– Prepare tudo para hoje à noite. – Kamenashi piscou um olho a Jin antes de sair do apartamento rumo aos seus compromissos naquele dia.

            Jin havia regressado de seus shows nos Estados Unidos no começo do mês e, como recompensa pelo seu sucesso, conseguiu o final do ano de folha de Johnny-san. Kamenashi não teve tanta sorte e teria que trabalhar até tarde na véspera, não teria tempo de ajudá-lo com a ceia de natal.

            – Eh? – Jin resmungou, ainda na cama, embora já estivesse sozinho – O que se prepara na ceia de natal?

            Ele sabia vagamente. Apesar de católico e ser uma tradição em sua casa comemorar o natal, ele registrava vagamente o que sua mãe costumava preparar. Sabia que precisava de uma árvore de natal e muita comida. Bastante. Comidas gostosas. Comidas que não se come sempre, só nessas datas. Deixou a preguiça de lado, saiu da cama e foi às compras depois de uma pesquisa rápida na internet sobre o assunto.

            Decidiu preparar uma ceia de natal ocidental. Ele conhecia o suficiente para conseguir fazer algo decente. Com uma lista na mão, passou metade da manhã no mercado e a outra comprando os enfeites. Regressou para casa e deixou as compras na cozinha, voltando para retirar o pequeno pinheiro e levá-lo para dentro de casa. Teve alguma dificuldade, não era grande, mas era pesado.

            Deixou o pinheiro em um canto da sala e voltou para a cozinha. Arregaçou as mangas, vestiu um avental e lavou as mãos. Horas se passaram até que ele finalmente conseguiu preparar tudo: as entradas, o prato principal e a sobremesa. Comprou a marca de vinho preferida de Kame. Depois daquele dorama sobre o assunto, seu namorado fixou exigente. Imaginou Kame saboreando tudo e, com um largo sorrindo, elogiando-o. Seria uma noite de natal perfeita.

            Por fim, Jin se deixou envolver na decoração da árvore de natal. Ficou um pouco emocionado quando lembranças de sua infância despertaram em sua mente. Era sempre tão divertido montar a árvore de natal em sua casa. Ele gostava de provocar Reio, colocando ele a estrela no topo da árvore, já que o caçula não era capaz de alcançar. E, depois, quando fingia dormir apenas para poder espiar os presentes enquanto seus pais estavam ocupados com outras coisas. Era uma data mágica, essa.

            O relógio marcava quase sete horas da noite quando Jin finalmente pode ir se arrumar para esperar por Kamenashi. Tomou um longo e relaxante banho. Vestiu sua melhor calça jeans e a camisa branca confortável. Gostava desse visual simples e sabia que Kamenashi aprovava, seus gostos de moda eram parecidos. Inclusive tinham muitas peças iguais, mudando apenas a numeração. Passou o perfume que o namorado havia lhe dado assim que regressou dos Estados Unidos. Não era o seu aroma preferido, mas Kamenashi dizia adorar. Era o suficiente. Ajeitou os cabelos.

Estava pronto.

Apenas faltava o principal: Kamenashi.

Jin o esperou assistindo a alguma série americana na televisão, mas, não conseguia prestar atenção no que assistia. Estava ansioso. Queria ver logo a expressão animada e orgulhosa de Kamenashi quando encontrasse aquela mesa de jantar incrível o esperando. E que ele elogiasse a decoração de sua árvore. Por fim, trocassem os presentes.

A porta se abriu e, como uma criança, Jin se colocou de joelhos no sofá e se inclinou na direção da porta, ansioso. Kamenashi entrou esfregando os ombros, retirando um pouco de neve que havia caído enquanto estava na rua. Sorriu para Jin.

– Tadaima!

– Okaeri! Feliz Natal, Kazu!

– Ah! Feliz Natal, Jin. Preparou tudo? – ele perguntou se aproximando e enfiando sua mão atrás da cabeça de Jin, puxando-o para beijá-lo.

– Uhum... – ele conseguiu responder entre os lábios do namorado. – Eu fiz uma ceia ocidental e...

– Então me deixe comer o quanto antes. – Kamenashi lhe piscou.

– Sim! – Jin sacudiu a cabeça, obediente, e se levantou.

Kamenashi o tomou pela mão.

– Mas a mesa está para lá!

– Prefiro comer na cama.

– Eh?? Deixa eu pegar a entrada, então e...

Jin não pode se recuperar de sua confusão. Kamenashi o puxou e o guiou para o quarto, enquanto ele apenas apontava em direção à mesa farta de comida, totalmente desprezada por Kamenashi. Jin se deixou levar totalmente emburrado. Aquele miserável havia ignorado todo o seu esforço? Havia passado o dia inteiro ocupado para no final Kamenashi querer apenas transar?

Pensou em protestar. Mas aí foi jogado na cama e Kamenashi já estava por cima de si, sorrindo de lado e com um olhar fixo. E o beijo de Kamenashi fez toda a sua mágoa se dissolver.  As carícias daquelas mãos em seu corpo afastaram completamente o seu cansaço. Árvore, enfeites? Quem se lembraria dessas coisas quando seu sexo foi apertado por uma mão tão firme?

– Prefiro ir direto ao prato principal. – ele interrompeu o beijo para lhe dizer isso. – Né? Espero que tenha se preparado, que tenha descansado bastante o dia todo. – ele sorriu, mantendo um olhar guloso. – Você passou tempo demais no estrangeiro e agora eu preciso retirar o atraso.

 – Eh??? Mas a gente não tem feito sexo quase todos os dias?

            Kame fez um som de deboche.

            – Está envelhecendo, Akanishi Jin, está perdendo o ritmo... Como se esses dias fossem o suficiente... Eu o avisei para se preparar para hoje à noite... Feliz Natal!

            Os lábios de Kame se aproximaram do pescoço de Jin, que virou o rosto para o lado, entregando-se totalmente.

            Não tinha jeito. Jin riu.

            – Feliz Natal, Kame... – disse vagarosamente, deliciando-se e perdendo-se nas carícias –... Mas a troca de presentes deveria ser apenas à meia noite. – ainda foi capaz de murmurar.

            – Não se preocupe... Podemos fazer de novo mais tarde. – Kamenashi o tranqüilizou.

            –... Feliz Natal, Kazu! – ele disse, com um largo sorriso, entendendo finalmente que precisariam de toda aquela comida após o sexo.