Mesma cidade chata e pacata, mesmas pessoas fofoqueiras, mesma chatice de sempre, exceto pela praia. Nunca entendi porque tanta insistência dos meus pais em passar todos os verões nessa cidadezinha. Eles gostam bastante, mas eu particularmente detesto. Ainda bem que pelo menos, passando tanto tempo aqui, já fiz uma boa amiga que é o máximo, e assim tenho companhia para sair.
– Renesmee, Alice está aqui! – minha mãe gritou, interrompendo meus pensamentos. Havíamos chegado há 2 horas e Alice não perdeu tempo.
– Já vou! – desci as escadas apressada.
– Oi amiga! – Alice disse assim que me viu me dando um abraço de urso. – Há quanto tempo!
– Pois é, parece que faz mais de um ano! Já tem planos pra hoje à noite?
– Tenho sim, e são com você.
– Quais?
– Vamos ao parque de diversões!
– Parque de diversões? Desde quando tem parque de diversões em Getlin?
– Ih, você ta por fora. Mas é temporário, infelizmente. Parece que veio só pra sua diversão, pois no fim das férias vai embora também.
– Ótimo, então ta combinado. Passo na sua casa ás sete? – perguntei me animando.
– Claro, ás sete. Tô doida pra te contar das novidades! Beijo, beijo!
Alice saiu e minha mãe logo apareceu.
- Posso saber aonde a senhorita vai? – dona Bella perguntou.
- Só ao parque, com a Kate. Posso? – quando se tem 16 anos, os pais insistem em pegar mais no nosso pé.
- Se você for cuidadosa e prometer não voltar tarde...
- Ótimo! – falei e dei um beijo na bochecha dela, interrompendo sua frase. – Antes do amanhecer eu tô de volta, prometo! – gritei enquanto subia as escadas.
- Renesmee!
- Brincadeirinha.
Tratei de começar a arrumar meu quarto temporário, para que a bagunça não acumulasse. Uma das poucas coisas que não me dão tédio em Getlin é essa casa que nós sempre alugamos. Gosto do espaço que ela tem, e principalmente desse quarto. Nem percebi como a hora voou, e quando comecei a me arrumar já era seis e meia.
Não fiz muita coisa, apenas coloquei uma faixa para controlar o volume dos meus cachos, uma leve maquiagem, vesti uma calça jeans e calcei uma sapatilha. Saí apressada para a casa da Alice, pois a caminhada era de uns 20 minutos se você mantivesse um bom ritmo.
- Tchau mãe, tchau pai! – gritei já da saída.
- Tchau filha!
Mal ouvi a resposta deles e já estava do lado de fora. Andei meio apressada até a casa de Alice e ainda consegui chegar no horário, às 07h10min. Bati na porta e logo ouvi o arrastar dos pés da mãe dela.
- Renesmee! Que boa surpresa! – ela disse ao me ver.
- Olá dona Esme, também é um prazer revê-la. A Alice está?
- Sim, está lá no quarto se arrumando. Quer que eu a chame?
- Não, não precisa. Eu mesma posso ir lá?
- Claro que pode minha filha. Entre, por favor, fique à vontade.
- Obrigada.
A casa dela era bem mais humilde que a minha como diria minha mãe. Mas nem por isso eram pessoas desonestas ou mal educadas, muito pelo contrário, tinham muito mais caráter do que algumas pessoas hiper ricas que eu mesma conhecia. Na minha classe social o que importa, é a conta bancária. E é exatamente por isso que minha mãe não era muito de acordo com eu andar pra cima e pra baixo com a Alice, mas eu não estava nem aí.
- Amiga? Posso entrar? – falei já deixando a porta do quarto de Kate meio aberta.
- Pode! – ela gritou de um canto onde sua voz saiu meio abafada.
- Cadê você? – falei ao olhar e não vê-la em lugar nenhum.
