem que parara pouco antes, que se vira desenhado e descrito nos hieróglifos, uma menina parara, como que fascinada, por alguns instantes. Uma garota que não parecia ser mais velha que ele, era simples, mas ao mesmo tempo tinhau ma aura de requinte, apesar de se comportar como uma menina normal com um quê de elegância tácito, que provavelmente ela mesma nem percebia. Um vestido vermelho rodado na saia levemente, sapatilhas simples e leves, uma jaqueta jeans escura, os cabelos vermelho escuro lisos até abaixo dos ombros, simetricamente ao redor do rosto, com algumas mechas rebeldes teimando em ficar sob o seu olhar e sendo afastadas em curvas que ela tentava prender com grampos decorados com algum tipo de pedrinhas cintilantes que o distraíram por um momento. Na mão esquerda, entrando para as mangas da jaqueta havia algo, talvez um bracelete metálico, não teve tempo de ver direito, Téa o puxava para outro lado da exposição desavisadamente.

Decidia que queria voltar àquele museu. Queria ver aquelas inscrições que prenderam a atenção da menina novamente, como se fazendo isso pudesse entender o pensamento da menina ao ver aquilo.
No dia seguinte, Yugi passa pela loja do avô avisando que vai à escola, uma menina ruiva simples, com os cabelos soltos, os olhos verdes vidrados nas cartas raras que o seu avô lhe mostrava, as parte de Exodia, alguns dragões excelentes, pedia a ele por cartas de magos, adquiria algumas cartas armadilha e outras que seriam particularmente difíceis de usar para duelistas iniciantes, e parecia satisfeita com elas.

Ela parecia simplesmente mais uma estrangeira com um jeans, tênis, uma blusa preta com alguma estampa de jogos, a jaqueta escura, e alguma coisa que parecia ser um bracelete que enrodilhava seu pulso e mão, seguindo para dentro da manga da jaqueta.

- Senhor Moto, eu estou procurando em especial por alguma carta de Mago Negro, eu sei que elas não são tão fáceis de conseguir e são caras, mas meu baralho realmente seria perfeito com uma... Ela choraminga mais uma vez.

- Eu uso uma no meu baralho, mas só tenho aquela mesmo... Comenta Yugi vendo o interesse dela pela carta que ele mostra. Ela parecia emocionada de um jeito estranho pela carta, como se ela tivesse saudades da imagem dela, mas ao mesmo tempo parecia um interesse comum, simplesmente porque faria seu baralho melhor.

- O que você quer por ela? Você a negociaria comigo?

- Não poderia fazer isso, é a minha carta favorita... Fala ele sem jeito ante ao modo como ela pede pela carta.

- Duele por ela comigo... Tenho certeza que entenderia porque ela ficaria tão bem no meu baralho... Pede ela educadamente.

- Não posso me desfazer desta carta ou negociá-la em duelo, é a minha...

- Carta preferida... Eu entendo... Eu aposto a minha carta preferida também para isso ser justo... Por favor... Pede ela, e Yumi sente-se tentado a aceitar, por algum motivo ela exercia um poder de convencimento excelente com seu jeito educado e querido de pedir.

"- Yugi, aceite isso... Não perderíamos... Você sabe disso..."

- Se quiser aceitar, por favor me encontre na arena 5 das empresas Kaiba, Mokuba Kaiba disse que ela estaria livre nos próximos dias se eu quisesse duelar enquanto estivesse na cidade.

- Você... Conhece o Mokuba? Pergunta ele de saída, ela o segue por um pedaço do caminho até a escola, antes de tomar seu rumo.

- Sim, o conheço por causa do último torneio que Seto promoveu na América. Foi bom saber que eles são desta cidade, não conheço mais ninguém aqui e vir morar em um lugar estranho é muito complicado.
Depois das aulas, e depois de ter Yumi martelando na sua mente que deveriam ir, com uma insistência incomum, Yugi pensa que talvez não fosse má ideia, talvez ele tivesse encontrado alguma conexão com o passado e não tivesse percebido totalmente ainda.

Acabou por ir, juntamente com os seus amigos, por uma questão de curiosidade, e também porque ela foi educada com ele, isso era mais convincente que pedidos esdrúxulos de duelo que ocorriam com frequência.

