Kyyneleet escrita por Lie-chan


Capítulo 1
Parte I


Notas iniciais do capítulo

Capítulo bem drámatico, não indicado para suicídas em potencial! XDD



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Por Lie-chan:

 

Kyyneleet

 

Parte I

 

Cheguei em casa completamente atônito e, assim que fechei a porta, caí sentado no chão, apoiando as costas na madeira fria. Estava todo descabelado, com a respiração irregular, as mãos tremendo um pouco.

 

Tinha acontecido. De novo.

 

E eu tinha sido mesmo o maior idiota em pensar que dessa vez poderia ser diferente.

 

Mas cada vez que eu sentia sua pele, seus carinhos, seus cuidados, cada vez que ele me tocava tão gentilmente, eu continuava me iludindo, achando que não poderia acontecer nada de ruim, apenas por estar com ele, por ter sua atenção só para mim.

 

E achar isso foi o meu maior erro.

 

Pois agora cada vez que eu penso em tudo que ele me dizia, eu percebo o quão tolo eu fui em acreditar. Ele era bom demais para se só meu. Sua atenção nunca foi só para mim.

 

Não era a primeira vez que isso acontecia. Provavelmente também não seria a ultima. Coração partido é uma coisa complicada, mas com o tempo os estilhaços sempre voltam ao seu lugar e tudo volta a ser como sempre foi. Mas por algum motivo, isso nunca me afetou tanto. Nunca me fez sofrer tanto. Nunca doeu tanto.

 

Eu não queria chorar. Eu não podia chorar. Isso só faria eu me sentir ainda mais tolo, mas impotente diante da situação. Alguma coisa eu podia fazer para me acalmar, disso eu tinha certeza. Mas chorar não estava na lista. Talvez assistir alguns filmes me entupindo de pipoca.

 

Era certo que ninguém podia me ver. E o que eu mais queria era poder continuar ali e deixar as lágrimas escaparem. Colocar tudo para fora. Talvez até desmaiar de cansaço. Mas eu sou arrogante demais para isso. Nunca chorei por um homem e pretendo nunca chorar.

 

Respirei fundo, tomei impulso e me levantei. As pernas um pouco bambas, mas o suficientemente fortes para me agüentar até a cozinha. Não vou deixar ele me abalar tanto. Ele não merece que eu fique tremendo, encolhido no chão, me remoendo, por sua causa.

 

Revirei a geladeira até encontrar o que eu mais queria no momento: Um grande pote de sorvete com pedaços de chocolate. Parece até que eu tinha adivinhado como ele seria útil quando o comprei ontem. Mas é claro que quando fiz isso, não imaginava que o comeria sozinho. Porque ontem eu ainda me iludia. Ontem eu ainda fazia tudo pensando nele.

 

Nem me preocupei em colocar em um copo, segui cambaleante até o sofá abraçado ao pote e a uma colher. Aquilo fazia um calafrio percorrer minha espinha, sem falar que molhava um pouco minha camiseta com algumas raspas de gelo grudadas ao plástico, mas fazia sentir-me melhor. Não agüentava mais aquele calor que me invadia e ficava cada vez pior desde nossa briga.

 

Liguei a televisão, mesmo não tendo nada de muito interessante para se assistir a essa hora. Pelo menos as vozes poderiam me entreter por alguns momentos, claro que nem tanto quanto eu gostaria.

 

Minha distração só durou até a ultima colherada de sorvete acabar, o que não demorou nem vinte minutos. Eu sabia que essa rápida ingestão de açúcar poderia me causar uma forte enxaqueca, mas não estava com cabeça para me importar com isso. Ou talvez, bem no meu íntimo, eu estivesse querendo sim ter uma terrível dor de cabeça.

 

Não demorou muito e eu descobri estar certo. No entanto a dor de minha cabeça latejando não tinha nem comparação com a que eu sentia em meu peito.

 

Brega? Sim. Clichê? Também. Mas nem por isso menos real.

 

Tinham alguns comprimidos de analgésico em cima de minha cômoda, mas só a perspectiva de ter que me levantar fez um baixo gemido de desaprovação brotar de minha garganta. O fato era que só por tirar minha capacidade de ter pensamentos racionais sobre o acontecido que tanto me atormentava, aquela dor era completamente bem vinda.

 

Depositei o pote vazio e a colher no chão e deitei-me, apoiando a cabeça em uma almofada e me abraçando em outra. Por mais que não quisesse, imagens dele me abraçando daquele mesmo jeito inundavam minha mente e perturbavam minha sanidade. Mesmo depois de tudo, eu ainda queria aquele abraço para mim.

 

Como eu podia ainda pensar nele depois de tudo pelo que me fez passar? Ainda bem que segui a carreira musical e não a psiquiátrica, se não meus pacientes estariam perdidos.

 

Apertei a almofada com mais força entre meus braços, mas eu já sabia que aquilo não me faria sentir melhor. Pelo contrário, só fazia eu sentir ainda mais saudade de braços fortes e quentes envolvendo minha cintura, no lugar daquele pedaço de pano recheado com espuma, que não tinha nenhuma reação aos meus toques.

