Mystic Falls escrita por Larissa Armstrong


Capítulo 1
O passado


Notas iniciais do capítulo

Primeira fic gente espero que vocês gostem >_



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V

Olho pela janela do carro. Arvores e mais arvores passam por mim como borrões verdes. Olho para o lado, meu pai, de terno, gravata azul, e no telefone, falando sobre negócios como sempre. Ao lado dele minha madrasta, passando batom e esfregando um lábio no outro, em seguida ela pega o blush, e passa no rosto.


Reviro os olhos. Minha vida sempre foi assim. Uma chatice. O pior de tudo é que eu não consigo lembrar um momento em que minha vida estava indo bem, bem do jeito que eu queria. Quer dizer, eu lembro um pouco.


Eu lembro os momentos em que minha mãe e meu pai ainda estavam juntos, quando meu pai não tinha tanto dinheiro assim, íamos nós três ao parque, levávamos frutas e sentávamos na grama, meu pai tocava violão enquanto minha mãe cantava. Nós esquecíamos tudo. Das dificuldades com o dinheiro, das dívidas, de tudo. É eu era feliz. Eu tinha uns seis anos, mas eu me lembro disso.


Até o momento em que meu pai começou a ir bem no trabalho. Ele começou a ficar impaciente comigo e com a minha mãe. À medida que a carreira dele ia evoluindo, ele ia ganhando mais dinheiro, ficando mais distante. Até que chegou ao ponto em que eu não o via mais em casa. Minha mãe também saía, e me deixava com a minha avó paterna. Eu não os via juntos nunca.


Quando fiz oito anos meu pai quis mudar de casa, ele dizia que aquele lugar não era a nossa altura. A minha mãe não queria sair de lá, os dois lutaram muito para conseguir aquela casa. Eles brigaram feio e minha mãe acabou dizendo a ele que não aguentava mais, tinha se apaixonado novamente, e que iria embora no dia seguinte. Lembro-me de ficar espiando por trás da porta, minha avó bem atrás de mim, ouvindo tudo. Meu pai baixou a cabeça num ar de derrota, mesmo ele não dando tanta atenção a ela, ele ainda sentia algo por minha mãe. Assim que ela saiu da sala como um furacão meu pai sentou no sofá, com as mãos na cabeça. Depois disso a minha avó me mandou dormir.


No dia seguinte minha mãe me acordou, pra se despedir. Lembro como se fosse ontem de suas palavras: ‘’ eu sempre estarei com você. ’’,  depois me beijou na testa,  e tirou do seu pescoço um colar em formato de coração, que parecia desgastado num tom de prata. Deu-me um abraço e saiu de casa. Olhava ela pela janela indo embora em direção a uma van. Dentro da van tinha um homem de óculos escuros, barba mal feita e jaqueta de couro. Minha mãe assentiu com a cabeça limpando as lágrimas e eles foram embora.


Nos anos seguintes eu, o meu pai, e a minha avó nos mudamos, a carreira do meu pai deslanchou, ganhando dinheiro mais e mais, se afastando mais e mais.


Aos 11, perdi minha avó, a minha segunda mãe. Nunca tinha me sentido tão perdida em toda a minha vida. Meu pai, com o intuito de me dar uma figura materna, começou a sair com a Paloma, minha atual madrasta. Eles se casaram no cartório. Paloma era uma típica aproveitadora. 15 anos mais nova que meu pai, ela só pensa em beleza. O que ela gasta em uma bolsa é um que um pai de família ganha por mês, trabalhando duro. Ela nunca demonstrou nenhum tipo de afeto por meu pai. A não ser pelo dinheiro dele. Olhei-a com raiva. Agora ela olhava seu longo cabelo ruivo. Ela pode ser uma cretina, mas sem sombra de duvidas ela é bonita.


– É aqui senhor. – Marcos, nosso motorista disse, olhando pro meu pai no banco de trás.

– Tudo bem Alfredo, eu resolvo isso assim que eu chegar. Tá, até mais.- meu pai de despediu do assistente, pondo o celular no bolso. – Eu tenho que entrar mesmo filha?

–Não, não precisa pai. Te vejo no fim de semana. – fechei a porta do carro com força e fui andando até a entrada do internato. Eu já esperava isso. Esperava que a pressa de livrar-se de mim o impedisse de pelo menos ver a escola comigo, conversar com o diretor, eu já esperava. Não estou nem um pouco surpresa com isso tudo. Eu estou neutra com essa história de vir estudar nesse internato. Não estou triste, por que não deixei nada pra trás, eu também não estou feliz... Mas... não sei, é um alívio pra mim. A minha casa mais parece um prisão domiciliar do que um lar.


Eu encarei o grande portão de ferro, enquanto um homem alto e magro trazia minhas duas malas. Olhei para cima e fiquei deslumbrada.



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