Yumi queria controlar o duelo, tinha certeza de que venceriam, tinha certeza de que esse duelo parecia diferente dos outros. A menina apresentou-se devidamente quando entrou na arena, mas pediu que a chamasse apenas de Hime, era mais simples. Ela parecia outra pessoa, assim como Yumi era diferente de Yugi, mais determinado e sério, Hime parecia mais séria que simplesmente a menina que viram mais cedo. Ao vê-la sem a jaqueta podia ver que o bracelete metálico que vira no museu era realmente uma relíquia do milênio, provavelmente a balança do julgamento da razão e do coração, que deveria ter sido da princesa, essa memória ele não sabia como, mas agora a tinha. Aquela relíquia mantinha o seu centro preso ao braço dela, e as correntes finas que pendiam tinham algumas voltas de metal no braço dela, que provavelmente formariam as balanças, se ela soubesse operar aquela relíquia. Como ele sabia disso, não tinha certeza.

Enquanto ele se distraía com isso ela fazia a primeira jogada. E a segunda, e ele invocara o Guerreiro Guardião Celta, uma boa carta, para acabar com a defesa que ela colocara, mas não conseguira.
Agora ela tinha no campo a Valquíria Negra e o Paladino Negro. Em sua próxima jogada ela usara uma carta mágica que permitiu a ela colocar em campo a Maga Valquíria e o Guerreiro Mago Negro, com isso ela invocou o círculo de Magia do Mundo das Trevas, que colocaria uma vantagem de pontuação enorme para os magos e guerreiros baseados em magia negra. Isso era uma vantagem de campo que ele não desperdiçaria, e colocou entre seus monstros em campo o Mago Negro (1), a sua carta de aposta.

- A carta que ficaria perfeita deste lado do campo... - Comenta ela

- Mas por hora invoco a minha carta preferida, a que poderia ganhar se pudesse vencer meus magos... A Feiticeira Negra(2). Ataque o Mago... Ela parou a sua ordem quando viu que eles não iriam atacar-se. Ela sabia porque não poderia ordenar este ataque e parou. Mas Yumi não entendia isso, e ordenou o ataque com a Maldição do Dragão contra ela. O Mago Negro a protegeu.

- Porque? Se perguntava Yumi vendo aquela defesa acontecer.

- Porque eles se amam... Provavelmente, é por isso que deveriam estar do mesmo lado do campo...

- Mas desse modo este duelo nunca terminará...

- Esqueçamos eles... Fala ela sacando outra carta decidindo-se a deixar este problema para depois.

Ele percebeu que apesar dos outros monstros dela serem a maior parte da classe de magos e guerreiros, e apesar de todos serem fortes, é como se a Feiticeira Negra fosse o coração da batalha dela, quase como se fosse ela mesma.

- Eu uso o Ritual do Lustro Negro, e sacrifico o Paladino Negro e a Maga Valquíria... - fala ela decidindo que não esperaria pelo final deste confronto, somente estavam brincando com os pontos de vida um do outro e se mantinham praticamente empatados. - O Comandante da Magia Negra... Ataque o Mago Negro!

Ela não esperava que desse tempo para que acontecesse aquela defesa, Mas a Feiticeira Negra e o Mago Negro foram destruídos juntos, e os pontos de vida de ambos jogadores foram a zero juntos, era um empate técnico irônico. Ela já tinha visto isso acontecer, e isso a fazia segurar lágrimas... O corpo que permitia a sua alma ver isso, viver como Hime também, não entenderia se ela desabasse e tomaria o controle deste corpo.