 

Eu estava mesmo viciado nele. Estava viciado em sentir suas mãos cálidas passeando pelo meu corpo e me arrancando suspiros. Estava viciado em levá-lo à loucura com o simples som de meus gemidos. Mesmo que só tivessem se passado algumas horas, estava desesperado por sentir seus lábios em minha pele.

 

Por mais nostálgico que isso seja, acabei me lembrando da nossa discussão...

 

– Você é muito grudento, às vezes poderia dar um tempo e não me encher o saco o dia inteiro! – Na mesma hora entrei em estado de choque. Eu estava preparado para escutar qualquer coisa, até que eu sou ruim de cama, mas não aquilo.

 

Quem ele pensava que era para falar desse jeito comigo? Como se ele não me ligasse inúmeras vezes durante o dia e desligasse logo depois deu dizer “alô” só porque queria escutar a minha voz! E eu que sou “grudento”?

 

– Então é por isso que você procurou outro? Porque amantes não te pedem para fazer massagem até o sono chegar? Amantes não ficam mais de uma hora deitados sobre você só admirando a sua beleza? Amantes não te acordam de madrugada porque tiveram um pesadelo? É, Reita, você precisava mesmo de um amante! Porque tudo que você queria era sexo! – Foi a minha resposta, gritada no mesmo tom desesperado.

 

– Eu não tenho um amante! Quem te disse isso, Ruki? – Seu tom mudou radicalmente. A raiva demonstrada na frase anterior foi trocada por um tom incrédulo, como se não estivesse acreditando em minha acusação.

 

Eu conheço Reita há tanto tempo... Poderia jurar saber tudo sobre ele. Mas naquele momento, eu percebi que na verdade não sabia nada. Porque mesmo depois de tanto tempo, eu não conseguia decifrar sua expressão. Não conseguia olhar em seus olhos e ter certeza que ele falava a verdade. Eu não conseguia confiar plenamente nele.

 

– Não preciso que ninguém me diga! É só ver como você tem agido que fica óbvio! Você tem se afastado cada vez mais... Cada dia fica mais indiferente... – Não pensei duas vezes antes de falar. Eu sei que ele é mesmo assim desligado, não faz por mal, mas aquilo estava me incomodando tanto... Não consegui mais me conter e acabei deixando aquelas palavras ácidas se atropelarem em minha boca.

 

Ficou me olhando sem expressão por alguns segundos, ainda incrédulo em meu desabafo. Eu nunca tinha comentado com ele o quanto seu silêncio me angustiava. Mas logo sua pele, sempre tão branca, tomou um tom de escarlate, mostrando que ele, assim como eu, estava a um passo de explodir.

 

– Quer saber? Eu tenho sim um amante! E ele é bem melhor do que você! – A raiva voltou à suas palavras, o que me fez recuar um passo. Mesmo em nossas piores brigas, ele nunca havia elevado tanto o tom de voz. Reita sempre foi mais calmo do que uma nuvem. Entretanto, agora ele parecia mais um tufão do que uma simples e singela nuvem.

 

Mesmo não tendo um espelho, eu sabia que meu rosto estava completamente vermelho e que faltava pouco para eu entrar em prantos. Mas eu consegui me segurar, afinal, como eu já disse, nunca chorei por um homem e pretendo nunca chorar.

 

Então apenas dei de costas a ele sem dizer mais nada, entrando em meu carro e indo direto para casa.

 

No entanto, agora essa minha cisma parece-me tão idiota e desnecessária! Se o que o meu corpo e alma mais pede são algumas lágrimas, porque eu não posso simplesmente deixar de ser infantil e derramá-las de uma vez?

 

Claro, meu orgulho sempre nubla minha racionalidade e vence essa disputa. Eu me sentiria tão usado de chorasse logo por ele! Bem, usado eu obviamente já fui, mas se eu chorasse eu estaria admitindo para mim mesmo que isso me afetou. E isso me atormentava tanto! Talvez até mais do que ele ter me traído.

 

É, eu sei que é ridículo. Eu aparentemente estou com medo de amá-lo, sendo que já sei que o amo. Mas chorar por ele é mais do que amá-lo! É amá-lo o suficiente para sofrer por ele. E eu já sei que o amo suficientemente para sofrer por ele, o que só me deixa mais ridículo ainda.

 

Alcancei o controle remoto e aumentei o volume da televisão, no intuito do barulho exagerado acalmar os pensamentos nada castos sobre o baixista que continuavam a invadir minha mente involuntariamente.

 

No fim isso só serviu para aumentar minha dor de cabeça, o que também não amenizou meus devaneios sobre ele.

 

Continua...

 


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Notas finais do capítulo

Yo minna-san!
Meu teclado está com defeito, então qualquer erro que tenha passado despercebido me avisem, tá?
Essa foi a minha primeira fic do the GazettE!
Eu estava num clima meio depressivo e acabei escrevendo isso... Mas o proximo capítulo vai ser mais feliz. ^^
Falando em capítulos, essa fic vai ser curtinha, só vai ter mais uma ou duas partes...
Então deixem reviews porque reviews deixam autores felizes e autores felizes digitam mais rápido! 8D



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