- Aqui! – ela respondeu saindo de um amontoado de roupas. – Tava procurando algo legal pra vestir. Mas não se chateie! Só falta mesmo vestir a roupa. – ela já foi logo se defendendo e me fazendo rir, só pra variar.
- Relaxa, não vou brigar com você, hoje eu também tô atrasada. Mas talvez eu brigue, porque assim você nunca vai achar nada para vestir.
- Ah, então me ajuda. Ou seu senso de moda se desfez e eu não estou sabendo?
- Lógico que não – falei e comecei a procurar algo legal que estivesse perdido naquela bagunça.
- Como anda seu coração amiga? – Alice perguntou depois de alguns minutos de silêncio, enquanto ela vestia a roupa que eu escolhi.
- Ah, desocupado como sempre. Você sabe um rolinho aqui, outro ali, uns beijinhos por aí. Mas nada que dure mais que dois meses. – eu já até havia namorado e gostado de algumas pessoas, mas nunca havia sentido algo verdadeiro ou me envolvido em um namoro sério com alguém, apesar de a minha mãe arrumar vários pretendentes – E o seu, como está?
- Conheci um carinha bem legal, mora no centro da cidade, perto de onde o parque está instalado. A propósito, marquei com ele também. Apresento vocês dois e ainda o vejo, já que agora minha mãe deu para pegar no meu pé e controla nossas saídas.
- E você gosta dele? – perguntei realmente interessada, pois até hoje só sabia de uma pessoa por quem ela havia se apaixonado.
- Estou começando a me interessar. – é, isso significava que sim – De verdade. O nome dele é Jasper. Vamos, já está ficando tarde.
- Tem certeza que está tarde ou você está ansiosa para ver seu amor? – falei brincando com ela.
- Ah, não enche o saco, Renesmee. – ela falou e nós duas rimos.

O parque de diversões era bem mais do que eu esperava. Havia brinquedos tão modernos quanto os que têm nos parques que existem em Londres. Foi difícil achar uma mesa que estivesse vazia. Provavelmente metade da população que existia em Getlin estava ali.
- Não vejo o Jasper – Alice disse prestando atenção na multidão – Marquei com ele às 07h45min.
- Relaxa, ele ainda está na hora, faltam 5 minutos.
- Então vamos pedir algo para beber enquanto os rapazes não chegam.
- Os rapazes?! – perguntei meio espantada.
- É, pedi que ele trouxesse algum amigo para te fazer companhia. – Alice adorava esse tipo de coisa. Provavelmente ela iria se mandar com o tal Jasper e me deixar aqui com o amigo dele para tentar fazer com que algo a mais rolasse. Ela sabia que se me contasse antes eu não viria.
- Um encontro armado, Alice? Você sabe que não gosto desse tipo de coisa, nunca acaba bem.
- Calma, você não vai acabar degolada e nua em nenhuma esquina por aí. E além do mais, nos filmes isso sempre dá certo.
- Nos filmes Alice, nos filmes. Só espero que ele seja no mínimo uma boa companhia, ou a senhorita vai se ver comigo.
Ela nem teve tempo de responder, pois o garçom chegou. Pedimos duas cocas e alguns petiscos. Minha amiga não perdia tempo e já estava dando umas investidas no garçom, que realmente não era nem um pouco feio.
- Alice, você já não tem namorado?
- É um quase namorado – ela falou dando de ombros a abrindo sua coca. – E além do mais nunca se sabe o que pode acontecer se... Jasper! – ela gritou acenando e ficou de pé.

Assim que levantei e me virei, meu olhar se cruzou com o do tal amigo do Jasper. Não sei explicar o que aconteceu, mas naquele momento senti um estranho calor dominar minhas veias e era como se só existisse eu e aquele alguém cujo o nome eu nem sabia, no mundo. Talvez fosse sua beleza beeem notável, talvez eu estivesse louca e imaginando coisas, ou talvez fosse alguma coisa que nem eu mesma sabia explicar...