Ele se lembrava desta cena, da invocação do Mundo das Trevas, da invocação de todos aqueles magos deseperadamente para protegê-los, de como o Mago Negro e a Feiticeira Negra se protegeram da mesma forma quando os sacerdotes que trairam o império egípcio atacavam, e como a situação saiu de controle quando a Princesa tentou usar o ritual do lustro negro para ter uma criatura capaz de protegê-los, e não teve força o suficiente para controlar a própria criação... Quando diante desta confusão os sacerdotes foram na direção deles para matá-los com suas espadas, e como se protegeram até o fim disso, como ele pensou que não conseguiu usar o Mind Crush(3) para deixar a sua alma a salvo na sua relíquia milenar, e como por fim ela conseguiu usar o Mind Crush para salvá-lo, provavelmente com as suas últimas forças, e como ele fez questão de esquecer e aprisionar todas essas lembranças para não pensar que não pôde proteger a alma dela da morte. E se ela tivesse dividido a sua mente, mesmo com o pouco que lhe restava de força, se ele tivesse realmente salvo a alma da Princesa... Não sabia o quando a alma dela poderia ser forte para fazer algo assim depois de ter controlado tantas forças do Mundo das Trevas e ter sido esfaqueada fisicamente... Isso seria quase impossível.

Saía da arena de duelo com as imagens da sua memória formando-se, tudo que aconteceu a eles, a traição, a morte, o esforço desumano que ela fizera para tentar salvar o Faraó, não importando se ele continuaria sendo um Faraó quando aquilo acabasse, e mesmo assim não conseguindo fazer algo por si mesma... Ela poderia ter fugido...

Ao aproximar-se dela que vinha com o seu baralho na mão, e o brilho de lágrimas que não poderia disfarçar mesmo querendo, ela viu a sua relíquia do milênio, sentiu a presença que estava naquele menino, que assim como ela, não era o verdadeiro dono daquele corpo... Os outros ainda estávam descendo as escadas das arquibancadas para aproximarem-se deles, mas seguiam devagar, inseguros com o resultado do duelo.

- Eu peço mil perdões por ter desafiado o Faraó. - fala ela curvando-se em reverência, algo antigo, que fez com que todos parassem nas escadarias sem saber se deveriam se aproximar ante a estranheza do fato, mesmo não tendo ouvido o que ela dizia - ela... o coração do meu jogo e o que me apoia nesta vida deve ficar junto do seu Mago Negro, pelo menos eles não devem separar-se mais. A mão esquerda, com sua jóia milenar estendia a carta da Feiticeira Negra para Yumi, e nas sombras daquele olhar escondido ele via que ela iria chorar... Mas não sabia se isso era necessário somente por uma carta...

Aliás, eles empataram, não deveriam ficar com as cartas nem de um, nem de outro. Se a Feiticeira Negra não protegesse o Mago Negro, ela teria vencido a disputa, era o contrário que deveria estar acontecendo.

Yugi poderia não concordar com isso depois, mas ante a essas presenças do seu passado, o seu espírito era mais forte que o dele naquele corpo, pelo menos naquele momento. Ele puxou a garota e a abraçou, mesmo que não entendesse o gesto, ela desatara o choro contido, e ele entendia agora porque queria soltar lágrimas.

- Hime... Eu realmente consegui salvar você...

- Yumi, eu pensei que não tinha conseguido... Que estava sozinha nesse futuro, que não poderia encontrar mais a sua alma na relíquia.

- Eu estou aqui, a sua alma não está mais sozinha. Agora eu posso me lembrar do meu passado sem o medo de ter cometido um erro.

- Eu... Não tinha certeza se você tinha me esquecido, ou se era outro espírito...

- Eu não vou mais esconder essas memórias, elas não doem mais. Eu não poderia esquecer de você, Hime...

- Yumi... Fique com essa carta, e lembre-se que o meu coração está nela quando usá-la. Fala ela deixando a carta nas mãos dele, e os outros se aproximam, vendo que ela está enxugando lágrimas.

- Mas o que está acontecendo... Isso não foi uma vitória, foi um empate... Reclama Joe.

- Eu não preciso do pêndulo da Justiça para saber que ele venceu, Joe. Fala ela olhando para o seu bracelete. Ela fazia menção de se retirar, mas Yumi seguiu seus passos deixando os outros para trás e chamando-a.

- Espere... Permita-me vê-la denovo...

- Sempre que puder alteza... Eu não poderia sobreviver a estes dias sem essa esperança... De não estar mais sozinha.

"- Yumi, o que está fazendo? Me deixe voltar..."

"- Hime, o que está fazendo, está na hora de eu voltar ao normal..."

- Hime, espero vê-la novamente na loja do meu avô... Fala Yugi voltando ao normal.

- Sim, Yugi, foi uma honra poder empatar com o melhor do mundo... Fala ela do modo alegre de sempre saindo.

