V

–Já estamos atrasados... - Stefan fala apressando o passo impacientemente.

–Se uma certa pessoa não ficasse discutindo comigo sobre o destino né? A gente chegaria a tempo. – Hayley fala cruzando os braços provocando Stefan. Ele apenas faz um sinal meio feio com a mão em direção a ela. Ela dá uma gargalhada e dá um tapa na nuca de Stefan.

–Se eu não fosse vampiro e realmente tivesse doído você estaria frita.

–Frita? De verdade? Não foi você quem já me queimou lembra?

–Eu sabia que aquilo foi de proposito! – ele cerra os olhos. –E depois você ainda dizia: ai Stefan, me desculpa! Vai passar na minha cara que eu queimei você? – ele imita a voz de Hayley, fazendo nós duas rir. Viramos a esquina e paramos na frente do ginásio.

–As damas primeiro? – Stefan sugere. Engulo em seco. Meu coração estava a mil. Me entreolho com ele, certamente nós dois nervosos.

Hayley nos observa e revira os olhos.

–Eu entro. Maricas. – Ela sai andando e adentra o salão.

–Juntos? – ele me pergunta.

–Juntos. – seguro sua mão e ando em direção a entrada da festa.

Assim que entramos uma música começa.

Uau. Nunca vi os alunos daquele internato tão bonitos! Mesmo com todo mundo impecavelmente lindo, os olhares se voltam a mim e a Stefan.

Experimento de novo o que me aconteceu no corredor. Comentários. Olhadas maliciosas que parecem atravessar meu vestido. Viradas de pescoço para olhar para mim. De vez em quando umas garotas batiam em seus pares para que parassem de me olhar. Me sentia constrangida com aquilo, e prazerosa também. Desejada. Era assim que eu me sentia. Nem as meninas nem Stefan estavam gostando disso.

–Ei. Relaxa. – eu digo baixinho pra só Stefan ouvir.

–Não dá quando todo mundo está de olho na minha garota. – deixo um sorriso escapar do meu rosto, mas Stefan parece não ver. Ele estava ocupado demais fuzilando com os olhos todos os meninos do salão. Mantinha a cabeça erguida e olhava para frente. Segurando a minha mão como um policial segura seu distintivo. Eu achava aquilo bonitinho. Stefan com ciúmes de mim. Isso soa engraçado.

No meio do salão dançando a pessoa que eu mais queria ver na noite.

Taylor.

E espera... Blaine?

Engulo em seco e ergo a cabeça. Hora de fazer eles se arrependerem.

–Você quer ir lá né? – ele pergunta.

Balanço a cabeça afirmativamente. Estava com tanto ódio que não conseguia falar uma palavra. Cerrei os olhos olhando para os dois. Ridicularizada na frente de toda a escola. E por aquele casal. Respiro fundo dizendo a mim mesma que não posso deixar a raiva atingir a razão. Ergo a cabeça novamente dizendo a mim mesma que a hora é essa.

Não, espere. A hora ainda não é essa. Mesmo chegando atrasados nós não fomos os últimos a chegar ao baile. Muita gente ainda não chegou. Tenho que me convencer de que a surpresa dela deve acontecer quando todos estiverem presentes. Uma plateia para coroa-la a rainha do ridículo. E Blaine também. Por enquanto, me contento em só ir mostra-la que cheguei sã e salva.

–Venha comigo. – meu sussurro saiu quase como uma ordem e Stefan me obedece.

Damos as mãos e vamos em direção a ele.

–Curtindo o baile Taylor? – pergunto. Ela paralisa. Para de dançar e arregala os olhos .

–Ai meu deus. – ela sussurra quase sem sair som algum. Mas eu ouço. E isso deixa escapar um enorme sorriso em meu rosto.

Ela se vira devagar enquanto Blaine já me encarava há muito tempo. Seu rosto era enigmático. Parecia ardendo em desejo e arrependimento, me desejando e sentindo ódio de mim. Olho para os dois com um sorriso prazeroso nos lábios. Por cima. Dei a volta por cima.

–Ma-mas o que é que você está fazendo aqui? – seu tom era de pura histeria, mas dava pra perceber que ela se esforçava pra não gritar.

–Estou curtindo o baile com meu namorado Taylor! – digo fingindo estar surpresa de um jeito inocente. Stefan dá uma risadinha quando digo ‘’meu namorado’’

–Vocês... estão... – Blaine começa e Stefan o interrompe.

–Sim. Namorando. Depois do episódio da lata de tinta nós nos aproximamos ainda mais – Blaine se encolhe com um pouco de vergonha, ou seria raiva? Não me importa. –Tenho que te dizer. Obrigado Blaine. – Stefan sorri de um jeito sexy. Vejo uma Taylor ainda estática. Ela não estava acreditando que o seu plano tão perfeito tinha ido por agua abaixo.

–E então Taylor... acho que o tiro saiu pela culatra né? – dou uma gargalhada debochada. – Eu poderia passar horas falando como você é desprezível, inútil, e burra. Mas não quero. Só pelo fato de eu estar aqui, com o meu vestido lindo e novo – dou uma volta sorrindo – estar atraindo atenção de todo mundo, me desejando... e por fim, mais bonita do que você... – suspiro. – o que não é tão difícil, vamos combinar! Enfim! Tudo isso... eu não acho que eu preciso falar mais nada. Só espero que você se divirta. Ah, e que esse seja o baile mais legal da sua vida. – digo me afastando e Stefan indo atrás de mim. Esse ultima parte soou como uma ameaça. Do jeito que eu queria.

–Namorado é? – ele diz sorrindo. Eu rio também. Paro e passo os braços por cima do seu ombro e ele me envolve num abraço.

–Obrigada Stefan. – aquilo tinha sido realmente verdadeiro. Por tudo que ele fez por mim desde quando nos conhecemos. Pelo bêbado, pela tinta, meu vestido. Eternamente grata a ele.

–É só você continuar me chamando de namorado que tudo está pago. – ele sorri pra mim.

Começa a tocar Wake me up when september ends de Green Day, que coincidentemente é nossa banda preferida.

Sorrio pra ele. Ele se afasta do meu abraço e segura a minha mão.

–Me concede uma dança?

–Como recusaria dançar com meu namorado? - eu sorrio.

Adentramos o salão. Ele segura a minha mão direita e me puxa para que nossos quadris se encaixem perfeitamente.

Summer has come and passed

The innocent can never last

Wake me up when september ends.

Ele põe a mão em minhas costas e nós dançamos. Ele gira o meu corpo e percorremos o salão dançando. Me sentia tão leve com o condutor maravilhoso que Stefan era. Livre para voar enquanto dançava nos braços dele. Esqueço-me de tudo por aquele curto momento que a música dura. Só existíamos nós dois na pista de dança. E quando a música acaba percebo que só era nós dois mesmo.

Todos os alunos haviam aberto espaço deixando só nós dois dançando no centro. Sinto-me constrangida com tantos olhos em cima de mim, mas por fim gosto.

–Eu vou tomar alguma coisa. – digo com a garganta seca. Lembro-me de desde quando ele me deu aquele sorvete não tinha colocado nada na boca.

–E eu vou procurar por Hayley. – ele diz procurando-a no salão.

Assento com a cabeça e vou em direção aos ponches. Quase dou meia volta. Blaine enchendo um copo. Respiro fundo e pego um copo descartável numa pilha. Fico lado a lado com ele, mas me esforço para não entrar em contato com a sua pele nem olhar em seu rosto.

–Pensei que você não viria Valentina... – ele diz tomando um gole de seu ponche e mexendo nas decorações da mesa. Não queria manter contato visual comigo. Vergonha? Não tenho ideia.

–Nem você nem a sua namorada Taylor.

–Ela não é a minha namorada.

–Pouco me importa quem é ou deixa de ser sua namorada. Não ligo.

–Eu sei que liga.

–Ah, claro. Você faz é muito importante na minha vida. Estou me roendo de ciúmes você não tem nem ideia sabia? – digo sarcasticamente

–Verdade? Então estamos quites. – ele deixa o copo na mesa e se vira para me olhar. - Também estou me roendo de ciúmes de você.