Ele ficou olhando para a carta que ela deixou com ele, não poderia devolvê-la, mesmo que significasse tanto para ela, a outra menina, e o seu outro espírito tinham ficado felizes em juntar aquelas duas cartas em um baralho só...

O Mago Negro e a Feiticeira Negra.

- Yumi, o que aconteceu com aquele duelo? Perguntava Yugi antes de dormir para o espírito.

- Um empate...

- Não, digo, o que aconteceu depois dele... O que você lembrou que o fez reagir daquele jeito, porque eu não conseguia mais ter contato com o que acontecia do lado de fora da minha mente como sempre?

- Provavelmente porque aquilo acordou as minhas memórias, porque eu estou me tornando mais que somente um espírito com uma personalidade extra pra você, porque eu tenho memórias e sentimentos próprios agora. Aquela menina... O espírito da relíquia dela, foi o espírito da princesa quando eu fui Faraó... Ela poderia ter fugido quando os sacerdotes nos traíram, mas ela fez a mesma coisa que neste duelo. Eu tinha o Mago Negro e outros monstros fortes, ela tinha um exército de magos guerreiros e valquírias, e trouxe o ritual do Mundo das Trevas para fortalecê-los... Mas a força que se precisa para controlar tudo que ela colocou em campo naquele dia era demais, e o Ritual do Lustro Negro fez ela perder o controle sobre o mago invocado, e ele atacou o Mago Negro, a Feiticeira Negra o protegeu, e a nossa força de defesa mais fiel foi destruída junta, como neste duelo... Os sacerdotes nos traíram, e sem invocações que nos protegessem nós fomos esfaqueados, morreríamos e nossas almas não teriam lugar para vagar.

O poder das Trevas eu usei naquela vez pela última, naquele tempo, para prender a alma dela na sua relíquia, a Balança do Julgamento da Razão e do Coração... Eu pensei que não consegui, porque não pensei que ela teria força ainda para partir a sua alma em dois, na relíquia, e para a sua última ação, prender a minha alma no Enigma do Milênio. Provavelmente assim como eu, ela pensava que não tinha conseguido, e por isso escondemos essas memórias de nós mesmos para não lidar com a solidão e a decepção. Assim como ela sabe que a pessoa que mais se importou com ela fui eu, porque mesmo quando eu poderia me valer do sacrifício dela para fugir dos traidores eu morri, eu sei que ela poderia ter fugido, se protegido, e se negou a fazer isso por minha causa... Eu amo aquela garota, Yugi... E se em algum momento parecer que eu tomei conta do seu corpo, que me tornei um espírito como o do traidor que está no Anel do Milênio do Bakura naquela vez, é porque eu preciso protegê-la e você não está fazendo isso. Eu nunca iria tomar o seu livre arbítrio para algo ganancioso, e nem quero precisar disso, por isso não deixe aquela menina sozinha, a alma dela é preciosa pra mim...

- Acho que eu entendo porque gosta tanto dela... Digo, do espírito, mas mesmo a menina de agora... Ela tem um coração puro e devoto das pessoas que merecem isso. E proteger uma pessoa assim é um objetivo nobre. Qualquer um poderia amar uma menina como ela... A do passado, ou a de agora, as duas são boas pessoas.

- São... E estão há tempo demais sozinhas com aquelas lembranças... A Hime de agora tem algo no jeito de ser que por mais que se esforce por ser feliz, é ocmo se soubesse e entendesse a outra, porque as duas estão sozinhas.

- Elas não estão mais sozinhas. Nós estamos aqui, todos seriam amigos de alguém como ela, de coração, e nós estamos aqui para que elas não se sintam sozinhas.

Yugi às vezes sabia como fazer com que ele não entendesse nada. Claro que existiam coisas que o destino predestinava, mas não esperava que ele fosse amar a mesma garota que ele amou cinco mil anos atrás, mas talvez o tempo respondesse a isso, e ele esperava um bom desfecho para eles, não como o dele e da sua antiga princesa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

(1) Dark Magician.
(2) Dark Magician Girl.
(3) Quebra de Mente, traduzido no Brasil como "esquecimento".



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memórias Perdidas" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.