–Arrependido? – pergunto me fazendo de inocente. Fingindo que estou quase caindo na dele de novo.

–Demais. A Taylor não chega a um terço do que você é. Fútil demais pra mim. Você é tão divertida, bonita... não sei como te deixei escapar.

–Hm, vamos ver: ME JOGANDO TINTA NA CARA? Acho que foi assim que me deixou escapar. Você é bem cínico né Blaine?

–Nunca fez algo que se arrependeu Valentina?

–E então eu devo voltar para os seus braços só por que você se arrependeu não é?

–Não voltar para os meus braços. Talvez me dar outra chance.

Faço uma cara de que estou pensando na ideia. Pego o copo cheio de ponche e eu o chamo com o dedo indicador da forma mais sedutora que eu posso. Mordo os lábios e chego perto dele para sussurrar em seu ouvido.

–A sua chance já passou. – então pego o ponche e despejo o copo inteiro na sua cabeça.

Me afasto para que o liquido não derrame em minha roupa. Ele estava boquiaberto e algumas pessoas o olhavam e davam risadinhas. Ele limpa seus olhos e respira fundo.

–Ok. Eu merecia isso. – ele suspira. – Estou desculpado agora?

–Você nunca desiste? – rosno. Esse idiota deveria estar me odiando agora.

Mas pelo menos todo mundo o viu todo vermelho de ponche. Eu me vinguei.

–Não. Não para uma garota tão perfeita como você.

Cadê o Stefan? Penso.

–Não tenho tempo para um otário como você. Seu idiota. – reviro os olhos e vou procurar por Stefan e Hayley.
Avisto Stefan de costas e chego perto dele.

Hayley e Jeremy juntos de mãos dadas e sorrindo.

–Oi gente! - digo sorrindo.

Stefan passa os braços em minha cintura, nossos ombros lado a lado.

–Valentina! – Jeremy exclama.

–Iaí Jeremy! Vocês vão tocar hoje né?

–Talvez Misery Business, ou Decode. – ele dá de ombros. Conheço quase todas as musicas da banda de Hayley. Misery Business é a música que ela fez pra mim, em relação a Stefan e Taylor. Eu amo todas as músicas da banda. Mas essa é especial.

–Ah! Você nem disse qual foi a reação de Taylor quando te viu. – Hayley gargalha.

–Ela ficou tipo: ai. Meu. Deus. Sério, foi muito hilário.

–Quê? – Jeremy pergunta franzindo o cenho.

Hayley explica tudo a ele.

–Isso não me deixa supresso. Ela nunca foi flor que se cheire.

–Realmente. Ela sempre se achou superior por ser filha da diretora. – Hayley revira os olhos com desprezo. – Falando em diretora, a diretora Luce fez o discurso de sempre?

Luce. O nome da minha mãe. Onde ela estaria agora? Passando fome? Podre de rica? Será que ela lembra de mim ou de meu pai? Ela estaria morta? Ficou louca? Morando em outro país? Estremeço tentando afastar as perguntas que sempre me corroíam desde quando ela me deixou. Meus olhos se enchem de lágrimas. Tento não borrar a minha maquiagem. Não saber o que aconteceu e a dúvida... não desejo a ninguém. Nem mesmo a Taylor.

–V? – Stefan me chama e desperto.

–Oi?

–Nada... você parecia... distante. Triste?

–Não. – dou uma risada sem graça.

–Foi por causa de Taylor e Blaine?

Afago seu rosto sorrindo.

–Não. Não foi nada. Sério.

Ele dá de ombros.

–Atenção! Atenção!

Uma mulher de meia idade estava de pé no palco, segurando um microfone. Ela estava com um vestido longo e justo, cor de sangue. E boca da mesma cor. Bonita e elegante.

–Vice-diretora Verônica. – Hayley conclui.

–Boa noite a todos! – ela sorri. –Espero que estejam gostando do baile! Como aqui no internato Mystic Falls, é um internato cheio de prodígios e pessoas talentosas, a partir desse momento o palco está aberto para a apresentação de vocês! Tenham uma boa noite! – batemos palmas e ela se retira do palco.

–Bom, - Hayley começa – está na hora do show.